Os Jogos Dos Deuses escrita por Tsumikisan


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

todo --//-- significa passagem de tempo, longa ou não. Quaisquer erros, podem me avisar que eu corrijo :3



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— E se ao invés de mandarmos só uma coisa, mandássemos uma cesta com vários presentinhos? - Jimmy, do chalé de Zeus, sugeriu. – Ai quem receber, divide com o resto!

— É uma boa idéia. – Milord concordou, sem prestar atenção de verdade.

— Isso é, se eles quiserem dividir. – Liv suspirou. – Considerando o que está em jogo...

— Eu poderia pular lá e descobrir um meio de sair... – Mai, de Ares, resmungou batendo o pé freneticamente na grama.

— Não, eu não posso pedir nem deixar que nenhum de vocês se arrisque. – Milord olhou para ela sério. – Não sabemos onde aquilo pode parar.

Ele voltou então sua atenção para o que estava fazendo. Para alguém de fora, iria parecer uma cena ridícula, mas todos os envolvidos estavam absolutamente concentrados. Brenda segurava uma mangueira e deixava a água jorrar em uma posição estranha, mas que formava pequenos arco-íris. Nico estava do lado dela, segurando uma bolsa cheia de dracmas, que Milord pegava a jogava nos arco-íris com força, recitando em voz alta todas as vezes: “Oh Íris, Deusa do Arco-Íris, aceite minha oferenda” e em seguia dizia o nome de algum deus olimpiano. Porém mesmo que ele colocasse o máximo de convicção em suas palavras, o arco-íris tremulava e desaparecia instantaneamente sem deixar respostas.

Já haviam se passado três dias desde o ocorrido e os Deuses não davam satisfação. Rachel não conseguia ver nada relacionado a eles, as preces e as oferendas eram ignoradas e nem mesmo as mensagens de Íris ou o correio de Hermes funcionava. Milord tentou fazer com que as coisas continuassem como antes, mas podia sentir a tensão em todos os campistas, por isso convocou um conselho de guerra. Como boa parte dos lideres de chalé haviam sido levados, ele teve que se contentar com seus substitutos. O principal problema no momento era como eles decidiriam quem merecia receber um “presentinho” do acampamento.

— Não é questão de merecer. – Foca, que estava no lugar de Frost como líder de Hermes e também como pessoa que mais falava na cabeça de Milord, disse. – É questão de necessidade. Quem precisa mais? Por que da mesma forma que tenho certeza que tem gente nesse jogo que vai se virar numa boa, outros vão se ferrar bonito. São esses que precisamos ajudar.

— Não é tão simples. Pedi um filho de Hefesto e uma filha de Hecate para analisarem O Buraco ontem e segundo eles há algum sistema de pressão ali. Já sabemos que para enviar os presentinhos, vamos ter que pagar em dracmas, e o filho de Hefesto acha que quanto mais pesado for, mais caro vai ser.

O Buraco era algo como um cilindro de metal de cinquenta centímetros de diâmetro que parecia ter brotado bem em baixo da grande mensagem de íris onde agora todos os dias eles podiam ver seus amigos treinando para os jogos. Segundo Nêmesis, ele só se abriria uma vez por dia exatamente a meia noite para que depositassem ali algo para ser enviado a um dos tributos e era necessário pagar para que fosse enviado. Milord realmente não entendia porque os deuses precisavam de MAIS dinheiro, mas...

— Gosto da idéia do Jimmy. – Nico comentou, chutando a grama com força. – Mas temos que mandar para alguém que não se deixe iludir com a promessa de ser um Deus.

— E quem não iria querer ser um Deus? – Liv revirou os olhos. – Ninguém ali é confiável até segunda ordem.

— Não se esqueça que aqueles ainda são nossos amigos Liv.

Nossos amigos, sim. – Mai refletiu, suspirando. – Mas será que ainda são amigos uns dos outros?

Ela e Nico começaram a discutir à altas vozes, mas Milord mais uma vez os ignorou, absorto em seus próprios pensamentos. Mesmo que não quisesse admitir, Mai tinha razão. Se tornar um Deus era um prêmio muito alto e ele conhecia cada um dos campistas como a palma de sua mão. Sabia que alguns dos que lutariam naquela arena não hesitariam em fazer o possível para vencer. E por isso precisava descobrir o mais rápido possível como tira-los de lá.

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Bella passava um bom tempo na sessão de como identificar alimentos perigosos. A maioria dos garotos preferia treinar com armas, algumas incríveis nunca vistas no acampamento, mas não ela. Era uma garota pequena e não se daria tão bem com uma arma pesada quanto seu namorado, GG, e já sabia manusear bem uma faca. Por isso achava que seria mais útil aprendendo como sobreviver onde quer que fosse. Hoje a instrutora estava explicando a ela e a outra garota de Afrodite, Rayssa, como identificar cogumelos comestíveis.

GG estava brincando na sessão de lanças e tridentes. Ele era muito bom naquilo, acertando todos os alvos que a instrutora colocava para ele, sendo superado apenas por Wlad. Bella tentava a todo custo não analisar o treinamento dos outros, mas era muito difícil não encara-los como inimigos. Ela havia visto o brilho nos olhos deles quando Nêmesis anunciou o premio e sabia que seria complicado para ela, sozinha, vencer.

Por isso, no dia seguinte ao que acordaram naquele lugar estranho, ao descer para a sala de treinamento, ela chamou o namorado em um canto e contou suas preocupações. Ele concordou e disse que eles poderiam se juntar com seus amigos e que eles se protegeriam até restarem poucos, então os dois poderiam fugir juntos.

— Então seremos eu, você, Leo, Brant e Wlad contra os outros. – GG deu um sorriso que deveria significar “muito fácil”. – Mais alguém?

— Iolanda e Rayssa, do meu chalé. – ela havia respondido. – Mesmo aqui, sou a líder delas. Preciso protegê-las... Até que não possa mais.

Então eles tinham uma aliança. E ela não poderia escolher uma aliança melhor, já que estava entre os garotos mais fortes do acampamento. Confiava neles, mas sabia que no fim poderia apenas contar com o namorado e com a própria pericia, por isso também treinava.

Cada garoto e garota tinha um andar só para eles, com dois quartos, uma sala incrível com televisão e jogos e uma cozinha onde a comida aparecia magicamente pronta na bancada todos os dias. Mas mesmo nos andares superiores onde ficavam os quartos não haviam janelas, o que era estranho e atiçava ainda mais a curiosidade para saberem onde estavam. Bella dividia seu quarto com Maro, um filho de Zeus que havia sido apadrinhado por Afrodite. Eles nem mesmo se davam bom dia, o que era uma boa escolha, já que ela poderia ter que mata-lo e temia não conseguir se criasse alguma amizade.

O próprio estava treinando com uma espada em uma sessão distante dali, sendo observado por seu namorado, Rubens. Os dois também haviam combinado uma aliança, mas diferente de Bella, Rubens acreditava que não deveria confiar em mais ninguém ali. Seu pai, Hades, havia confiado nos irmãos e sempre acabava mal nas historias. Não teria ter que matar ninguém, mas não queria morrer também, então tinha que fazer o necessário.

Agora faltavam dois dias para a tal entrevista e todos estavam ansiosos. Queriam impressionar os Deuses para que se dessem bem na arena e para isso precisavam saber o que dizer. Quais eram suas qualidades? O que poderiam fazer para vencer? Muitos já pareciam convencidos de que iam conseguir patrocinadores, como Frost, que assistia à aula de construir arapucas com um sorriso irônico nos lábios. Já outros estavam nervosos, como Adrila, que não sabia exatamente o que dizer para convencer a todos que poderia vencer aquilo.

E também haviam aqueles que, como Nat, achavam que não precisavam dos patrocinadores para vencer. Ela e as irmãs, Quez e Mands, haviam se aliado a Ray e Michel para conquistarem juntos a vitória. Estava certa de que ninguém seria pareo para três filhas de Ares aliadas a dois filhos de Zeus. A única preocupação deles seriam aqueles caras cujos braços eram maiores que a própria cabeça. Podiam não ser lá inteligentes, mas eram todos filhos dos Três Grandes e bem fortes.

Faltando apenas algumas horas para a entrevista, todos treinavam em silencio. Wlad assistia Brant e Leo em uma luta, parecendo pensativo. Estava com remorso de não ter chamado sua irmã Ias para a aliança, mas tinha certeza de que ela só o atrasaria. Tentava se tranquilizar dizendo a si mesmo que ela tinha se juntado a Trindade, Luke e Dohan, mas eles também não pareciam as melhores pessoas para protegê-la. Teria que arrumar um jeito de ajuda-la sem que seus amigos soubessem.

Ele foi despertado de seus pensamentos pela voz de Gabi, que ecoou por todo o centro de treinamento quando ela largou as adagas com que treinava no chão e disse:

— Não aguento toda essa tensão. Eu vou tomar um banho e ir me arrumar de uma vez.

Ela saiu com pressa da sala, deixando todos com expressões confusas. Luke, que era do mesmo chalé e apadrinhado pela mesma Deusa, olhou para todos e disse que ia ir acalma-la. Depois disso, ninguém mais conseguiu ficar concentrado nas atividades e um a um foram para seus andares se arrumarem para a noite de entrevistas.

Assim que entrou em seu quarto, Trindade arregalou os olhous para o vestido pendurado na porta. Era branco marfim e bem rodado, com um cinto florido na cintura e vinha acompanhado de um véu que se destacava bem em seu cabelo preto. Quando o colocou, sentiu-se uma verdadeira noiva. Só podia ter sido idéia de Hera mesmo. Ela terminou de se arrumar e saiu do quarto se sentindo bem calma apesar de todos os acontecimentos. Arthur, filho de Horkos também apadrinhado por Hera, já a esperava. Ele vestia um terno bem passado com uma flor branca igual ao vestido de enfeite.

— Nossa. – Ele olhou Trindade de cima a baixo. – Minha namorada vai me matar.

— Não é como se realmente estivéssemos casando. – Ela deu de ombros, arrumando a gravata dele. – E eu já tenho muitos caras pra fazerem as coisas por mim, não preciso de um com namorada.

Touché. Vamos?

No quarto havia um elevador que os levava para os lugares certos sem que eles tivessem que apertar botões. Assim que entraram a porta fechou e eles começaram a se deslocar rapidamente... Para a direita. Nada ali parecia agir da forma normal que as coisas deveriam agir e Arthur já estava começando a se acostumar com isso. Se estivesse com a namorada ali e quem sabe não morresse no dia seguinte, ele com certeza deixaria tudo para trás para ficar naquele lugar.

O elevador parou em um lugar o qual eles não haviam visitado antes. Parecia os bastidores de um show, com araras de roupas e cabines de maquiagem. Algumas garotas não conseguiam arrumar o cabelo ou a maquiagem sozinhas e pediram ajuda para as instrutoras, que agora andavam de um lado para o outro atendendo pedidos. Elas nunca tinham nenhuma expressão no rosto, assim como a primeira mulher que conversou com eles quando chegaram ali, pareciam robôs.

As roupas estavam incríveis, aliás. Os apadrinhados por Zeus usavam roupas luminescentes que pareciam pura energia. As de Poseidon eram feitas de tecidos leves e quando Ias se movia parecia que estava dentro d’água. Aron vestia algo num estilo bem steampunk, com engrenagens e um tom de ferrugem que não deixava de ser bonito. Mas é claro que todos os olhares estavam em Bella, que estava estonteante no vestido vermelho tomara que caia que Afrodite havia escolhido para ela.

Então as entrevistas começaram. Ray foi a primeira, parecendo nervosa ao entrar na cortina vermelha que separava o palco dos bastidores. Eles podiam ouvir sons de plateia a medida que Ray respondia as perguntas de Nêmesis. Trindade se perguntou se eram os Deuses ali, assistindo-os. Leo foi logo em seguida e a plateia pareceu aprovar, com muitas risadas e sons de exclamação. E então era a vez dela. Respirou fundo e ergueu a cabeça, ajeitando a postura como havia aprendido nos anos de curso de modelo. Com um sorriso no rosto, ela andou confiante e passou pela cortina...

... Só para descobrir que não tinha ninguém assistindo. Era apenas um palco com muito brilho e duas poltronas roxas no meio, uma delas ocupadas por Nêmesis e sua inseparável balança. Não havia nem um espaço para plateia, mas Trindade pode ouvir os sons de admiração quando entrou. Sem vacilar, ela se aproximou da Deusa, que lhe cumprimentou com dois beijinhos no rosto. Ela fazia perguntas rápidas e vazias, enquanto dava risadinhas horríveis.

Foi uma situação muito estranha. Todos os outros semideuses que vieram depois sentiram o mesmo, como se estivessem sendo feitos de bobos pelos Deuses. Parecia totalmente idiota que todo aquele teatrinho ia fazer com que no final um deles virasse um Deus também e acabasse fazendo outros semideuses parecerem ridículos. Apenas duas entrevistas foram realmente interessantes, fazendo a plateia ficar completamente silenciosa. A primeira foi de Iolanda.

—Iolanda! Você está radiante, como um raio de sol. – Nêmesis disse.

— Talvez por que Apolo tenha me apadrinhado. – A garota disse secamente.

— É claro, mas será que Apolo soube bem escolher? O que você acha que tem de interessante para que o grande Deus Sol tenha te escolhido acima de alguma das filhas dele?

— Bem... – Iolanda sorriu e sua voz mudou drasticamente, ficando mais doce e cantada. – Eu sou uma ótima lutadora não sou?

Não era. Mas Nêmesis respondeu mesmo assim, parecendo encantada:

— Sim, você é.

— E também vou ganhar muitoooos patrocinadores, não vou?

— Sim, sim! – Nêmesis parecia em êxtase. – Eu mesma vou te patrocinar! Tudo por você!

— E eu devia mesmo ganhar. – ela completou com uma piscadinha.

— Devia!? Deve. Não, você vai. MATEM OS OUTROS, QUEM PRECISA DE COMPETIDORES?

A Deusa se levantou e começou a andar em direção da cortina, mas parou no meio do caminho, inclinando a cabeça, parecendo ouvir algo. O ar enevoado que havia tomado conta dela enquanto Iolanda falava sumiu e ela andou igual um robô de volta para a poltrona, abrindo a boca em um sorriso assustador.

— Ah! Você é engraçada querida. Já pode ir. O próximo.

Nenhuma outra entrevista deu tão certo. Os semideuses pareciam surpresos com o feito de Iolanda e ainda mais inseguros quanto as suas chances de vencer. E até mesmo a apresentadora estava mais quieta e distante, sem as brincadeirinhas e risadinhas. Julia, filha de Poseidon e apadrinhada por Hermes, havia conseguido apenas um sorrisinho compreensivo de Nêmesis antes de ser dispensada. Segundos depois Frost sentou-se na cadeira em que ela estava, sorrindo abertamente.

— Bem-vindo Pedro. Então, o que está achando?

— Absurdamente fácil. Bem, vai ser complicado lidar com alguns, mas, no geral? – ele deu de ombros. – Vocês não estão fazendo um show muito bom.

— Ah, não querido, o show está incrível. A plateia adora vocês, não vê?

Um som de concordância se espalhou pelo palco. Frost revirou os olhos e acenou com a mão como se dissesse “ah pare, vocês são muito melhores”.

— Mas a questão é, por que você acha que está tão fácil? O que você tem que os outros não tem?

— Uma boa estratégia. E uma ótima aliança também. – Frost cruzou os braços. – Também gosto de pensar que nesse jogo, serei como uma cobra, entende? Quieta, silenciosa e impossível de prever. Eles nunca vão me notar, até ser tarde demais e eu dar o bote.

— Confiança, a plateia gosta disso! – Nêmesis riu e o publico invisível a acompanhou. – Mas...

— Você é tão previsível quanto os outros competidores, Deusa. – ele a interrompeu sem nenhuma delicadeza. – Não condiz com a senhora da vingança, justiça e esses blablablas todos. Então eu tenho uma pergunta para você.

— Acho que seu tempo já acabou. – ela respondeu, friamente. – O próximo.

— Eu quero saber quem na verdade, - Frost a ignorou. – sequestrou a essência da Deusa da Vingança e agora está manipulando ela.


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Notas finais do capítulo

Eita, até que ficou grande esse q. Se vocês ficarem com preguiça de ler vão apanhar ò_ó



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