P.S Eu te Odeio escrita por Lynx


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Well, estou voltando a postar aqui o///
Espero que gostem.



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- A minha resposta continua a ser não Chanyeol.

- Por favor...

- Eu não sei cuidar de crianças, você esqueceu que eu sou filho único?

E esse aí sou eu, quem está no telefone comigo? É o Chanyeol, um velho amigo que se meteu em uma grande enrascada: cuidar do seu sobrinho nas férias. Mas o fato é que o namorado dele insiste em que eles tenham que tirar férias. Férias a dois para ser mais preciso, isso significa que ele não quer o menino por perto.

- É só por algumas semanas – Pediu manhosamente.

- Eu tenho uma grande empresa para cuidar Chanyeol, não posso ficar cuidando de crianças.

- Ele é bonzinho. Calmo, alegre, obediente, adora videogame, inteligen-

- Está bem, Chanyeol!

- Vai ficar com ele? – Perguntou alegre.

- É... Não! Eu quis dizer que tinha entendido o jeito que o menino é e que pelo amor de Deus me deixe dirigir. – Falei entredentes.

- Por favor, Jongin.

- Não adianta mais falar, você já sabe minha resposta!

- Por quê?

- Você pergunta por quê? Quer que eu liste por ordem numérica ou por ordem alfabética?

Ouvi-o estalar a língua do outro lado da linha. Resmungando algo em alemão – e não me perguntem por que diabos ele sabe falar isso - , língua que eu entendia o básico por conta dos vários empresários alemães que se associavam a minha empresa de desenvolvimento de tecnologia. E graças a mim e aos meus esforços ela já é um expoente no meio de tantas outras do ramo.

- Eu te deixo ficar com ele as férias inteiras, não se preocupe! Agora se me der licença eu tenho uma empresa para administrar. Desligan-

- Espera! – Gritou ele.

- Sim? – Murmurei na minha mais perfeita voz de falso-interesse no que ele falaria em seguida.

- Eu faço o que você quiser Jongin, mas pelo amor de Deus, fica com esse menino ou Baekhyun me mata.

Chanyeol agora falava mais baixo, mesmo que seu visível nervosismo só aumentasse.

- Isso é uma pena, você é um bom amigo e vai morrer tão cedo. Adeus Chanyeol.

Finalizei a ligação e voltei a sentar desleixado na cadeira. Suspirei. Com tantos problemas para resolver e Chanyeol ainda me vem com uma dessas. Não sei cuidar nem de mim, quanto mais de uma criança. Tudo bem, de mim eu sei cuidar, mas não de outra pessoa, muito menos essa pessoa sendo uma criança que eu nem sei se é realmente tudo que ele falou. Podia ser tudo uma história inventada por ele para eu ficar com a criança, verdade? Verdade.

- Senhor Kim, Senhor Kim! – Ouvi uma voz bem longe. – Senhor Kim, o senhor está bem?

- Ah! Sim, sim, claro. – Olhei para minha assistente, Wanda é seu nome e ela tem belas curvas e seios fartos. – O que quer?

É uma pena que curvas e seios fartos não chamem a atenção.

- O senhor está cinco minutos atrasado para a reunião com os empresários norte-americanos.

- Certo, certo, já estou indo.

Saí da sala apressado, não tinha o costume de me atrasar, mas eu poderia culpar Chanyeol por isso. Eu poderia me vingar dele para que nenhum desses homens de negócios feche algum contrato com a empresa daquele orelhudo, como seu próprio namorado o chamava: um Yoda.

Entrei na sala e os homens sérios vestidos formalmente com seus ternos caros me olharam com certo incomodo e indignação. Irritados por esperarem cinco minutos a mais naquela grande sala de reuniões. O tempo deles é realmente precioso.

- Bom dia, senhores. – Falei educadamente. Eles fizeram uma pequena reverência a qual respondi com um apenas acenar de cabeça.

“Bom dia.” Todos responderam em uníssono.

- ♦ -

Despedi-me dos funcionários da empresa e me direcionei para o estacionamento logo após as portas do elevador se abrirem e eu passar por elas. Meu carro apitou quando eu destravei as portas e entrei, ligando o motor em seguida. Tudo que eu mais queria era banho, comida e cama depois de mais um exaustivo dia de trabalho.

Mas claro que Park Chanyeol não poderia me deixar quieto aproveitando um pouco da minha paz interior. Não, claro que não! Ele tinha que me ligar mais algumas – muitas – vezes. Estava quase chegando ao ponto de entrar em minha casa com uma arma numa mão e o moleque na outra, ameaçando a mim e a minha pobre cadela para que eu possa ficar com o menino. Rodei os olhos e o respondi.

- Chanyeol, eu acabei de desligar na sua cara e também deixei claro que estou resoluto quanto a isso e você me liga de novo. – Falei, dando mais atenção ao trânsito do que a ligação.

Parei quando sinal piscou em vermelho e olhei para o retrovisor, ajeitando meu cabelo de uma forma que não caísse em meus olhos. Pigarreei e voltei a ouvir o que Chanyeol falava e falava há pouco mais de um minuto.

- Eu te amo, Kim Jongin. Te amo mesmo cara.

Quantas vezes eu terei que dizer para Chanyeol que apelar para sentimentalismo não adianta? Estalei a língua.

- Sei disso. – Olhei para meu celular que estava no viva voz. – Também me amo, Chanyeol, também me amo.

- Deixa de fazer piada. Pode pelo menos me levar a sério?

Entrei na garagem dando graças aos céus por já estar em casa.

- Eu estou cansado e com sono, amanhã falamos sobre isso. – Não, nem amanhã nem nunca mais, foi o que minha consciência gritou.

- Jongin espera!

- O que quer? – Perguntei, saindo da garagem e passando pelo jardim até chegar à porta principal.

- Eu já disse para os pais dele que ele poderia vir.

- Certo, onde eu entro nessa história? – Digitei a senha e a porta da minha casa se destravou na mesma hora. Minha cadela – uma Malamute do Alasca – latiu para mim e quase me derrubou no chão. – Charllote! – Reclamei para ela.

- Ele vai para sua casa amanhã.

- Não vem mesmo. – Bocejei ao responder.

Desliguei a chamada – novamente – na cara de Chanyeol.

- Vem. – Chamei minha garota, que subiu na cama prontamente.

Ele não voltou a ligar depois disso. E por um ínfimo momento tive paz ao deitar na minha cama, quente e aconchegante. Amanhã é sábado, eu poderia dormir até tarde e depois acordaria, tomaria um relaxante banho, comeria algo preparado pelas cozinheiras e passarei o dia fazendo o que faço de melhor: nada.

- Dormiremos até tarde amanhã, Charllote! – Ela olhava para mim com olhos alegres e então lambeu meu rosto.

- ♦ -

A campainha soava insistente lá embaixo e eu me perguntei por que nenhum empregado tinha ido atender a pessoa que estava sendo tão inconveniente ao chegar à minha casa às uma da tarde em um sábado. Era muito cedo para que eu pudesse cogitar a ideia de levantar da cama.

- Senhor Oh! – Chamou uma de minhas empregadas do outro lado da porta.

Respondi com um gemido arrastado.

- Senhor Wu está lá embaixo e diz que quer falar com o senhor.

- Pensei que ele tinha dito que morreria. – Bufei me sentando na cama com os pés para fora dela. – Cadê Charllote? E eu já disse para não me chamar de senhor.

- Ela está lá embaixo, quando ouviu a campainha desceu latindo e ficou parada encarando os visitantes desde então. – A Senhora Lee dizia calmamente enquanto separava algo para eu vestir, ela faz isso desde... Acho que desde sempre. – E me desculpe querido, força do hábito. – Sorriu terna.

Arrastei-me até o banheiro, esperei alguns segundo para que a água começasse a fica morna e só então comecei a tomar meu banho. Não vou mentir que estava demorando de propósito, mas não era só por Chanyeol ter me acordado, ah não! Era porque ele estava tentando jogar seu sobrinho nas minhas costas e curtir suas férias com tranquilidade.

Desci as escadas e de longe vi duas silhuetas – uma mais alta que a outra, claro, pois Chanyeol mais parecia uma girafa orelhuda. – olhando para meu jardim através das janelas que iam do chão ao teto. Pigarreei para chamar a atenção dos dois e avisar que estava ali, apenas Chanyeol se virou para mim. Sorriu e olhou para o outro lado da sala, acompanhei seu olhar e quase ri. Charllote o encarava como se estivesse se segurando para não pular m cima do “tio” Chanyeol, que, na verdade, não gostava dela.

- Dá para pedir para sua menina que pare de nos encarar assim. – Chanyeol pediu e apontou para a cadela no outro lado da sala, sentada e olhando diretamente para eles. – Ela está assustando.

- Charllote? – Chamei-a e ela veio correndo até mim. – Já comeu meu anjo? – Beijei seu focinho. – Vai comer, vai.

E ela foi. Sempre tão obediente, o orgulho do papai.

- Chanyeol, meu amigo, pensei que você, sabe, já tinha... Batido as botas. – Sentei no sofá.

Ele sorriu debochado.

- Este é Kyungsoo e ele vai ficar com você por oito semanas.

Só então o menino moreno virou-se para mim, mas não era um menino e sim um adolescente. O adolescente mais lindo que eu já tinha visto em toda minha vida. Ele sorriu abertamente para mim e então falou com voz doce.

- Espero passar ótimas férias com você. – Seus olhos grandes me fitavam um pouco tímidos.

- Park Chanyeol quando você falou do menino, eu pensei que ele era uma criança... Não um adolescente.

- Eu sei, vai ser melhor você cuidar dele desse tamanho, vai por mim se ele fosse uma criança você não o aguentaria.

- Tio, pare de falar mal de mim como se eu não tivesse ouvidos. – Reclamou com falsa indignação e depois sorriu.

- Bem, eu preciso ir ou eu e Baekhyun perdemos o avião. – Chanyeol se levantou do sofá. – Até logo, Jongin, Kyung.

- Espera, - Segurei um dos braços do mais alto. – Eu não disse que ele poderia ficar.

- Olha para a cara dele, não quer partir o coração daquele jovem adorável, não é?

Olhei para o menino que parecia meio triste depois que eu falei que ele não poderia ficar. E claro que o loiro alto se aproveitou disso para sair correndo pela porta e me deixou a sós com Kyungsoo.

- ♦ -

Tão logo que Chanyeol atravessou a porta, o sorriso do adolescente a minha frente se desfez, virando uma carranca. Ele me olhou tão sério que se dos seus olhos pudessem sair raio laser, eu já estava morto. Engoli em seco.

- Você por acaso é algum tipo de pervertido?

Engasguei-me com minha própria saliva ao ouvir o menino.

- Que tipo de pergunta é essa?

- Você tem cara de quem passa a noite toda vendo filme pornô gay. – Ele disse sério, cruzando os braços. - Enquanto bate uma se imaginando em alguma daquelas cenas quentes.

- Cadê o menino adorável que eu conheci há poucos minutos? - Perguntei fazendo careta.

Ele simplesmente deu as costas para mim.

- Onde está o meu quarto?

- Eu lhe levo lá, senhor...? – Lee falava docemente para o pequeno de língua ferina.

- Do Kyungsoo.

Que garotinho arrogante, grosseiro e mal-educado. Tudo bem, ele poderia não ter gostado da ideia de ser jogado pelo próprio tio na casa de um total desconhecido, enquanto os próprios pais curtiam as férias de verão, mas acho que ele poderia ter um pouquinho de respeito por mim. Eu cuidaria dele, afinal.

Joguei-me no sofá e bufei. Com essa Chanyeol já teria uma vida de dívidas comigo.

- ♦ -

- Vem comer Kyungsoo!

Eu precisava tentar uma aproximação cautelosa, jovens não são fáceis de lidar, falo isso porque sei muito bem como é e eu não era bem um exemplo de adolescente calmo. Esperei, esperei e esperei e nada do outro aparecer na cozinha.

A campainha soou e eu pedi para o entregador de pizza entrar. Paguei pela pizza grande que havia pedido há alguns minutos e organizei a sala de janta colocando pratos e talheres sobre a mesa. Esperei mais alguns minutos antes de me sentir na obrigação de ir até seu quarto. Bati duas vezes e entrei devagar.

- Vem comer. – Chamei tentando soar simpático, mas simpatia não é comigo.

Ele olhou para mim e voltou a fechar os olhos. Kyungsoo estava deitado na cama com as mesmas roupas de mais cedo – o que me fez perceber que não tinha tomado banho – e com os fones no ouvido escutando algum tipo de hard rock ou heavy metal. Fui em sua direção e arranquei os fones dos seus ouvido.

- Você não está ouvindo ou está fingindo que não está ouvindo.

- O que está dizendo? Eu sou surdo, senhor. – Falou rindo da minha cara.

- Venha comer.

Desci as escadas e ele não me acompanhou. Eu acho que vou ficar louco em um mês. Meu futuro será em uma maca, com os pulsos presos – e talvez uma camisa de força – enfiando em um hospital para gente que tem problemas mentais.

Dez minutos depois e a pizza em seu prato já havia esfriado. Por Deus, cadê esse menino?

- Kyungsoo! – Gritei mais alto do que queria.

- Calma, calma, já estou indo.

Olhei para a entrada da sala e lá estava ele, sorrindo maliciosamente, vestindo um moletom preto e calça jeans da mesma cor. Seus cabelos pretos estavam molhados e jogados de lado.

- A pizza vai esfriar sabia? – Perguntei, comendo meu último pedaço de pizza.

- Eu não pedi pizza.

- Acontece que eu pedi a pizza. – Apontei o indicador para mim mesmo.

- Eu não como pizza. Não gosto. – O menino fez cara de nojo.

- Todos os jovens gostam de tudo o que é gorduroso.

- Então eu acho que não faço parte desse seu “todos”. Cadê suas cozinheiras? – Ele sentou-se em uma das cadeiras.

Olhei para seu rosto e só agora percebi que ele havia colocado brincos, um em cada orelha.

- Dispensei todas. – Respondi simplista, tomando outro gole do meu suco.

- Isso é uma lástima, não acha?

Ele pegou um dos copos e colocou um pouco de suco. Levou o capo até os lábios e encarou-me enquanto bebia o líquido.

- Você não vai comer?

- Não mesmo. – Terminou de beber o suco e um grande gole e colocou o copo em cima da mesa.

- Pois vai ficar com fome e isso sim é uma lástima.

Ele não disse nada, apenas riu como se eu tivesse contado uma piada e voltou para o quarto, me deixando sozinho com aquela pizza enorme para comer. Dobrei os braços em cima da mesa e deitei a cabeça entre eles, seriam oito longas semanas.

- Que diabinho. – Fechei o punho e soquei a mesa.

Chanyeol vai me pagar.


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Notas finais do capítulo

Comentem :*



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