Atualmente, 2015

Miami, Flórida – 15h28min

Kendall Georges

— O que quer Rawell? — A loira gritou abrindo a porta de seu quarto raivosamente, o adolescente de 15 anos segurava o telefone do lado de fora com uma sobrancelha arqueada.

— Telefone para você. — Estendeu o mesmo. A loira o pegou e bateu a porta novamente a tempo de apenas ouvir o garoto gritar se ela estava de tpm.

Kendall prendeu o telefone entre o ouvido e o ombro e se colocou em frente ao espelho, fitando seu corpo coberto apenas por uma blusa do garoto que tomava banho em seu banheiro e uma calcinha.

— Quem é? — Perguntou revirando os olhos. Ela contorceu seu corpo em frente ao espelho e deu um tapa em sua bunda empinada — Alôôu? — Cantarolou se admirando na superfície reflexiva.

— Kandy? — Uma voz doce soou do outro lado da linha. Kendall caiu dura em sua cama desarrumada, seu pescoço começou a suar assim como sua testa, ela deu graças a Deus por segurar o celular pelo ombro, pois suas mãos tremiam.

— Q-quem é? — Perguntou com a voz trêmula. A loira sabia muito bem quem era, só não queria admitir para si mesma que sua irmã a ligava após três anos sem se verem.

Kendall não esperou pela resposta, desligou o telefone e o tacou na parede, o pavor estava presente em todos os seus movimentos, após a prisão de Angelina as irmãs nunca mais tiveram contato, por alguns meses Kendall não conseguia dormir sem pensar no olhar apavorado da irmã e no corpo de Steven sendo retirado do mar com aquele maldito pedaço de metal.

— Baby? — Kendall pulou da cama ao ouvir a voz de Carter, eles haviam dormido juntos aquela noite e o garoto acabou por ficar no quarto dela escondido a manhã toda — Está tudo bem?

— Aham. — Arranhou a garganta se aproximando do moreno de peitoral definido, a loira pulou em cima do mesmo enroscando suas pernas em sua cintura, sua boca procurou pelos lábios finos de Carter para um beijo selvagem. As mãos do garoto percorriam as coxas e o bumbum de Kendall, a prensando contra a porta de seu armário em seguida. A toalha que cobria a intimidade de Carter deslizou por suas coxas musculosas até o chão, revelando seu membro quase ereto — É melhor pararmos. — A garota falou envergonhada com a situação.

— É... — Carter deu de ombros e enrolou sua toalha na cintura novamente, olhou seu relógio de pulso e deu um longo suspiro — Tenho treino de futebol em uma hora, tenho que ir. — Falou cantando suas roupas espalhadas pelo chão — Te vejo no treino, gata? — Kendall sinalizou positivamente com a cabeça e depositou mais um selinho nos lábios de Carter.

— Até daqui a pouco. — Falou assim que Carter terminou de se vestir. Por mais divertido e excitante que fosse ver o moreno por peça por peça até estar 100% vestido, a voz de Angelina ainda ecoava na cabeça de Kendall, dando-a náuseas. Carter beijou o topo da cabeça da loira, se despediu e depois sumiu de vista, entrando em um dos corredores da enorme casa.

Assim que se viu sozinha, Kendall retirou a blusa que usava e a jogou longe, revelando suas curvas e seus seios arrebitados. A loira entrou no box e deixou a água gelada bater contra sua pele e seus cabelos, levando para o ralo além do suor todos os maus pensamentos que carregava dentro de si.

Após a prisão da irmã, Blanca havia se tornado uma mulher fria e solitária, tentou suicídio duas vezes sem sucesso, foi quando Otávio Cheesyh apareceu alegando estar apaixonado pela morena viúva e é obvio que a mesma caiu de amores pelo grisalho que, de quebra trazia um novo irmão para Kendall.

Kendall saiu do banheiro deixando pequenas poças d’água por onde passava, sua cabeça ainda latejava e seus músculos continuavam rígidos. A loira vestiu sua calcinha fio-dental vermelha e seus sutiãs de renda pretos, uma saia que cobria apenas um terço de sua coxa, uma regata preta que destacava seus seios e seus saltos inseparáveis. Pegou seu celular jogado em cima da cama e saiu rebolando, desceu as escadas com pressa sem paciência para ouvir as piadinhas maliciosas de Rawell, entrou na cozinha se deparando com Otávio e Blanca trocando carícias.

— Urgh. — Gemeu fazendo careta, o casal se separou e murmuraram um “Boa tarde” para Kendall, ela apenas deu de ombros e abriu a geladeira a procura de qualquer coisa com menos de 200 calorias.

— Não acha essa saia um pouco curta, Kandy? — Otávio perguntou enquanto abria o jornal.

— Kendall, é tão difícil pronunciar meu nome? — Falou trincando os dentes, ela pegou apenas uma caixinha de suco — E não, não acho. — Concluiu saindo do local, se dirigiu para a porta e quando estava pronta para abri-la, uma mão a impediu.

— Aonde vai Kendall? — Blanca pronunciou seu nome revirando os olhos — Seu irmão terá uma festa para ir e gostaríamos que o levasse.

— Primeiro: Ele não é meu irmão, ele é o filho do homem que você dá todas as noites — Sua boca se abriu em um ‘O’ — e segundo: Estou indo para bem longe de você e esse teatrinho de “somos felizes e não ligamos para sua opinião” — Falou tudo em um só folego, dando as costas para a mãe em seguida e saindo sem rumo. A loira selecionou todos os lugares que poderia ir e o único que a agradou foi à casa de Thayla, sua melhor amiga. Ela ficava a dois quarteirões o que seria meio difícil com os saltos que usava. Kendall sacou seu celular do decote nos seios e discou o numero da amiga.

— E aí Kandy! — Thayla atendeu com a voz grogue, com certeza estava com uma ressaca daquelas que apenas ela e Kendall entendiam — Tem como me ligar daqui a meia hora?

— Sem chances. — A loira falou começando a caminhar — Me encontre no Drunk Monkey no menor tempo que puder.

— Qual é Kendall! São quatro da tarde e já quer começar a beber?

— Liga para Cindy e peça para nos encontrar lá. — Deu um longo suspiro — Por favor, Tha.

— Ok... Me dê cinco minutos. — E desligou.

Após alguns minutos Kendall chegou ao point das amigas, sentou-se em uma mesa perto do bar, para assim não ter tanto trabalho na hora de buscar uma bebida. Jogou sua bolça sobre a mesa e depois seu corpo na cadeira de madeira.

— Deseja algo? — Um garoto de cabelos castanhos e grandes orbes verdes perguntou se aproximando da loira, suas bochechas coraram assim que seu olhar se cruzou com os olhos verdes-água de Kendall.

— Três cervejas geladas, por favor. — Falou sem perceber o olhar do garoto em suas pernas desnudas — Ou! Terra chamando. — Começou a estalar os dedo em frente ao seu rosto.

— C-claro. — Falou se retirando. Kendall não percebera, mas aquele era seu colega de classe a mais de cinco anos e o mesmo havia a confortado por dois dias seguidos após a prisão de Angelina.

Kendall levantou seu olhar para a porta assim que viu dois vultos barulhentos passarem pela mesma, era Thayla e Cindy. A loira esticou o braço para chamar a atenção das duas.

— Ok só vocês mesmo para me tirar da minha cama quentinha. — Thayla falou levantando seus óculos escuros, relevando grandes olheiras e um rosto amassado, Cindy ao contrario de Thayla, usava uma maquiagem pesada no rosto redondo.

— O que houve? — Perguntou. Cindy era um pouco gordinha, por isso tentava esconder o máximo seu corpo quando estava perto das amigas, tinha os cabelos longos numa mistura de azul, roxo e laranja. Seus olhos eram pretos e sua pele pálida, podia se passar despercebida perto de uma parede branca se não fosse por seus cabelos.

Já Thayla era extremamente magra, com um pouco de pernas e bumbum, era a mais alta entre as três e tinha os cabelos pretos na altura do ombro com uma franja repicada, seus olhos eram um pouco mais escuros que os de Kendall e sua pele era bronzeada, ela tinha algumas tatuagens espalhadas pelo corpo, como um par de asas nas costas e um tigre no tornozelo.

— É, você parecia mal. — Concordou Thayla bocejando.

— Minha casa esta insuportável. — Kendall falou batendo na testa, ela explicou desde o comentário de Otávio até a resposta que dera a mãe — Sem contar com o Rawell que é um adolescentezinho tarado.

— Wow. — Cindy falou. O garoto de orbes verdes retornou com as cervejas, parou seu olhar por alguns segundos na loira que bebia e depois se retirou — Que garçom gatinho.

— Que fogo no rabo ein Cinthya. — Thayla falou para a amiga que corou bruscamente — Não se esqueça que agora está com o James.

Kendall arregalou os olhos e se engasgou com a cerveja que descia por sua garganta, ela olhou abismada para Cindy que gargalhava alto com as mãos para cima.

— Você e o James? — Gritou dando um tapa nas coxas pálidas da amiga — Você não tinha me contado isso!

— Você não tinha perguntado ué. — Deu de ombros — Mas a questão é: Thayla o que você fez ontem a noite que te deixou de ressaca até agora?

— Ohh esta é uma boa pergunta. — A de cabelos negros concordou rindo, deu mais um gole em sua cerveja — Eu estava com um bando de gatos enchendo a cara até às seis da manhã. — Kendall e Cindy gritaram e gargalharam alto com a resposta da amiga — Mas e você, Kendall? Pelo o que me lembro a ultima vez que te vi ontem você estava com o...

— Carter eu sei. — Kendall cortou a amiga limpando o bigode que a cerveja havia deixado abaixo de seu nariz — O que quer saber? Somos namorados e transamos loucamente a noite inteira. — Falou sílaba por sílaba, novamente as amigas gritavam e bateram na mesa enquanto riam, aquela era de longe a mesa mais barulhenta do local.

— E o que te fez dispensa-lo para sair conosco? — Cindy perguntou indicando com a cabeça para ela e Thayla. Instantaneamente a voz de Angelina no telefone perfurou o cérebro de Kendall fazendo a menina parar seja lá o que estivesse fazendo, ela parou de rir e deixou sua caneca de cerveja se espatifar no chão. Não sabia o por quê de ter ficado tão nervosa com uma simples ligação, mas algo dentro dela barrava que vinha mais por aí, vinha algo grande que mudaria por completo sua vida, era algo que só de imaginar fazia Kendall se arrepiar toda.

— Porra Kandy. — Cindy gritou limpando os saltos dos respingos de cerveja.

— Está tudo bem aqui? — O gerente perguntou se aproximando das três amigas, junto a ele dois garçons se ajoelharam para limparem a bagunça.

— Ahn sim. — Kendall arranhou a garganta forçando um sorriso — E-eu...

— Ela tem mal de Parkinson. — Thayla falou gargalhando — Podem terminar de limpar e darem o fora.

Thayla e Cindy começaram a conversar animadamente sobre Gossip Girl e outras séries que envolviam riquinhas mimadas e malvadas como elas, Kendall ria das besteiras que as amigas falavam e vez ou outra sentia o olhar do garoto moreno de orbes verdes em cima dela.

— Você está séria. — Thayla falou estendendo um cigarro para a loira, a mesma o pegou e o tragou lentamente.

— Preciso me divertir. — Falou dando de ombros passando o cigarro para Cindy — O que tem em mente?

— Uma balada? — Cindy perguntou devolvendo o cigarro para Thayla, a morena o tragou e devolveu para Kendall — Tem uma que está estreando hoje.

— Supimpa. — A loira comemorou virando a caneca ainda gelada de cerveja de uma das amigas, as três gargalharam alto.

Thayla jogou algumas notas de dez dólares em cima da mesa em que estavam e saiu puxando as amigas pelo braço, entraram no carro vermelho conversível de Thayla e lá ficaram por uns quinze minutos apenas combinando exatamente o que fariam.

— Ah foda-se. — Thayla murmurou acelerando o carro — Nós iremos beber até a primeira entrar em coma alcoólico. — Cindy e Kendall riram do exagero da amiga, mas concordaram de primeira.

03h37min

Kendall abria a porta de casa tentando fazer o mínimo barulho possível, as luzes do farol do carro de Thayla ainda atravessavam sua janela iluminando seu caminho por alguns minutos, pois em seguida o mesmo acelerou para longe.

A loira jogou seus saltos longe e pegou seu celular para iluminar o chão até a cozinha, ela tinha vontade de rir de cada tropeço seu, o gosto de vodka ainda estava presente em sua garganta. Assim que entrou no cômodo fechou a porta e acendeu a luz, sem levantar seu olhar para analisar o local, ela foi direto para geladeira atrás de qualquer coisa que enchesse seu estômago e amenizasse a ressaca do dia seguinte, assim que sua mão entrou em contato com um pote de sorvete ela o puxou para fora e o jogou na ilha de mármore, pegou calda de chocolate e uma garrafa de refrigerante light.

— Olá Kandy. — A loira pulou ao ver quem estava sentada a poucos metros, na mesa de centro, com uma pequena faca de pão nas mãos e um sorriso de meia lua.

— A-Angelina?