28 de junho de 2012.

Pensei em arrancar um pedaço de uma folha do caderno da minha chefe, mas resolvi arrancar a folha toda, porque, você sabe, não consigo conter minhas palavras, às vezes. A minha intenção era te dizer que eu te amo, mesmo. Mas achou que eu conseguiria sem adicionar um pouco de açúcar?

Temos nos encontrado muito pouco nessas semanas que se passaram, infelizmente. E você sabe o motivo. Trabalho, trabalho, trabalho, e, caso eu tenha me esquecido, mais trabalho. Da última vez em que nos esbarramos, você estava exausto e suas olheiras eram tão profundas que poderiam facilmente te confundir com um panda (Rá!). Brincadeira, você estava lindo. Aliás, você é lindo. E me deu um chupão tão forte no pescoço que eu quase precisei usar dois curativos para cobri-lo.

Depois de todo esse inferno em nossos trabalhos (principalmente no seu, que tem um chefe terrível), você tira suas merecidas férias e eu ganho duas semanas de folga… Que tal a gente ir, sei lá, ver a sua irmã? Quer dizer, ela mora perto da praia e isso seria muito romântico, você não acha? E nós também poderíamos tentar fazer amor ali na areia quando ninguém estivesse lá. É claro que não estou brincando, Hyukjae. Por que está rindo? Isso é sério. Todo casal precisa ousar de vez em quando, então, já pode ir perdendo a sua vergonha exagerada. Mais uma coisa: nessas férias, eu quero ir àquele orfanato que fica perto (fica perto?) do farol só para ver as crianças. Você sabe que, infelizmente, nós não podemos ter filhos. Então podemos matar (a nossa?) a minha vontade e proporcionar alguns momentos bons para aqueles garotos! Faz tempo que eu quero visitá-los, mas, com você ocupado, não tive como. Cheguei a pedir para Heechul, mas ele não quis me levar. Não porque ele não tinha condições, mas sim porque odeia “pirralhos”. Chato!

Eu sei que você vai rir de mim quando for ler isso, principalmente porque vou pedir para um garoto de recado daqui do prédio colocar essa carta (discretamente envelopada e, no destinatário, apenas um “Lee Hyukjae” escrito com minha caneta azul favorita, assim como toda essa carta) embaixo da porta do apartamento que você divide com sua prima. Eu adoraria ter a oportunidade de beijar você e ao mesmo tempo, colocar meu envelope dentro do bolso interno do seu paletó preto com risca de giz, que eu sei que você está usando hoje, porque você usa esse bendito paletó todas as quintas-feiras, como em um ritual.

Sabia que minha hora de almoço já vai acabar e eu só bebi um café e comi três mordidas de um sanduíche (horroroso, por sinal) que comprei aqui nessa cafeteria em frente do meu trabalho? Mas, não se preocupe, porque quando eu penso em você, não tenho fome.

Não queria usar o verso, porra! Perdão, é que eu me empolguei com a minha letra garranchada e gigante… Isso porque eu queria dizer apenas um simples “eu te amo”...

Voltando um pouco o assunto, a sua prima consegue ser pior do que sua mãe! Como você tem coragem de morar com ela? Aposto que essa mulher controla até a cor da cueca que você usa! Por que não vamos morar juntos? É que… assim poderíamos nos ver mais, mesmo que fosse apenas antes de dormir para te desejar “boa noite”. E eu não teria que continuar dividindo o aluguel com a baleia do Kyuhyun! Ele só come, dorme e passa o dia inteiro na frente daquele notebook. Não sei como pode ter um emprego tão bom. Aliás, até hoje, não faço ideia de como vocês se conheceram. E nem sei por que ele me apresentou pra você…

Eu não devia xingá-lo de baleia porque somos tudo isso agora graças a aquela noite naquele barzinho, em que ele ficou bebaço e acabou abaixando as calças e mostrando aquela bunda branca e gorda pro taxista; além de vomitar em nós dois e no apartamento que estávamos alugando na época (o tapete dele ainda está manchado mesmo depois de três anos). Enquanto ele conversava com a privada e lamentava o seu estado lamentável e sua ressaca no dia seguinte, nós conversávamos sobre como quase todo nosso salário tinha escorrido entre nossos dedos porque ele vomitou no táxi (e não tinha nenhum centavo naquela carteira falsificada da Ferrari). E, depois, conversamos sobre como a sua tia adora jogar pôquer e sobre como o meu avô gostava de jogar dominó. Dá pra acreditar que a gente namora? Pois é.

Hyukjae, eu amo você. Não se esqueça disso mesmo com tanto trabalho em mente. E mesmo que não possamos ter uma família como todos (ou quase todos) sonham, eu jamais poderia ter sido, e ser tão feliz com outra pessoa a não ser você.

Meu Deus, depois dessa, vou até chorar.

Do seu,

Donghae.