#LoveWins escrita por march dammes


Capítulo 1
Já não era sem tempo.


Notas iniciais do capítulo

♂♥♂ ♥ ♀♥♀



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Naquele dia, a América estava em festa.

Saíra nos jornais. Estava na televisão. A Internet estava como se uma bomba de tinta multicolorida houvesse explodido em todos os sites possíveis – exceto os de fanáticos religiosos e políticos conservadores.

E de homofóbicos. Pobres, coitados homofóbicos.

Rosalie ainda estava estática, sentada no sofá de vinil vermelho com o controle nas mãos, olhando para a tela da TV sem realmente acreditar nas notícias. E só foi acordar em um sobressalto de seu transe momentâneo quando Jade irrompeu na sala de estar direto da rua, a mochila nas costas, vinda de seu emprego de estágio na cafeteria.

–ROSA! –gritou, fechando a porta.

A mulher ergueu-se do sofá em quase um salto quando a morena praticamente correu até si.

–V-você viu...as notícas...

–Eu sei –quando Jade aproximou-se o bastante, ela lhe segurou o rosto, a expressão de choque dando lugar a um sorriso- Oh, Deus, eu sei.

Jade a abraçou pelo pescoço, fazendo-a se curvar, e como a manteiga derretida que era, não conseguiu conter as lágrimas.

–Nós podemos nos casar!

–*-

Do outro lado do país, uma situação parecida.

Um homem já em seus vinte e tantos anos, chegando aos trinta e ainda sem filhos. Preocupava-se com trabalho enquanto tomava um gole de café forte, na mesa da cozinha. Não se surpreendeu como deveria quando uma voz doce o chamou da porta, e virou a cabeça para encontrar seu namorado de anos com o típico sorrisinho de “tenho algo para você”.

Sem mais palavras, o sardento na porta apenas abriu o papel que tinha nas mãos: um artigo da New York Times impresso da internet.

Dessa vez, Jonathan arregalou os olhos. Deixou o café de lado e cobriu a boca com a mão direita, não podendo quase acreditar.

–O-oh...David...!

Chamá-lo pelo nome, e não pelo apelido, demonstrava seu choque. Então, de supetão, ele se levantou da mesa e deu passos largos até o amante, abraçando-o forte e enterrando o rosto na curva de seu pescoço. O mais novo apenas riu e fez-lhe um carinho nas costas, confortando-o.

–Davey, depois de todos os esses anos, finalmente... –ele afastou-se um pouco, podendo olhar o parceiro nos olhos- Cinco anos morando juntos!

–Oito anos de namoro. –ele sorriu, afastando os cabelos pretos bagunçados do rosto do amado.

–E finalmente, agora...

Ele mal podia gaguejar. Enquanto trocavam um beijo aliviado no meio da cozinha, a página de uma notícia recente jazia no chão, seu título bem à mostra para quem quisesse ler.

“Suprema Corte Faz Casamento Homoafetivo um Direito em Todo o País”

–*-

Três anos depois.

Fotos de casamento sobre a mesinha de centro. Rosa ficou linda de vestido branco. Jade também.

A esposa que está grávida não precisa grunhir muito para que a mais morena saiba que o enjoo volta a dar as caras. Ela revira os olhos mas sorri, pois sabe que logo será sua vez.

Os planos de mudança foram cancelados com toda o prazer. Uma casa nova não era mais necessária. Os texanos podiam ainda ser intolerantes, mas o estado não podia mais bani-las por amarem quem queriam. No dia seguinte ao 26 de Maio (que seria para sempre lembrado com carinho), um aumento considerável de casais nas ruas fora notado. Casais diferentes. Casais que se destacavam. Por serem mais felizes, mais unidos, mais apaixonados. Mais brilhantes do que o resto.

Arco-íris enfeitavam as roupas de todos. Fossem arcos, faixas, camisetas ou tênis personalizados, todos que eram felizes e orgulhosos vestiam um espectro de cores em homenagem às notícias. Em homenagem à América. Em homenagem ao amor.

E o amor persistia. E as mortes diminuíam. E o preconceito morria.

Crianças ganhavam lares e buquês eram jogados pra o alto nos anos que se seguiram ao feliz evento. O Canadá aplaudia de pé. “Mas já não era sem tempo.”

Toda a américa do norte já era feliz e colorida. Não demorou muito para que o sul também aderisse e as festas só aumentaram.

Agora, todos que tinham orgulho e alguém para amar viviam melhor. Com a garantia de uma pensão. De uma divisão de bens. De uma união oficial aos olhos da lei. De direitos garantidos. De problemas resolvidos.

Um estresse a menos.

Jonathan e David traziam sua primeira criança para casa. O direito de adotar também lhes fora garantido; e ir para um outro país não era mais necessário.

Dinheiro e paciência economizados. Uma porta aberta.

Ainda estava tímida, a pequena princesa. Ou príncipe, ainda não tinham certeza. Cinco anos era jovem demais para já estarem forçando na pobre cria regras e papéis de gênero.

A deixariam decidir. A seu tempo.

Mostraram-lhe seu novo lar e suas novas companhias. Avós e uma casa. Um lugar seguro e cheio de amor e aceitação. Como deveria ser no mundo inteiro – e estava se tornando. Lentamente, mas estava.

O deixariam mudar. A seu tempo.

Mas ah, como a situação já melhorara. Fora adotada a regra “os incomodados que se mudem”. E se mudaram; e foi a melhor coisa que já haviam feito até então. Mais espaço para nós, cantava a comunidade. Menos ódio num espaço tão pequeno.

Eles sabiam que não podiam fugir do amor esmagador para sempre. Que não podiam acuar e alimentar seu preconceito por muito tempo mais. Mas se engavam em sua ignorância. “Não conte pra eles.”

Naquele dia, a América estava em festa. E anos depois, continuava a estar. Pois o orgulho não acabaria; o amor não desbotaria; a felicidade não se desfaria.

Pois naquele ano, naquele dia, naquele momento, o amor havia vencido. O amor havia vencido sobre a intolerância, o ódio, o preconceito, a censura, a ignorância. O amor havia vencido e os direitos foram garantidos.

Porque eles merecem. Nós merecemos. Todos merecemos um mundo melhor e mais carinhoso para se viver.

26 de Junho de 2015. Esse dia seria lembrado com tanto carinho por toda a comunidade LGBTA+. Por tantos, tantos anos.

#LoveWins

2015


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Notas finais do capítulo

Era pra fic ter saído ontem, mas ehh, eu não tive muito tempo. Ainda estou gritando sobre a legalização, though, e se você estiver também, espero que tenha gostado dessa pequena comemoraçãozinha. Sejam coloridos e sejam fabulosos, gaybies ♥ Obrigada por ler e kissus! ♥



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