Os Jogos Dos Deuses escrita por Tsumikisan


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Gente :c



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— Estão todos aqui? – Marina perguntou, tentando parecer saber o que estava fazendo.

— Não. – Frost disse, fazendo uma rápida contagem. – Faltam três que ainda estão vivos. Acho que são GG, Bella e... Wlad?

Ele olhou para Rubens em busca de confirmação, mas o garoto estava ocupado abraçando Nico, um velho amigo e pondo em dia as novidades. O filho de Poseidon riu e deu um tapinha no ombro dele, dizendo:

— Dezessete dias aqui e continua tão pequeno quanto na ultima vez que te vi, cara.

— Cale a boca. – Rubens revirou os olhos e enfim percebeu que olhavam para ele. – Desculpe, não ouvi. O que foi?

Frost fez um muxoxo de impaciência, mas a atenção do garoto não estava mais nele, e sim na filha de Ceto, a qual encarava com certa confusão no olhar. Marina evitou encarar de volta, apenas balançando a cabeça afirmativamente, pensando no que Frost dissera. Gostaria de voltar o mais rápido possível para ajudar o garoto chamado Wlad, mas não podia terminar sua missão sem encontrar os outros dois. Olhou ao redor, para os treze tuneis que os cercavam, apreensiva. Eles poderiam estar em qualquer um deles. Mas ela não queria se separar, tão pouco.

— Certo. – ela desistiu, olhando para os semideuses. – Alguém tem um plano?

Adrila levantou a mão timidamente e todos olharam para ela, surpresos. A garota apontou para um dos túneis, não estando acostumada a ser o centro das atenções, e disse olhando fixamente para ele:

— Bella e GG estão vindo por ali. Se andarmos rápido, poderemos encontra-los a tempo.

— Como você sabe disso? – Michel perguntou, surpreso.

— Ah, não importa. – Frost fez um gesto de descaso. – Mas como assim a tempo?

Adrila fechou os olhos, franzindo o cenho parecendo procurar algo em seu interior. Quando os abriu, respondeu:

— É a Bella. Tem algo errado com ela.

—Então estão esperando o que? Vamos logo! – Nico disse, já indo na direção que a garota indicava.

Eles correram. Era estranho para os jovens que estavam na arena ficar tão próximos de pessoas novamente. Adrila, por exemplo, não via nenhuma pessoa a pelo menos quinze dias. Frost olhava para todos com desconfiança e Rubens olhava para Frost com desconfiança. Michel estava até satisfeito, para não dizer feliz, de ter encontrado todos e estarem saindo dali.

Viraram em uma curva e enfim encontraram GG. Pararam no ato, chocados. Adrila colocou a mão na boca e Sofia emitiu um ruído de engasgo. Os garotos se entreolharam, nervosos e parecendo não saber como proceder diante daquela cena.

Bella... Bem, ela não parecia ela mesma. Estava toda inchada e com veias aparentes pulsando pelo corpo. Seus olhos estavam vermelhos e seus lábios ressecados. Parecia muito pequena, encolhida nos braços de GG, que a carregava. Ele também parecia desolado, o rosto branco feito papel e ar desesperado. Quando viu a trupe que se aproximava, ele parou bruscamente, franzindo o cenho, pensando nas possibilidades. Não podia lutar com todos nem se quisesse. Mas também seria complicado passar por tanta gente até pegar o remédio que Bella precisava. Não tinha tempo para nenhuma dessas coisas, na verdade, por isso voltou a andar com resignação e dizendo num tom alto e perigoso:

— Deixem-me passar. Ela precisa do remédio.

Para a sua surpresa, eles se afastaram em silencio, encostando-se nas paredes da caverna e deixando que ele passasse sem pestanejar. GG continuou seu caminho com passos firmes, mas não tardou a correr na direção da caverna. Os outros ficaram parados, sem saber exatamente o que fazer. Marina por fim suspirou e decidiu ir atrás dele.

De volta a caverna com a cúpula, tudo parecia calmo, exceto pelos soluços altos de GG. Ela olhou assustada ao redor, vendo o lugar pela primeira vez como estava realmente. Leo e Michel haviam destruído tudo com seus raios. A mesa onde as mochilas estavam parecia ter sido reduzida a pó e as próprias mochilas jaziam no chão chamuscadas e parcialmente queimadas. Algumas haviam se desintegrado completamente, mas seu conteúdo estava espalhado pelo chão. GG estava ali, procurando entre os restos de forma tocante. Marina se aproximou e tocou o ombro do rapaz, que ficou instantaneamente tenso.

— Como é? – ela perguntou.

Ele ficou em silencio por um tempo, mas acabou admitindo:

— Não faço idéia. Pode ser uma seringa pequena, ou um único comprimido, ou um xarope. Não sei!

Ele reprimiu um soluço seco, pois as lagrimas não caiam. Continuou a procurar, abrindo as mochilas que restavam, tão frágeis após serem expostas aos raios que rasgavam ao menor toque. Marina se ajoelhou ao lado dele e começou a procurar também, reparando com o canto do olho que ele tinha deixado Bella encostada em um canto, repousando. Ela não respirava com facilidade e o ar fazia um chiado estranho ao ser expirado e inspirado.

— Onde? Onde?! – Ele gritava, nervoso.

Marina não quis dizer o que se passava em sua cabeça. Um vidro de xarope ou uma seringa teriam sido facilmente quebrados na confusão que Leo e Michel causaram. Uma pílula provavelmente desapareceria na confusão, sendo praticamente impossível de encontrar. Seus poderes não eram o suficiente para curar algo daquela magnitude, nem se tentasse. O maximo que poderia fazer era deixar que Bella partisse sem dor, mas admitir isso seria declarar que ela não tinha esperanças. Por isso continuou procurando arduamente.

A voz que os atingiu era tão fraca e acabada que teria sido quase impossível ouvir. Mas de alguma forma GG a sentiu e foi até ela, tomando sua mão entre as suas. A garota abriu os olhos lentamente, como se até aquele movimento lhe custasse. Marina também se aproximou, com um suspiro audível.

— Não adianta, não é? – Bella murmurou a um grande custo.

— Não diga isso. Eu vou encontrar. Está em algum lugar aqui. – ele olhou em volta, preparando-se para voltar a sua busca, mas Bella o impediu.

—Tudo bem. Eu aceito esse destino. Vou me juntar a Iolanda e Rayssa, minhas queridas irmãs. – Bella forçou um sorriso.

Lagrimas teimosas caíram sobre as bochechas de Marina. Em todos esses anos na corte de Poseidon, ela nunca tinha visto uma morte. Ainda mais tão triste. Sentia-se um pouco deslocada, como se não devesse estar assistindo a cena, mas assim que pensou em sair, Bella olhou para ela e franziu o cenho.

— Quem é você? – perguntou, num tom mais baixo que o anterior.

— Me chamo Marina. Vim salvar a todos. – ela respondeu.

— Que bom. – A filha de Afrodite parecia realmente contente. – Você ficara a salvo então, amor. Isso é muito bom. Pelo menos não terei morrido em vão.

—Não diga isso! – Agora GG também chorava e não tentava esconder. – Você não vai morrer. Você vai...

— Apenas descansar por algum tempo. – Marina disse serenamente. – Não será a ultima vez que nos veremos, eu te prometo.

Bella sorriu novamente e fechou os olhos. GG hesitou, segurando a mão dela com força. Para sua surpresa, ela ainda encontrou forças para sussurrar:

— Não espero que seja tão cedo. Nenhum de vocês.

— Bella. Por favor, não. Amor, por favor...

Ela não respondeu. Apenas ressonava baixinho, com dificuldade. Marina limpou as próprias lagrimas e sem esperar que GG fizesse alto, soprou suas pequenas bolhas na direção da menina. Elas cobriram seu corpo por inteiro, obrigando o garoto a soltar sua mão. Quando desapareceram, Bella não estava mais ali. Marina se levantou e virou-se de costas, dando um tempo para GG se recompor. Passaram-se cinco minutos até ele se por de pé ao seu lado. Era muito mais alto que ela, mas mesmo assim ela deu uma batidinha leve em seu ombro.

— Acalme-se. Ela nos verá novamente. Mais cedo do que imagina.

–-//--

Milord olhou abismado para os Deuses. Por um instante achou que fosse sua cabeça lhe pregando uma peça, mas pelo grunhido de Ana ao seu lado e o gemido de pavor de Jimmy lhe indicaram que aquilo era bem real. Zeus continuou esperou pacientemente que todos os outros espectadores rugissem em aprovação antes de continuar seu discurso:

— As regras continuam as mesmas. Um vencedor, que se tornara um de nós.

— UM DE NÓS! - A multidão rugiu em uníssono. - UM DE NÓS!

— Não acreditem em uma palavra que ele diz. - Milord sussurrou para os outros. - São loucos, todos eles.

— Não são eles. - Ellen disse em resposta. - Veja bem os olhos. Há algo errado.

— O que importa? Vão nos matar de qualquer jeito! - Jeff resmungou. - Vamos embora? Ou lutaremos?

—Parece que nossos heróis precisam de um incentivo! - Zeus riu e os outros o acompanharam. - Soltem a Hidra!

Ouviram o rangido de um dos portões ao redor deles se abrindo e um rugido que parecia vir de pelo menos cinco cabeças. Os semideuses se viraram para o som, já em formação de combate. Da porta que havia sido aberta uma hidra raivosa saia, ladeada por quatro ciclopes adultos enormes. A multidão foi a loucura quando os ciclopes avançaram, brandindo clavas e porretes. Mai atacou um deles, chutando com força a sua barriga e quando este se curvou, batendo no capacete dele com o cabo da espada, deixando-o tonto.

— Essa é minha garota! – Ares riu, mas sua voz parecia distante e metálica, assim como a dos outros.

Ana atacou outro dos ciclopes e ficou levemente chocada quando notou que a multidão estava gritando seu nome. O monstro era lento e até meio burro e ela não estava realmente tendo dificuldades, assim como Brenda e Jeff que também lutavam contra ciclopes. Tudo aquilo parecia mais uma encenação tosca do que uma batalha real.

Por outro lado, aqueles que não lutavam contra ciclopes pareciam estar enfrentando algumas dificuldades. A Hidra sibilava, atacando com todas as cabeças ao mesmo tempo, seus vários pares de olhos acompanhando cada movimento dos semideuses. Em algum momento Edu cometeu a bobagem de cortar a cabeça contra a qual estava lutando, e outras duas surgiram em seu lugar. Moose murmurou um palavrão quando mais de uma cabeça tentou acerta-lo, mas ele conseguiu se safar por pouco.

— Temos que mandar um sinal para os outros! Avisar que estamos em perigo! – Mai disse, limpando a espada da sujeira do ciclope que acabara de matar e se juntando instantaneamente a luta contra a hidra.

— Tem razão! – Milord gritou de volta, tentando pensar num plano sem deixar de se concentrar. – Certo. Alguem tem algum jeito de mandar uma mensagem para lá?

— Pensei que você tinha! – Ellen revirou os olhos e na distração acabou sendo acertada pela garra da hidra.

— Não pensei que chegaríamos a esse ponto! – ele retrucou.

— Ah, parem de brigar, vocês dois! – Ana finalmente havia acabado com seu ciclope e fincou a própria espada, negra como a noite, no chão. Uma fissura separou o chão do coliseu em dois e fez com que os amigos, a hidra e os ciclopes restantes se desequilibrassem.

Dez esqueletos saíram de lá, vestidos para a batalha. Um deles se aproximou e curvou-se para a garota, a espera de ordens.

— Avise ao filho de Plutão que estamos com problemas. – Ana pediu e apontou para outros dois esqueletos. – Vocês dois, vão com ele. O resto, avante!

Ela entrou na luta contra a hidra também, que agora tinha pelo menos quinze cabeças. Os amigos estavam em sérios apuros, pois não conseguiam se aproximar do corpo do animal sem serem emboscados por suas presas malignas.

— Puta que pariu cara, parem de cortar as cabeças desse troço! – Mai resmungou, tentando distrair uma delas para que Ellen pudesse passar e acertar o corpo. O plano não funcionou.

— É o retardado do Edu! – Brenda, que havia se juntado a eles, disse, esquivando-se.

— Ei! É isso ou ser mordido por essa coisa! – Edu se defendeu.

Ellen não conseguiu passar e jogou a espada no chão, irritada. Pegou seu arco e atirou com perfeição no ponto em que tentavam acertar. As cabeças do bicho rosnaram e sibilaram, descontentes. Apolo, de seu pódio, gritou com animo:

— Viram essa?! Minha filha, pessoal!

—Qual o problema deles? – Ana perguntou, protegendo Ellen enquanto ela atirava mais flechas.

— Parecem hipnotizados. – Milord disse, pensativo. – Mas eu não sei como...

Ele parou de repente, a compreensão se espalhando por seu rosto. Brenda teve que cortar uma das cabeças que ia atingi-lo e mais duas nasceram no lugar, mas ele nem percebeu. Disse, parecendo falar mais consigo mesmo do que para os outros:

— Os Jogos. Eles foram hipnotizados através dos Jogos.

— Você ta me dizendo que eles foram alienados pela TV? – Brenda grunhiu. – Você só pode ta brincando com a minha cara.

— Então por que ainda estão assim? Se os Jogos acabaram... – Edu acabou cortando mais uma cabeça da Hidra sem querer. Brenda começou a xinga-lo.

— Eu não sei. Tem algo de diferente aqui. No ar, não sei. – Milord comentou, finalmente atingindo um golpe na barriga. A hidra toda tremeu, e se redirecionou para ele.

Os semideuses se entreolharam, confusos. Não tinham a menor idéia do que o líder estava falando. Talvez realmente houvesse uma maldição e ter subido até ali o tivesse deixado biruta. Mas Milord sentia algo. Era como se o ar estivesse pesado e poluído, como se seus pulmões tivessem que trabalhar o dobro para conseguir funcionar. Disse isso em voz alta, a par de que Moose respondeu:

— Me parece o ar que respiramos lá em baixo se quer saber.

Uma luz se ascendeu por trás dos olhos de Milord quando ele disse aquilo. O homem concordou freneticamente com a cabeça, deixando os amigos ainda mais confusos.

— Deuses não respiram o mesmo ar que há na terra. Eles respiram o Éter. O ar puro. – Ele explicou, conseguindo mais uma vez acertar a Hidra no estomago. O bicho cambaleava, meio fraco, seus olhos meio zonzos, sem conseguir focar em um combatente em especifico.

— Ta me achando com cara de filho de Atena? – Jeff, que finalmente havia derrotado o ciclope contra o qual lutava, perguntou. – Explica isso ai!

Agora todos investiam contra o corpo da Hidra, que emitia sons de agonia, não sabendo como atacar de volta. Milord lhe deu um ultimo golpe fatal, subindo em uma das cabeças para tomar impulso e enfiando sua espada até o fundo nas costas do monstro, que explodiu em milhões de pedaços cinzentos e gosmentos.

— Não há Éter aqui. A mente deles está poluída com o nosso ar, tornando mais fácil manipula-los.

— O que vamos fazer então? – Jimmy perguntou, nervoso.

A multidão clamava por sangue. Os Deuses rugiam, querendo mais lutas. Milord olhou para cada um dos companheiros e disse, bem sério:

— Vamos fingir que estamos lutando até que Michael apareça com reforços. Depois, precisamos encontrar o local de onde o sinal da hipnose está sendo transmitido e acabar com ele.

–-//--

— Wlad? Wlad!

O garoto ouvia seu nome sendo chamado, mas achou bastante incomodo. Não queria se levantar. Estava tão tranquilo ali. Ele sentia como se estivesse flutuando em uma cama bem macia.

— Wlad!

O sonho era bom também. Não sonhava algo bom a muito tempo, talvez desde que entraram naquela aventura maluca, então era a primeira vez que isso ocorria. E como todo sonho bom, era inevitável que Manu estivesse presente naquele. Afinal, eles se gostavam a algum tempo e se ele pudesse escolher algo na arena para sentir falta era dela. Não que quisesse que ela estivesse ali, nunca em mil anos iria desejar isso obviamente. Durante aquelas semanas não havia pensado muito nela, com tudo que andara acontecendo, mas agora todas as lembranças voltavam com força. Talvez ter quase morrido tenha ajudado.

No sonho, eles estavam no acampamento, assistindo aos fogos do quatro de julho. Parecia ter sido a mil anos atrás, mas era apenas pouco mais de um ano. Na época, a garota ainda namorava com Stark, o conselheiro de Hades e todos assistiam aos fogos juntos. Mas no sonho, ele estava sozinho com Manu, em uma toalha bem bonita estendida na areia. Ela sorria, parecendo brilhar como o sol, emanando uma energia positiva que o deixava em paz. Wlad passou o braço pelos ombros dela, puxando-a para mais perto, enquanto assistiam os fogos que os filhos de Hermes haviam preparado. No fundo, tocava uma música razoavelmente antiga, de uma cantora chamada Maria Gadú.

— Estava com saudades. – a Manu do sonho declarou com calma, apoiando a cabeça no peito do garoto.

— Eu também. – ele sorriu, erguendo o outro braço e passando a mão de leve pelo cabelo dela. – É bom estar de volta.

— WLAD! – a voz continuava a chama-lo, parecendo bem distante.

— Por favor, não suma nunca mais ok?

— É claro que não. – Wlad respondeu, erguendo o queixo dela para que pudesse olha-la nos olhos. – Nunca mais vou te deixar, eu te...

Alguém o puxou para fora d’água. O ar em contato com sua pele fez com que ele estremecesse e abrisse os olhos. Tinha um gosto metálico na boca e sentia dores em tantas partes do corpo que ele nem tinha uma noção certa de onde realmente estava machucado. Haviam várias pessoas ao redor dele, olhando-o com curiosidade. Alguem estendeu a mão para ele e com algum esforço o ajudou a se levantar.

— Você podia pelo menos ter nadado sem camisa, seria uma visão interessante. – Frost comentou e Marina reprimiu uma risada.

— Cara, achamos que você estava acabado. – Michel sorriu, dando-lhe tapinhas no ombro.

— Eu também achei. – Wlad esticou os braços, flexionando os músculos doloridos. Queria voltar a sonhar, mas sabia que agora não era hora para isso. - Estão todos bem?

— Relativamente. – Rubens disse, sombrio. – Mas vai melhorar. Nós vamos embora daqui!

—É surpreendente que o filho de Hades não tenha me matado ainda, na verdade. – Frost alfinetou. – Não que fosse conseguir.

— Agora, escute aqui eu...

— Tá gente, não temos tempo para isso! – Nico olhou para os dois, zangado. – Temos que sair. Cada filho de Poseidon pode ajudar alguém a atravessar o oceano até a superfície e depois...

— Depois vamos ajudar o Milord em Nova York, seja lá o que esteja acontecendo. – Michel concordou.

— E ai quando tudo acabar a gente pode sair pra beber? Sério, eu realmente to precisando sair. – Frost disse.

—Deuses, menino, aquieta um pouco. – Marina o censurou, mas tinha um sorriso nos lábios. Olhou de volta para a água e ponderou. – Na verdade, não sei se o plano de Nico vai dar certo. Quando nós entramos, me lembro de ter passado por uma vertigem. Tivemos que parar para descansar por umas boas horas antes de continuar, parecia que um elefante tinha pisoteado a gente.

—Bem, vocês provocaram um verdadeiro paradoxo temporal entrando aqui, já que tecnicamente a gente está no futuro e vocês estavam no presente, ou seria passado? – Frost explicou.

— Isso me da dor de cabeça. – Sofia colocou a mão na testa para ilustrar o comentário. – Certo, não temos tempo o suficiente para ficarmos preocupado com viagem no tempo essas coisas que ninguém entende...

— Na verdade se você assistir Doctor Who... – Frost tentou interromper, mas Sofia continuou falando, ignorando-o:

—... Como faremos então?

Todos se entreolharam, pensativos e falando ao mesmo tempo, buscando uma solução rápida. GG estava apático, sem querer participar da discussão. Michel divagava sobre a possibilidade de voltar até a sala com a cúpula e quebra-la, de forma a sair por ali, mas Wlad rebateu dizendo que ainda teriam o mesmo problema quanto à linha temporal em que estavam. Frost e Nico estavam discutindo, alteando a voz, enquanto Rubens tentava fazer com que parassem.

— Ei. – Adrila chamou.

Ninguém reparou nela, continuando a discutir. Marina e Sofia tentavam encontrar uma solução para o problema temporal, mas nada parecia convir. Adrila tentou novamente, dessa vez bem mais alto, entrando no meio da roda que havia se formado:

— Ei! – Todos pararam de falar e olharam para ela. – Alguém pensou em perguntar para a garota que tem uma Deusa na cabeça?

— Ah. Hm. – Frost cruzou os braços. – Certo, então. O que Hemera tem a dizer, Adri?

Ela fez uma pausa dramática, olhando para cima como se ouvisse alguém. Sorrindo, ela disse:

— Hemera falou... “Vocês. mortais são engraçados. Mas vocês só precisavam pedir. Vamos logo, então.”

Uma luz estranha começou a emanar dela, ficando cada vez mais forte, até que ninguém pudesse focalizar o olhar nela, nem ver mais nada além do ofuscante brilho branco. Sentiram um leve formigamento pelo corpo todo e todos os cortes, hematomas, arranhões e dores em seus corpos desapareceram, dando lugar a uma sensação de suavidade. Suas mentes ficaram leves e cheias de paz.

Não sabiam se haviam se passado horas, dias, anos ou apenas alguns segundos. Quando a luz se extinguiu, a escuridão foi arrebatadora. Piscaram várias vezes para se livrar dos pontinhos pretos em suas visões e procurando saber onde haviam ido parar. O que viram e ouviram foi surpreendentemente acolhedor.

Estavam na frente do que parecia ser um acampamento improvisado. Haviam muitos campistas ali, todos de pé olhando para eles com confusão no olhar. Era noite pelo visto e todos trajavam armadura e seguravam as espadas ameaçadoramente. Passado o momento de confusão, os gritos de reconhecimento vieram.

— Wlad?! WLAD!

— MICHEL! ADRI!

— Onde está o Leo?

— GG! Cara, quanto tempo! Que cara é essa?

— RUBENS!

— Jesus! O Frost não!

Eles sorriam, para os presentes, uns para os outros e principalmente para si mesmos. Afinal, finalmente estavam em casa.


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