Quando aquele bendito acidente aconteceu, meu mundo perdeu a cor. O medo que algo a tivesse acontecido me dominava enquanto corria, na chuva, para o hospital. Apenas de pensar na possibilidade de uma vida sem aqueles cabelos escarlate eu tremia. Era aterrorizante demais.

Não sei descrever o tamanho do meu alívio quando, depois de sete horas, o médico avisou-me que Erza não corria risco. Mas a felicidade durou pouco. Assim que ele pronunciou a palavra "coma", o mundo que tinha voltado a ser colorido tornou-se cinzento.

Não era possível palpitar quanto tempo ela ficaria naquele estado. Mas me cortava o coração saber que eu teria que viver, mesmo que fosse por pouco tempo, sem ver seu sorriso, sem ouvir sua risada...

Tomei uma decisão naquele dia. Tranquei minha matrícula em Letras e fiz vestibular para Medicina, passei com louvor. Dizem que, quando temos um objetivo, tudo fica mais fácil. Realmente ficou.

Cinco anos. Cinco anos cursando Medicina e nada dela abrir seus lindos olhos castanhos. Cinco anos e nada de ouvir sua risada novamente.

Oito. Eu já era um médico formado, trabalhava na área de cirurgias, e quando tinha um tempo, ficava sempre ao lado de Erza, ansiando para ver seus olhos abrirem.

Ironia do destino: exatamente no dia em que decidi tirar uma folga, fui acordado as três da manhã com o telefone tocando, ela havia acordado.

Acho que nunca corri mais rápido do que naquela madrugada. Nem no dia de seu acidente minhas pernas se moveram com tanta rapidez. Meu coração palpitava dentro do peito. O mundo começava a ganhar cor, e por mais que pareça bobo, para mim, o céu azul escuro estava escarlate.

Abri a porta de seu quarto com um estrondo, e ela me encarava. Os cabelos emoldurando com perfeição o rosto delicado, os olhos brilhando, e um sorriso se formando no rosto.

– Jellal... - Murmurou, com sua voz que sempre me fez derreter. Sorri de orelha a orelha e fui até ela, envolvendo cuidadosamente seu corpo com meus braços.

– Erza... - Murmurei, encostando a cabeça na curva entre seu ombro e seu pescoço.

Ela havia acordado. Havia voltado para mim. E não ia deixar que ela fosse embora nunca mais.