Amor De Verão Nunca Foi Clichê escrita por Dorothy Bass


Capítulo 2
Entre ônibus, cookies e irmãos.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores! Repostando o capítulo porque eu sou muito burra e excluí sem querer o que eu postei ontem! Peço mil desculpas!
Espero que gostem e não esqueçam de deixar review falando oq estao achando!



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Capítulo um.

POV Sophie Holt

Acordei toda desorientada por conta da buzina que tocou bem no meu ouvido. Eu realmente devia mudar o toque do meu alarme. E começar a colocar o celular no criado-mudo ao invés de deixa-lo ao lado do travesseiro, pra não morrer do coração toda vez que ele toca de manhã.

Fiquei um bom tempo encarando o teto, pensando em como eu queria que meus pais se atrasassem pra acordar e eu acidentalmente perdesse o ônibus. Ou que eu quebrasse o pé saindo da cama. Ou que caísse um meteoro perto de casa. Qualquer coisa que me impedisse pra ir àquele acampamento. Eu, com 17 anos, sou obrigada a ir para um acampamento. Um acampamento! Esse é o tipo de coisa que crianças fazem na férias. Eu até tentei uma vez, e foi um inferno! Imagina agora que eu não estou nem na idade pra fazer essas coisas! Só pode ser pelo menos umas dez vezes pior.

Já perdi a conta das vezes que meus pais me colocaram em algum lugar pra ir viajar. A única conta que não perco nunca é a de quanto tempo falta pra eu fazer dezoito anos, já que, segundo meu pai, só vou poder ficar em casa sozinha por tanto tempo quando chegar nessa idade. E eu espero ansiosamente por isso.

Ouvi algumas batidas na porta, e uma voz animada ao fundo:

“Sophie, café da manhã!”

COMIDA! Comecei a tentar me soltar do lençóis desesperadamente, mas eu estava toda enrolada, e acabei caindo no chão. Só eu que caí mesmo, porque o lençol resolveu curtir uma com a minha cara e ficou em cima da cama. Apoiei minha perna direita no chão e me levantei, mas caí que nem uma gelatina molenga quando tentei apoiar a perna esquerda, fazendo um barulho estrondoso. A porta abriu imediatamente, e lá estava Jenny, a moça que praticamente me criou. Com os meus pais sempre tão longe, foi ela que me viu crescer de pertinho mesmo. E ela estava rindo de mim. Bem na minha cara! Até deixou a bandeja na minha escrivaninha, só pra poder ficar mais confortável pra rir de mim à vontade. E eu comecei a rir junto né, é lógico. Eu já tava lá espatifada no chão e o dia nem tinha começado. Dignidade, cadê você minha querida?!

– Que tal me ajudar um pouquinho agora, hein Jenny? – perguntei quando ela recuperou o fôlego.

– Minha filha, se eu me abaixar você sabe que não volto mais pra cima! – ela disse, sorrindo pra mim. Aquele sorriso cheio de rugas, mais maternal até que o da minha própria mãe. – Já já a perna volta a funcionar. E enquanto isso, você vai comendo. – falou e estendeu o braço com o prato para mim. Sentei-me do jeito que dava, com a minha perna formigando.

– Senta aqui, Jen. – pedi, batendo de leve na minha cama. Ela se sentou e suspirou, abaixando os ombros relaxados. – Eu não quero ir! – falei, com a boca cheia de omelete.

– Ai não, pode ir parando com essa bobagem de não querer ir. Acampar é muito legal! E Sophie, você tem que parar de pensar no que aconteceu antes. Vai que o lugar mudou? Vai que agora as pessoas estão mais legais? Só indo pra saber! Mas você tem que ir de mente aberta. Você tá sempre de bom humor, é tão querida! Tem que levar tudo isso pra lá e se esforçar. Caso contrário, vai ser realmente um mês perdido da sua vida. E qualquer coisa, sempre que você quiser, liga pra mim. – Ela falou tudo de uma vez. Ia ser inútil tentar contrariar. – Agora trata de se arrumar. Preciso ir fazer o almoço já. – E saiu sorrindo do quarto. Jenny sempre me deixa confusa. Ela fala sério, parece que briga, mas faz tudo isso sorrindo... Só sendo ela mesma pra entender.

Terminei de comer aquela coisa divina e fui tomar banho. Fiquei me olhando no espelho por alguns segundos. Já não tinha mais as espinhas, o futebol me deixou mais magra, e eu não me vestia mais como um menino. Como eu tinha mudado... Não que agora eu tenha ficado bonita, é claro que não. Eu era bem... normal. Nem feia, nem bonita. Só normal mesmo. E sempre fiquei bem sendo assim. Meu ex-namorado nunca reclamou da minha “normalzisse”. É, ex... Daniel. Ele foi fazer intercâmbio na Austrália, a gente resolveu terminar numa boa, pra não ter briga, e agora estou...

Devaneando sobre isso! Desculpe! Voltando ao que interessa: meu banho delicioso me esperando. E minha regata, calça jeans rasgada e chinelo logo depois dele. Já contei que sou “team chinelo”? Sério, é o melhor calçado do mundo. Se eu pudesse andar sem nada eu andaria, mas como não dá, tenho meu chinelinho lá me esperando.

Eu já estava pronta e com as minhas duas malas de rodinha e uma de costas, esparramada no sofá da sala assistindo um programa de culinária, esperando por meus pais. Ouvi uma buzina do lado de fora da casa, e fui correndo olhar pela janela. Era um táxi. Saí correndo para conversar com o motorista, que claramente tinha errado o endereço.

– Oi moço! Eu acho que você errou o número, a gente não chamou táxi! Desculpe!

– Sophie Holt? – ele perguntou, e eu franzi o cenho. Apenas assenti, olhando para ele desconfiada, já planejando meus planos de fuga de um possível sequestro ou estupro. – Me pediram pra vir te buscar. Emily Holt. – o motorista disse. Ah. Minha mãe. É óbio que ela não ia ocupar o tempo precioso dela me levando pro lugar onde eu ficaria por um mês, praticamente incomunicável. Bem legal.

– Eu já venho. Vou pegar as malas. – respondi, tentando soar simpática, mas a decepção estava clara na minha voz. Como eu não adivinhei?

O taxista me levou até o estacionamento de um supermercado. Aparentemente, o Greighton alugou uma parte do espaço para colocar seus vários ônibus, que depois seriam ocupados por muitas crianças e adolescentes eufóricos cantando músicas e gritando.

Os ônibus eram divididos por idade, acredito eu. Muitas crianças de uns oito ou nove anos estavam em volta do primeiro deles. E, no último, com o número que indicava meu cartão do acampamento, estava o meu. Havia meninas e meninos da minha idade - alguns até pareciam mais velhos - conversando animadamente, ouvindo músicas, colocando as malas no bagageiro, e um ou outro entrava no ônibus. Fui até o motorista, que estava na lateral ajudando a etiquetar todas as malas e a colocá-las no lugar.

– Seu nome? – perguntou, sem olhar muito pra mim.

– Sophie Holt. – respondi. Ele anotou meu nome em duas etiquetas e colou uma em cada mala minha. Depois, as jogou para dentro.

"Ok, agora eu faço exatamente o quê?", pensei, enquanto observava ao meu redor. Um supermercado. Várias meninos e meninas que eu não fazia ideia de quem eram - e que pareciam já se conhecer - falando sem parar. Hum...

Comida de um lado.

Desconhecidos de outro.

O que fazer?

"Acho que vou de comida mesmo."

Fui até o mercado e comprei vários doces. Barras de chocolate, cookies, ursinhos de gelatina, tudo o que eu tinha direito. Um mês comendo comida ruim tem que ser compensado por um mês de doces gostosos. Lá em casa nunca tinha dessas coisas, já que minha mãe vivia de dieta. E ela só parou de me obrigar a fazer também quando viu que eu já estava dentro do peso normal. Obrigada, futebol. Saí do mercado na maior animação, com a minha mochila nas costas lotada de doces, mas toda a minha felicidade passou quando vi o ônibus dando partida. Ah, não...

Saí em disparada na direção do ônibus, gritando loucamente algo que deve ter saído algo parecido com: "ESPERJALSJOQ LAJQOSNS AAAAAAAAAH". Eu fico sem palavras em momentos de desespero.

Continuei gritando e correndo até que eu vi que uma menina dentro me olhando com os olhos arregalados. Ela virou para frente, e parece ter gritado algo. E o ônibus parou. Amém, senhor. Essa santa merece cookies. Eu, definitivamente, devo alguns cookies a essa menina.

Entrei no ônibus e as pessoas me olhavam de modo divertido. Óbvio, eu também ia achar engraçado uma pessoa que perde o ônibus e tem que sair correndo atrás dele loucamente. A questão é: eu era essa pessoa, então foi, apesar de engraçado, trágico. Observei os acentos. Estava tudo ocupado. Tudo menos um lugar. Ao lado de um menino moreno, que usava óculos e parecia um nerd saído de um filme de romance adolescente. Lia um livro e ouvia música. Bom... Não tem jeito. Fui me sentar ao lado dele mesmo. Quando sentiu o peso do meu corpo sentando ao lado dele, ele deu um pulo e derrubou o livro no chão. A essa altura o ônibus já estava andando.

– Nossa, me desculpa. – ele disse, rindo, enquanto abaixava para pegar o livro que caiu.

– Devo me ofender? Porque juro que me senti o Monstro do Lago Ness misturado com uma baleia orca agora. – respondi, sorrindo. Ele respondeu apenas quando voltou a sentar normalmente, com o óculos torto na cara e o livro de ponta cabeça.

– Não, não! Eu tava em um momento meio tenso do livro, sabe como é né. – sorriu. Engraçado. Ele me lembra alguém...

– Eu te conheço? – perguntei meio descaradamente mesmo. Ele apertou as sobrancelhas, parecendo me analisar.

– Acredito que não, mas a gente resolve isso! – ele falou, e estendeu a mão em minha direção. – Frederick Hoffman. É um prazer.

Hoffman? Irmão do Anthony? Ah não... Eu sou muito zicada mesmo.


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Notas finais do capítulo

E ai? Merece review? Só um oizinho pra eu ver quem são meus leitores!



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