Pedra filosofal: A maga e o cozinheiro escrita por João Gafanhoto Guerra


Capítulo 1
Elvorin de Ian


Notas iniciais do capítulo

A pedra filosofal é o sonho de muitos e mito de outros.

Temos que levar em consideração que por enquanto, pela ciência, a pedra filosofal não passa de uma lenda ou uma filosofia religiosa antiga, porém as estórias dizem ao contrário.

Espero que gostem do meu trabalho como escritor, pretendo seguir esse caminho e, quem sabe, viver dele.

Com carinho, Grasshopper.



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Há muito tempo existiram diversos magos e dragões nessa terra, nos primórdios de Eltharion, mas eles desapareceram misteriosamente; histórias contadas por gerações sobre dragões e magos eram motivo de risadas para alguns e para outros apenas invenção de quem não teve o que fazer, o fato é que, atualmente não existem muitos magos pelas terras, e muito menos dragões.

Em sua era de ouro o mundo era dividido entre humanos que conviviam com dragões e magos e entre humanos que viviam juntos expurgando qualquer mago que aparecesse em suas fronteiras e matando qualquer dragão que lhes fosse visto (quando conseguiam o grande feito de matar uma besta alada).

De uma hora para outra os dragões simplesmente desapareceram misteriosamente de Eltharion com quase todos os magos e assim começou a caça dos humanos contra os magos; a briga era inevitável, visto que, as maiores forças defensoras dos magos haviam desaparecido e, por causa disso, o misterioso desaparecimento ficou em segundo plano. O tempo passou e as peças do quebra-cabeça foram se encaixando para uma das sobreviventes da Grande Guerra (como em Eltharion foi chamada a chacina contra os magos). A história que venho contar a vocês é sobre uma maga que está tentando descobrir a verdade sobre esse desaparecimento e tudo começa na cidade de Elthth.

Uma maga chegou à Elthth, mas não uma maga qualquer, era Blair, uma maga poderosa, porém muito simples, sempre andava com uma velha capa preta que cobria todo o seu corpo, debaixo dessa capa havia uma calça bege escura e uma camisa azul marinho, tinha longos cabelos com tons de vermelho escuro e olhos castanhos claros. A estrada que havia trilhado até Elthth era larga e bem feita, pois havia a necessidade das pessoas usarem esse caminho para chegarem de Meddeth a Elthth e vice-versa. Essa estrada ficava a leste de Elthth, onde se encontrava uma árvore gigantesca e colossal chamada pelos nativos de Árvotorre, era conhecida como o ponto de referência da cidade na qual a maga queria chegar. Ela entra à estalagem debaixo de chuva, assim como em boa parte do caminho que acabara de fazer. Limpou suas roupas e arrumou seus utensílios até o anoitecer, teve uma boa refeição feita pelo próprio dono da estalagem (que não recebia muitos hóspedes) e ali mesmo adormeceu, num quarto bem confortável com um colchão de palha.

Logo era manhã e a maga havia acordado cedo, tinha um objetivo em mente, deveria procurar pela pedra filosofal dentro de um objeto, o Elvorin. Após andar um pouco por Elthth estava na frente do maior restaubar da cidade; nesse estabelecimento havia um espaço destinado a pessoas que ficam apenas bebendo e jogando cartas (geralmente esse lado estava sempre cheio), enquanto num outro espaço as pessoas iam almoçar ou jantar apenas para fingir sofisticação (que era um dos hobbies mais praticados pelos Elththianos). De vez em quando aconteciam algumas brigas no bar, e alguns cozinheiros eram treinados para agir em situações como essa, eles vinham em grupo (geralmente três) com uma faca em cada mão e diziam: “Alguém ai quer realmente brigar?”. Então a briga sempre terminava e meia hora depois os briguentos estavam se divertindo e bebendo juntos outra vez.

– Traga mais bebida! – gritou um gordo com um tom de voz alterado pelo álcool. – Estou aqui há meia hora esperando pra beber e nada!

– O problema é que você bebe rápido demais. Já pensou em beber um pouco devagar para a gente servir todos aqui? – Responde com sarcasmo ao gordo o garçom. – Se quiser pode ir reclamar com Ian...

– Deixa pra lá, da última vez que discuti com ele tive que ir beber no Nôi por uma semana. Aquele lugar é horrível! Quando puder traga mais bebida.

Entre as cartas e risadas todos logo percebem que a maga havia entrado no bar e todos olhavam para ela, poderia até ser uma ‘cidade grande’ como costumavam se auto proclamar, mas os bêbados do bar se conheciam e ninguém naquele bar a reconheceu. Depois dela se sentar numa mesa vazia as pessoas a esqueceram e continuaram a conversar e a beber (O que sinceramente faziam de melhor).

– Você é nova na região não? – pergunta o garçom olhando para maga. – Conheço o rosto de quase todas as pessoas da cidade.

– De quase todas as pessoas, não todas. – Disse num tom suave, olhando-lhe nos olhos com uma das sobrancelhas levantada. – Eu quero falar com o chefe, se possível.

– Bem minha senhora... Ruiva? – Sorri o garçom. –Como posso chamar o meu superior para falar com uma pessoa que nem mesmo sei o nome?

– Blair. Agora que já disse meu nome, poderia, por favor, chamar o chefe?

– É claro! Irei dizer que há uma estrangeira querendo falar com ele. Sejamos sinceros, nenhuma pessoa dessa cidade anda com um cajado por ai. – Sorri novamente e faz uma reverência. – Espero que goste do restaubar dos Cozu.

Após o garçom se virar e entrar na cozinha, a maga vê um homem de estatura média e acima do peso vindo em sua direção, cabelos cacheados pretos e curtos vestindo sua roupa cinza de cozinhar. O chefe percebeu rapidamente em que mesa deveria chegar, pois não era todo dia que via uma pessoa em trajes desleixados, principalmente uma mulher. Faz uma reverência, senta-se à mesa e sorri. Diz em seguida: “Algum problema com nosso Restaubar?”.

Blair o escara nos olhos por alguns segundos e o chefe repara em como os olhos dela eram bonitos e que se não fosse o conjunto de roupas velhas teria percebido isso mais cedo.

– Eu sei o que está com você Ian! Acabei de confirmar isso. – Com um tom sério e um olhar penetrante continua. – Se quiser saber mais sobre, eu vou estar na estalagem do Frei.

Ian olha sério para Blair e desfaz o sorriso de um jeito sem-graça do rosto. Não era uma conversa qualquer, ela sabia sobre “aquilo”.

– Elvorin é o nome daquilo. Não deve ser usado para coisas fúteis como você vem fazendo.

– Bom... Eu realmente não sei do que você está falando, mas sei que tenho trabalho a fazer, se isso é tudo que tem para me dizer, acho que já vou indo...

– Não se deve usar o Elvorin como você vem fazendo, a pedra filosofal é algo limitado, e eu preciso disso para descobrir o que houve com meu povo, vou te dar 24 horas para me procurar, se não fizer isso irei pegar o Elvorin sem a sua permissão e terminar o que já comecei.

– Isso não faz sentido algum, como você sabe o que eu venho fazendo? E como você sabe meu nome ou o nome do Elvorin? – Responde olhando atentamente ao cajado e imaginando se estava em algum tipo de alucinação; “Olhar nos olhos dela pode ser perigoso”.

– Eu consigo ler sua mente justamente porque você usou a Elvorin, e é por isso que eu sei que está com você. Magos normalmente não podem ler mentes, a não ser que um humano use magia, assim nós podemos ler a mente daquele humano até a sua morte. E não, olhar nos meus olhos não é perigoso. – Blair sorri e diz logo em seguida. – Não precisa acreditar em mim, realmente não existem muitos magos pelo mundo atualmente, mas nos tempos de ouro nós demos poderes para alguns humanos, e Elvorin foi o pior deles.

– E o que você vai fazer a respeito disso? – Ian pensa em correr, mas lembra que sua mente está sendo lida pela maga, e se questiona sobre a veracidade do que ela diz. – Proponho o seguinte, irei escolher um número de 1 a 10000, se você acertar eu irei no Frei hoje no final da tarde, se não espero que nunca mais cruze meu caminho de novo, e não precisa pagar pelo que comeu, costumamos dar as sobras aos mendigos, mas hoje farei uma exceção a você, pode comer o que quiser.

– Enquanto você falava estava em dúvida entre o 268 e 703, mas no final escolheu 703 pelo fato de seu número favorito ser o 3. Espero você na estalagem, e traga o Elvorin consigo.

Ian olha pasmo para Blair, ele realmente havia cogitado os números 268 e o 703, porém escolheu o último por conter seu número da sorte. Olhou novamente para o cajado e voltou para a cozinha, mas não conseguiu cozinhar nada como fazia e chegou a estragar uma sobremesa de abacaxi (estragou logo sua sobremesa favorita). Ao sair da cozinha Blair já não estava mais lá, logo pensou que deveria buscar o Elvorin e escutar o que a maga ia lhe propor.


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Notas finais do capítulo

Se leu até aqui deixe sua opinião. Criticas sempre serão bem-vindas.

Enjoy.



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