Éramos para ser escrita por Lostanny


Capítulo 1
Primo.


Notas iniciais do capítulo

O foco da terceira pessoa está em Dino e são mais recordações dele para o que está prestes a fazer.



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Haneuma Dino atendia a mesma instituição que Superbia Squalo; não eram de se falar com frequência mesmo quando possuíam coisas em comum. Squalo não dava brecha para uma conversa amigável. Por parte de Dino, não era como se não apreciasse a companhia de Squalo.

Mesmo com o jeito rude de falar Dino tinha que admitir que era interessante observar o entusiasmo de Squalo quando se tratava de realizar a ambição que daria a vida, embora Dino não compreendesse.

Dino não tinha ambição de ser um chefe como a família esperava que fosse; tão somente devia preencher o vazio que o pai deixou após o falecimento. Eram dias detestáveis para Dino quando tinha que ficar sob a tutoria de Reborn. Aquela era uma época em que Dino não conseguia vislumbrar um bom futuro para si.

Dino era apenas era um garoto que tropeçava nos próprios pés e não tinha nenhuma confiança em si mesmo. Dino sentia não poucas vezes que tinha nascido na família errada e que era o tipo de pessoa que morreria no anonimato sem que ninguém se importasse.

Por isso Dino sentia que a admiração com relação a Squalo não iria embora tão cedo; era um de seus apoios mais essenciais ainda que Romário fosse uma peça valiosa para seu bem-estar. A coragem, imprudência, orgulho e liberdade de Squalo para dizer e fazer o que queria — pelo menos do ponto de vista de Dino — o fascinava.

Um dia Dino tomou coragem de se aproximar de seu colega: errava bem menos nos treinos com Reborn quando adquiriu o chicote e Enzo. Dino convidou Squalo para um duelo; perdeu.

— Ainda está muito longe para que possa me derrotar, Haneuma. — Squalo disse em um tom arrogante de quem teve muitas vitórias e poucas perdas.

Dino ficou frustrado, mas tentou não se deixar abater. Dino sorriu e disse sem muita mágoa visível:

— Foi uma boa luta, mas como herdeiro dos Cavallone não vou te deixar livre na próxima.

— Próxima? — Squalo disse em tom desafiador e a sobrancelha arqueada.

Ah, mas aquela não seria a última vez que eles se enfrentariam. Afinal, essa era única maneira que Dino encontrava para que Squalo se aproximasse de si com vontade. Mesmo que fosse uma vontade séria de matá-lo.

Reborn não ficou nada satisfeito com o resultado da luta que veio a saber e fez com que Dino treinasse ainda mais duro. Reborn não deixou de notar a mudança de postura de Dino com respeito ao treino. Dino mais do que nunca parecia interessado em aprender a lutar e assim conseguir chamar manter a atenção de Squalo em si; assim como defender os Cavallone que ganhavam um lugar mais importante em sua vida.

Ambos os desejos de poder e defesa se interligavam em Dino; infelizmente parecia que quanto mais conseguia alcançar Squalo como rival menos Dino conseguia se aproximar do coração de seu colega. A possibilidade de que se tornassem amigos um dia se mostrava para Dino como um mero sonho infantil. E eles cresciam, cresceram, e tomaram rumos diferentes em suas vidas; embora estivessem interligados por uma linha que não se poderia ver a olho nu.

Dino e Squalo adultos se encontraram em lados opostos em uma batalha. Mas Dino não poderia deixar Squalo morrer mesmo que fosse seu inimigo.

Porque tudo o que eles eram para ser nem tinha começado, Dino tinha apenas uma vaga ideia disso na época. Como Dino queria antes ter a confiança que adquiriu no decorrer dos anos; teria sido o suficiente? Talvez se assim houvesse sido, se tivesse se preocupado desde o início se tornar mais forte, Dino se sentiria menos mal.

Dino tinha encontrado um lugar para si no mundo; todavia sentia falta das tardes em que ele e Squalo se encontravam com mais frequência. Quando uma vez que Squalo tinha aparecido no quarto de Dino aos gritos porque não conseguia entender a lição de casa. Foi uma das raras vezes que mantiveram contato sem ser ligado a batalhas. Era uma única matéria já que Squalo conseguia ser dedicado com os estudos mesmo que não parecesse.

Em aula, Dino jogou a informação de seu endereço no ar. Mesmo que fosse perigoso Dino quis ver a reação de Squalo; no entanto não acreditou que Squalo aparecesse. Foi um choque para Dino, assim como uma surpresa agradável.

Squalo não diminuiu sua arrogância mesmo que não compreendesse o conteúdo. Dino não se preocupou com o tom de voz e fez como foi pedido. Mais de uma vez Dino sentiu que deveria se segurar quando Squalo se inclinava sobre si. A caligrafia de Dino não era a das melhores por isso entendia o comportamento de Squalo em seu esforço por entendimento. O que preocupava Dino era outra coisa: tinha de se conter ou acabaria por passar as mãos nos fios brancos que pareciam macios.

Dino também não conseguia compreender como Squalo podia ser tão cheiroso. Squalo só podia sê-lo ou Dino não teria vontade de aproximar o nariz sobre a nuca de seu colega. Pelo menos foi a conclusão que Dino conseguiu chegar.

Dino gostaria de ter sido mais atento; de não perceber algo quando estivesse apenas em suas memórias e não pudesse muda-las de formato. A relação de Squalo e Dino já havia sido formada e era de dois conhecidos que não se conheciam.

Pelo menos até que Dino resolveu por ser ousado com relação aos sentimentos negligenciados que possuía dentro de si. Era como um manuscrito da humanidade esquecido no fundo de um oceano: as letras de seu conteúdo estavam machadas ao ponto de se tornarem ilegíveis.

Talvez fosse apenas um erro tocar no assunto. Uma perda de tempo do que qual Dino se arrependeria pelo resto da vida.

Dino não poderia, entretanto, ignorar essa vontade de resgate. Porque ele era um líder, um irmão mais velho, um exemplo a ser seguido. Dino sentia que as palavras de seus lábios se tornariam vazias caso não desse uma chance para si mesmo. Afinal, como poderia ajudar alguém se deixava a si mesmo apodrecer na escuridão? O corpo de um ser humano é interligado. Algum dia o mostro alimentado pelo arrependimento dentro de si tiraria seu chão da pior maneira possível. Dino não poderia se deixar cair quando precisavam dele.

O que não deixou a tarefa mais fácil, diga-se de passagem. Quando Dino se olhava no espelho de seu quarto e vislumbrava a aparência teve uma certeza: estava mais ansioso que o normal.

Dino se encontraria com Squalo aquele dia e iluminaria tudo o que tivesse de ser esclarecido. Mesmo que Squalo não se importasse e que Dino viesse a ser rejeitado. Dino não se importava. Dino só queria para si um momento em que Squalo o ouvisse de fato. Era pedir demais algo assim? Talvez o fosse; arriscaria. O que Dino tinha a perder? Seria até um bem para tudo o que eles poderiam vir a ser.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha valido seu tempo. ♥