Mestre Simas escrita por Bruna, anabanana


Capítulo 5
Acerto de Contas




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Todos os 1390 invasores acordaram em choque: “Onde estamos? Cadê meu celular? Quem são esses? Em que ano estamos? Por que tem bananas penduradas no lustre? Porque estou de sunga?” Indagavam-se confusos.

– JARRRRRBASSSS, VOCÊ ESTÁ DEMITIDOOOOOOOO!!!!!!! – Gritou Dona Dorotéia.

– Mas, senhora, por favor, eu não...

Ela estava furiosa, desde pequena tinha problemas com o controle de suas emoções. Já tinha perdido a paciência com seu marido, que não comprou vestido, e agora encontrava esse desastre na sua casa. Com raiva, avançou em frente para chegar mais perto de Jarbas e poder agredi-lo. No caminho, tropeçou no tapete, pressionando uma alavanca ao lado do sofá. Inesperadamente, uma estátua de pedra que segurava um arco e flecha no canto da sala foi ativada e lançou a flecha pelo ambiente. O objeto percorreu a sala toda e acertou em cheio a fechadura de um armário que encontrava-se trancado, no outro canto do enorme cômodo. As portas abriram lentamente e subitamente desabaram 2784 pianinhos, que haviam sido comprados durante toda a vida de Mestre Simas.

Todos olham horrorizados para Mestre Simas, que ainda estava vestindo apenas um pianinho.

– Eu posso explicar! – Disse o Mestre – Não é o que vocês estão pensando!

– Eu não estou pensando, estou vendo! – Respondeu Dorotéia – Você precisa de um tratamento psicológico! Não consigo entender porque sempre que peço alguma coisa pra você, você compra um pianinho! No Dia dos Namorados, eu queria flores, mas você me deu um pianinho! No nosso noivado, eu queria uma aliança, ou talvez um vestido de noiva, mas sabe o que eu ganhei?

– Um pianinhoo – Responderam todos em coro.

– Qual é o problema com você? – Dorotéia desabou em lágrimas.

Todos olharam para Mestre Simas, esperando uma explicação plausível.

– Gente, me desculpa... É que sempre que vou na loja do meu amigo Mestre André só tem pianinho! – Disse o Mestre, decepcionado.

– Mas é claro! Mestre André tem uma loja de pianos! O que você esperava encontrar lá? Pão fresco? – Disse Alex, o filho revoltado.

– Tá me zoando né? – Indagou Simas.

– Lógico que não.– Explicou Alex. Todos concordaram.– A loja de Mestre André sempre vendeu apenas pianos!

Chocado, Mestre Simas tirou seu pianinho ali mesmo e saiu correndo nu, em direção do nascer do sol.

Os animais invasores, com pena de Dona Dorotéia, começaram a recolher seus pertences e ir embora. Dorotéia se fechou no quarto para chorar. Alex, revoltado, foi tentar se acalmar no quintal. Tereza Cristina foi fazer cocô. Carol da Balada sentou no que restava do sofá para checar suas redes sociais no celular.

“Estou precisando de uma boa festa”, pensou ela, sem considerar que havia acabado de sair da festa do Jegue. Antes que todos os invasores fossem embora, gritou:

– GALERA, VAI TER MAIS FESTA!

Os Minions, trabalhando em conjunto como sempre, arrumaram a casa toda em um instante. Os Pinguins de Madagascar, com seus instrumentos de trabalho eficientes, arrumaram todos os atrativos da festa.

*

Alex, no quintal, alheio a todos os preparativos e revoltado como sempre, chutou um monte de folhas secas que nunca tinha estado lá. Levou um susto quando a Fada Pirulita apareceu novamente, oferecendo seus serviços de financiamento bicicletal.

– Não preciso de nenhuma bicicleta, fada. Eu só queria uma família normal, sabe? Uma vida normal, com amigos, namorada, diversão, festas e tudo mais que um adolescente comum tem direito.

A fada pegou sua varinha, girou insistentemente, apontou para Alex, e três quilos de purpurina atingiram o rosto dele, deixando-o ainda mais revoltado.

– SUA MALDITA FADA ESTÚPIDA, ME SUJOU INTEIRO!!

Antes que o menino pudesse reclamar ainda mais, Dona Pirulita desapareceu.

*

Quando Dona Dorotéia saiu do quarto, Tereza Cristina saiu do banheiro e Alex voltou do quintal cheio de purpurina, Carol e os animais gritaram:

– SURPRESAAAA!!!

Todos os convidados, muito bem vestidos, serviam-se de empadinhas e drinks refinados. “Juntem-se a nós para o coquetel.”, convidou Carol da Balada. A casa estava muito chique: parecia uma festa de casamento. Muitos outros convidados começam a chegar, inclusive os que haviam sido expulsos da festa do Jegue. O próprio Jegue, já descansado, também veio. Essa festa estava maravilhosa.

Até que, surpreendendo a todos, Mestre Simas apareceu elegantíssimo, de terno e gravata, acompanhado de Mestre André. O salão ficou em silêncio: todos esperavam que Simas dissesse algo.

–Pessoaaaal– Disse ele ­– Convenci o Mestre André a mudar de ramo! Afinal, eu era o único cliente dele!

– Mas que loja ele abriu agora? – Perguntou Carol, preocupada.

– Ele abriu um shopping inteiro! Agora vende de tudo!

Todos comemoraram aliviados! Os Minions ligaram a música eletrônica, os pinguins prestavam continência, as zebras e girafas dançavam, e a família se abraçava, aliviada.

– Calma gente, ainda não acabou – Disse Mestre Simas

Mestre André e seus motoboys entraram carregando muitos presentes. Dorotéia ficou aliviada ao ver flores e um lindo vestido de casamento.

Mestre Simas se ajoelhou segurando uma aliança e perguntou para sua esposa:

– Dorotéia, você quer casar comigo?

– Mas é claro que sim – Disse ela. – Nada me deixaria mais feliz.

– Ótimo, porque já comprei o padre.

O padre sai de uma caixa de papelão e fala:

– Eu os declaro marido e mulher. Posso ir embora agora?

E o casal se beijou e todos aplaudiram, menos o padre, que caiu morto.


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