Life's too hard when you're alone escrita por Sarie


Capítulo 17
A Segunda Ronda


Notas iniciais do capítulo

Peço imensa desculpa por ter demorado tanto tempo para postar, estou a falar a sério! É que com a escola nova, professores novos, disciplinas novas e uma turma nova tem sido uma semana de doidos. Vamos ver se eu consigo postar os capítulos um pouco mais depressa mas eu não prometo nada!
Sem mais demoras, aqui está mais um!!!



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– Mas que palhaço. – disse o Calvin depois de desligar.

– Talvez ele tenha razão. – murmurei eu secando as lágrimas.

Sentia-me incrivelmente estúpida. Eu odeio chorar! Especialmente à frente de outras pessoas, é um sinal de fraqueza na minha opinião.

O Calvin apenas balançou a cabeça em desagrado enquanto punha mais daquela pomada azul curativa.

– Não quero me intrometer nem nada, mas devias de arranjar um namorado melhor. – disse ele sem desviar os olhos da minha perna esquerda.

– Nós não somos namorados.

Ele olhou para mim levantando uma sobrancelha em descrença. Eu cruzei os braços e fitei-o séria. O meu telemóvel vibrou ao receber uma mensagem.

Isabella: Podes falar?

Eu: Claro.

Isabella: Ótimo, vou te ligar.

Eu respirei fundo. O que ela queria de mim agora?

– Alô. – disse eu ao atender.

Como assim tiveste um acidente de carro e eu não tive conhecimento? Alma McLean Grace, eu sou a tua melhor amiga, devia de ser a primeira a ser informada!

– Olá para ti também, Isabella Maria Clarkson.

– Sim claro, mas porque é que eu não tive conhecimento deste acidente de carro? – perguntou ela novamente, e claramente impaciente.

Eu, claro, não fazia a mínima ideia do que ela estava a falar. Devia de ser a desculpa que a minha mãe tinha dado à Diretora Fields, e, de alguma forma, a Isabella tinha descoberto.

– Desculpa. Tem acontecido muita coisa, mal tenho tempo para me coçar. – respondi tentando amenizar a situação.

Os meus pais saíram do Acampamento poucos dias depois de eu ter recuperado a consciência. Foram à escola justificar a minha ausência e a minha mãe foi para casa dos Clarkson para apagar aquela noite horrenda das suas memórias. Depois de ter tido uma conversa sobre isso com ela, concorda-mos que era o melhor para todos.

Requeria muito esforço para ela estender o poder do charme ao ponto de apagar e modificar memórias, mas eu acho que ela teve uma mãozinha de Afrodite. A deusa tinha aparecido à poucas horas no acampamento para ver como eu estava, e contou-me que o assunto com os Clarkson estava mais que resolvido. Ela também deu-me uma dica para eu ligar ao Nathan, o que foi um erro já que nós acaba-mos por gritar um com o outro. Enfim…

Ó sua cabeça de vento, estás a ouvir-me sequer?! – gritou a Isabella do outro lado.

– Peço desculpa.

Melhor. Estava a dizer que me sentia ultrajada por não ter sido informada deste acontecimento mais cedo. Quando vi os teus pais a sair do gabinete da Fields fui lhes perguntar onde estavas. Pronto, o resto podes adivinhar.

– Que bom que foste esclarecida pelos meus pais, estava a pensar que tinhas ido cuscar o meu currículo escolar ao arquivo.

Não seria o meu primeiro rodeo ao arquivo.

– E os meus parabéns! – disse a fingir estar entusiasmada.

Só faço anos em Fevereiro querida.

– Eu sei. Estava a dar-te os parabéns por saberes uma palavra tããão grande! “Ultrajada”, estou impressionada.

Eu estava a rir feita parva enquanto ela refilava comigo, dizia que, da última vez que tinha confirmado, ela ainda alfabetizada e que se sentia irritada por eu ter dado a sugestão de que ela era uma analfabeta. Após ter contado todas as fofocas que eu tinha perdido nos últimos dias (como se eu quisesse saber), desligou.

O Calvin, por sua vez, já tinha acabado o seu trabalho e estava encostado ao armário da enfermaria a fitar-me com um brilho estranho nos olhos. Eu franzi o cenho e inclinei a cabeça a olhá-lo e o brilho desapareceu. Saí da cama onde eu estava sentada e dirigi-me à saída.

Mal tinha dado dois passos fora da porta e a trompeta tocou, anunciando que era hora de jantar.

– Vamos? – perguntou-me oferecendo o braço.

– Sim, estou esfomeada. – respondi a rir aceitando o braço.

– E quando é que tu não tens fome? – disse olhando-me de esguelha.

– Quando estou a dormir.

Nós rimos o caminho quase todo até ao refeitório. Ele foi se juntar aos seus irmãos e irmãs na mesa de Apolo, enquanto eu me dirigi para a de Zeus. Nada contra Afrodite, mas eu não estava lá com muita vontade de aturar conversas sobre sapatos, os anjos da VS e Chanel.

Já me chegava a Isabella, obrigada.

* * * * *

No dia seguinte acordei, no chalé 1, com um bilhete na base da estátua gigantesca de Zeus.

“ Alice Garner,

Se pretender ficar como campista de ano inteiro é favor de informar a Casa Grande da sua estadia.

Tem dois dias para arrumar tudo e sair se não ficar.

Não nos responsabilizamos por mutilações e/ou mortes causadas pelas harpias.

Sr. D.”

Quantas vezes tenho de dizer àquele deus irritante que o meu nome não é Alice?! Uma vez chamou-me de “menina Garfield”, eu comecei a refilar com ele por me ter chamado de gato gordo e a dizer que ele era a pessoa mais ignorante do mundo, que ele não se importava com mais nada para além do seu umbigo. Se o Quíron não me arrastasse dali para fora eu tinha sido transformada num golfinho lunático, ou assim.

Mas adiante, eu não posso ficar o ano inteiro. Tenho a escola, os meus amigos e minha família. Além disso, eu tenho que descobrir o que é que aquela pessoa queria de mim, quanto mais eu tento lembrar-me da voz mais ela parece distante e irreconhecível.

Não podia ficar dentro das barreiras mágicas do acampamento como uma covarde. Não posso esconder-me para sempre.

Eu sou uma guerreira e não vou fugir das minhas batalhas.

* * * * *

De mochila o ombro e espada na mão, eu ia a andar com passos determinados para a Casa Grande. Tinha guardado os meus poucos pertences na mochila, pus o cinto e nele embainhei as minhas adagas de ouro imperial e a minha faca de caça de bronze celestial.

Consegui ver o Calvin à distância na arena a treinar. Ele é um bom espadachim, mas o arco era mais a praia dele, sendo filho de quem é era de esperar.

Eu estava a usar conjunto completamente preto. Calças skinny pretas, uma camisola de Jack Daniels, as minhas Converse pretas velhas e as dríades tinham me feito duas tranças que vinham desde o meu couro cabeludo. Fiz uma maquilhagem básica: lápis preto e aquele batom escuro que a minha mãe me tinha dado antes da festa da Isabella. Quando me olhei ao espelho no chalé, achei engraçado que eu de facto era ruiva. Era um ruivo escuro, mas não chegava a castanho, tal como o batom. Os meus olhos hoje estão tão claros que mais parecem brancos.

Ao entrar na Casa Grande encontrei o Quíron e o Sr. D. a jogar às cartas na varanda. Um sátiro estava a roer uma faca (???) nervosamente atrás do deus do vinho. Eu lancei-lhe um sorriso piedoso.

– Sr. D.? – perguntei ao aproximar-me.

– Diga, Alice.

– Alma. – repliquei.

– Que seja, o que a menina quer?

– Vim informá-lo de que eu vou me embora agora. Não pretendo ficar como campista de ano inteiro.

Ele olhou para mim de cima a baixo com um sorriso.

– Ora, ora. Finalmente a filhinha de Afrodite trouxe boas noticias. Então adeus. – e voltou a prestar atenção ao seu baralho.

– Não sou filha de Afrodite.

– Claro, a menina está no chalé 1. Filha de Zeus então.

Eu revirei os olhos e suspirei. Os Três Grandes tinham feito um pacto de não terem mais filhos, será que ele se esqueceu desse pequeno, mas grande, pormenor?

O Sr. D., como sempre, estava a usar uma camisa havaiana berrante demais. O Quíron suspirou exasperado e virou-se para mim na sua cadeira de rodas.

– Eu vou chamar o Argo para a levar a casa, Alma.

– Não será necessário Quíron, mas obrigada. – respondi com um sorriso.

– Não será necessário? – repetiu confuso.

– A Thalia disse-me que mandaria uns lobos para me acompanhar. – levei a mão ao bolso de trás das calças e tirei de lá um apito prateado – Basta soprar este apito e eles vêm ao meu encontro.

– Mesmo assim eu insisto em ser o Argo a levar-te.

– Quíron, se a rapariga quer arriscar a vida, deixa-a. Não é para isso que servem os heróis? – disse o Sr. D. com pouco interesse.

– Tens alguém que te espere? – perguntou o Quíron.

– Nico di Angelo.

Ele assentiu com a cabeça e voltou-se para o seu jogo de cartas.

Eu senti-me bastante honrada quando a Thalia me disse que os lobos de Ártemis iriam me proteger. Não é todos os dias que uma deusa te empresta a sua guarda sagrada.

Vi que o Calvin ainda estava a treinar na arena e decidi que estava na hora de ir ter com ele. Não podia ficar a adiar as despedidas para sempre. Aliás, quanto mais depressa eu me fosse embora melhor. Mas pensando bem, nestas últimas duas semanas, eu tinha conhecido campistas bastante amigáveis e divertidos:

A Kate, do chalé de Atena.

O Matthew, do chalé de Ares.

O Frederick, do chalé de Hécate.

A Ema, do chalé de Hermes.

E a Mary Lee, do chalé de Íris.

Já tinha ido ao chalé de todos antes de me dirigir à Casa Grande, só faltava mesmo o Calvin. A pessoa mais difícil de dizer adeus. Quer dizer, eu apeguei-me mais a ele porque foi o Calvin que andou a tomar conta de mim e das minhas feridas. Eu andava sempre com ele e foi ele que me apresentou aos outros meio-sangues.

Ele estava com a camisola do acampamento colada ao corpo por causa do suor, usava umas calças pretas e ténis. O arco e a aljava estavam no chão a alguns metros dele, o Calvin estava a reduzir uns bonecos de palha a pó com a espada.

Eu toquei-lhe no ombro assustando-o, e se não fosse pelos meus reflexos (de ninja, como o meu pai diz) ele tinha me cortado a cabeça.

– Alma! Peço imensa desculpa, não foi minha intenção, estás bem? – perguntou ele super preocupada, largou a espada no chão e começou a examinar-me.

– Eu estou ótima. – respondi pegando-lhe nas mãos tentando acalmá-lo – Relaxa, não me acertaste.

Ele corou um bocado, mas eu pensei que fosse por estar a treinar ou assim. Só me passou pela cabeça que era por estarmos de mãos dadas quando ele começou a olhar para elas. Eu soltei-o.

– Vim me despedir de ti.

– O quê? Porquê?

– Eu preciso de ir para casa, Calvin. Tenho a escola lá, tenho os meus amigos e tenho lá a minha família.

– Eu pensava que tinha amigos aqui, como eu. – disse magoado.

– Eu não posso esconder-me para sempre.

– Mas também não podes fingir que és uma mortal para sempre!

– Calvin, escuta. Eu tenho mesmo de ir. Só lá é que eu conseguirei descobrir quem é que anda atrás de mim.

– Mas é perigoso! – exclamou ele zangado.

– Eu sei tomar conta de mim mesma! – gritei de volta.

– E olha onde isso te trouxe!

– Vocês dois são iguais! Estou farta das pessoas acharem que sou apenas uma rapariguinha assustada que precisa de ser protegida! EU ESTOU CANSADA! – girei os calcanhares e saí pisando forte da arena.

Quando eu estava prestes a sair duas mãos puxam a minha cintura.

– Espera, espera, espera! – pediu ele.

Virei-me com os braços cruzados já impaciente, eu queria despachar-me e ir embora, tipo, agora.

– Que foi? – perguntei mal-humorada.

– Ouve, eu não quero que vás embora a pensar que sou um idiota qualquer. – eu levantei uma sobrancelha – Okay, pensa o que quiseres, a sério. Mas eu sou um campista de ano inteiro por alguma razão. E como vês não deve haver mais de 30 campista agora. Achas que é fácil ficar aqui o tempo inteiro e ver os outros saírem e divertirem-se com as suas famílias mortais? Talvez a tua seja menos normal que as outras e tens de salvar o teu couro a toda a hora, mas ao menos tens uma.

A minha expressão suavizou e descruzei os braços, eu queixo-me do porquê dos meus pais não serem como os outros, mas gora encarando o Calvin apercebi-me da sorte que tenho ao ter sequer pais.

Puxei-o para um abraço, eu nem queria ir-me embora estando zangada com ele. Era injusto, o Calvin salvou a minha vida e como é que eu agradeço? Gritando com ele. É, grande amiga que tu és Alma, mereces um prémio.

– Por muito que eu goste de ficar aqui a molengar contigo. – sussurrei ao seu ouvido – Eu tenho mesmo de ir. Tenho de descobrir o que se passa.

Ele apertou-me mais, o que doeu porque eu ainda não estava a 100% no que toca à saúde. Gemi e ele afrouxou um pouco o abraço.

Afastei-me um bocado para poder olhá-lo.

– Eu sinto muito em relação à tua família, o que quer que tenha acontecido. Mas eu tenho eu vou voltar no verão, e aí temos bastante tempo para estarmos juntos, okay?

Ele fechou os olhos por uns instantes e respirou fundo. Eu meio que comecei a corar, estúpido não é?, quer dizer, eu dei-me conta da situação em que me encontrava. Abraçado a um rapaz bonito, sim ele é muito bonito admito, num lugar onde não havia ninguém por perto na altura e ele estava a pedir para eu ficar com ele.

Completamente embaraçoso, mas isso seria se eu tivesse sentimentos pelo Calvin, e eu não tenho, certo?

Não, isso seria impossível, eu não tinha vontade de agarrá-lo sempre que eu o via. Talvez agora eu queira beijá-lo, mas isso não interessa.

ESPERA AÍ! Eu tenho vontade de beijar o Calvin?! De onde é que essa saiu mesmo? Não, não, não, não, não, isso não está certo. Raios, o que é que se passa com a minha cabeça?

– O teu coração está muito acelerado, o que se passa?

– Hum…nada, nada mesmo. Eu…ah…eu estou a pensar a pensar em muita, mais nada.

– Uh-hum. – respondeu divertido.

– Uh-hum, o quê?

– Nada, nada mesmo. – respondeu ao meu ouvido. Eu arrepiei-me toda.

Não sei muito bem o que se está a passar, mas o que quer que seja, não acho que será uma coisa muito comum entre amigos. Eu, pelo menos, não faço estes joguinhos com o James. Quanto menos provocações, melhor.

Os nossos narizes estavam próximos, próximos de mais até. Eu estava a corar feita doida e estava com as palmas das mãos suadas. Tranquei o meu olhar com o dele e, involuntariamente, assenti com a cabeça. Não sei porquê, eu sou maluca mesmo.

Agora perguntem-me lá:

Alma, o que é que aconteceu depois?

Bem, depois do meu comportamento seriamente irracional, o Cavin colou os lábios aos meus.

Simples assim. Eu aposto que todos os deuses lá em cima estão a rir na minha cara. Eu sou uma vergonha para o sexo feminino, não gosto de rosa e de lamechices, roupas à menina? Nem que a vaca tussa. Ficar doidinha da cabeça por causa de rapaz? Nunca na vida. Pintar as unhas? Só de preto. Saltos altos? Eu prefiro não desafiar a morte estou bem com as minhas All Star, obrigada. Maquilhagem? Só a que estou a usar agora: batom e lápis preto.

Mas se eu estou a usar batom…

Afastei-me um pouco. Olhei para a cara dele e tentei não rebolar a rir.

– O que tem tanta piada?

Eu desmanchei-me a rir na hora. Parecia que tinha passado batom nele mesmo! Ó meus deuses! HI.LÁ.RI.O. Respirei fundo e tirei da minha mochila um lenço.

– Toma, limpa isso. – disse rindo entre dentes.

– Isso o quê? O que é que tem tanta piada na minha cara?

Eu saquei do telemóvel e ergui-o ao nível da sai cara.

Agora foi a vez dele de corar.

– Deuses… - sussurrou enquanto limpava a cara.

Eu também verifiquei se tinha ficado borrada. Limpei o batom todo que tinha e guardei o telemóvel.

Eu não podia negar, o rapaz sabia beijar como ninguém. Também não posso dizer que não gostei, beijando daquela maneira qualquer um gostaria. Mas é estranho, não sei bem como explicar.

Eu estava decididamente pronta para uma segunda ronda quando uma rapariga entrou na arena completamente alheia à nossa presença.

– Podem continuar, não segurem as rédeas por minha causa. Estou só à procura do meu elástico de cabelo. – disse ainda concentrada na sua busca. Eu reconheci-a do chalé de Afrodite, claro que tinha de ser de Afrodite, porque não?

Pelo amor dos deuses, eu não podia ter pelo menos um momento decente a sós?! Peguei na minha mochila e fiz sinal ao Calvin para me seguir. Eu ia ter a minha segunda ronda.

– Para onde vamos? – perguntou ele meio que a medo.

– Chalé Um. – respondi-lhe com um sorriso malicioso.

– Nesse caso… - disse começando a acelerar o passo.

Quando chegámos o sitio estava às escuras, tal como eu o tinha deixado.

– Fecha a porta. – sussurrei.

Ele encostou-me contra a mesma e eu sorri travessa.

E foi assim, senhoras e senhores, que eu consegui uma segunda ronda.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam??
Vocês sabem que não mata se comentarem certo? Só para confirmar.
Não me odeiem muito pela Alma estar agora com o Calvin, mas vão dando as vossas sugestões.
Xoxo, Sarie.



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