Easy is boring escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 5
Melancolia




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Assim que chegamos ao hospital, levaram Jade para uma sala de cirurgia para retirar os cacos de seu corpo, que estavam dificultando sua respiração. Depois fizeram uma ressonância magnética para detectar os danos cerebrais da pancada do bloco do teto. Eu estava apreensivo, sentado na sala de espera com Cat e Robbie ao meu lado, no entanto me sentia estranhamente sozinho.

— Beck Oliver? — uma enfermeira chamou.

— Sim? — me levantei da cadeira num pulo, apreensivo.

— Jade está bem, não houve nenhum dano pela pancada, ela teve muita sorte, foi só uma pequena contusão. Ainda está desacordada pela anestesia, mas deve acordar em questão de minutos.

Eu suspirei de alívio, deixando um sorriso brotar nos cantos da minha boca. Cat e Robbie se abraçaram.

— Vocês precisam descansar, vão pra casa. — Eu disse a eles. — Vou dar uma olhada na Jade e vou embora depois. — acrescentei quando vi seus olhares preocupados.

— Tudo bem. Tchau Beck. — Cat me abraçou e se afastou com Robbie em seu encalço.

Logo que cheguei ao quarto de Jade meu coração pareceu afundar no peito. Ela estava deitada com um IV em seu braço, uma gaze enrolada na cabeça e uma camisola de hospital. Seu rosto estava lívido, sua boca entreaberta e os olhos fechados.

Sentei-me num banquinho desconfortável do lado de sua cama e coloquei minha mão por cima da sua, que estava gélida. Senti as lágrimas brotarem nos meus olhos e levei sua mão até meus lábios, deixando as lágrimas caírem nas costas de sua mão. Ela se mexeu desconfortável na cama, e suas pálpebras piscaram várias vezes até pararem abertas.

— Jade? — sussurrei.

— Beck... O que aconteceu? — ela tentou se sentar, então sua expressão se contorceu de dor e ela apertou minha mão. — Você nem está machucado... Eu pensei que...

— Não foi um terremoto muito grande. Na verdade foi bem rápido, mas um bloco do teto caiu na sua cabeça e você desabou nos cacos da mesa de centro.

— Que falta de sorte. — ela murmurou, sorrindo fracamente. — Cat e Robbie estão bem?

— Sim. Eu disse para eles irem para casa, estavam cansados. Muito preocupados com você também.

— Você ligou para minha mãe? — ela indagou.

— Os médicos ligaram. Ela está a caminho.

Ela assentiu, largando minha mão. A falta de seu toque me deixou melancólico. Eu sabia que ela não queria mais nada comigo, tinha deixado bem claro, mas eu não conseguia esquecê-la. Eu a amava, sempre amei, e me sentia um idiota por nunca ter demonstrado o suficiente. Ela tinha razão em não me aceitar de volta, eu era seco com ela quando estávamos em público, raramente a defendia, mas isso não era por falta de amor. Eu só achava que Jade não gostava do tipo super protetor, que gostava de se virar sozinha o tempo todo.

— Você devia descansar. — eu aconselhei, colocando uma mecha verde de seu cabelo atrás da orelha. Ela fechou os olhos quando fiz isso, e pensei que ela estava prestes a explodir comigo, mas ela não o fez.

Aproveitei a chance e beijei suavemente sua testa, segurando atrás de sua cabeça e afagando seus cabelos macios. Ela não me repreendeu imediatamente, e quando eu me afastei, sua mãe chegou no quarto com alvoroço.

— Ah, meu bem! — ela jogou os braços em volta da filha, que gemeu de dor. Will, o irmão mais novo dela, ficou para trás, acanhado.

— Oi, Will. — cumprimentei, bagunçando o cabelo dele.

— A minha irmã vai morrer? — ele foi direto ao ponto. Isso atraiu os olhares delas.

— Deixe de ser bobo, filho, ela está bem. Não é?

— Nunca estive melhor.

— Eu vou indo então, boa noite. — me despedi de todos, prendendo o olhar de Jade por mais algum tempo enquanto juntava minhas coisas.

Pov Jade

Eu quis ir à escola no dia seguinte, mas minha mãe me obrigou a ficar em repouso em casa o dia todo. Minha mãe trabalhava como assistente de uma empresária, e normalmente nunca ficava em casa durante o dia, mas hoje ela decidiu ficar comigo.

— Mãe, eu estou bem. — insisti.

— Tome sua sopa. — ela encerrou a discussão.

Cat, Robbie e Andre passaram para me visitar, ficamos um bom tempo conversando até eles irem, então, para minha surpresa, Tori apareceu. Minha mãe deixou ela entrar no quarto sem me pedir permissão.

— Só o que faltava. — reclamei.

— Oi, Jade.

Ela tinha nas mãos uma rosa branca.

— Rosas brancas são como um pedido de desculpas. — ela explicou.

— Odeio flores. — retruquei.

— Tudo bem, escuta Jade. — ela começou, impaciente.

— Escuta aqui você Tori! Eu não estou chateada com você por causa do Platinum Music Awards, isso foi há um tempão, sem contar que foi você quem impediu o beijo.

— Você pareceu muito chateada. E não só brava, sabe? Magoada. Eu sei que não me considera a sua melhor amiga, mas... Se você ainda estiver apaixonada pelo Beck, eu quero te ajudar.

— Não preciso de ajuda. Estou bem, não ligo pra quem o Beck quer namorar.

— Tem certeza?

— Tenho! — menti descaradamente.

— Tudo bem. Só não quero que fique triste. — eu mordi o lábio, me segurando para não rir. Depois de tudo que fiz com ela e ela ainda se preocupava se eu me magoava. — Fiquei preocupada quando me disseram que você tinha se machucado. Lá no Nozu foi uma confusão, mas ninguém se machucou, exceto talvez a Hope...

— Por que você se importa? — interrompi de repente, não conseguindo mais segurar a pergunta que tanto me incomodava.

— Você disse que nós éramos amigas.

Eu sorri. Apesar de nunca tratá-la bem, eu a considerava uma amiga, só nunca admitiria isso para ela.

— Foi força de expressão. — dei de ombros, mas permiti que ela sentasse na beira da cama e me desse um abraço. — Obrigada. — sussurrei quase inaudível. Tori sorriu largamente.

...

Todos pareciam me encarar no corredor da Hollywood Arts. Às vezes algumas pessoas me paravam para perguntar se eu estava bem, e outras só sussurravam entre si. Quando eu estava descarregando meus materiais no armário, um garoto com moletom da HA veio falar comigo. Seu nome era Ethan, ele apresentara uma peça comigo uma vez. Não pude deixar de reparar o quanto ele era lindo, com cabelos curtos pretos e olhos verdes, alguns centímetros mais alto do que eu e parecia bem forte.

— Oi, Jade.

— Que foi?

Ele pigarreou e depois tomou fôlego para começar a falar:

— Sabe, já faz um tempo que eu venho admirando você, e quando soube que você se machucou no terremoto, fiquei muito preocupado, e então pensei, eu poderia engolir esse medo e vir falar com você logo, antes que seja tarde demais... E...

— Então eu me machuco e tudo que você pode pensar é: "ei, droga, se ela morrer nunca vamos namorar"? — eu provoquei, tentando inutilmente fazê-lo recuar.

— Não! Eu fiquei realmente preocupado com você. E eu estava pensando, talvez nós poderíamos sair, sabe, num encontro?

Ele me pegou de surpresa. Os garotos da Hollywood Arts normalmente gaguejavam muito antes de sequer conseguir pronunciar um elogio para mim, e ele foi tão direto. Pensei um pouco no que deveria responder. Ele era atraente, talentoso, e estava sendo legal. Por que não?

— Tá bom. — dei de ombros. — E aonde vamos?

— Isso é surpresa. — ele sorriu. — Te pego às sete.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam de um cara chamar ela pra sair? Eu sei que todos querem Bade logo, e vai acontecer, mas primeiro o Beck precisa sentir um pouco de ciúmes né? Provar um pouquinho do próprio veneno haha. Beijinhos