A Loba escrita por Gaby Mell
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!
Travo meus pés no chão ao ouvir que irei conhecer o alfa.
Estava em estados de nervos, nunca pensei que conhecer alguém pudesse me deixar assim. Não é para menos, alfa é o líder, a quem respeitam e obedecem.
Os "e se" tomam minha mente fazendo com que uma grande insegurança se estalem em mim. Poderia o 'grande alfa' me intimidar mesmo sem eu o conhecer?
Apenas a menção de seu nome fez estragos em todo meu corpo.
Estalo no chão assim que assimilo a noticia.
' conhecer o grande alfa '
Débora me olha com um sorriso zombeteiro que nunca pensei ver nela enquanto vinhedos para cá.
— Que isso, esta com medinho é ? - e me puxa mais forte em direção ao longo corredor na parte térrea da casa.
Ele não fez parte do almoço com os demais, estranhei, mas vai saber o que se passa na cabeça dessas pessoas não é?
O grande corredor parece imenso tornando cada segundo, mais e mais lento.
Paramos em frente a uma porta grade e de madeira com entalhes decorativo. Era de uma cor escura e se localizava no fim do corredor ao lado direito.
— Boa sorte! - ela sussurrou pra mim e deu importante sorrisinho de lado.
Como assim ela não irá entrar comigo? O que ele quer falar comigo? Meu celebro já está fervilhando e meu estômago parece dar um nó, mas não um qualquer, aquele nó.
Olho-o desesperadamente a procura de uma resposta, alguma recomendação ou dica.
— Você vai se sair bem, relaxa. - dá um tapinha nas minhas costa e volta pelo extenso corredor.
Respiro bem fundo, puxando todo ar que me é acessível, conto até três calmamente e levando uma das mãos, criando coragem para o ato.
'Toc... toc... toc...'
Bato tão levemente que acho provável a outra pessoa não ter escutado.
Solto todo ar pelo nariz e ergo novamente meu braço para bater quando uma voz grave fala do outro lado da madeira que nos separa.
Estremeço. Na minha cabeça já se passou mil e uma suposições para como seja. Alto de mais, baixo e gordinho, barbudo, careca... Mas nada em minha cabeça me preparou para aquela voz forte.
Abro a porta lentamente. O corredor claro de mais contrasta com o ambiente iluminado, no qual estou entrando, apenas pela luz do dia que entra pela janela. Meu olhar vaga cada canto do ambiente, evitando ao máximo olhar para o intimidador gigante em pé ao lado de um grande sofá de coro marrom.
Meus olhos continuam vagando e ainda estou parada a porta. É tudo , muito novo agora, ainda estou em uma faze de processamento de tudo o que está acontecendo comigo.
Sinto teu olhar me queimando e engulo seco. Na parede ao meu lado esquerdo, onde se encontra a grande mesa de escritório, tem uma enorme moldura com um grande lobo negro de olhos amarelos vibrantes, diferente dos do corredor, não tenho nenhuma lembrança/visão desse lobo. Frazão a testa com os pensamentos me rondando, será que tudo que vi, é apenas um sonho?
— Não gostou do meu quadro? - diz a voz grosso da pessoa que tanto tentei ignorar.
O certo era mostrar respeito, admiração, ou até mesmo submissão, mas a unica coisa que sentia era medo, ou algo muito parecido. Era um incomodo desconfortável sua presença no mesmo ambiente que eu.
✥
Quando a Débora me disse que eu conheceria o alfa, bom, claro que fiquei nervosa, mas agora que estou aqui e com ele, não é nem o nervosismo que me incomoda, o fato de eu ter medo apenas com sua presença me dá calafrios e preferiria não o conhecer, mas estou no território dele, seria desrespeitoso de minha parte.
Prendo a respiração e me viro, olhando para os pés dele, lentamente subo meu olhar, encontrando seus olhos amarelos.
— Ouvi muito sobre você sabia? - ele esta sentado no sofá no centro da sala. - Desculpe, você gostaria de se sentar também?
Sigo para o sofá oposto ao dele e me sento. Nem o coro do sofá, macio e confortável tira o incomodo de ter sua presença. Talvez seja só minha intuição e meu pré-conceito sobre ele, afinal não o conheço e tudo isso poderia ser apenas da minha cabeça, mas tinha algo em mim que me falava para tomar cuidado e algo nele que me assustava.
— Tem muita gente atrás de você... Não tem medo? - pergunta para mim.
Abaixo a cabeça, solto a respiração que não sabia que estava presa e olho para o quadro. O que eu deveria ter medo?
— Você deve estar confusa com tudo o que esta acontecendo... - deixou a frase no ar, sim eu estou muito confusa com tudo o que esta acontecendo e ainda tenho esperança que eu possa acordar com o barulho do despertador.
— Quem? - pergunto mudando a direção dos meus olhos para encara-lo, minha voz desanimada, baixa e assustada.
— Posso dizer que muitas...
— Por quê? - Interrompo-o assustada, muitas pessoas estão atrás de mim, mas não faço ideia do motivo.
Ele se levanta e anda pelo cômodo, segue em direção ao quadro. O grande lobo, com seus olhos amarelos, parece olhar diretamente para mim, deve ser um daqueles quadros que os olhos da pintura "te segue".
Sem dar importância para a pintura, me levanto e o sigo. Paro a 3 passos dele e espero se virar.
— Há muitas pessoas más no mundo, algumas são mais que outras, geralmente vem do querer e não poder, ganancia... - ele olha para mim e seus olhos amarelos me atinge como facas afiadas - Até mesmo inveja leva as pessoas a serem más.
Dou um passo para trás. O que ele quer dizer com isso?
Meus pensamentos vagam pelo passado e em como senti inveja da Giulia por namorar o Josh, mas agora mesmo já não lembrava deles.
Será que fui má?
Cabisbaixa, penso em tudo o que já desejei para eles, de certa forma, isso foi má de minha parte.
— Mas...
Desviando o olhar, segue para a estante com livros.
— Não. Não há mas... - Ele pega um livro da estante e olha a capa - Todos tem um lado mal dentro de si, sem exceção.
Caminha em minha direção e me entrega o livro.
— Só pense bem em quem você irá confiar. Todo o cuidado é pouco - olhando nos seus olhos, pego o livro que me foi entregado. Eu deveria temê-lo? Minha intuição diz que sim, mas ele não me parece uma má pessoa.
Ele sai do escritório me deixando só. Olho para o livro, uma capa marrom fina e de aparência velha.
Quantos anos esse livro deve ter? Cem? Duzentos?
Olho para a porta e ela esta entreaberta.
Suspiro cansada. Tantas coisas acontecendo, que as vezes tenho que parar para tentar assimilar.
Sinto o suor descer pelas minhas costas, devagar. Já não sei se é pelo calor ou pela conversa tensa que tivemos.
Sigo em direção a porta e saiu, seguindo o corredor extenso.
Andando pelo corredor, penso na conversa. Ele não me disse diretamente quem está atras de mim e o porquê, mas me disse para tomar cuidado e não confiar em qualquer um.
Será que eu deveria desconfiar no James? Na Débora? Nele?
Não sei o que eu faço.
Olho para o livro e me pergunto o que será que tem ali. Será que é as resposta que preciso? O livro é tão antigo que desconfio ser manuscrito. Algumas folhas estão agrupadas tortas e um elástico segura a capa para não abrir. Com certeza é muito antigo.
Caminho para o andar superior, seguindo em direção ao quarto que dormi essa noite.
A blusa que estou usando está suada e preciso urgente de um banho, hoje não voltarei a treinar, pelo menos eu acho que não.
Abro a porta e encontro o quarto organizado, do mesmo jeito que encontrei noite passada depois do desmaio.
✥
Deixo o livro em cima da cama e sigo para o chuveiro, depois de verificar algumas roupas já na cômoda.
A água escorre pelo meus cabelos e corpo. Gelada, refrescando por onde passa. Meus cabelos longos molhados.
Penso na conversa que tive mais a fundo. Agora em diante deverei tomar mais cuidado com as pessoas e em quem eu confio, isso não é novidade, mas o jeito que ele falou é como se eu não pudesse confiar nem mesmo em mim.
Passo o sabonete pelas ancas, seios, braços, pernas... Todos os lugares que consigo alcançar, tirando todo os resquícios de suor que antes habitava meu corpo magro e agora, um pouco mais alto.
Uma toalha grande, felpuda e branca envolve meu corpo magro e me seco.
Em meus cabelos, apenas tiro o excesso e deixo-os úmidos.
Estou até com dor de cabeça, pensar tanto dói.
Já no quarto visto as únicas roupas que parece existir aqui: Legging, uma regata preta e fico apenas de meias.
Sentada, pernas cruzadas e encostada na cabeceira da cama, finalmente pego o tal livro para ler, se é ele que irá responder todas as minhas dúvidas então não tem para que demorar a lê-lo.
Lá fora começam a gritar, parece que eles levam o treino a sério aqui.
Respiro fundo pronta para começar minha leitura e saber sobre o que está acontecendo que ninguém parece querer me falar.
Tiro o elástico envolta e abro a capa marrom meio desgastada.
Parece que todo o cuidado é pouco e o livro irá se desfazer em minhas mãos, com cuidado viro a primeira página em branco.
Em um momento que estava concentrada em tomar cuidado como livro, um estrondo alto me assusta e olho em direção a porta assustada.
Coração acelerado, olhos arregalados e o medo brotando em meu peito.
" Todo o cuidado é pouco "
" Não confiar em ninguém "
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!