~ Toby

Só de olhar Spencer eu sei que ela esteve chorando, e imaginar ela chorando por qualquer coisa me destrói já que nunca conheci alguém mais forte que ela.

– Então, você queria conversar e aqui estamos nós. - ela diz se sentando na cadeira.

– Por favor, você sabe que eu não menti pra você. Eu esqueci completamente que Jenna apareceu aquele dia, e logo depois você me ligou dizendo que iriamos jantar com seus pais e ...

– Então você teve a oportunidade de me contar que ela voltou, e não me disse nada. - ela acusa.

– Não foi bem assim. - eu me defendo. - Eu esqueço de tudo quando estou com você.

– Nossa que conveniente isso. - ela fala cheia de sarcasmo.

– Spencer, eu sei que você odeia a Jenna. E temos isso em comum. Só que ela não pode atrapalhar o que nós temos. - eu digo.

– Você não entende. Jenna me fez passar vergonha uma vez e foi para toda escola ouvir e ver. Só que dessa vez ela realmente me machucou, por que é você. - ela diz, e eu vejo uma lágrima escorrer pelos seus olhos. - Por mais que eu tente entender, não sei o que viu nela. Ou melhor, eu sei exatamente o que viu nela e entendo que ser seduzido por ela não é algo difícil já que ela é linda e tudo o mais. Só que quando ela estava longe, eu podia ignorar isso por que não era obrigado ver a cara de cínica dela. Só que o primeiro encontro que tenho com ela, descubro que vocês tomaram café juntos e que você em nenhum momento pensou em me contar.

– Lógico que pensei em te contar, eu fiquei pensando nisso o tempo todo só que você me distrai, você me faz esquecer de tudo e de todo.

– Então a culpa é minha por não ter contado.

– Lógico que não. - eu digo, então me aproximo dela. - Eu te amo, Spencer. E nunca imaginei que diria isso pra qualquer pessoa, a única pessoa que recebeu isso de mim foi a minha mãe.

– Não fala isso, por favor. - ela suspira e me empurra. - Você tem noção do que ela já me fez? Eu sabia que me envolver com você era um risco, para mim principalmente.

– Então me conte, o que ela fez pra você. - eu digo, e então ela me conta sobre tudo, sobre o tal Grant, sobre a humilhação, sobre o ano em que todos resolveram zoar ela com o apelido ridículo, em como eles escreviam em seu armário, ou no quadro da sala e o quanto Jenna adorou cada momento de humilhação alheia que ela sofreu.

– Eu só não posso. - ela diz finalizando a história.

– Spencer, fica comigo e vamos esquecer que essa garota existe. - eu digo.

– Esse é o problema, ela existe e tem uma ligação com você. Por mais que eu queira parecer corajosa, eu não consigo lidar novamente com ela.

– Pelo amor de Deus, quando aquilo aconteceu você tinha 13 anos. Agora você está no último ano, preste a se formar e já é uma adulta.

– Sim, e é exatamente por isso que eu a odeio. Ela me faz sentir como uma adolescente indefesa. - ela diz batendo o pé. - Só acabou, eu prefiro terminar do que ficar com medo dela armar algo que vai fazer eu te odiar.

– Por favor, Spence. - eu me aproximo e sussurro seu nome. - Não faz isso com a gente.

Com meu corpo a pressiono contra a parede, fazendo que ela apenas me sinta. Ela suspira, quando minha boca cobre a dela. Deslizo minha língua, em seus lábios entreabertos e encho sua boca. Quando penso que ela não irá corresponder o beijo, ela envolve seus braços em volta do meu pescoço e ansiosamente devolve o beijo. Empurro minha coxa entre suas pernas. E a beijo como nunca a beijei, tento mostrar a ela o quão bons somos juntos, principalmente depois de dizer que a amo e não obter uma resposta. Seguro sua bunda e a puxo para mais perto, moendo nossos corpos inferiores juntos.

– Eu não quero que isso termine. - acabo rosnando as palavras contra o seu pescoço, antes de afundar meus dentes nele, pra logo depois chupar a dor que posso ter infligido a ela, eu quero marca-la como nunca quis ninguém, quero que todos vejam que ela é minha e eu sou dela.

– Pare. - ela suspira baixo. Eu a ignoro e então a beijo novamente. Então ela me empurra com força me surpreendendo. - Eu disse que acabou.

Então ela se vira e entra pra cozinha, e eu corro atrás dela só que ela sobe as escadas e tudo que eu faço é socar a parede com raiva.

– Você está fazendo exatamente o que Jenna queria. - eu grito, e sabendo que ela pode me escutar continuo. - Parabéns, Spencer Hastings. Você se acovardou e deixou ela vencer, de novo.

Saio batendo a porta e subo em minha moto e vou disparado pra qualquer lugar onde não posso ouvir meu coração se quebrando em pedaços.

Cinco meses depois ...

Os últimos meses foram bastante difíceis, no primeiro mês Spencer me ignorou completamente, não aparecia na cafeteria, não sentava com a gente na mesa e fingia que eu não existia. Apesar de ter me feito de forte, isso me destruía não poder conversar com ela, nem a chamar para ir na minha casa para ver algo ou jogar palavras cruzadas, eu senti saudade de tudo. E ainda tinha Jenna que continuou infernizando a minha vida, se fazia de santa para todos só que vivia me infernizando.

No outro mês, começaram as provas e surpreendi a todos e a mim mesmo quando consegui notas suficientes para passar. Aquela vontade de correr e contar para minha professora particular quase me atingiu, mas Spencer e eu não conseguíamos nem nos encarar.

No terceiro mês, Spencer começou a visitar faculdades para mandar inscrição, Caleb me dava todas as informações possíveis sobre a vida dela, me sentia um stalker querendo saber de cada passo dela. Foi Caleb não aguentando mais disse que todos sentaríamos juntos numa palestra na escola, e foi a primeira vez em meses que eu e Spencer falamos um com o outro. Foi tão estranho e ao mesmo tempo tão normal, quando ela começou a falar da faculdade e eu comecei a lhe contar sobre a escola de policiais, ver o sorriso dela e ouvir ela dizendo que acredita em mim, foi algo que encheu meu coração de esperança. Até ouvir seu telefone tocar, e ouvir ela combinando com Nate uma saída. Infernizei Emily, Aria, Hanna e Caleb para me dizerem quem era a porra desse cara, mas todos não me responderam.

No quarto mês, veio a segunda leva de provas e avaliações. E também a escolha dos presidentes da comissão de formatura e orador da colação. Como Jenna se afastou por um ano, ela perdeu o lugar que tinha deixando que Spencer comandasse tudo. Só que ela então ofereceu suas ajudas para a nova presidente, e o diretor achou melhor as duas organizarem juntas tanto a colação e o baile de formatura. Foi algo difícil de ver, mas as duas se juntaram e começaram a trabalhar, Jenna quando estava no corredor com Spencer e me via fazia ou falava algo para incomodá-la, como me beijar na bochecha ou dizer algo idiota.

No quinto mês, todos estavam prontos para se formarem e curtir o baile de formatura. Um dia antes da colação, me avisaram que Spencer estava me chamando na sala da comissão, e eu fui todo feliz só para abrir a porta e dá de cara com Jenna.

– Que bom que você pode vir. - ela diz se levantando e vindo em minha direção.

– Falaram-me que Spencer tinha me chamado. - eu digo já me virando para sair, mas ela finca suas unhas em torno do meu braço.

– Se soubesse que era eu você viria? - ela pergunta.

– Obvio que não. Por isso mesmo que estou saindo. - digo, mas então ela dá um impulso e envolve seus braços em meu pescoço e me beija. Quando a empurro e olho pra frente Spencer está nos encarando, então Jenna se desvencilha de mim e se vira para ela.

– Ai meu Deus, não sabíamos que tinha alguém aqui. - ela diz fingindo estar envergonhada, enquanto dou um passo em direção a Spencer que está juntando suas coisas.

– Baby, quer dizer, Spencer não é nada disso que ...

– Não me importa o que fazem ou deixem de fazer. - ela diz, mas então quando está quase saindo da sala se vira e olha pra Jenna. - Eu tenho um pouco de pena de você.

– Eu já pedi desculpas, e sei como deve ser difícil pra você ver isso e ...

– Você sabia que eu estava no armário o tempo todo, e chamou o Toby para me mostrar o que? O quão ele sente nojo de você, como eu? Você só merece a minha pena e é a única coisa que irá ter mim.

Ela coloca a mochila nos ombros e sai da sala, deixando Jenna olhando feio pra porta.

– Você é patética. - eu digo saindo também, mas não antes de escutar ela dizer.

– Posso até ser, mas vocês continuam separados. Ponto pra mim.