Spring Poison escrita por biazacha
Notas iniciais do capítulo
Fiz essa One pra dar um apoio moral pro povo participando, espero que tenha ficado aceitável. :D
Era um fim de tarde um tanto quanto deprimente. O vento cortante, os sinais de chuva iminente, a correria das pessoas indo viajar. Nesse contexto mal se via o rapaz cabisbaixo sentado em uma soleira - não podia ser um andarilho, não com suas conservadas roupas de qualidade. A pele pálida, o corpo magro, os cabelos caídos e sem graça, os olhos cinzentos e carentes de vida.
Inverno poderia ser bonito para padrões mais exóticos, mas no geral as pessoas apenas o consideravam... triste. O oposto de seu irmão Verão, corpulento, bronzeado, com cachos loiros e fantásticos olhos azuis – todo sorrisos, brincadeiras, pura presença.
Quando crianças não tinham problemas. O primo deles, Outono, tratava de mediar a relação, pois combinava um pouco da personalidade e aura de cada um. Reservado porém simpático, seco porém acolhedor, era um ótimo ouvinte e amigo, sempre com um bom livro a tiracolo.
Vivendo há alguns anos no exterior, ele acompanhou a distância a relação dos irmãos desabar, cercada pelas cobranças, pela óbvia preferência da família ao mais velho, pelo ego e competitividade da vida adulta.
Inverno havia chego a seu limite e lá estava ele, parado sem saber ao certo se entrava ou não. Recebera a indicação de fontes que preferia não pensar muito, e passara os últimos dias se questionando se aquela era a decisão correta. Sabia que havia conversas de riscá-lo da herança, de dar todo o poder a Verão, palavras maldosas ditas por um ou outro parente quando não notavam sua mórbida presença em algum canto sombrio dos cômodos.
Lentamente, uma coragem desprovida de bravura o guiou degrau após degrau prédio adentro. Passou por todos os andares até chegar no sexto e último onde sabia que a resposta para seus medos o aguardava. Tocou a campainha, se assustando com o suave som de sinos, e aguardou pela passagem definitiva ao seu futuro.
A porta foi aberta por uma figura bem diferente do que ele imaginava: magra, com feições infantis, grandes olhos, cachos cor de cobre emoldurando o rosto sardento – Primavera, se é que esse era realmente seu nome, parecia tudo menos uma especialista em venenos mortais.
Cobras, insetos, anfíbios, flores... era da natureza que ela tirava substâncias arrasadoras e muitas vezes não identificáveis. Seja de cogumelos de aspecto inofensivo até as asas de uma bela borboleta, tudo brilhava com o tom da tragédia em suas mãos. Se havia alguém que podia ajudá-lo a se livrar do Verão sem deixar rastros, essa linda jovem era a pessoa.
Sorrindo de modo delicado, ela o convidou para entrar. O cômodo era todo em tons pastéis, com motivos florais diversos, cheiro de morangos e baunilha. Parecia pertencer a uma fada ou princesa, não a uma bruxa com poções malignas.
“Toda bela rosa esconde terríveis espinhos. ” Pensou ele, ao ouvir a porta fechar atrás de si, selando seu destino.
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Fico aqui imaginando o rumo que as coisas podem tomar e é imensamente divertido. Quem sabe no futuro não volte nessa história, ou talvez explique como Primavera acabou nesse estilo de vida inusitado.
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