Choices escrita por Kaah, Luh Chris


Capítulo 7
O reencontro


Notas iniciais do capítulo

Oláá lindas!!

Estamos de volta! Desculpem-nos pela demora...

Esperamos que gostem... :*



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Me apoio nas paredes do vagão e sinto meu corpo vibrar com a sensação que a velocidade me traz. É uma sensação boa.

Estamos aqui há 15 minutos, em perfeito silêncio, apenas ouvindo o ruído do vento.

—Preparem-se – Uma voz feminina anunciou.

Eu e a garota da Franqueza, que se apresentou como Christina nos entreolhamos e logo estavam todos de pé, observando os nascidos na Audácia, que um a um pulavam para fora do trem em direção ao telhado de um prédio próximo. Eu fiquei em choque. Nessa velocidade eles poderiam facilmente calcular mal a distância e cair fora do telhado.

Mais um, e outro pularam. Restando apenas eu e Christina.

—Juntas? – Perguntou a morena.

—Ok – Respondi sentindo a adrenalina me dominar.

Eu teria que pular ou me tornaria uma sem facção.

Tomamos impulso e nos lançamos para fora do trem.

Senti o impacto e a dor de bater com o joelho nos pedriscos do telhado. Pelo menos eu estou viva. Vejo pelo canto do olho que uma das nascidas na Audácia não conseguiu, e seu corpo está em um ângulo estranho muito abaixo do telhado.

Nos levantamos e logo vi o grupo que saltou se acumular em um canto do telhado. Eu e Christina nos aproximamos do grupo e um rapaz um pouco mais velho que nós, com o cabelo negro, longo e oleoso, todo tatuado e com mais piercings no rosto do que conseguiria contar está em pé em cima da mureta, nos observando. Mas o que me chamou a atenção, e fez com que um arrepio percorresse todo o meu corpo é o seu olhar, frio e calculista, mesmo quando olhava para iniciados fracos e despreparados como nós. Como se fôssemos pedaços de carne, que ele teria muito prazer em mastigar.

—Quem quiser entrar para a Audácia terá que pular – Anunciou. Todos nós nos olhamos, descrentes do que ele disse.

Mas qual foi o nosso espanto? Afinal, acabamos de pular de um trem em movimento.

—Teremos que pular? De novo? – Christina reclamou baixinho.

—Quem será o primeiro? – O homem perguntou. Claramente se divertindo com a cara de nervoso de todos os iniciados.

Olhei para baixo, na tentativa de ver o que iria enfrentar, estávamos em um dos prédios mais altos, e teríamos que pular em direção a um buraco feito em uma praça próxima a mais alguns prédios. Percebi a tensão de todos, mas sabia que se aquela era a única maneira de entrar, então não faria diferença, primeiro ou último, todos teriam que pular. Que seja logo então.

—Eu – Exclamei. O rapaz me olhou e senti os olhares de todos virarem para mim.

—Ohh, a careta? – Ele debochou me olhando de cima a baixo. Depois abriu espaço para que eu subisse na mureta.

Assim que cheguei perto senti um nó se formar em minha garganta. Era bem alto. Ouvi um resmungo pela minha demora.

Não tinha mais volta, então respirei fundo e pulei.

Imediatamente senti meu coração martelar em meu peito. 1, 2, 3 segundos se passaram até sentir meu corpo bater em algo duro e elástico. Era uma enorme rede.

Quiquei algumas vezes e quando meu corpo parou eu pude me acalmar, e logo em seguida comecei a rir. Não faz nem uma hora que eu fiz a escolha e eu já me agarrei a um trem em movimento, pulei do mesmo e agora pulei de um telhado. Acho que eu terei uma iniciação bem animada.

Respirei fundo mais uma vez recuperando o fôlego e foi nesse momento que eu senti a rede balançar e com isso meu corpo rolou por ela.

Foi tudo muito rápido, num instante eu estava recuperando o fôlego e no momento seguinte eu estava de frente para uma pessoa, os olhos azuis mais lindos que eu já vi. Os mesmos que por muito tempo me transmitiu segurança e afeto, mas que da última vez que vi só demonstravam frieza e abandono.

É claro que eu sabia que ele estaria ali, mas eu não estava me lembrando disso minutos atrás. Até dar de cara com ele. Tobias, meu melhor amigo e companheiro de fuga.

Ele estava tão surpreso quanto eu, mas foi o primeiro a se mover depois do choque. Me estendeu sua mão como ajuda para descer e mesmo a contragosto aceitei, a rede era alta e eu não conseguiria descer sem cair de cara no chão.

Assim que coloquei meus pés no chão ele me soltou e deu dois passos para trás, mas ainda ficando de frente para mim.

Ouvi vozes sussurrando e um comentário se sobressaiu. “A careta pulou primeiro?”. Risos vieram a seguir.

Aquilo me incomodou um pouco, mas eu estava tão feliz de ver o Tobias e com tanto ressentimento ao mesmo tempo, que meu conflito interno se tornou maior que qualquer outra coisa. Até que ele se pronunciou.

—Qual é o seu nome? – Quê? Fiquei paralisada. Meu nome? Oras, ele sabe meu nome, por que está me perguntando isso?

O olhei incrédula e ele pareceu entender. Nesse momento me permiti observá-lo. Ele está mais alto e mesmo usando uma jaqueta preta e larga eu pude ver os músculos dos braços dele, bem mais fortes que antes. Sua voz, está mais grave, rouca. Esse não é o mesmo Tobias que eu conheci, talvez ele nem se lembre mais de mim.

—Qual o seu nome? – Ele voltou a perguntar – Se estiver em dúvida, pode mudar, mas só terá uma chance, então escolha com cuidado - Aquilo foi o que? Não entendi.

Pensei rapidamente.

—Tris! – Ele assentiu abaixando a cabeça e quase pude ver um sorriso se formar.

Ele voltou a levantar o rosto e disse.

—Bem vinda a Audácia, Tris.

Ouvi gritos em comemoração, o que me assustou um pouco, mas depois comecei a rir também. Outros membros vieram ao meu encontro e me cumprimentaram.

Um a um, todos os iniciados pularam e depois de estarem todos juntos uma moça começou a falar. Tobias estava parado ao lado dela e em nenhum momento me olhou nos olhos.

—Nascidos na Audácia, venham comigo – Ela disse.

Os garotos e garotas de preto foram saindo e nesse momento pude ver a pequena quantidade de transferidos.

Assim que todos os nascidos na Audácia saíram, Tobias deu um passo a frente e se pronunciou:

—Serei o instrutor de vocês pelas próximas três semanas. Meu nome é Quatro! – Ele disse. Quatro? Não me contive.

Quatro?— Perguntei erguendo uma sobrancelha. Ele me olhou sem demonstrar nenhuma emoção ou medo.

—Sim, algum problema?

—Esse é o seu nome mesmo? Um número? Que estranho. – Falei com um sorriso irônico. Ele se aproximou, ficando cara a cara comigo.

—Sim, esse é o meu nome. – Engoli em seco, ele me olhava friamente, o que me deixou um pouco tonta – Agora se vocês não tiverem mais nenhuma pergunta estúpida, me acompanhem – Disse e virou as costas para mim.

Todos o acompanharam e eu fui a última a me mover. Estava com raiva.

Tobias nos levou até um enorme dormitório com vários beliches, ficaríamos todos juntos. Havia peças de roupas em cima da cama e eram todas na cor da minha nova facção. Me troquei rapidamente e decidi que iria procurá-lo, queria falar com ele e saber por que ele me tratou daquela forma.

Quando estava saindo do dormitório ouvi alguém me chamar, me virei e vi Christina correndo em minha direção.

—Tris, aonde vai? – Perguntou. Não queria dizer a ela que conheço Tobias, então inventei algo que não era totalmente mentira.

—Estou indo dar uma volta, conhecer o lugar.

—Que ótimo, eu ia mesmo te chamar para isso – Ela sorriu e enganchou seu braço no meu. Conheço Christina há pouco tempo, mas já percebi que ela é do tipo que gruda e não solta mais.

Prevendo que não conseguiria me livrar dela, aceitei sua companhia e começamos a caminhar pelos corredores escuros. O lugar inteiro é frio e úmido, como um esconderijo. Dá pra se perder por aqui facilmente e morrer também, pois tem vários pontos bem altos e sem proteção alguma.

Chegamos a uma parte mais movimentada e vários grupinhos conversavam por ali. Um em especial me chamou a atenção. Tobias estava entre eles e conversa bem animado, sorrindo em alguns momentos. Parecia estar bem à vontade, como se tivesse nascido aqui. E nesse momento percebi que ele era daqui, pertencia a esse lugar.

—Você gostou dele não é? – Perguntou Christina me observando olhar Tobias. Desviei a atenção para ela.

—Cla-claaro, claro que não – Gaguejei. Aquele comentário me pegou de surpresa. Minhas bochechas ficaram quentes.

—Ele é um gato amiga, pode falar – Ela sorriu maliciosa. Nunca ouvi ninguém falar assim e nunca reparei em Tobias dessa forma. Ele é mesmo muito bonito, mas eu sempre admirei sua beleza pela pessoa que ele é, ou era, pois esse Tobias eu não sei se conheço.

—Ele é bonito sim Christina, mas eu não estou interessada nele, só fiquei curiosa, aquele com certeza não é o nome dele.

—Ahh com certeza não é – Ela disse dando de ombros e mordendo o canto das unhas – Vai ver ele não gosta do nome dele. E você Tris, por que mudou seu nome?

—Ahh... Por que eu achei que era o momento de mudar, sabe? Uma nova fase da minha vida.

—Entendi. Você não gostava da Abnegação? Lá era bem chato né? – Perguntou. Tinha me esquecido que ela veio da Franqueza e não tem filtros na língua. Torci a boca antes de responder, mas ela não se importou e continuou me olhando, aguardando uma resposta.

—Lá não era chato... – Menti, era chato sim – Mas eu não me sentia conectada, não me sentia parte da Abnegação.

—Sei como é... – Ela começou – Quer dizer, eu amo meus pais e minha irmã. Na Franqueza todos dizem o que sentem, por isso não existem muitos conflitos, mas eu tinha alguns medos, não é tudo que eu sinto que eu quero dividir, eu gosto de manter alguns segredos – Olhei Christina que ainda comia as unhas, nunca pensei ouvir isso de alguém da Franqueza. Tive que rir – O que é? – Perguntou.

—Nada Christina, nada não.

Ficamos conversando mais um tempo, Christina ficou me mostrando cada rapaz bonito que passava por nós e eu já estava me sentindo um pimentão. Olhei novamente em direção ao grupo em que Tobias estava e dessa vez encontrei seu olhar, frio novamente, dessa vez ele não desviou. Mantive meu olhar no dele em desafio, queria saber o porquê ele fingia não me conhecer. Queria conversar com ele, mas não na frente de todos.

Alguns segundos depois uma garota se aproximou do grupo deles e ficou ao lado de Tobias, acariciando seu braço. Ele passou um braço por trás dela, agarrando sua cintura e ela afundou o rosto em seu pescoço. Tá, eu estava bem surpresa com isso. E de certa forma, senti como se meu coração afundasse no peito. Definitivamente eu não conhecia esse tal Quatro. Ele não era nem a sombra de quem um dia meu amigo Tobias foi.

Desviei meu olhar de seu grupinho de amigos. Não estava me sentindo bem, e realmente isso me chocou. Disse para Christina que já estava cansada de ficar ali, e me dirigi a passos rápidos em direção ao dormitório. Afinal, a noite já havia caído, e eu pude usar facilmente a desculpa de que estava com sono, e me deitar rapidamente.

Se era assim que iria ser, com ele fingindo que não me conhecia, e se portando de maneira tão rude, eu decidi que não iria mais procura-lo, e não queria mais ter nenhuma conversa com aquele estranho.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!!!

A essência da história será bem próxima da original, mas o desenrolar será diferente, queremos saber o que vocês estão achando!

:*