Smile escrita por Hinazi


Capítulo 10
Her Color.




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Acordou de manhã, o quarto estava claro.

Lucy não estava mais ao seu lado, ou mesmo segurando sua mão.

Ele bocejou, sentando-se na cama, com as costas encurvadas e muita preguiça.

Espreguiçou-se, e olhou para os lados, não vendo a Princesa.

Então constatou que ela estava tomando banho, graças ao som do chuveiro, que era baixo mas ainda podia ser ouvido.

Continuou sentado por alguns minutos, lentamente acordando de verdade.

Aproveitou para se esticar e espreguiçar-se bastante, já que em sua casa, era quase derrubado da cama pelos criados, para que acordasse.

Ouviu o som de portas abrindo e Lucy apareceu com os cabelos molhados e embaraçados, segurando uma escova.

— Bom dia. – Soltou monotonamente, sentado-se na cadeira em frente a penteadeira.

— Bom dia, Princesa. – Coçou um dos olhos.

Gostava da maneira de como ela mesma fazia as coisas sem ajuda dos criados. E também de poder acordar sem ser derrubado da cama pelos mesmos.

Ela o olhou por cima do ombro.

— ...O que foi? – Penteava os cabelos mesmo enquanto falava. – Pode tomar banho se quiser.

— Claro, obrigado. – Se levantou e foi em direção de onde viu Lucy sair. Seria uma ótima forma de espantar o sono.

Olhou-o de relance e suspirou e voltou a pentear o cabelo, ficando cansada apenas de pensar que iria provar vestidos o dia todo.

Prendeu os cabelos numa trança. Sabia que iria provar vestidos, e a com a movimentação, os cabelos iriam embolar.

Colocou a rosa branca novamente.

Não gostava realmente de prender o cabelo, mas também não lhe ficava mal.

Lucy suspirou, olhando para seus sapatos, não queria usar sapatos de salto naquele dia, seus pés doíam. Mas não tinha nenhum sapato bonito o suficiente que não tivesse um salto.

Colocou o salto mais baixo que tinha, que não era exatamente baixo.

Era azul escuro, quase preto. Não iria combinar em nada com vestidos brancos ou claros, mas aquele era seu mais confortável.

Ouviu Meguri falar algo de dentro do banheiro, mas não pôde ouvir o que era.

Se fosse importante, ele diria de novo.

Lucy abriu as cortinas e a janela do quarto, apoiando os braços no parapeito da mesma.

A brisa da manhã era sempre fria.

Escutou Meguri chama-la, então caminhou até a porta do banheiro e parou.

— Que foi? – Questionou, um tanto impaciente.

— Lucy, acho que esqueci de um detalhe importante quando entrei no banheiro. – Seu tom de voz era receoso.

— Qual detalhe?

— Eu não trouxe roupas limpas.

— ... – Sentiu vontade de derrubar a porta. Especificamente, na cabeça de Meguri. – Eu... Vou pegar algumas para você.

Afastou-se, abrindo a porta do quarto.

Iria para o lugar que tentou evitar por algum tempo.

Colocou a mão na maçaneta.

— ...Sean. Estou entrando. – Murmurou o que sempre dizia ao seu irmão, quando entrava em seu quarto.

Foi até o closet do irmão e procurou entre os ternos, qual ficaria melhor em Meguri.

Escolheu um azul marinho. Pegou as calças, o casaco e a camisa preta. Terminou de pegar o resto, fechou a porta e voltou ao seu quarto.

— Meguri? – Pronunciou baixinho quando parou em frente ao banheiro.

— Oi? Lucy, estou aqui.

— Vou deixar as roupas em frente à porta e vou descer.

— Tudo bem. Obrigado.

Fez como dito e apressou-se para descer, mas passou a ir um pouco mais devagar, depois de ver a Alfaiate próxima a sua mãe e Miyuki.

"Já está aqui...?".

— Lucy, querida! Bom dia. – Sua mãe sorriu, lhe cumprimentando. – Onde está Meguri?

— Estava se trocando, quando sai do quarto.

A alfaiate era uma mulher bonita. Seus cabelos eram castanhos mas levemente alaranjados, tinha olhos da mesma cor.

Sempre usava roupas bonitas, fazendo jus a sua profissão.

Sorriu em aprovação para Lucy depois de ter olhado a de cima a baixo.

— Boa combinação, Princesa.

O cabelo trançado, o vestido de cores claras e o sapato baixo, eram realmente uma boa combinação.

— ...O-Obrigada. – Nunca sabia responder a elogios.

— Bom, agora que estão todos aqui, vamos comer algo e começar a prova de vestidos. – Mary sugeriu, enquanto via Meguri descer a escadas e cumprimentar a mãe com um beijo na bochecha.

Ele era mais alto que a própria mãe, era engraçado.

Lucy suspirou, concordando com a cabeça.

Não queria ser a estrela, era só uma prova de vestidos. Mas, bem, ela era a noiva.

Depois de tomarem o café, a Rainha os chamou para a prova de vestidos.

Meguri estava entrando, quando foi barrado.

— Senhor, lamento, mas você é o noivo, e ela vai trocar de roupa várias vezes, não pode entrar aqui. Espere lá fora por favor. – A alfaiate ruiva fez um gesto com as mãos, o espantando.

Olhou-a, um pouco confuso e bravo, mas obedeceu com um suspiro.

Lucy se sentia envergonhada. Além de ter que trocar de roupas várias vezes, faria isso na frente da própria mãe, da futura sogra e da alfaiate.

Mesmo que ficasse com as roupas íntimas, apenas sentiria mais e mais vergonha. Era tímida em demasia.

E definitivamente fora envergonhante. As moças faziam comentários sobre seu corpo, como por exemplo da cintura fina, entre outros. E também não gostara, de como elas lhe encostaram, falando sobre a pele macia. Ou falando até mesmo, do tamanho de seu busto.

Provou quatro vestidos e nenhum deles parecia do seu gosto.

Suspirou.

A pilha de vestidos para provar ainda lhe parecia grande.

Lucy provou um vestido que lhe deixava os ombros expostos. Não sabia como queria que seu vestido fosse.

Ela sequer tinha pensado nisso.

— Ah, Lucy... Todos ficam tão lindos em você! – Mary suspirou. – Assim eu fico toda com dúvidas...

— Deixe a escolher um dos vestidos então, Mary. – Miyuki falou. – Qual você gostou, Lucy?

Lucy estava colocando outro, justo e brilhante no seios, e o resto, de um tecido leve, rodado até os pés.

Sua expressão era de dúvida. Mas não queria algo exagerado. Todos os vestidos eram lindos, realmente.

— Eu estou em dúvida. – Ficou em silencio após isso.

Seu olhar se voltou a um vestido com pequenos detalhes que se assemelhavam a rosas.

Não era exagerado, inclusive, um dos mais simples que continha.

Era rodado como quase todos que provara e justo até na cintura. As rosas se espalhavam numa quantidade maior em cima e na saia, eram pouquíssimas.

Pediu para o provar.

— Gostei bastante desse, mamãe.

Meguri apoiou as mãos no rosto, estava vivendo em tédio, e não tinha nada que o tirasse dele.

Estava realmente entediado.

Elas estavam ali há pelo menos duas horas, e estava cansado de olhar para o nada e ouvir gritinhos de sua mãe e da Rainha.

Deitou-se no sofá, colocando as mãos atrás da cabeça.

"..." – Suspirou. – "Vai ser uma looonga espera".

Ficou encarando o teto por pelo menos mais uma hora.

Ouviu a porta ser aberta e as mulheres que estavam lá, saírem.

— O vestido que escolheu, Lucy, é perfeito. Como agora temos uma ideia do que vai vestir, o próximo passo é escolher a roupa do Meguri e os detalhes finais da decoração.

A face dela estava avermelhada.

— Obrigada... – Suspirou. – Eu realmente gostei daquele vestido.

Meguri olhou-as e sentou-se no sofá, rapidamente, achou que seria falta de educação estar deitado no sofá do castelo de outro reino.

As moças vieram até ele.

— Agora é a sua vez, filho, vamos, vamos. – Sua mãe lhe puxou para que voltassem para lá.

A Princesa deu alguns tapinhas nas costas dele.

— Boa sorte.

Depois, a mesma se virou e foi embora pelo corredor. O som dos saltos ecoou enquanto entrava no mesmo lugar que ela saiu.

Suspirou em antecipação ao ver a pilha de ternos.

Sabia como Lucy se sentia.

De certa forma, também sentia vergonha em tirar as roupas e ficar apenas com a intima, na frente da mãe, da futura sogra e da alfaiate. Eram apenas mulheres que iriam olhá-lo, o que o deixava ainda mais constrangido.

Mary olhava para Meguri, um pouco diferente, antes dele tirar o terno que estava usando.

Porque aquela roupa, pertencia a Sean.

Se perguntou o porquê de Meguri estar usando roupas de Sean. Mas a julgar, provavelmente teria tomado banho de manhã e Lucy ter lhe trazido roupas.

Meguri sentiu as bochechas ficarem vermelhas assim que tirou a calça.

O físico dele não era ruim. Muito pelo contrário, Meguri fazia MUITAS atividades físicas, tinha um porte... Definido.

Suspirou e colocou as roupas apoiadas em uma das cadeiras.

Droga. Seu rosto estava queimando de vergonha.

As moças conversavam entre si, mas olhavam para ele de vez em quando.

Se perguntava se Lucy tinha se sentido com tanta vergonha também.

Talvez fosse por isso que a face dela estivesse meio avermelhada.

Colocou um dos ternos, não gostava muito da cor, e era meio desconfortável, então tirou-o logo em seguida.

Suspirou.

Ia ser uma looonga prova de roupas...

Provou os dois próximos e nenhum deles ficou bom.

O próximo era um pouco mais bonito que os outros, preto, com a parte de trás um pouco mais comprido.

Enquanto Lucy apreciava a cor branca como preferência, Meguri preferia preto.

Olhou para a mãe e sorriu, alegando que queria ficar com aquele.

Além de confortável, o achara bonito, além de servir perfeitamente para ele.

A mãe concordou, e disse que lhe faltava um detalhe no terno.

Voltou com uma rosa branca, parecida com a de Lucy.

— A Princesa usa e gosta tantos de rosas, você também deveria usar uma no casamento.

Ele sorriu levemente.

— ...Obrigado. – Deslizou a mão pelas pétalas da rosa.

— Está lindo, querido. – A mãe acariciou seu rosto.

Agradeceu novamente, beijando a testa da mãe, ainda sorrindo.

Agora Meguri também tinha um "Sean", preso ao seu terno.

Talvez Lucy gostasse do fato dele usar uma rosa também.

Esperava que sim.

Quem sabe ela sorrisse.

Ficaria feliz em ver o sorriso dela. Mesmo com a face entediada, ela era bonita, imaginava se ficaria ainda mais bonita, sorrindo.

Imaginava se ela ficaria linda com raiva, triste, feliz, empolgada.

Lucy era sempre tão séria e seu desejo era ver as maiores reações que ela teria.

Ou mesmo ela chorando e sorrindo ao mesmo tempo.

Esperava poder ver todas as reações de Lucy durante o tempo que iriam passar juntos daqui para frente.

A vez que a viu tendo um ataque de infantilidade e de vergonha... ele tinha cada detalhe gravado.

Porque as reações de sua noiva, eram... felizes de serem vistas.

Ela sendo tão calma, quando demonstrava alguma reação, não era exagerada, não era feia nem escandalosa.

Era tímida, que poderia passar despercebida, mas tão importante.

Se Lucy precisasse ser descrita em uma cor, essa seria a branca.

A cor branca significa paz e a pureza, É também chamada de "cor da luz" porque reflete todas as cores do ser. Ou algo assim, Meguri não se lembrava direito. Mas, a cor branca em excesso, pode dar a impressão de frieza, vazio e impessoalidade.

A descrição perfeita da Princesa.

Lucy era a cor branca no seu excesso.

Mesmo com os cabelos negros como o breu, o seu branco não se pintava nem uma a gota a cinza.

Sendo totalmente o contrário do significado da cor de seus olhos, que eram de um verde perfeito, que significa esperança, liberdade, saúde e vitalidade.

Ela parecia sem esperanças, com aquela face entediada.

Estaria acorrentada a um casamento arranjado pelo resto de sua vida, e não era possível saber se ela estava doente ou não, olhando para ela. E Vitalidade... a Princesa tinha atitudes completamente previsíveis e lentas.

Demonstrando o quanto não se importava com nada.

O quanto estava respirando e vivendo no automático, sem aspirações a nada.

Meguri queria fazê-la sorrir, porque achava que era o certo.

E também, porque queria ver aqueles lábios inclinados em um sorriso.

Ou ir o som da sua voz numa melodia diferente quando risse. E a partir de agora, tentaria de todas as formas, fazer Lucy sorrir.

Provavelmente estava fraquejando os sentimentos em relação a ela. Mas... Meguri sempre adorou livros de mistérios, ou coisas que o deixassem pensativo.

Sua noiva... era exatamente assim.


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