Coração de Porcelana escrita por Monique Góes


Capítulo 50
Epílogo - Veneno


Notas iniciais do capítulo

Eu sinceramente não sei o que por aqui. Pessoalmente, conheço duas pessoas que leem CP, e uma terceira indiretamente (irmã de uma leitora), assim, não faço muito ideia de quem leu e quem não leu, se gostou ou não gostou. Mas, se você está lendo esse epílogo, eu agradeço por ter aguentado 48 capítulos até aqui! :D
E como a mão de ninguém cai, pelo menos aqui, pelo amor ao kokoro de uma escritora, por favor, digam o que acharam XD Nas notas finais, irei por um link para a continuação de CP, Cor do Pensamento (que também é CP! :v)
Ao epílogo!



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Epílogo – Veneno

O cheiro de queimado do lugar era horrendo.

Marc não ficara muito surpreso ao encontrar o clã Salazar em pedaços.

O símbolo da fênix matando os dois dragões estava gravado na parede da casa grande, e o local estava repleto de membros da família, empregados, animais e talvez até mesmo visitantes mortos. E pelo estado dos corpos, não eram mortes recentes.

Fizera bem em ter demorado o máximo possível para chegar lá.

E tivera muitas respostas ao encontrar o corpo de uma garota de no máximo uns dezesseis anos. Reconheceu-a como sendo Micaela Salazar, uma filha bastarda de Tatiana, esta sendo filha do líder do clã. O pai da garota era Demetrio Bessa, ninguém mais e ninguém menos que o homem que, assumidamente, tinha uns cem filhos espalhados pelo mundo.

A família sempre fora bem egocêntrica, e se pusera numa espécie de exílio auto – imposto quando a família Bessa havia sido reconhecida como a família bruxa mais importante de Portugal Claro que depois eles reataram laços, mas a principio, achava que eles tinham alguma reclamação a respeito do fato de Marc ser guardião de Luiza, que também era filha de Demetrio.

Como o ancião recorria de vez em quando ao acervo bibliotecário do lugar, achava que eles queriam fazer algum trato indigesto, como “abra mão da menina ou não te ajudaremos mais”. Coisas do tipo que sempre sabia como se desviar, mas no meio do caminho, as coisas ficaram estranhas. O cavalo cedido por Rosa ficara muito avesso ao lugar, e quando encontrou a primeira pessoa andando totalmente desgovernada, com um olhar vazio como se fosse um vegetal ambulante, reduzira ao máximo a velocidade.

E ali estavam, uma casa totalmente atacada por Amabosar. Era uma armadilha! Como se não estivesse preparado para aquele tipo de coisa.

Sinceramente, já vira tanta coisa nos últimos séculos que achava que mais nada realmente o surpreenderia, mas ali estava... Provavelmente aquela era a décima criança de Demetrio a morrer no ano, o que estava lhe dando a impressão de que os bastardos do português estavam sendo sistematicamente eliminados.

Iria levar um tempo. Ele tinha uns quinhentos anos, e era bastante tempo para sair fazendo filhos por aí. A grande maioria, pelo que sabia, também era bruxa.

Mas aquilo lhe levava a outra questão.

Se Demetrio houvesse se bandeado para o lado de Amabosar, aquilo era sério. Ele era um nobre de alto escalão, muitos contatos e altas habilidades mágicas.

Iria tirar Luiza do Brasil. Ela estava próxima demais à certos recantos que com certeza fariam alguma coisa.

— Triste, não é?

Precisou de um segundo para absorver a voz de Kisaiya.

— Por que saiu de Dhor Faldor?

— Você sabe o motivo.

Levantou-se. Ela era uma das poucas pessoas que conseguiam por Marc dentro de algum tipo de dilema moral, e ele não passara aproximadamente os últimos quatro anos afastado por nada. Fizera até mesmo questão de se afastar na pior hora possível para que ela ficasse com raiva dele e não quisesse vê-lo.

Se doía? Claro que doía. Mas depois de séculos perdendo pessoas importantes, aquela acabava sendo a melhor saída.

— É um tanto impróprio que discutamos alguma coisa numa cena de assassinato.

— É irônico que seja você a falar de impropriedades, Gwenael.

Sentiu a pontada de irritação vir com o nome. Olhou para trás, vendo-a de pé na varando atrás de si, o vestido de veludo verde parecendo brilhar, os cabelos negros caindo sobre os ombros nus. Ela era tão linda que doía.

— Certo, entendi a indireta. Mas é perigoso se alguma coisa acontecer à sacerdotisa de Dhor Faldor.

— Pare de palavras levianas, você só está tentando me provocar.

— Isso nunca nem passaria pela minha cabeça, Kisaiya.

Era óbvio que ele queria que ela fosse embora. Em longo prazo, seria melhor para os dois.

— Por que continua fazendo isso? Só está destruindo a si mesmo.

Sentiu seu maxilar se travando antes que pudesse resistir. Aquele era um dos pontos ruins de falar com ela. Kisaiya sempre dava um jeito de ver através dele, e quando a última coisa que você quer é que alguém descubra o quão fraco e patético realmente se era, aquilo era um problema. Principalmente sendo ela a última pessoa que ele gostaria que soubesse daquilo.

— Raiva. Vingança. Quando se passa uma vida com estes dois ideais, você não consegue se soltar deles.

— Você se encontrou com o seu filho, mas não disse nada. Pensei que uma das coisas que mais gostaria de fazer era poder encontra-lo.

— O que iria dizer? Que passei os últimos novecentos anos matando e torturando pessoas sem nem sonhar que ele existia?

— Você não fez só isso.

— A maior parte do tempo.

Ela deu um suspiro cansado e no segundo seguinte ela estava à sua frente. Sentiu os calafrios passando por sua espinha quando ela tocou seu rosto.

— Kisaiya, é sério...

— Eu não estou dizendo que é sério. Mas é você que escolhe quando se libertar desses dois ideais, mesmo que eles sejam um veneno que esteja o matando lentamente. “Marc” foi algo que você criou para se esconder, mas ele está o consumindo. Até quando vai ficar com isso? Quando a sua caçada acabar, ou Gwenael Guiscard desaparecer?


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Notas finais do capítulo

Cor do Pensamento, continuação de Coração de Porcelana:
https://fanfiction.com.br/historia/713226/Cor_do_Pensamento/
Até mais o/



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