Já estava amanhecendo quando alguém resolveu dizer alguma coisa. Os corpos de Victor e Gustavo estavam jogados no chão, o cheiro do vômito e as fezes empesteava o local e o zumbido das abelhas vindo do quarto se tornava cada vez mais alto. Agora se iniciaria uma nova rodada do Junko, mas ninguém ousava em tocar nos dados.

Sophia se arrependia por ter pego aquele jogo. Se tivesse ficado fazendo o trabalho de química com os outros certamente nada daquilo teria acontecido e muita gente ainda estaria viva. Mas não dava para voltar atrás. Tinha feito um juramento no início do jogo e agora a solução para que tudo terminasse era jogar.

– Me desculpem. - disse a loira com o olhar triste.

Gaby e Gabriel olharam para a garota incrédulos. Pela primeira vez na vida ouviam Sophia pedir desculpas.

– S-seu eu não tivesse pego esse jogo maldito ninguém estaria sofrendo com isso. Me desculpem mesmo. - as lágrimas começaram a rolar de seus olhos que já estavam borrados de preto àquela altura por conta da maquiagem. Parecia que a Mamede não tinha um coração tão ruim como todos pensavam.

– Pena que isso não vai trazer ninguém de volta. - suspirou Gabriel fazendo cafuné nos cabelos da amiga que estava deitada em seu colo.

Gaby estava muito abalada pela morte da avó.

– E-Eu sou uma idiota. - passou as mãos no rosto enxugando as lágrimas. - Desde pequena sempre fui uma babaca com todos. Pedia sempre os presentes mais caros só para ter o prazer de tê-los. Minha opinião era a que sempre importava e quem não concordasse era pisoteado. Fiz coisas horríveis com muita gente. Mas... Agora que estamos aqui vejo que nada disso valeu a pena. Sou só mais uma na fila do inferno. Me desculpem.

– Sophia... - disse Gabriella comovida com as palavras da garota. A morena se sentou e a abraçou com força. - Eu te perdoo.

Gabriel não resistiu e abraçou as duas. E a choradeira continuou durante um bom tempo. Já deveria ser quase sete horas quando Sophia pegou os dados novamente.

– Vamos lá. - disse para os seus novos amigos. E os dados foram lançados. - Cinco.

O bonequinho andou as cinco casas e parou na penúltima casa antes da linha de chegada. O cartãozinho apareceu e foi pego.

– “Desafio das Feras: quem disse que todos os animais são amigáveis? Que tal lhes prender em uma jaula com vários? Sobrevivam!”

De repente um rugido foi ouvido. Eles se entreolharam e de repente um grande leão apareceu na porta da casa. Parecia estar com fome.