Foi numa dessas noites na Lapa que aquilo que se estendia já havia um tempo começou. No inicio da noite estávamos nós e seus amigos, sentados em cadeiras de bar na calçada tomando caipirinhas e comendo uns petiscos enquanto conversávamos bobagens à toa. E, num momento qualquer percebi que ele estava me encarando, e sorrindo de forma que fazia seus olhos ficarem bem pequenininhos então eu sorri para ele também, simples assim. Com ele meu sorriso era sempre frouxo. No instante seguinte já estávamos sambado no espaço apertado do bar e girando pra lá e pra cá. E eu não pude deixar de reparar em como ele parecia mais bonito, mais feliz, mais tudo. E continuamos a sambar e rir a toa sem hora para parar.

Mais tarde naquela mesma noite seus amigos já tinham ido embora, mas nós não, pois ainda havia muita lua para aproveitar. Andamos de mãos dadas até um canto qualquer e encostamos em um muro aproveitando a brisa da noite e a confusão de vozes e musicas do fundo e, eu percebi que naquela noite ele brilhava. Seus olhos, seu sorriso, seus cachos bagunçados. Tudo nele me encantava. E quando ele chegou mais pertinho, arrumou uma mecha do meu cabelo, juntou sua boca ao meu ouvido e sussurrou para mim dizendo como eu era importante e me beijou eu fui ao céu. Naquele instantinho foi como se várias coisas tivessem explodido entre nós. E foi ótimo.

Eu sorri e ele também.

Ele beijou minha testa e eu peguei sua mão.

E seguimos caminho para casa.