Project Z escrita por Ellie Caroline


Capítulo 1
Perdida




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Estou num mundo perdido. Haverá volta? Acho muito improvável. Eles tomaram conta da terra, e talvez outros lugares desconhecidos. Não consigo defini-los como vivos ou mortos. Eles estão mortos, mas também estão vivos. Aprendi a muitos anos que eles são chamados de Zumbis.

Meu nome é Cat, na verdade é Catalina, mas quem diabos tem esse tipo de nome? Felizmente ou infelizmente poderei muda-lo, não quis mudar totalmente, estou feliz por resumir tudo isso em apenas "Cat".

Estou num apocalipse zumbi. Na minha infância achei isso a melhor coisa do mundo, e realmente era. Imagine comigo, um mundo infestado, sem sua família, sem ninguém ara dizer o certo ou o errado, apenas você é... você. A pior coisa que se pode acontecer é você ser comido (na mais forma literal possível), você conseguir vencer isso tudo e morrer inutilmente, ou se apaixonar. Imagina você encontrar o homem da sua vida nesse caos? Você poderá se considerar a pessoa mais sem sorte do mundo. Mas ainda bem que nenhuma dessas coisas aconteceu comigo.

Estou vagando nesse mundo com meu pai, meu irmão e minha irmã. Estamos totalmente a pé, parece que a gasolina simplesmente evaporou desse mundo, sério, cadê os reservatórios? Achamos uma casa para passar uma noite, ou até conseguirmos disposição para continuar. Ninguém diz nada, mas sei que estamos vagando sem rumo, no estado da Terra duvido ter algum lugar seguro. A casa era pequena, tinha apenas uma pequena sala, uma cozinha e quarto com banheiro. Ficamos sentados na sala apenas pensando. E eu refleti sobre tudo isso.

Meu pai se chama Robert, já estava velho mas conseguiu sobreviver até agora com a gente, depois de muitos anos ele é o que eu considero de um guerreiro, venceu a morte, ou a vida... ainda não sei definir isso bem. Ele sempre fui um cara elétrico, nunca conseguia ficar parado, o que me irritava muito. Ele tinha bastantes coisas ruins para dizer ao meu respeito mas também muitas coisas boas. Em vista de meus irmãos eu fui a que menos dei trabalho. Mas ainda não sei se isso vale algo agora.

Meus irmãos -Charlotte e Nate- sempre foram mais juntos, eu era a excluída por ser a menor, por isso estavam sentados mais afastados de mim, mas não me importei. Já havia me acostumado.

— Para onde vamos agora? — Perguntou Charlotte olhando para papai.

— Continuaremos com o plano.

Era o que sempre dizia. Continuar com o plano. Nós nem realmente temos um plano. A única coisa que fazemos é passar de cidade em cidade, apenas para não ficarmos parados esperando sermos comidos. Já havia me cansado de discutir esse assunto com eles então simplesmente fiquei sentada no chão calada no canto da sala.

Já estava quase cochilando quando vi o que meu pai iria fazer. Ele possivelmente achou um pequeno aparelho de som, e estava olhando como funcionava. Meu pai não era muito ligado em tecnologias. Mesmo assim começou a tocar uma musica relativamente alta, e fiquei desesperada. Qualquer ruído é fatal nesse mundo. Quando consegui finalmente chegar em meu pai e desligar o aparelho ouvi passos do lado de fora da casa. Olhei apreensiva para meu pai e meus irmãos que ficaram paralisados. Olhei pela janela e vi que era um grupo de mais ou menos dez pessoas. Estávamos perdidos, deveriam ser canibais.

Nesse mundo já estava difícil conseguir alimento. Tentávamos ao todo custo conseguir enlatados o suficiente para mais três dias, assim não ficaríamos sem nos alimentar. No começo estava dando certo, conseguíamos arrecadar para no mínimo mais cinco dias a frente, mas foi tudo mudando. Parecia que além da gasolina a comida também estava evaporando. Tentávamos ao máximo não consumir carne animal, não sabíamos que tipo de doença que poderiam ter com esse vírus a solta. Assim já era meio óbvio que existiam pessoas que comiam pessoas. Vivas, o que na verdade o sentido não muda tanto, a não ser pelo fato do agressor estar vivo-vivo.

— Vamos rápido — Sussurrei um pouco alto para que eles saíssem do transe — Vocês pegam as mochilas com as comidas e eu vou pegar as que estão no quarto. Rápido!

Sabia que não era uma boa ideia, se duvidar eu nem conseguiria sair viva dali, mas fiz o que falei e pelo canto do olho os vi fazendo também. Peguei as mochilas quando ouvi o barulho da porta da sala ser aberta. Droga.

— Esse lugar dá pra passar a noite. — Falou um deles rindo — Talvez os antigos donos tenham deixado algo para nós.

— Revistem tudo. — Disse alguém que pelo tom de voz deveria ser o chefe

Droga, droga, droga. Como vou sair? Eu meio que não pensei nessa parte. Okay, eu realmente não pensei nessa parte. Na parede oposta tinha uma pequena janela que para passar eu teria que me espremer ao máximo, e possivelmente entraria no Guiness pela rapidez. Faltava apenas passar a outra perna pela janela quando a porta do quarto foi aberta e um homem grande, meio gordo e com uma aparência horrenda apareceu. Acho que nem se passasse por um dia de beleza ele conseguiria ser bonito. Mas que beleza, estava a um ponto de ser pega e estou já pensando nessas coisas.

— Ora, ora. O que temos aqui? — Murmurou entrando no quarto.

Sem raciocinar direito pulei pela janela para fora da casa olhando em volta para ver por onde iria sair correndo. Lógico, não poderia sair correndo por aí e dar de cara com um deles. Nesse momento o ouvi dizendo

— Ela é minha. Tragam-na.

Okay, agora eu estava desesperada. Meus irmãos e meus pais deveriam ter ido rumo ao plano inexistente. Mas o problema é, eles esperariam por mim? Por quanto tempo iria continuar viva sozinha? Qual é, eles deveriam ter se escondido e esperado por mim, eu teria feito isso por eles... Eu acho.

— Olá gatinha

Me assustei virando rapidamente dando de cara com um dos caras que vi pela janela. Eu não tinha a mínima ideia de defesa na hora, a única coisa que fiz foi chutar seu pequeno "amigo" e sair em disparada rumo a estrada em que estávamos seguindo.

— DESGRAÇADA! Eu a quero morta — Ouvi ele berrando para outros que estavam a sair correndo atrás de mim.

Eu estava completamente perdida, eles iriam me pegar. E pelo olhar que o Todo-Poderoso-Chefão deu em cima de minhas pernas imagino que canibalismo não seria o único ato que iriam fazer comigo.

Devo ter corrido por uns vinte minutos e finalmente vi um matagal que pensei em me esconder por enquanto. Via os zumbis querendo andar (correr não seria a palavra ideal, já que um deles tentou fazer isso e acabou explodindo a cabeça caindo no chão e a batendo sobre uma pedra) e me atacar, mas nem me importava em parar para mata-los, apenas corria que uma hora que eles paravam e se viravam para algo.

Chegando perto de uma pedra que tinha o tamanho suficiente para que eu pudesse me deitar pensei mais uma vez. Onde diabos eles estariam? Me abandonaram assim, na cara dura? Qual é, eles eram minha família, a ideia era que estaríamos sempre unidos. Durante todo meu trajeto pela estrada tentei reparar em algo que mostrasse que eles passaram por ali. Mas nada.

Agora que estou sozinha qual é o sentido em continuar? Correr sem ter um rumo, apenas em linha reta. Sem saber o que encontrar no final. Talvez seja pra ser assim, talvez o mundo é para ser mudado completamente, sem restar uma única alma viva. Ou talvez não. Talvez isso seja como num teste de coragem ou de resistência, igualzinho nas brincadeiras de escolas e de rua. Apenas tenho que me lembrar disso e conseguirei viver e lutar até o final, onde finalmente poderei dizer que teve o trabalho feito.

Dois anos depois

Dois anos se passaram. Não digo que vivi por dois anos, eu apenas sobrevivi. Não há final, só o que sei é que possivelmente eu seja a ultima pessoa da terra já que nesses anos não encontrei absolutamente ninguém. Vivo, pelo menos. Meu pai e meus irmãos? Não os vi depois do ocorrido. Ficou como se tivessem sumido do mapa. Nem zumbis com suas aparências eu pude encontrar.

Zumbis. É como minha família. Depois de todo esse tempo, o cheiro de morte se impregnou no ar que as vezes eles nem me percebem, algumas vezes ficam doidos mas logo desistem. Não há escapatório para eles e muito menos para mim. Imagino que através dos anos, eles vão ficando mais bobões, não me surpreenderia caso algum deles caírem realmente mortos, ou desmaiados.

Encontrei um pequeno campo cercado onde poderia sobreviver se soubesse me cuidar. Realmente, não vou ter um final feliz, vou ter pelo menos um final digno por ter conseguido, ou assim espero. Imagino se tem alguém que tenha sobrevivido e esteja tendo os mesmos pensamentos que eu. E que um dia me encontre.


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