Orgulho Ferido escrita por Mari May


Capítulo 2
Capítulo 2




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No dia seguinte, Hashirama subiu até o topo da montanha onde seria esculpido o rosto do Primeiro Hokage assim que este fosse eleito.

Ao chegar, pôde ver, de perfil, aquela silhueta inconfundível, e seu coração acelerou.

– Está atrasado. - o outro disse, sem tirar os olhos da vista abaixo dele.

– M-madara? Como sabia que eu...?

– Não é tão difícil prever suas atitudes, Hashirama. Assim como já sei que seu irmão deve ter te perturbado com o assunto sobre o futuro Hokage. Para onde mais você viria refletir?

– É... - o rapaz se posiciona ao lado do Uchiha - Só não contei a ele quem pretendo nomear.

– Acho que ele infarta na hora.

Hashirama acaba rindo com o comentário, mas não da costumeira forma espalhafatosa.

Segundos de silêncio. Há uma tensão no ar.

Madara se vira e, andando para trás, questiona:

– Por que você... Não disse nada antes?

– Ainda não tive uma boa oportunidade de falar com meu irmão e...!

– Não se faça de desentendido! - o outro interrompe, de costas para ele, parando de andar - Você sabe muito bem a que me refiro.

O Senju hesita por um momento, enquanto suas bochechas ruborizam.

– Você não pode rir. Nem me bater.

– Isso depende da sua resposta.

– É sério...

Madara suspira, cruzando os braços.

– Tudo bem.

Hashirama respira fundo, passa a mão pelo cabelo e diz:

– Eu... Mesmo percebendo sua intenção... Não tinha certeza absoluta se era aquilo mesmo. Sabe? Eu poderia ter me enganado. E, se eu falasse algo naquela hora... Você poderia se ofender e nunca mais olhar para a minha cara. E isso... Eu... Nunca suportaria.

– Então, você... Tem medo que eu te abandone um dia? – o outro deduziu, fitando o céu.

– Resumindo... Sim.

Mais silêncio.

Hashirama mal conseguia respirar, tamanho o seu nervosismo.

De repente, Madara o abraça por trás, envolvendo seu pescoço.

– Até onde eu sei... - murmura em seu ouvido - Não tenho nenhuma intenção de fazer isso.

O moreno de cabelo liso arregala os olhos, ao mesmo tempo em que sente o coração acelerado do outro rapaz em suas costas.

Então, ambos permanecem ali, apreciando a vila que criaram juntos, e a presença um do outro.

Inesperadamente, Madara sente algo molhando seus braços, e se assusta.

– Mas o qu...?

– Eu te amo. Sempre amei. Mas demorei para perceber.

Ele paralisa enquanto seu rosto começa a arder em tom escarlate.

– M-mas que depressão imbecil! Não é hora de chorar!

– Dessa vez, não é depressão. E... Não é hora de ficar nervosinho. – o outro comenta, num riso baixo.

– Ora, seu...!

– Nós... Os fundadores de Konoha... Vamos cuidar desta vila... Para sempre. - sorrindo, ele se vira para encarar o outro moreno - Não é?

Madara estava, literalmente, sem reação.

Nunca haviam se declarado para ele daquele jeito, muito menos em meio a lágrimas.

Entretanto, algo naquelas palavras o deixava inquieto.

Porém, naquele momento... Nada mais importava.

Só queria aproveitar um período de paz, mesmo que breve, ao lado da única pessoa que admiraria e amaria daquele jeito pelo resto da vida.

Segurou o rosto de Hashirama com ambas as mãos, enxugando as lágrimas com os polegares, e suas bocas se atraíram para um de muitos beijos que ainda viriam.

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Dois meses se passaram.

Hashirama e Madara aproveitavam cada momento a sós, já que a natureza de seu relacionamento deveria ser mantida em segredo. Porém, não se importavam, desde que conseguissem ficar juntos.

Um dia, combinaram de se encontrar perto do riacho onde tudo começou. Hashirama levou bolinhos de arroz, e Madara levou duas garrafas de saquê numa sacola.

Chegando lá, os dois amantes acomodaram-se sobre a relva e começaram a conversar enquanto comiam e bebiam.

– Como é bom voltar aqui depois de tanto tempo... - Hashirama comentou, sorridente - Sabia que você, para mim, foi como um presente do céu?

– E-eu? - Madara ficou sem-graça - Como assim?

– Não havia ninguém que me apoiasse na criação de uma vila mais pacífica, já que ninguém me entendia. E, quando você apareceu, mostrando que pensava do mesmo jeito que eu... Foi muito emocionante. Quase chorei ali mesmo.

– Hunf... E quando você não chora?

– Ei! - ele fingiu estar ofendido - Todo mundo tem seus pontos fracos... Até você.

– Ah, é?

– É. - um sorriso maroto surgiu nos lábios do Senju - Sei perfeitamente que você não sabe lidar com elogios e que se sente vulnerável nessas horas, adotando uma postura mais agressiva logo em seguida só para disfarçar.

Madara o fitou, piscando os olhos rapidamente, e Hashirama riu da sua falta de resposta.

– Viu? Nem adianta negar agora!

O Uchiha balançou a cabeça negativamente, sorrindo também.

– Você não passa de um idiota com coração mole.

– E você não passa de um teimoso orgulhoso.

Madara, agora sério, coçou o queixo, analisando Hashirama por alguns segundos. Esboçou um sorriso e, com destreza, segurou o Senju pelos pulsos para esticar seus braços e empurrá-lo para trás. Ajoelhou-se sobre sua cintura, uma perna de cada lado, impedindo o rapaz de se mexer.

Este sorriu novamente.

– Que déja-vù, hein?

– Você realmente não sabe a hora de calar a boca.

– Talvez você saiba um jeito melhor de me calar. - provocou.

– Cretino...

Colocando um pulso por cima do outro, prendendo-os sob a mesma mão, Madara usou a mão livre para pegar uma das garrafas de saquê e tomar um pouco antes de fazer seu parceiro beber também. Agachou-se para um beijo ardente, onde suas línguas se misturavam ao sabor do álcool, e a mão do Uchiha invadia a abertura do quimono de Hashirama, tateando a pele oculta.

Ao se separarem, ofegantes, Hashirama disse:

– Sabe, Madara... Hoje, eu... Tirei o dia de folga. - corado, desviou o olhar - Estou livre. Posso passar o resto dia com você.

– Já entendi... - o Uchiha sussurrou de maneira sensual.

Abriu o quimono do rapaz, indicando ao Senju que deveria se livrar do traje, e Madara tirou sua blusa.

Voltando a deitar um sobre o outro, podiam sentir a pele quente e macia de cada um.

Hashirama, com a palma da mão, acariciou o rosto de Madara.

– Nunca estive tão feliz. - ele disse, com o semblante emocionado.

O outro pegou a mão que lhe acariciava para beijá-la.

– Nem eu.

Encararam-se por um instante, como se o mundo tivesse parado apenas para eles.

As mãos de Hashirama deslizaram pelas costas de Madara, fazendo-o fechar os olhos para apreciar melhor o toque. Em seguida, o Uchiha começou a deixar rastros de beijos intercalados com mordidas a partir do pescoço do Senju, descendo por seu colo, e murmurou:

– Hoje, sua punição por esconder seus sentimentos por mim será completa, Hashirama.

Este soltou uma risada baixa.

– Mal posso esperar... - respondeu, sem conseguir esconder a excitação.

Naquela tarde, pela primeira vez, amaram-se em todos os sentidos.

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Mais um mês se passou, e Tobirama convocou Hashirama para uma reunião definitiva sobre a escolha do Hokage, pois o irmão já estava demorando demais para indicar alguém.

Quando Hashirama respirou fundo e indicou Madara, Tobirama lhe deu uma bronca, afirmando que ninguém aceitaria o Uchiha como Hokage. Hashirama foi à janela, encontrando a folha esburacada que Madara sempre levava consigo, e seu irmão prosseguiu com a conversa:

– Além disso... Arranjamos um casamento para você.

O moreno sentiu o coração parar. Atônito, encarou o outro Senju.

– Como assim?!

– Ora, você sabe como isso é comum. Somos uma vila recém-criada e, quanto mais estreitarmos nossos laços umas com as outras, melhor.

– E precisa ser com casamento?!

– Lógico, ainda mais se for com parentes distantes. Sua noiva é uma Uzumaki, e vem nos visitar daqui a três dias.

Hashirama passou da perplexidade para a indignação, e apontou o dedo para Tobirama.

– Você é meu irmão, mas NÃO TINHA esse direito!

– Abaixe esse dedo!

– NÃO!

O rapaz de cabelo branco estapeia com força a mão do moreno.

– E o que você quer que eu faça?! Continue fingindo que não sei o que há entre você e aquele Uchiha cretino?! - ele vê o irmão arregalando os olhos, e prossegue - VOCÊ ACHOU MESMO QUE DAVA PARA ESCONDER UMA COISA DESSAS POR MUITO TEMPO?! EU NÃO NASCI ONTEM!

– Tobirama...! - ele tremia, e as lágrimas brotavam.

– NÃO OUSE CHORAR! Eu já tolerei demais toda a sua complacência com os Uchihas, mas ISSO eu não vou permitir. Ou você casa com a Mito, ou... - ele pára, com uma expressão de culpa surgindo em seu rosto.

– ...ou o quê?

– Ou serei obrigado a espalhar o caso de vocês por aí.

O moreno fica mais chocado ainda.

– Tobirama... Você não faria isso... Faria? - seu irmão vira o rosto, fechando os olhos, e Hashirama se ajoelha diante dele, segurando sua blusa - Tobirama, por favor! Nós somos irmãos! - diante do silêncio, ele se desespera, e as lágrimas descem - TOBIRAMA! NINGUÉM PRECISA SABER! VOCÊ NÃO QUER ME VER FELIZ?

O Senju mais velho se desvencilha das mãos do mais novo e, num tom decidido, diz:

– Sua felicidade será cuidar da vila como Hokage e ter herdeiros para o nosso clã, pois eu sou estéril e não posso fazer isso. Tenho certeza que você não vai estragar o futuro de Konoha e da nossa família por causa de uma paixão fútil, passageira e inadmissível.

– NÃO É SÓ UMA PAIXÃO! - o outro afirmava, em prantos - NÃO FALE DO QUE NÃO SABE!

– Olha, pra mim JÁ CHEGA. Esse é o meu limite. Espero que faça uma escolha sensata!

O Senju mais velho dirigiu-se à porta do escritório.

– SE VOCÊ AINDA ESTÁ VIVO, É GRAÇAS A MADARA! - o mais novo gritou - Ele... Me deu uma escolha para que eu não fosse obrigado a te matar... Lembra? - Tobirama parou na entrada da porta, sem olhar para trás, e Hashirama continuou - Naquela vez... Quando ele disse para eu me matar ou te matar... Foi por saber que eu jamais mataria meu próprio irmão. Aquilo foi só para provar o que ele já tinha certeza. E foi nosso acordo que gerou Konoha. ESSA VILA DA QUAL VOCÊ TANTO QUER CUIDAR!

Tobirama abaixou a cabeça.

– Isso... Foi antes de vocês...!

– E o que isso importa, Tobirama?! - seu irmão o interrompe - Você enche a boca para falar mal dos Uchihas, mas foi um Uchiha que, mesmo não te suportando, me deu uma escolha para poupar sua vida! E que escolha VOCÊ está me dando? Aquilo não passa de uma chantagem!

Silêncio constrangedor pairando no ar.

Aflito, Hashirama fitava as costas do irmão.

– É para o seu bem. - alegou Tobirama, deixando o aposento e fechando a porta.

Hashirama, ainda ajoelhado, encostou a testa no chão e, sem conseguir conter as lágrimas, balbuciava:

– Não... É... Justo... - inconformado, ele socou o chão – NÃO É!

Incapaz de falar mais alguma coisa, deitou-se ali mesmo e, com o coração doendo, chorou até cair no sono.


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