Capítulo 1 - Mais uma vez me meto em problemas
Mais um dia de escola, todos os dias a mesma rotina, mesmo aos fins-de-semana, porque o Paul e a minha mãe decidiram ajudar-me a combater a dislexia a nível do inglês, então todas as manhãs destes lá me dava o Paul umas aulas particulares. Tento esforçar-me, mas com o meu déficit de atenção torna-se impossível focar-me nas letras, que parecem voar a cada momento que fixo os olhos nos livros formando palavras desconhecidas sem nexo nenhum, fazendo com que eu perdesse a atenção e os meus pensamentos se voltassem para outro sítio recebendo olhares desaprovadores de Paul, quando este me apanhava. Podemos dizer que não me valem de nada, porque não melhorei.
Andava calmamente a caminhar pelos corredores, ia distraído como sempre, quando esbarro em alguém fazendo com que os meus livros se espalhassem ao redor. Com desagrado constatei que tinha acabado de chocar com o “valentão” da escola, Johan Mckary. Os seus três seguidores estavam logo atrás dele a olhar para mim com risos de escárnio nos seus lábios.
- O que nós temos aqui? Vejamos se não é o esquisitinho do Jackson! – debochou Johan.
Abaixei para pegar os meus livros, ignorando-o, começando a recolhê-los. Estava prestes a apanhar o último quando reparo num pé a vir na minha direcção para me chutar. Fiz a única coisa plausível àquele momento: agarrei o pé do Mckary e puxei-o, fazendo com que este caísse de bunda no chão. As expressões faciais dos seguidores foram rapidamente substituídas por raiva. Engoli em seco, pois sabia que estava ferrado, não que eu tivesse medo de me aleijar uma vez que me banhei no Styx, tinha era medo de que me expulsassem da escola, mais uma vez, por me ter colocado em sarilhos e a minha mãe ficasse triste.
Enquanto estava a devanear, Mickael Barc, um seguidor de Johan aproveitou a minha distracção e socou-me o nariz. Senti uma ligeira comichão no nariz e ouvi um ligeiro crack em algo sendo seguido por um impropério com dor e raiva, enquanto Barc se agarrava à mão partida.
Os outros estavam estupefactos. Johan, recuperado, levantou-se e começou a tentar socar-me, mas eu desviava-me, deixando-o frustrado e fazendo com que ele ficasse mais furioso.
- Não fujas medricas! – exclamava ele.
Continuamos neste “baile”, até que ouço uma arma a ser destravada à beira do meu ouvido. Afastei-me de Johan e virei-me lentamente. Mickael estava com uma arma na mão apontada para mim, enquanto que a sua mão partida, que formava um ângulo estranho, estava repousada sobre o seu braço erguido.
Inicialmente fiquei com medo, mas me lembrei que só tinha um único ponto fraco e era impossível me aleijaram excepto no meu ponto de Aquiles, situado atrás do meu umbigo, nas costas, onde se reunia toda a minha mortalidade. Após o receio fiquei com raiva por eles andarem com uma arma mortal e por, provavelmente, já a terem usado para ameaçar alguém. Por reflexo peguei na minha caneta e destampei-a, fazendo com que a minha espada Contracorrente aparecesse. Golpeei a arma, partindo-a em dois, deixando-os amedrontados. Eles tentaram fugir, mas eu invoquei a água dos seus corpos, fazendo com que eles sentissem dor e não conseguissem correr.
Parei após ver que eles ficaram exaustos e amarelos, pela falta de água nos seus corpos, e convoquei uma quantidade de água suficiente para formar uma bola que os cobrisse.
Não conseguia parar. A maldade que me corria no sangue era demasiada, o que me impelia a continuar. Não sei o que se passava comigo, acho que era por estar farto que eles me atormentassem e metessem medo aos outros.
Quando estava para os cobrir com a bola ouvia-a.
-Pára!
Imediatamente perdi a concentração e a bola desfez-se e a água extraída voltou para eles, que me olhavam aterrorizados.