Liebe Sünde & Drei Herzen escrita por IndustrialFlake


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Os acontecimentos narrados nesta one-shot são totalmente fictícios. Rammstein não pertence a mim.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625430/chapter/1

Till estava estranho naquele dia e eu não sabia por quê. Ele parecia estar me evitando, não falava muito comigo. Era normalmente difícil arrancar duas palavras dele, mas mesmo assim... Ele não estava falando comigo. E eu era a única pessoa que realmente o entendia e que realmente conhecia todos os cantos horríveis e belos da sua personalidade. Confiávamos um no outro de modo que eu o deixava atear fogo em mim todas as noites, confiante de que ele nunca erraria e me machucaria. Mesmo assim, algumas brasas escapam às vezes e é impossível não se queimar. E é assim que toda relação deve ser.


Estivemos nessa de terminar e voltar por um ano. Ainda assim, nossa relação era sólida e nosso jogo continha regras. Mas regras podem ser quebradas. Quantas vezes eu o flagrei com outro homem que não era eu, quantas vezes eu o socorri quando ele se cortava profundamente, quantas vezes ele me salvou de um colapso nervoso, quantas vezes ele me bateu por ciúmes... Enfim, nossa relação não era a mais perfeita, mas éramos verdadeiros um com o outro.
E ele não queria falar comigo naquele dia.


Vivíamos separados ainda, eu morava num apartamento pequeno para uma pessoa, pois tinha acabado de me divorciar da minha esposa. Eu voltava e terminava com ela, assim como fazia com Till. Acho que as únicas pessoas que eu amei de verdade foram Jenny e Till. Eu só me sentia completo com eles. Eu amava de um jeito complicado. E eu oscilava entre os dois. Não me leve a mal, isso me matava. Eu simplesmente não conseguia escolher e eu precisava dos dois para viver. Era egoísta da minha parte.


Foi antes de entrarmos na van para irmos à sessão de autógrafos que eu notei que ele estava estranho comigo. Normalmente, ele iria me ver e sorrir para mim. Depois, ficaríamos um ao lado do outro, fumando e conversando para passar o tempo, esperando pela van. Mas ao invés disso, ele me viu, sorriu timidamente e ficou num canto afastado, fumando. Levantei uma sobrancelha. Ele não era assim, normalmente. Talvez estivesse meio deprimido, o que era comum. Mas logo eu saberia o que estava errado.


Entramos na van e nos sentamos lado a lado. Till se mexeu desconfortável no banco. Comecei a ficar preocupado; e se ele quisesse “dar um tempo”? Agora que eu havia deixado tudo para ficar ao lado dele e estava economizando para comprar um apartamento decente para nós dois! Bem... Nós sabíamos que seria difícil. Tínhamos esposas e filhos nos esperando em casa. A banda sabia do nosso envolvimento, mas não imaginava que era sério. E os fãs... Melhor nem comentar.


Eu timidamente tomei sua mão na minha. Till me olhou hesitante. Ele não gostava de demonstrações de afeto em público. Eu também não gostava muito. Mas eu precisava saber o que estava errado.


Was ist los? – perguntei, deitando minha cabeça no seu ombro.
Nichts. – ele me deu essa resposta curta, acariciando minha mão com seu dedão. Eu sorri. Eu gostava de quando ele fazia isso.
Bist du traurig, oder? – eu insisti.
Nein. – ele beijou minha cabeça – Es ist alles ok, Schatzchen. Ich habe nur ein Kopfschmerz.


A van chegou ao local. Eu suspirei. Eu não estava no clima de assinar CD’s e dar atenção para os fãs. Eu só queria me deitar no sofá com Till e assistir a um filme qualquer que estivesse passando na televisão. Ou ir almoçar em algum restaurante francês. Ou japonês, se ele preferisse. Eu sabia que ele ia preferir o segundo, ele adorava sushi.


Entramos rapidamente no lugar, evitando sermos esmagados pelos fãs histéricos do lado de fora. Sentei-me ao lado de Till na mesa e logo eles abriram as portas para que a massa de fãs entrasse. Olhei para Till, mas ele não olhou para mim. Seu olhar estava fixo na mesa à sua frente. Eu quis chorar naquela hora. Mil coisas se passaram pela minha cabeça. Quem seria a nova paixão dele? Provavelmente alguma menina fútil muito mais nova que ele. Eu me perguntava como ele conseguia se apaixonar por essas... Coisas. Seria pior se fosse um homem. Não seria Richard dessa vez, eu tinha certeza. Era alguém que eu não conhecia, provavelmente. Fiquei com raiva. Como ele podia destruir a minha vida assim? Como ele podia me jogar fora, como se eu fosse um pedaço de lixo?


“Fick dich, Till Lindemann” eu pensei, tentando me sentir melhor. Eu voltaria com a Jenny. Eu diria a ela que tudo foi um erro. Eu voltaria para as crianças. Eu voltaria para a minha merda de vida.


As horas se passaram, minha mão doía de tanto assinar CD’s, livros, DVD’s e camisetas. Eu começava a sentir a depressão me consumindo. Eu só queria saber quem era o amante ou a amante de Till, por quem ele havia me trocado. Enquanto eu assinava mais um CD, com um micro sorriso falso nos lábios, senti uma respiração quente no meu ouvido. Virei-me e encontrei um par de olhos verde-acinzentados que me fitavam. Till deslizou algo para baixo da minha mão, algo pequeno e aveludado. Olhei para baixo; era uma caixinha preta. Senti um frio na barriga e a euforia crescer dentro de mim, derrubando a depressão, quando Till pronunciou as palavras...


Willst du mich heiraten?

***

Já devia ser por volta das 5 da manhã quando Till voltou para casa, para o apartamento que ele dividia com Flake. Ele tinha passado a noite numa dessas festas chiques, de lançamento de filme. Flake não quis ir com ele. Till deu de ombros. O relacionamento entre os dois havia esfriado há anos.

Till girou a chave com cuidado na fechadura, com cuidado para não acordar Flake, que devia estar no décimo sono a essa hora. Abriu a porta vagarosamente e quase sorriu ao encontrar Flake sentado no sofá. Quase sorriu. Flake tinha um revólver apontado para sua cabeça, encostado na sua têmpora e seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. Ele soluçou uma vez e Till correu para ele quando viu que ele ia disparar. Ele empurrou a arma da mão do amado (ou amante?) na mesma hora em que ele disparou. A bala não atingiu sua cabeça, mas cortou um pedaço do cabelo curto e escuro dele. Os dois foram para o chão, Till em cima de Flake (como sempre). Till apertava a mão de Flake com tanta força que seus dedos doíam. Flake segurava firmemente na arma, mas era evidente que ele estava sentindo dor e queria largá-la. Ele começou a gritar. Não gritar palavras, só gritar bem alto. Till conseguiu finalmente tirar a arma da mão dele e a jogou para um canto distante da sala. Ele ficou em cima de Flake, imobilizando-o até que ele se acalmasse, o que durou mais ou menos uma hora e meia.

Till saiu de cima de Flake e este foi para um canto da sala, com os braços cruzados. A sua figura esguia e escura lembrava algum personagem das lendas urbanas. Talvez Slender Man. Till suspirou ao olhar para a mesa. Uma seringa vazia, um rastro de pó branco e uma lâmina jaziam sobre ela.

–Se drogou de novo, Christian? – ele disse, apesar de ser evidente – No que você estava pensando quando tentou tirar sua própria vida?

Flake apenas olhou para ele e deu uma fungada.

–Você fala como um poeta. Mas não, você não é um poeta. Eu li os seus poemas, seu... – Flake se contorceu inteiro, procurando o melhor xingamento. Mas parecia não haver um – Você acha que eu não sei, mas você tá muito enganado!

Till engoliu a seco. Flake sabia agora. Não era mais um segredo dele e de...

–Eu não sei do que você está falando, Christian. Você está drogado e deprimido com alguma coisa que eu não sei...

–Não se faça de bobo comigo, Lindemann! – Flake grunhiu, apontando um dedo para ele – Eu vi a tatuagem no pescoço dela... – a fala dele foi cortada por soluços involuntários, altos. Era dor.

–Flake... – Till tentou abraçá-lo, mas Flake o empurrou com força. Ele balançou a cabeça negativamente, enquanto seus olhos azuis se inundavam.

–Ah, Till – a voz de Flake se tornou suave – Isso já não foi longe demais?

–O que...

–Era o nosso combinado, que você podia ficar com as groupies de vez em quando. Sexo, só sexo. – Flake suspirou tristemente – Mas não ter um relacionamento com uma delas.

–A Sophia não é... – Till calou-se imediatamente quando percebeu que tinha dito o nome da amada. A fúria queimou nos olhos de Flake, que cerrou os punhos e os dentes.

–Sophia?! Esse é o nome da vadia?! – ele rosnou para Till.

–Ela não é uma vadia! – Till gritou, desferindo um tapa forte no rosto de Flake, que gemeu e caiu para trás. O arrependimento tomou conta dele, enquanto ele via seu amigo no chão, tremendo como um cachorro com frio – Christian – ele se abaixou para tocá-lo, mas Flake fugiu dele, rastejando no chão.

–Eu já entendi! – Flake se levantou, chorando – Você não me ama mais! Mas pelo menos podia ter me contado! Antes de tudo, eu sou seu amigo, Till!

Amigo...

–Eu ainda te amo, meu querido. – Till disse suavemente. Era verdade. Ou pelo menos um pouco verdade.

–Não, você me trocou por... – Flake parou de falar e enterrou as mãos nos olhos, soluçando alto. Till foi até ele e o abraçou, beijando sua cabeça. Ele não se mexeu, só ficou parado, chorando.

–Você sempre terá um lugar especial no meu coração, amor. – Till sussurrou. Seus sussurros sempre davam um arrepio em Flake, eram baixos e poderosos.

–Não – Flake sussurrou de volta – Você sabia o quanto eu te amava, e mesmo assim resolveu brincar com o meu amor. Eu sou só um brinquedo, não é? Aquele que satisfaz seu desejo sexual.

–Não é isso.

Por que ele não havia deixado-o se matar logo?

–Eu vou pegar minhas coisas. Vou embora, não quero mais viver com você.

Foi como um soco no estômago.

–Você não pode ir, Flake. – a voz de Till saiu trêmula – Preciso de você.

–Acho que não. Se precisasse não teria ficado com a menina. – Flake se soltou dos braços de Till e foi até seu quarto e começou a colocar seus pertences numa mala grande. Till protestou um monte de vezes, mas Flake já havia tomado a decisão. Ele não aguentava mais sofrer por alguém como Till. Till era um mentiroso. Homens não. Esse era o combinado. Eles podiam se envolver uma vez com as groupies dos shows, mas nunca com homens. Mas era tão difícil para Flake. Não só porque uma parcela ínfima das groupies se interessava por ele, mas porque o coração dele batia por Till. Ele tinha desmanchado o casamento duas vezes já, porque não agüentava ficar sem Till. Mas para Till, Flake era só um bônus, a segunda opção, o sexo gratuito, o ingênuo. Bastava Till grunhir palavras amorosas e sem sentido no ouvido dele que ele já se derretia inteiro. Já era hora de acabar com aquilo.

Sem ao menos dizer adeus, Flake desceu no elevador e saiu do prédio. Algumas lágrimas caíram dos olhos verdes de Till enquanto ele via a figura esquelética e escura andando calmamente para fora do prédio. Ele ouviu o barulho do portão de metal sendo fechado. Adeus.

Till se sobressaltou quando seu telefone vibrou e começou a tocar em seu bolso. Ele agarrou o objeto e atendeu.

–Quem é? – ele grunhiu. Não queria ser incomodado naquela hora.

–Oi amor! Você tá bem? Aconteceu alguma coisa? – a voz alegre e aveludada de Sophia soou.

–Não aconteceu nada, eu estou bem. – Till mordeu a própria língua para conter as lágrimas.

–Ah, ok. Posso ir aí te ver? Estou com saudades.

Ele riu suavemente, ainda machucado por dentro, escondendo a dor muito bem, como ele tinha feito por anos.

–Pode vir, não estou fazendo nada.

–Ok. Estou aí em uma hora. Beijos, te amo.

–Também. – Till sorriu e desligou o celular. Não deu um minuto e ele desabou a chorar.

Ele viu o sol nascer naquela manhã, sentado do lado de fora da varanda, com um caderno apoiado nas coxas, escrevendo poesia como sempre. “Sophia está atrasada 10 minutos” ele pensou, sorrindo. Mas aí seu pensamente foi parar em Flake, seu melhor amigo durante mais de 10 anos e suposto namorado. Os olhos dele eram azuis. Os olhos de Sophia eram verdes e bonitos. Mas não eram os olhos de Flake. Nada onde ele pudesse se refugiar.

Duas lágrimas caíram sobre o papel enquanto ele escrevia as palavras:

“Nada é para você

Nada foi para você

Nada resta para você

Para sempre.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Obrigado =)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Liebe Sünde & Drei Herzen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.