She Looks So Perfect escrita por Rocker


Capítulo 11
Capítulo 11 - Lost Girl in 1830




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Capítulo 11 - Lost Girl in 1830

Luke deu um pulo do lugar, e eu pude socorrer meu livrinho que, por acaso, não havia sido tão prejudicado por aquela bundinha sexy. Peguei o livro e o deixei em segurança em minhas mãos. Allie voltou a jogar, enquanto os meninos me encaravam como se eu fosse doida. Não que eu estivesse realmente me importando. Até porque, normais era algo que eles não eram. Sentei-me novamente ao lado de Luke e voltei a minha leitura. Por mais que eu tivesse usado o livro como desculpa quando os garotos apareceram, eu estava lendo-o no avião na minha vinda.

Entrei em meu próprio mundo de leitura, ignorando tudo à minha volta. Ou ao menos tentando, até que ouço algum indivíduo filho da mãe insistindo em me chamar.

— Charlie... Charlie... Charlie!

Finalmente levantei meu olhar para quem quer que fosse.

Ashton estava à minha frente, com as duas sobrancelhas erguidas de um modo fofo, mas meio irritado.

— Ah, oi, Ash. - falei, meio entediada, e voltei minha atenção para o livro. Mas ele logo foi tomado da minha mão. - Hey!

— Estamos há quase três minutos tentando chamar a sua atenção, garota! - Michael disse, logo atrás de Ashton.

Revirei os olhos, mas ri. - Digam, garotos, o que é tão importante para me arrancarem meu livro da minha mão?! - perguntei ironicamente, arqueando uma sobrancelha.

— Parece que eles não entenderam quando eu disse que o fígado deles estaria em extinção se te perturbassem a leitura. - consegui ver o rosto de Allison atrás deles, revirou os olhos.

— Queremos ver filme, topa? - Calum disse de um modo tão fofo que eu não pude resistir.

Apertei as bochechas dele, rindo de sua careta ao fazê-lo, e fui até a caixa que estava ao lado da televisão de tela plana. Mais uma das muitas caixas que ainda estavam para abrir e organizar. Algo que eu não estava muito a fim de fazer. Peguei alguns dos meus filmes preferidos e os espalhei na mesinha de centro, ao lado das manetes de video game que eles deixaram por ali.

— Sintam-se à vontade para escolher um desses. - ofereci, retornando ao meu lugar e vendo quatro quintos da manada correndo até lá para escolher. - Você não vai ajudar? - perguntei a Luke, que permanecia ao meu lado, agora com meu livro em mãos.

— Estou meio ocupado tentando decifrar essa língua alienígena aqui.

Eu ri de sua expressão centrada e seu cenho franzido. Aproximei-me mais dele, sentando-me mais perto, e tomei o livro de suas mãos, mas deixando-o à sua vista.

— O nome desse livro é Perdida, ele é brasileiro. - traduzi o nome em inglês para ele, mostrando-lhe a palavra portuguesa bem no centro da capa, em letras avermelhadas.

— E sobre o que fala? - Luke perguntou, e eu vi uma curiosidade sincera em seu olhar que fez um sorriso se abrir em meus lábios.

— Charlie! - Ash quebrou o encanto mais uma vez, aparecendo na minha frente com Cartas Para Julieta. - Você está brincando que tem esse filme aqui, não é?!

Dei de ombros, rindo. - São meus preferidos, deixe de ser chato! - tomei o DVD de suas mãos e o coloquei de volta à pilha. - É só escolher outro, covinhas.

Ashton riu de seu novo apelido e voltou à busca de um filme para ver. Voltei-me para Luke, que ainda parecia interessado no meu livro, e sorri.

— É sobre uma garota do século XXI que perde o celular depois de uma festa e tem que comprar outro. Mas esse celular acaba a mandando para o Brasil de 1830 e ela tem que se virar por lá, a partir das dicas que recebe por esse celular mágico, para retornar pra casa. Só que ela acaba conhecendo muito sobre aquele tipo de vida, que ela julgava ser horrível e se adaptou por lá.

Luke parecia mais maravilhado do que eu julgava ser possível para um adolescente famoso que mal tinha tempo para ler uma notícia sobre si mesmo.

— Parece ótimo! - ele exclamou.

Eu ri de seu entusiasmo. - E é! Só não digo muito mais, porquê senão perde a graça.

— Não tem a versão em inglês desse livro, não?! - ele me perguntou.

Neguei, e ele entortou a boca em sinal de desapontamento. Luke parecia realmente interessado pelo livro, e me cortou o coração saber que um dos poucos que possivelmente tenha chamado sua atenção não lhe fosse disponível. Poxa, do mesmo que traduziam livros do inglês para minha língua, podiam transformar um livro português para inglês!

E pareceu que uma lâmpada se acendeu em minha mente.

— Luke. - chamei-o, e ele me olhou. - Eu já li esse livro algumas vezes, mas posso repeti-lo e lermos juntos, enquanto traduzo para você, o que acha?

— Faria isso? - ele perguntou, ansioso, claramente escondendo um sorriso em seus lábios.

— Só porque você é o primeiro garoto interessado nesse livro! - brinquei, dando um soco de leve em seu braço como descontração.

Ele riu também. - Obrigado, Charlie.

Meu sorriso se abriu ainda mais quando ele disse meu apelido, não meu segundo nome.

— De nada, Lukey.

Invocação do Mal!

De Volta Para o Futuro!

A Super Agente!

Família Addams!

E foi assim que a simples constatação de que aqueles garotos não eram normais mudaram toda a minha visão sobre eles. Ou não. Nunca pensei mesmo que eles eram normais. Mas Calum, Michael, Allie e Ashton gritando na minha sala de estar para impor sua opinião não era bem o que eu esperava do fim de noite da minha segunda noite em Sydney. Ainda mais que aqueles eram filmes tão bons que era difícil de escolher um. Revirei os olhos, esgotando a última gota de paciência que tinha e andei até eles. Tomei os filmes que cada um tinha nas mãos e gritavam seus nomes, e os coloquei de volta na caixa. Escolhi o filme que iriam ver por mim mesma e já coloquei no aparelho. Por fim, apenas joguei a capa para Ashton, só para terem uma ideia do que assistiriam.

Ender's Game - O Jogo do Exterminador?! - ele perguntou, meio confuso.

Dei de ombros. - É com Asa Butterfield. Sou apaixonada por ele e esse filme fará bem para o cérebro de vocês.

Fui até o sofá onde estava, sob o olhar surpreso de todos, e peguei meu livro com uma mão enquanto puxava Luke pelo pulso com a outra.

— Topa começar a tradução agora? - perguntei, sorrindo, esperando que ele dissesse que sim. Ele assentiu, parecendo segurar o riso. - Ótimo! - virei-me para os outros quatros e ameacei. - Se virem com a pipoca. E se eu encontrar louça suja, arranco o júnior de cada um com uma faca enferrujada e raspo a cabeça da Allie enquanto estiver dormindo.

A cara de espanto da Allie fora imperdível, enquanto segurava os cabelos loiros como proteção e os garotos protegiam seus juniores com as mãos. Mas eu estava ocupada demais, rindo com Luke já no escritório que antes fora do meu pai. Era ali onde eu colocaria toda a minha biblioteca particular. Havia um sofá de couro preto no canto mais afastado, mas sob uma fonte de luz essencial para a leitura. Luke se sentou logo abaixo do abajur e eu me sentei ao seu lado, apoiando meu tronco no seu de modo confortável. Ele passou um braço por meus ombros, já ouvindo o barulho de pipoca do lado de fora, e abri o livro na primeira página válida.

— Pronto? - perguntei-lhe.

Senti seu sorriso mais do que o vi. - Prontíssimo.

Li primeiro sozinha a parte de português.

"Eu sabia que devia ter voltado pra cama assim que saí de casa e tentei pegar um táxi; era dia de rodízio. Eu devia ter voltado pra baixo dos meus lençóis assim que aquele motorista idiota passou rente ao meio fio e literalmente ensopou meus jeans dos joelhos pra baixo.

Eu devia ter voltado!".

Em seguida, li em voz alta para Luke, em inglês.

I knew I should have gone back to bed as soon as I left home...


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Notas finais do capítulo

Menção à Perdida, da Carina Rissi. Super recomendo, vale muito a pena ♥
A fic ganhou novo trailer, curtam novamente o primeiro e veja também o segundo ;)
https://www.youtube.com/watch?v=eOzGevuU1QE