Era uma sexta-feira tediosa quando eu e meu namorado resolvemos ir passear em um parque. Chegando lá, ele simplesmente desapareceu da minha vista, e,quando o vejo novamente, ele está sendo cantado descaradamente por uma loira muito peituda. Nem preciso dizer que fiquei com MUITO ciúmes dele, pois ele estava deixando-a cantar enquanto íamos passar um dia juntinhos e tendo um tempo só para nós, como raramente tínhamos. Quando ele voltou, eu percebi que o que ele tinha em mãos eram coisas para darmos um mergulho em um lago ali perto, e decidi deixar o meu ataque de ciúmes para quando estivéssemos entre quatro paredes.

Depois de um tempo nadando, resolvemos voltar à nossa casa para descansar após um dia cansativo como aquele. Chegando lá, percebendo que ele não iria me dar ouvidos se eu falasse calmamente, resolvi fazer uma coisa mais drástica: tranquei as portas e janelas e então - me arrependo amargamente do que fiz, porque depois disto percebi que ele era o homem mais perfeito que eu já havia conhecido...

Mas, agora, tenho que me contentar com o segundo melhor...

Pois é como dizem: “Comparações são fáceis quando se conhece a perfeição”.

Flashback on

Quando tranquei as portas, acho que ele entendeu errado o que eu queria fazer, pois assim que me sentei na cama, ele começou a beijar fervorosamente o meu pescoço, me fazendo quase esquecer o que eu estava prestes a fazer. Mas eu tinha um objetivo, e iria até o fim com ele...

Vendo que ele não iria parar tão cedo se eu não o impedisse, saí da cama ficando a frente dele, assim que o fiz, ele me olhou com uma cara que demonstrava confusão, pois eu nunca tinha agido deste modo com ele. Então depois deste ato de confusão dele, ele deu um sorriso muito meigo, típico de quando eu inventava de começar uma DR, quase me fazendo mudar de ideia. Mas eu tinha um objetivo a ser alcançado, então, antes que eu resolvesse deixá-lo me seduzir, como ele sempre fazia, comecei o meu pequeno mas muito importante sermão:

–Amor, eu fiquei muito decepcionada com as suas atitudes com aquela... mulher que estava claramente se oferecendo pra você. – falei fazendo uma carinha meiga que sempre o fazia concordar com tudo o que eu dizia – O que realmente você estava falando com ela?

–Bem... ela elogiou meus olhos e perguntou se eu estava comprometido, eu respondi que estava com o amor da minha vida, e eu disse que estava preparando uma surpresa pra você...

–Que surpresa? – perguntei confusa

–... a do banho no lago – ele respondeu embaralhando as palavras ao dizê-las.

–Por favor, me diga a verdade, deste jeito eu não tenho como saber se você realmente me ama – respondi fuzilando-o com meus olhos azuis.

–...

–VOCÊ NÃO VAI ME DIZER O QUE REALMENTE ESTAVA FAZENDO COM AQUELA VAGABUNDA? – perguntei começando a me irritar realmente

–Me desculpe meu amor, mas eu realmente não posso...

–POR QUE VOCÊ NÃO PODE??? – aí eu já estava transbordando de raiva

–Me desculpe, mas eu não posso... – respondeu novamente, o que me fez tomar uma atitude precipitada.

–Eu posso lhe contar mais tarde? – ele me perguntou calmamente.

–POR QUE MAIS TARDE??? – perguntei um pouco acima do meu tom de voz, mas tentando me controlar aos poucos.

–Simples, acabamos brigando por tempo demais, e o que eu tenho para te dizer só pode ser dito a luz do luar.

–Então, o que você quer fazer agora? – eu perguntei já mais calma.

–Ah, que tal o jantar? – ele me perguntou.

–Tudo bem, estou mesmo com fome – respondi a ele.

Dito isto, seguimos em direção à cozinha. Chegando lá, começamos a fazer Estrogonofe. Enquanto ele fazia quase tudo sozinho, ele somente me pediu para cortar a carne.

Quando a comida estava quase pronta, escutamos batidas na porta. Ele prontamente se ofereceu para atender a porta, e, quando ele abriu a porta eu quase não acreditei, pois quem tinha chegado era a mesma loira do parque.

Vendo quem era, saí rapidamente em direção ao quarto já quase não aguentando as lágrimas que teimavam em cair. Esqueci até mesmo que ainda estava com a faca na mão. Quando percebi, joguei-a rapidamente no chão e me abracei com força ao travesseiro.

Depois de um tempo, a loira foi embora e eu o ouvi me procurando pela casa, até que se lembrou que o lugar mais lógico seria o quarto. Assim que ouvi a porta se abrir tentei me recompor e fui em direção a ele, tentando socá-lo. Quando dei o primeiro soco em seu peito, ele segurou em minhas mãos e perguntou o porquê de eu estar tão nervosa e eu não respondi. Então, ele se ajoelhou em minha frente e perguntou se isto era porque a loira do parque tinha vindo aqui, e só o que eu fiz foi chorar ainda mais.

Ele me disse que eu não precisava tomar uma atitude destas, porque ela fazia parte do que ele queria me dizer. Ele me puxou pelas mãos até a sacada e chegando lá se ajoelhou novamente em minha frente e puxou uma caixinha do bolso, que eu percebi ser uma jóia, abriu-a vagarosamente e perguntou se eu queria ser só dele para sempre.

Depois de alguns minutos paralisada pela surpresa, eu o agarrei e respondi várias e várias vezes SIM, SIM, SIM então ele colocou o anel em meu dedo , o beijou e me abraçou de uma forma que ele nunca tinha me abraçado antes, muito fofa. Então eu saí correndo dele, e antes dele me seguir, dei um sorrisinho sapeca e fechei a porta. Me lembrei então da faca no chão e quando estava recolhendo-a, ele chega de surpresa e me vira me dando um abraço muito apertado e me beijando. Percebi que algo estava errado quando senti algo quente escorrer pelos meus dedos, que eu rapidamente percebi ser o seu sangue escorrendo por minhas mãos que estavam espalmadas em seu peito, que eu tinha esquecido que em uma delas estava a faca da cozinha.

–Meu... amor... eu... te... amo... mesmo... que... o... pior... aconteça... – e logo após isto eu o senti desmaiar em meus braços.

Desesperada, o deitei na cama e tentei ligar para a emergência, mas o telefone estava ocupado. Então vendo que não tinha outra saída, voltei para o quarto e deitei ao seu lado para não deixa-lo só em seus últimos momentos de vida. Não dissemos uma palavra um ao outro, apenas ficamos olhando um nos olhos do outro até sua morte lenta, vagarosa e dolorosa chegar ficamos abraçados e pensei ser a pior pessoa do mundo. Tentei me matar, mas assim que peguei a faca ele disse: - NÃO... faça... isso... se você fizer... eu nunca... vou me perdoar. Logo após isso eu corri até ele e o beijei. E aquele foi o último ato de sua vida.

Semanas depois desta trágica morte, passei mal e fui ao médico. Chegando lá, o doutor me disse que o que eu estava sentindo tinha um nome: gravidez. Fiquei muito desconcertada com esta notícia, pois eu teria o filho que tanto queríamos, mas ele não estaria lá para conhecê-lo...

Flashback of

2 anos depois

Indo a uma festa, conheci uma pessoa muito interessante. Acabamos saindo por um tempo, e mesmo pensando em meu quase marido que eu mesma tinha assassinado acidentalmente, percebi que ele realmente gostava de mim pelo que eu sou, mesmo eu não estando aberta para relacionamentos amorosos no momento vi que ele era uma boa pessoa para me ajudar a criar minha filha que embora soubesse que o pai havia morrido precisaria de uma figura paterna em sua vida.

Atualmente tenho 27 anos, uma filha linda, um marido ótimo e LEMBRANÇAS DA PESSOA QUE CONQUISTOU MEU CORAÇÃO COMO PESSOA, COMO HOMEM E COMO O AMOR DA MINHA VIDA; ele jamais será substituído em meu coração.

“ESPERO QUE ELE SAIBA QUE O LUGAR ONDE EU QUERO FICAR ETERNAMENTE É EM SEUS MARAVILHOSOS OLHOS VERDES.”