Easy is boring escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 2
O Encontro


Notas iniciais do capítulo

Heey, queria agradecer a todos os reviews, espero que os números ainda cresçam bastante! O capítulo ficou grandinho e tá repleto de conversas empolgantes entre a Jade e o Beck. Boa leitura!



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Chego atrasada na aula do Sikowitz, mas não levo bronca por isso. Começamos logo a ensaiar nossa peça, e só então percebo a falta de naturalidade e espontaneidade na minha atuação como namorada de Beck. Eu não conseguia entender por que, afinal, eu fora sua namorada por mais de dois anos. Devia ser a coisa mais fácil para mim, mas toda vez que ele se aproximava, eu vacilava.

— Isso está horrível! — Sikowitz exclamou. — Vocês não cumpriram nosso combinado ontem. Mas vão cumprir hoje porque vou colocar Sinjin e Burf para observarem vocês.

— Ah, pelo amor de Deus! Só precisamos treinar mais. — teimei.

— Acho que ele tem razão, Jade. Precisamos nos acostumar com esse status de namoro de novo.

— É só uma peça, Beck. Não estamos realmente namorando. — retruco.

— E a minha atuação, como está? — Tori interrompeu, empolgada. Revirei meus olhos.

Sicowitz faz uma careta, e então sorrio. A atuação de Tori não estava muito melhor.

— O que estou fazendo de errado? — ela choramingou.

— Bem, você não está acostumada a ser a antagonista malvada que sempre diz o que pensa. E acho que tenho uma ideia do que pode ajudar você. Mas primeiro! Vocês dois têm que sair num encontro. — ele apontou para mim e Beck.

— Tudo bem! Eu desisto. Você pode me pegar hoje às sete. — digo, cansada.

— Mal posso esperar. — ele retruca, sorrindo. Parece sincero, mas não consigo acreditar.

...

Beck não se atrasa nenhum minuto, e nem estou pronta quando ele chega. Minha mãe atende a porta e o deixa entrar, oferecendo chá enquanto ele espera. Dou uma última olhada no espelho antes de sair: saia preta justa, uma camisa de botões com mangas de renda preta, coturnos também pretos, os cabelos cacheados com mechas roxas e uma maquiagem leve.

Quando o vejo, prendo a respiração. Ele está maravilhoso, com um casaco preto e um cachecol vermelho que o veste tão bem. Ele sorri, mas eu não retribuo. Já no seu carro, ele finalmente me dirige a palavra:

— Você está ótima. Aonde quer ir?

— Nozu? — respondo a pergunta e ignoro o elogio.

— Claro.

Chegamos lá e escolhemos uma mesa perto da porta, então fazemos o pedido e um silencio arrebatador paira sobre nós.

— Então, quer começar? Ou eu começo? — ele finalmente pronuncia.

— Começar o que?

— A falar... Sobre a sua vida. Como Sikowitz pediu.

— Bem, não tem nada de muito secreto. Deixa eu ver... Desde que terminamos as coisas interessantes que fiz sem você foram basicamente escrever uma nova peça e apresenta-la, sair com a Cat e às vezes a Tori, ficar com o Alce...

— O que?! — ele interrompe. — Você e o Alce?! Por que nunca fiquei sabendo disso?

— Bem, você não é meu namorado, não precisa saber da minha vida sexual.

— É, mas você é minha amiga, não devia transar com meu amigo de infância.

Naquele momento eu quis jogar minha sopa quente no rosto de Beck. Como ele se atrevia a falar assim comigo? Depois de tentar beijar a Tori, que era... “Meio” minha amiga. Ele achava que eu não sabia, e eu preferi deixar assim por muito tempo, mas dessa vez, a ferida foi profunda demais para ignorar.

— Quando eu estava no Platinum Music Awards você tentou beijar a Tori. E apesar de eu não gostar dela, todo mundo sabe que somos meio que amigas. Então, se quiser jogar pedras no meu telhado, repare primeiro que o seu é de vidro. — Beck engoliu em seco, sem palavras para replicar.

Eu me sentia mal por ter dito tudo aquilo, não por ele, afinal ele mereceu, mas não gostei de agir como se aquilo tivesse me machucado (como realmente me machucou). Até devolvi o papel para a Tori, e eu não costumo fazer boas ações à ela.

— Sinto muito, Jade. Eu pensei que gostava dela, mas...

— E depois, você saiu com ela de novo, quando eu e a Cat seguimos vocês.

— Disse que não se importava.

— E não me importo! A questão é: eu ter saído com Alce não é problema seu.

— Tem razão. — ele deu de ombros. — Mas eu realmente quero me desculpar por dar em cima da Tori.

— Não tem nada porque se desculpar. Ela é simpática, doce, e vocês formam um casal legal.

— Eu fui um babaca. Nem me importei com o que você ia sentir.

— Também não me importei com você quando estava com o Alce. — repliquei.

Ele suspirou, derrotado.

— Então, o que você quer que eu diga, Jade? Que a Tori é incrível e que eu tenho sentimentos por ela? — aquilo me atingiu de uma maneira inexplicável, e foi difícil manter a compostura para responder.

— Se é o que você sente.

— A questão não é... — ele começou, mas levantou as mãos em sinal de rendição no meio da frase. — Deixa pra lá.

O silêncio retorna, e novamente, minutos depois, é Beck quem o quebra:

— Estive preocupado com você.

— Por que?

— Aquela coisa com seus pais. Eu sei que isso magoa você, sempre magoou, por mais que você fingisse não ligar.

Eu baixo os olhos para o meu colo, envergonhada. Ainda não consegui superar a briga mais recente dos dois, e às vezes ainda acordava suando frio pelos pesadelos no meio da noite. Só Beck sabia da história fatídica da minha mãe, e de como eu tinha medo de eventualmente algo assim acontecer de novo.

— Ignore isso. Já passou, e eu estou muito bem.

— Jade... Eu sei o quanto você ficava chateada quando ele aparecia. E eu sempre estive lá por você, me sinto mal de você ter que lidar com tudo sozinha agora. — isso me deixou sem palavras. Eu queria abraça-lo e me aninhar em seu peito até a dor passar, mas ao mesmo tempo queria soca-lo por ter a audácia de invadir meu espaço pessoal depois de terminarmos.

Não consegui fazer nenhum dos dois, porque de repente meus olhos marejaram. Escondi o rosto olhando para o lado, pois não queria que Beck descobrisse que eu estava chorando.

— Ei... Jade. — seus dedos quentes tocaram meu queixo, virando meu rosto para forçar contato visual, mas tudo muito suavemente. — Vai ficar tudo bem, eu te garanto.

— Eu só quero que ele suma! Por que ele tem que voltar para atormentá-la?! Ela não vai conseguir lidar com isso para sempre, você sabe como ela é. — eu tinha medo de que minha mãe fosse cometer alguma loucura novamente.

— Não chore! — Beck acariciou meu rosto, aproximando-se mais, e dessa vez não o repudiei.

Eu não me permitiria chorar assim não frente de qualquer outra pessoa, mas Beck era diferente. Ele já havia visto o melhor e o pior de mim, e conhecia cada pedaço meu. De repente seu contanto reconfortante tornou-se doloroso. Eu nunca poderia tê-lo. Não poderia sentir seu conforto, ou o toque de seus lábios.

Me afastei vagarosamente, segurando sua mão por mais tempo do que deveria.

— Obrigada, Beck. De verdade.

Minhas pernas tremiam embaixo da mesa.

— Sabe... Eu sinto sua falta. — ele admitiu, tentando segurar minha mão de novo. Desta vez eu não permiti. Sabia o que ele estava tentando fazer, e não podia deixar isso acontecer de novo.

— Beck, não ouse fazer isso.

— Fazer o que? — ele se fez de desentendido, embora um sorriso crescia em seu rosto.

— Quer parar? Eu não tenho interesse nenhum em você.

Isso pareceu atingi-lo. Ah, finalmente eu encontrei um ponto fraco em Beck.

— Desculpe, eu só achei que... Achei que você gostasse de mim, sabe? Depois de tudo...

— E eu gostava, Oliver. — usei seu sobrenome para parecer mais dura. — Até finalmente entender o que eu significava para você. Você sempre me amou, Beck, mas nunca foi apaixonado por mim.

— Do que você está falando?!

— Estou falando de eu ser sempre aquela que demonstra os sentimentos, e olha que eu sou, bem... Eu! Você não me defendia quando me chamavam de rabugenta ou esquisita, você sempre ficava do lado da Tori, e...

— Talvez se você fosse mais razoável com ela...

Naquele momento eu não aguentei, me levantei, jogando o dinheiro na mesa e me afastando com passos duros. Senti a mão de Beck agarrar meu braço, e girei para encontrar seu semblante furioso.

— Estou cansado de brigar com você, Jade!

— Então fique longe de mim!

— Temos que terminar esse encontro para a peça, então venha se...

Eu o ignorei, puxando meu braço e dando-lhe as costas. Sinjin interrompeu minha saída, colocando-se na porta.

— Você precisa ficar até às nove.

— São oito e cinquenta! — repliquei, gritando. Ele levantou os ombros, ainda impedindo meu caminho. — Quero ver você me impedir!

Empurrei-o para o lado com força, e saí apressada. Lembrei-me que estava de carona com o Beck, então fui caminhando até a casa de Cat, que era bem mais próxima.


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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês acharam do encontro? Eu sempre quis uma conversa honesta entre eles em que a Jade expusesse esses sentimentos dela, e que o Beck deixasse de ser um robô. Espero que tenham gostado! Beijinhos e até o próximo!