School Days escrita por Isa


Capítulo 25
Capítulo 25: Amizades




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Gwen estava deitada em sua cama lendo, pela terceira vez, "O Hobbit". Cada vez que lia a palavra, se lembrava do apelido dado por Rebecca e Liz e instintivamente revirava os olhos. Mesmo assim, era completamente viciada em tudo que envolvia o universo de "O Senhor Dos Anéis". Para completar a "emoção" do momento, ouvia I See Fire, do Ed Sheeran. Não conhecia absolutamente nada do cantor, nem nenhuma de suas outras músicas, mas aquela havia sido composta exclusivamente para a trilogia adaptada do livro e a letra se encaixava perfeitamente no clima de fantasia da obra de Tolkien.

Se assustou levemente quando a porta foi aberta. Ergueu os olhos e se deparou com Noah, ainda usando a jaqueta dos WildTigers.

– Você não bate? - Questionou, enquanto pausava a música e retirava os fones de ouvido.

– Eu bati, você não abriu, eu entrei. - Respondeu ele, dando de ombros. - Podemos conversar?

– Claro... - Fechou o livro e colocou-o no criado mudo, que ficava ao lado da cama. - Aconteceu alguma coisa?

– Não exatamente... - Noah se sentou. - É só que... Você sabe se está rolando alguma coisa entre o Matt e a Fran? - Inquiriu, fazendo a amiga franzir o cenho em estranhamento.

– Bom... Ela não disse nada sobre isso. - Afirmou a baixinha, sendo 100% sincera. - Os dois ficaram sim mais próximos desde o parque de diversões, mas não parece que esteja acontecendo algo entre eles. - Acrescentou. - Mas o que aconteceu com aquela história de seguir em frente e aproveitar a "liberdade"? - Fez aspas com os dedos.

– Sair com várias garotas é legal, mas não é a mesma coisa de estar com ela... - Suspirou. - Eu realmente a amo, você sabe disso.

– Sim, eu sei. - Gwen disse. - Assim como eu sempre soube que não era para dar certo. Nunca tiveram nada em comum, brigavam por qualquer coisa... Acho que é bem óbvio que não vão voltar a ficar juntos. Quanto antes você se conformar, melhor. Se não for o Matt, será outro cara. Está na hora de você superar isso...

– Eu não quero superar! - Vociferou, começando a se irritar. - Ela é a garota perfeita. E eu nunca amei ninguém como eu a amo... Por que ninguém consegue entender isso? - Queria mostrar para a melhor amiga o quão incompreendido se sentia.

– Bom, nem sempre amor é o suficiente para manter um relacionamento. - A baixinha fez questão de dizer. - Se fosse, eu ainda estaria com a Jane e o Josh com o Wally. Mas, infelizmente, eu fui traída e Wally precisou de "um tempo", provavelmente para poder ficar com outras pessoas sem sentir culpa. Quer outro exemplo? Matt e Liz. Ele foi o namorado perfeito e era louco por ela, mas não deu certo. Bom, agora eu vou parar de falar, porque já sei que não vou conseguir te fazer mudar a sua forma de enxergar as coisas.

– É, não vai mesmo. - O rapaz sorriu. Estava determinado a reconquistar a ex namorada antes que Matt pensasse em tentar alguma coisa. Para ele, Frannie ainda era sua garota e sempre seria. - Vamos mudar de assunto, então? - A garota assentiu. - Tem certeza que Becky Evans é gay?

– "Oh, eu amo a Frannie, ela é a única para mim" - Gwen fez uma voz grossa.

– Apenas responda a pergunta. - Pediu.

– 100% de certeza não. Mas ela está com a Britt e, até onde sei, nunca gostou realmente de nenhum garoto. - Disse, praticamente repetindo a fala de Brittney em uma conversa que haviam tido alguns dias atrás.

– Então isso significa que eu só tenho uma chance com a virgem imaculada... - Enunciou, arrancando uma alta gargalhada da pequena. - O que foi? - Indagou.

– Acredite, deve ser mais fácil fazer a Rebecca gostar de garotos do que fazer a Liz sair com um running back. - Garantiu. - E considerando a forma como fala dela, não acho que esteja mesmo interessado.

– Em conversar com ela? Não, nem um pouco. Beijá-la? Com certeza. - Sorriu de canto, fazendo a amiga revirar os olhos. - Transar com ela então? Sonho da minha vida.

– Será que você consegue ser menos pervertido? - Perguntou, começando a se sentir enojada. Não diria aquilo em voz alta, mas ter sexo com Noah era um castigo que ela não desejava para ninguém. Podia afirmar, por experiência própria, que era uma tortura terrível. E pelo que ouvia as líderes de torcida comentarem, ele não havia melhorado nem um pouco. Nesse tipo de "situação" ele podia ser chamado de, no mínimo, egoísta.

– Perversão é amor, amor é justiça, logo, perversão é a justiça. - Citou.

– Vai mesmo usar uma frase de High School DxD? - Arqueou uma sobrancelha.

– Me surpreende que tenha entendido a referência, já que diz odiar Ecchi.

– Eu odeio Ecchi. Mas DxD tem uma história aceitável. Mesmo assim, o Issei é um dos personagens mais pervertidos de todos os tempos.

– Então não deveria estar surpresa por eu usar uma frase dele.

– Como é que eu fui namorar você mesmo?

– Diz isso como se não tivesse segundas intenções quando assiste ao treino das líderes de torcida... Como é mesmo a sua bela frase?

– Calado, Laurent.

– "Deus abençoe o pervertido que inventou essas saias", certo?

Gwen revirou os olhos novamente, se perguntando o porquê de ter alguém tão irritante como seu melhor amigo.

(...)

– Eu posso fazer isso... - Frannie murmurou para si mesma, parada do lado de fora da casa dos irmãos Carter. Na verdade, era mais como uma mansão. Não sabia ao certo o que esperar. Apesar de Josh ser seu amigo, nunca havia chegado a ir visitá-lo. Geralmente, eram Gwen e Terry que faziam isso.

Olhou nervosamente para trás e viu que o carro de Isaac já não estava mais ali. Hesitou antes de tocar a campainha e esperou pacientemente alguém vir atender. Após alguns segundos, a porta foi aberta por um Matt sorridente. Um belo sorriso de 1000 watts que surgia toda vez que os WildTigers venciam um jogo, ou quando ele conversava com Noah ou Terry sobre um assunto de seu interesse.

– Você veio! - O quarterback a saudou.

– Oi... - Disse com um pequeno e cuidadoso sorriso. - Vocês disseram que precisam de ajuda, então...

– Somos péssimos em matemática. - O sorriso do rapaz se alargou e Frannie concordou com a cabeça.

Matthew deu um passo para trás, permitindo que ela entrasse. Instantaneamente, seus olhos percorreram o cômodo. Estavam em um corredor estreito, que tinha um cabide e uma pequena mesa com o molho de chaves sobre ele.

Retirou seu casaco, enquanto olhava o enorme lustre que refletia luz e sombras contra as paredes. Percebeu que Matt a encarava, com o braço estendido. Sorriu novamente. Entregou-lhe o agasalho e observou-o colocar no cabide.

– Obrigada. - Agradeceu.

– Não precisa agradecer. - Disse ele, ainda sorrindo. - Josh está na sala de estar. - Informou, começando a caminhar, sendo seguido por Frannie. Passaram pelo arco que separava os cômodos e entraram na parte principal da casa.

Se aproximou do sofá em que o outro amigo estava sentado e acenou para ele.

– Oi, Fran! - Cumprimentou Josh, se levantando sorridente. - O que quer fazer primeiro? Estudar ou assistir um filme?

Frannie piscou em confusão. Não tinha ideia que filmes estavam nos planos.

– Eu pensei que fóssemos apenas estudar. Mas sendo assim, acho que prefiro ver um filme... - Respondeu.

Matt entrou internamente em pânico. Realmente precisava aprender geometria e se o irmão e a amiga começassem uma maratona de filmes, acabariam desistindo de estudar.

– Eu preciso mesmo estudar... - Anunciou, um pouco preocupado.

– Tudo bem então. Posso te ensinar primeiro e depois o Josh. - Concordou a garota, sorrindo. - Você pode começar o filme e que eu já venho... - Falou para o outro amigo, que assentiu prontamente. - Nada de "O Segredo de Brokeback Mountain", por favor. - Pediu. Josh bufou. - O filme é ótimo e eu sei que é o seu favorito, mas sempre vemos esse...

– Tudo bem... - O poucos meses mais novo revirou os olhos.

Viu Matt caminhar em direção à sala de jantar ao lado da enorme cozinha - que sozinha já era maior que todo o seu apartamento - e o seguiu. Se sentou ao lado do quarterback, que retirava o livro, o caderno, o lápis e a borracha da mochila.

– Certo... - Pegou o livro do amigo. - O que você não entende?

– Teorema de Pitágoras. - Respondeu ele, colocando o cotovelo sobre a mesa e a cabeça entre as mãos.

– Tudo bem... - Começou a folhear as páginas, até o capítulo sobre triângulos e o Teorema de Pitágoras. - Anote isso: a condição do teorema de Pitágoras é que em um triângulo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é igual a soma dos quadrados da medida dos catetos.

Ele anotou diligentemente, leu mais duas vezes antes de olhar para a garota de novo.

– Escreva: A ao quadrado mais B ao quadrado é igual a C ao quadrado. - Frannie continuou a ditar.

– Tudo bem... - Ele escreveu. - Mas... O que isso significa?
Frannie pegou o lápis e desenhou um triângulo retângulo no caderno de Matthew.

– Isso... - Apontou para a hipotenusa. - É C. Esse pode ser o A. Na verdade, não importa qual dos catetos é A ou B, desde que a hipotenusa seja C. Tudo o que você tem que fazer é achar o quadrado do valor de A e o quadrado do valor da linha B. Uma vez que tenha esses valores, você soma os números quadrados, que vai ser igual a C ao quadrado.

Uma expressão confusa surgiu no rosto de Matt. Não havia entendido absolutamente nada do que a amiga tinha dito. Apesar de estar no time de futebol, não era preguiçoso ou até mesmo burro como alguns de seus colegas. Apenas tinha dificuldade em Geometria.

Ao ver a reação do amigo, Frannie logo percebeu que seria uma longa tarde... E conhecendo Josh e sua incapacidade de entender o conteúdo de Álgebra II, passaria ainda mais tempo explicando. Mas isso não a desagradava. Muito pelo contrário, aliás. Os irmãos eram legais e pelo menos não se irritavam quando não conseguiam aprender alguma coisa, como Noah fazia.

(...)

Sebastian deslizava sobre o gelo, pensando nos mais variados assuntos. Seus pensamentos alternavam entre as possibilidades do que podia acontecer na noite seguinte quando fosse com os amigos ao karaokê e todo o nervosismo e atitudes estranhas de Susan. Sabia que a ex namorada estava escondendo algo e que Caleb Grayson estava envolvido. Mas não conseguia fazê-la confiar nele o suficiente para dizer.

De qualquer forma, sua maior preocupação continuava sendo pensar em alguma forma de fazer Gwen Collins vê-lo como algo mais que um amigo. A cada dia tinha mais certeza que era ela a garota certa.

Percorria o ringue com agilidade, dando grandes saltos e girando várias vezes. Amava patinar. Era como se seu corpo fosse envolvido por uma nova energia e nada parecesse impossível. O ajudava a pensar. Era quase tão divertido quanto uma maratona de Star Wars ou Senhor Dos Anéis.

(...)

– Você acha que ela tem vergonha de mim? - Perguntou Brittney, insegura.

Liz desviou sua atenção do livro que lia pela primeira vez naquela tarde. Aquela pergunta era absolutamente idiota. Rebecca amava Brittney profundamente, nunca teria vergonha dela. Quis rir, mas se conteve ao perceber a expressão triste no rosto da amiga.

– É claro que não! - Abriu um sorriso amigável. - Ela é louca por você...
– Então por que ela não pode simplesmente assumir o que temos? - Questionou.

– Você sabe que ela tem medo do que as pessoas podem fazer. - Respondeu, fechando o livro e colocando-o sobre a cama. - Pensei que conversassem sobre isso...

– Nós conversamos... É só que... Eu... Não sei... Eu só... - Brittney procurava as palavras certas para explicar o que estava sentindo. - Eu amo a Becky, não quero que sejamos um segredo para sempre... Mas ela sempre diz o quanto tem medo do que as pessoas vão dizer que eu não consigo ignorar a possibilidade de que para ela tudo não passasse de uma... Diversão ou algo assim.

– Ela não tem vergonha do que existe entre vocês. Mas você sabe o quão importante é manter sua reputação intacta em Roosevelt. Sabe o que fazem com o Josh por ele ser gay. Ele é o único que saiu do armário de verdade naquele lugar. Nem mesmo a Collins se assumiu. E olha que ela já faz parte dos perdedores.

– Perdedores... - Britt repetiu. - Não devia falar assim... Eles são nossos amigos!

– São seus amigos. - Disse, soando mais ríspida do que pretendia.

Britt ia dizer alguma coisa quando a porta do quarto foi aberta. Becky entrou, parecendo estar irritada.

– O que aconteceu? - Brittney perguntou.

– Não é nada. Não precisa se preocupar. - Respondeu Rebecca, beijando-a levemente nos lábios.

– Tem certeza? - Britt quis confirmar.

– Absoluta. - Sorriu para a "namorada". - Eu só escutei os pais da Lizzie discutindo sobre os novos vizinhos e eles serem gays.

Liz suspirou longamente. Sabia perfeitamente o quão homofóbico era seu pai e isso a desagradava. Se algum dia ele descobrisse sobre a sexualidade das amigas, provavelmente a proibiria de falar com elas, talvez chegando ao ponto de mudá-la de escola para garantir que ela não continuaria a andar com "esse tipo de influência".


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