Escolhas escrita por CohenHiraMi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, como estão? Essa fanfiction é em resposta ao desafio do mês do Nyah! Fanfiction! Espero que gostem!



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Ato 1 - No palco, o cenário montado é de um quarto escuro, que dá para identificar só as silhuetas das coisas contidas nele. Na cama, há uma menina, que parece estar ao celular.

Mimi – Por que vai demorar tanto...? Estou me sentindo só. Essa casa é vazia sem você comigo.

Homem no celular – Prometo que não passará dessa semana. Eu não aguento mais ficar aqui também. Viajei pensando que seria rápido resolver o problema com o programa, mas está sendo mais difícil do que imaginei.

Mimi – Então por que não abandona tudo isso e vem embora?

Homem no celular – Sabe que não posso fazer isso, não é? Se eu o fizer, me mandam embora do emprego imediatamente. Não quero ter que ver você passando necessidades novamente. Não como você passava com sua família.

Mimi – Não me importo com isso. Só queria que você parasse em casa um pouco. Que você aproveitasse mais a sua nova família.

Homem no celular – Sinto muito por isso. Não queria causar tantos transtornos a você. Prometo que quando chegar aí, vamos passear por aí, para te distrair.

Mimi – Você sabe que o que eu preciso é de sua companhia somente, não é?

Homem no celular – Preciso ir meu anjo. Meu patrão está louco aqui querendo que terminemos isso logo. Se cuide e me espere.

Mimi – Certo... Se cuide também. (Desliga o celular e começa a chorar)

Ato 2 – No palco, o cenário muda, dando ao lugar um ar tecnológico, cheio de computadores, telas enormes e luzes.

Citron – Espero que ela fique bem até eu voltar.

Patrão – E então, como vai o andamento do programa?

Citron – Estou tendo algum progresso. Irá demorar mais um pouco até que ele fique bom.

Patrão – Bom? Ele tem que estar perfeito quando for para as lojas! Ou você acha que vão pensar o que de nossa empresa? Vão falar que ela é um fracasso se o programa falhar.

Citron – Sim, eu sei disso. Farei o que eu puder.

Patrão – Fará o que puder e um pouco mais. Não tolerarei fracassos!

Citron – Pode deixar. (Volta a programar)

Ato 3 – Dois dias se passaram desde o telefonema. Novamente, estamos no quarto da jovem moça que, ao que parece, está mais escuro que da última vez. Junto da moça, está uma figura estranha, envolta de uma capa preta como a noite.

Mimi – Quando será que ele volta?

Figura estranha – Acho que ele não demora muito.

Mimi – Pior que demora. Ele me garantiu que voltava semana passada.

Figura estranha – Ele só está se esforçando para que você possa sorrir novamente.

Mimi – Está fazendo isso errado, se mantendo distante assim de mim.

Figura estranha – O que espera que ele faça então?

Mimi – Espero que ele fique comigo. Nada mais que isso.

Figura estranha – Entendo. Por que não tenta aquilo que te sugeri então?

Mimi – Não... Não poderei senti-lo novamente se eu tentar isso.

Figura estranha – Mas poderá estar perto dele sempre que quiser. Poderá observá-lo, mesmo de longe.

Mimi – Mas não quero somente observá-lo. Quero senti-lo também. Essa sua ideia não me proporciona isso.

Figura estranha – Você não poderá ter tudo o que quer nessas condições.

Mimi – Tentarei mais um pouco. Se não der certo, terei que recorrer à sua ideia.

Figura estranha – Ok. Faça como bem entender. Eu não tenho pressa.

Mimi – Obrigada.

Ato 4 – Terceiro dia após a ligação. O cenário é de um quarto, diferente do quarto da moça. Nele, um homem sentado na cadeira em frente a uma escrivaninha, observa se celular.

Citron – Preciso ligar pra ela de novo. Há três dias que não nos falamos. Isso deve estar machucando demais ela. (Discando o número)

Mimi – Alô?

Citron – Sou eu... Como está?

Mimi – Como sempre. Morrendo de saudade e solitária.

Citron – O que te faria feliz agora?

Mimi – Você aqui comigo.

Citron – Sabe que não posso realizar seu desejo agora.

Mimi – Vai demorar muito?

Citron – Ao que parece, estamos na reta final. Espero que ele não invente mais nada que possa me segurar aqui mais tempo.

Mimi – Estou com saudades.

Citron – Também estou... Você não imagina o quanto.

Mimi – Tente terminar rapidinho para voltar, está bem?

Citron – Farei o que eu puder para estar aí com você novamente.

Mimi – Você me falou isso a dois meses atrás.

Citron – Agora é diferente, prometo.

Mimi – Estarei te esperando então.

Citron – Ok. Se cuide então.

Mimi – Você também. (Desliga o celular)

Citron – Sei que ela não está se cuidando. O que eu devo fazer?

Ato 5 – Cenário tecnológico. Todos parecem tensos e revoltados.

Citron – Por que não pediu isso antes? Estamos quase terminando o programa agora!

Patrão – Só me veio isso à mente agora, o que posso fazer?

Citron – Pensar melhor antes de nos mandar concluir um projeto!

Patrão – Não posso fazer nada. Quero que acrescentem essa ideia agora ao projeto!

Citron – Isso é loucura! Não dá para colocar isso agora! Vai dar um bug enorme no programa!

Patrão – Isso já não é problema meu. Eu pago vocês para resolverem isso pra mim. Podem começar.

Citron – Não irei começar o programa tudo de novo.

Patrão – Vai perder o emprego então.

Citron – Eu tenho família me esperando, sabia?

Patrão – Deveria ter pensado antes de aceitar o emprego.

Citron – Droga... Espere mais um pouco Mimi. Estarei aí antes que perceba. (Olhando para o alto)

Ato 6 – Um quarto. Escuridão total. Mal dá para identificar as silhuetas das coisas. A única coisa que se pode ouvir é o som das lágrimas.

Figura estranha – Ele não voltará tão cedo, não é?

Mimi – O patrão dele é um monstro! Está segurando ele lá a dois meses já!

Figura estranha – Entendo. Isso deve ser complicado para você e seu marido.

Mimi – Isso está me matando por dentro. É como se eu nunca fosse casada. Não sei mais o que fazer com tanta dor. Desde pequena sempre fui sozinha. Meus pais não me davam atenção, não tinha muitos amigos, os poucos que eu tinha, foram sumindo sem eu nem perceber.

Figura estranha – Nossa. Trágico mesmo. Você nunca compartilhou isso comigo.

Mimi – Pensei que não havia necessidade. Mas isso machuca demais. Não aguento mais.

Figura estranha – Que tal então... Fazer o que sugeri? Não vai doer nada e você não sofrerá nunca mais.

Mimi – Eu queria vê-lo uma última vez...

Figura estranha – Poderá vê-lo quando quiser.

Mimi – Tem razão... Mas irei resistir mais um pouco à sua sugestão. Quero ver até quando isso irá durar.

Figura estranha – Tudo bem, já lhe falei que não tenho pressa e sou muito paciente.

Mimi – Mais uma vez, muito obrigada por toda essa paciência.

Ato 7 – Um quarto, um pouco escuro, diferente do anterior. Nele, dá para notar a silhueta de um homem sentado na cama. Este estava acompanhado da mesma figura estranha de capa escura como a noite, sentada na cadeira em frente à escrivaninha.

Citron – Não sei o que fazer... Ela precisa de mim...

Figura estranha – Quer ficar perto dela?

Citron – Sim... Muito... Desde que entrei nesse emprego, tenho me distanciado dela... Mas, quem é você?

Figura estranha – Ninguém importante. Mas pode desabafar comigo, se quiser.

Citron – Não sei mais o que fazer. Se eu sair desse emprego, irei demorar pra encontrar um que me pague tão bem quanto esse. São tempos difíceis. Nem os programadores estão ganhando bem.

Figura estranha – Entendo. A inflação no seu país é grande, certo?

Citron – Sim.

Figura estranha – E você se sujeita a esse emprego pelo bem de sua mulher, não é?

Citron – Sim.

Figura estranha – Posso lhe sugerir algo?

Citron – Irá resolver meus problemas?

Figura estranha – Você não precisará trabalhar mais e poderá ficar perto dela para sempre.

Citron – O que devo fazer?

Figura estranha – Só dar um gole do conteúdo desse frasco. Será rápido e indolor.

Citron – Já entendi o que sugere. Irei pensar bem na ideia, pode ficar tranquila.

Figura estranha – Ficarei. Esperarei o tempo que for preciso. Não tenho pressa e sou paciente.

Citron – Obrigado por me dar um tempo para pensar.

Ato 8 – Escuridão. Não dá para identificar o lugar. Só o barulho de uma mulher chorando mais ainda. Já se passou um mês desde a última ligação.

Figura estranha – Por que choras tanto?

Mimi – Você sabe o porquê. Já se passou mais um mês. Ele não ligou mais para mim.

Figura estranha – Não fique assim. Deve ter acontecido algo muito grave que o impedir de ligar.

Mimi – Mas ele não atende mais minhas ligações.

Figura estranha – Ele deve estar dando duro no momento. Não se desespere.

Mimi – C-como não me desesperar? Nem ouvir a voz dele eu posso mais? Por que estão me castigando tanto assim?

Figura estranha – Fique calma. Logo ele ligará pra você. Hey, não tem nenhuma mensagem de voz no seu correio eletrônico?

Mimi – Eu nunca o olhei antes.

Figura estranha – Tente dar uma olhadinha. Não custa nada, custa?

Mimi – Tem razão. Irei olhar. (Liga para o número que disponibiliza as mensagens de voz)

Figura estranha – Só não se desespere se ouvir algo indesejado. Qualquer coisa, estarei por aqui.

Mimi – Ok, obrigada. (Seleciona para ouvir todas as mensagens)

Mensagem 1 – Mimi? Como está? Desculpe não te ligar antes... Está cada dia mais difícil por aqui. Quando receber essa mensagem, ligue de volta para mim.

Mimi – De quando foi isso? (Ouve a data e se assusta)

Figura estranha – Poxa, já faz um tempinho hein?

Mimi – N-não pode ser... (Clica na segunda para ouvir)

Mensagem 2 – O que está acontecendo Mimi? Por que não me atende? Por que não me retorna? Assim você me deixa desesperado e agoniado, pensando besteira. Por favor, me retorne quando puder.

Mimi – P-pensando besteiras?

Figura estranha – Ele deve estar pensando que você se matou.

Mimi – Não... Não pode ser... Por que eu não ouvi mais nenhuma ligação dele?

Figura estranha – Vai saber, vai saber...

Mimi – T-tem mais uma...

Mensagem 3 – Mimi... Disseram-me que você não está mais nesse mundo, por isso não retornava minhas ligações. Não sei por que estou mandando essa última mensagem de voz, mas é só para avisar que estou indo te encontrar. Por favor, me espere onde você estiver.

Mimi – O-o que?

Figura estranha – Parece-me que ele se matou.

Mimi – Mas... Mas quem disse essa besteira a ele?

Figura estranha – Quem sabe?

Mimi – Não... Ele nunca mais voltará pra mim, é isso?

Figura estranha – De acordo com a última mensagem...

Mimi – Não... Isso é mentira, só pode!

Figura estranha – É impossível alterar alguma mensagem de voz, não é?

Mimi – O que eu faço da minha vida agora...? (Chorando sem parar)

Figura estranha – Que tal tomar o conteúdo desse frasco agora? Isso resolverá seus problemas. Você poderá encontrá-lo do outro lado.

Mimi – Tem certeza?

Figura estranha – Absoluta. Não se prenda mais a esse mundo, minha jovem. Tudo o que você tinha ele já lhe tirou. Pra que continuar nele?

Mimi – Tem razão. Não vale mais a pena continuar aqui. O destino me tomou tudo o que era mais precioso, deixando-me no escuro, na solidão. Não tem mais o porquê ficar viva nele.

Figura estranha – Isso. Não tem mais esperanças. Que tal se juntar ao seu marido agora?

Mimi - É uma boa ideia... (Pega o frasco nas mãos)

Figura estranha – Isso, tome sem medo. Não irá doer nem um pouco. Você toma e, instantaneamente, irá para perto do seu amor.

Mimi – Ok... Tomarei... (Bebe um gole)

Figura estranha – Fácil, não? (Surge uma foice em suas mãos)

Mimi – Estou ficando sonolenta... (Indo até a cama)

Figura estranha – Você não precisará da sua cama. Não irei deixar que chegue até ela mesmo... (Com a foice em mãos, ceifa a vida da jovem)

Ato 9 – Um lugar um pouco escuro. Cheio de lápides. Cheio de pessoas aguardando algo.

Mimi – Onde estou...?

Figura estranha – No lugar onde trago as pessoas que se mataram. No momento, aqui é o cemitério, e aquela, a sua lápide. (aponta para uma lápide que estava junto de outra)

Mimi – E cadê meu marido?

Figura estranha – Digamos que ele ainda não se encontra aqui. Ele recusou o meu frasco. Aquela mensagem foi um subordinado meu que a falou.

Mimi – V-você me enganou?

Figura estranha – Não. Ajudei-te. Agora, pode podes vê-lo quando quiser. É só sair flutuando por aí e o encontrará.

Mimi – Mas eu queria ficar perto e senti-lo! Dessa forma, não o poderei fazê-lo!

Figura estranha – Agora, você terá de esperá-lo morrer. Irá demorar um pouco, já que ele recusou minha oferta.

Mimi – Não pode ser... O que foi que eu fiz...?

Figura estranha – Fez sua escolha. Agora, terá de arcar com as consequências da mesma.

Ato 10 – Um cemitério. Dez anos se passaram depois da tragédia. Em uma lápide familiar, uma alma esbranquiçada e transparente, jazia sentada, olhando para o céu.

Mimi – Estou te observando, meu marido. Por uma escolha errada que fiz, continuo sozinha, só que do outro lado. Estarei te esperando. Venha assim que terminar sua missão no mundo dos vivos. Faça as pessoas felizes.

Ato 11 – Um centro tecnológico. Todo claro, cheio de novas tecnologias. Um ambiente que emanava um clima diferente do outro centro. Um homem olhava para o alto, com um sorriso nos lábios.

Citron – Está vendo Mimi? Consegui sair daquele emprego e abrir meu próprio centro tecnológico. Não fico prendendo outros funcionários por aqui, por que sei que eles têm famílias. Espero que esteja feliz, aonde quer que esteja. Daqui um tempo, irei me encontrar com você. Só espere mais um pouco.

Ato 12 – Fim.

Figura estranha – Eu sou a morte. Eu surjo nos pensamentos das pessoas solitárias, deprimidas, que não aguentam mais viver. Eu dou a ideia da morte, elas que resolvem se essa ideia é ou não boa. Não sou eu que influencio. Eu espero pacientemente. Não forço ninguém. As pessoas que tomam suas decisões. Eu apenas executo meu trabalho. E você? Escolheria a morte para amenizar sua dor, ou escolheria lutar mais um pouco para ver onde o caminho que você escolheu irá dar? Lembrem-se: a escolha é de vocês.


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Notas finais do capítulo

Na boa, esse foi o melhor roteiro que fiz na vida! O_O
E então, mereço reviews por ele? ;)



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