Abri os olhos, o sol me acordava deixando sua luz entrar meu quarto ainda escuro. – Bom dia Scar. – minha vó dizia sorrindo. Ela entrou e foi abrindo as cortinas do meu quarto. – Nossa seu quarto é muito escuro... Você precisa dar vida pra este quarto, Scar. – disse olhando pras paredes pretas. – Eu gosto assim, vó. Me sentei na cama enquanto ela saía. Olhei no relógio e eram 6h30. Meu celular tocou, era mensagem do Nick que dizia “Scar tô passando aí pra te pegar, espero que você não esteja na cama hahaha”. Criei coragem e fui tomar um banho rápido. Menos de 5 min estava pronta. Peguei minha mochila e desci. – Tô indo vó. – disse batendo a porta. Logo em seguida, Nick para com sua picape cor de banana. – Eu achei que você viria me buscar de carro, não de banana. – risos. – Ou você pode ir sozinha e a pé. – Ironizou. Sorri e entrei no carro. – Calma. Esqueci que você não tem senso de humor. – risos. Fomos cantando “NeverShoutNever – I Can’t Stand It”. Ríamos mais do que conseguíamos cantar. Ele me olhava e então começamos a cantar juntos “Baby I love you, I never want to let you go, the more I think about, the more I want to let you know, that everything you do, is super fucking cute and I can't stand it”.
Quando acabou a música, estávamos na frente da escola. – Estou passando mal. Me leve para casa. – comecei a tossir. – Scar, você não tem mais 5 anos e eu não caio mais nessa. Vamos. Temos prova hoje, e daqui 6 meses isso acaba. – Revirei meus olhos e saímos do carro. Entramos e logo Will nos encontrou. – Vocês vão na festa hoje né? – Fiquei sabendo, acho que vou sim, Will. – Fiquei quieta enquanto eles conversavam sobre a tal festa. – Scar, você vai não é? – Will disse empolgado. – Scar é culta demais parar ir em uma festa com uma penca de gente bêbada falando merda. – Nick disse aos risos. – Isso mesmo Nick. Você já foi inteligente, hoje você é igual essa penca de gente bêbada falando merda. Socorro alguém ajude, Nick mudou. – risos. – Hahaha, está muito engraçadinha hoje srta. Billerbeck. Rimos e fomos indo em direção aos nossos armários. Logo depois, Melissa Davis abraça Nick. – Como essa menina é insuportável. – revirei os olhos. – Concordo. Não gosto dela desde a 4ª série quando ela roubou meu lanche. – O que o Nick vê nela? – Bom, ela é líder de torcida, tem um corpo maneiro, e dizem que ela beija super bem. – Nossa Will, com todas as nossas discussões sensatas, esses foram os seus piores argumentos. – Nisso Nick a beijou. Senti meu coração apertar. Foi como um banho de água fria vinda diretamente do Alasca. Eles se despediram e o Nick veio até nós e começou a falar sobre a tal festa. Estava em choque. Não conseguia acreditar que Nick, o garoto mais legal, mais sensato, divertido, inteligente tinha perdido a sua sanidade mental e beijado a garota mais pervertida e suja do colégio. Bateu o sino e fui direto para minha sala sem ao menos me despedir deles.
Logo entrei na sala e me sentei. Não conseguia pensar em mais nada. Não conseguia tirar aquela cena deles dois se beijando. Nisso Nick entra com o Will e eles vem até mim. – O que deu em você? – disse Nick. Will ficou me olhando como se soubesse ler minha mente. – Lembrei da prova que vamos ter agora e eu não estudei. Deu um branco na minha mente. – disse gaguejando. Nick veio e me abraçou. – Fica calma. Você é inteligente, não precisa nem estudar. – O abraço dele era tão bom. E ele estava tão cheiroso que o próprio cheiro parecia ser hipnotizantemente intencional. – Bom dia classe. Sou o senhor Willians, o novo professor de história de vocês. Quero que todos se sentem. – Nick se sentou atrás de mim e Will sentou ao meu lado só que na outra fila. – Eu fiquei sabendo que haveria uma prova hoje, o senhor Thompson aplicaria, então eu aplicarei hoje pra vocês. – Ele passou as provas de mesa em mesa. - Então boa prova. – A prova começou e parecia que as letras começavam a cair quando eu tentava ler. A sala estava em um silêncio absoluto, e aquilo me incomodava. O tic-tac do relógio da parede era insuportável, como se ele disse “Vai menina burra! Escreve alguma coisa.”. Eu estava suando frio. Não conseguia me concentrar. Meia hora se foi e eu não havia escrito nada. – Sim? – Professor acho que a srta. Billerbeck não está bem. Posso acompanha-la até a enfermaria? – disse Nick. O professor veio até mim. – Você está passando mal? – disse ele me olhando. Só consegui fazer “sim” com cabeça. – Leve ela. Nick se levantou e me pegou pelo braço. Saímos da sala e ele foi me guiando até a enfermaria. – Nossa, quanto tempo não vejo vocês. – disse Lucy, a enfermeira. – Pois é, Lucy. – disse Nick. – Então, o que houve? – Scar está tensa com a prova de hoje, e começou a passar mal durante a prova. – Hummm... Deita ela aqui na maca que eu vou cuidar dela. – Nick me deitou. – Nicholas melhor você ir para a sala, porque isso pode demorar e você está em prova. – Ok. – Nick veio e me deu um beijo na testa. – Melhoras. Depois eu volto. – Sorri e ele saiu. – Esse menino é um anjo. – disse ela sorrindo. – Meu melhor amigo. Tinha que ser um anjo. – Sempre achei que vocês namorariam. Vocês fazem um casal melhor que ele e a Melissa. – Fiquei pensando na palavra “casal” e ligando a cena de hoje. Será que eles estavam juntos e só eu que não sabia?
Logo depois Lucy mediu minha pressão, me deu um comprimido e me deixou uns minutos de repouso. De repente o sino bate, e certa de 5 minutos Will e Nick chegam fazendo barulho. – O que deu em você mocinha? Você nunca ficou assim por causa de uma prova... – disse Will desconfiado. – Não sei, acho que é o medo de não passar de ano justo no último ano. – disse. Sei que Will estava totalmente desconfiado, mas deixei passar. Logo Melissa apareceu e se agarrou ao pescoço do Nick. - Então vamos, amor? – Nick sorriu e nos olhou: - Vejo vocês na sala. Eles saíram. Will ficou me encarando. - Que foi? – Eu que digo "o que foi?". Abaixei a cabeça e fiquei em silêncio. - Eles estão juntos e ele nem sequer me contou. - Ah Scar, não fica assim. Às vezes ele esqueceu. – Revirei meus olhos. - Ah por favor Will, ele esquece de coisas tipo "hoje tem prova de biologia?" não de "eu estou namorando". – Will abaixou a cabeça e ficou pensativo. - Ah que se dane.– me levantei e fui para sala. Cheguei e me sentei na minha carteira. Logo a professora entrou, e em seguida o “trio parada dura” Nick, Melissa e Will. Melissa trouxe um papel e entregou para a professora que sorriu. – Bom, quero todos sentados.– A sala todo se sentou. – Quero que deem boas-vindas para Melissa, ela mudou de sala e estará conosco até o fim do ano. – Percebi que Will me encarava. Olhei pra ele com uma cara de “WHAAAAT?”. Olhei para Nick e os olhos dele brilhavam. – Não é legal, Scar? – dei aquele sorriso amarelo pra responder a espantosa novidade.
Horas depois o sino da liberdade soou, e eu peguei minha mochila e saí daquele inferno. Fui indo a pé para casa, assim poderia assimilar tantas informações e conversar comigo mesma. – SCAAAAAR! – meus pensamentos foram bruscamente interrompidos com o grito do Will. Fingi que não ouvi e continuei andando. – SCAAR! ME ESPERA! – Parei e suspirei. Esperei ele chegar até mim. – O... NICK... TAVA... TE.... PROCURANDO... – disse ele ofegante. – Achei melhor vir sozinha, faz tempo que eu não ando, então queria esticar as pernas. – Fomos em silêncio até ele recuperar o fôlego. – Posso te fazer uma pergunta? – Eu por acaso tenho escolha? – ele riu e continuou – Impressão minha ou você está evitando o Nick? – revirei os olhos e suspirei. – Não estou evitando. E pelo menos por hoje, o Nick pode parar de ser o centro da minha vida e das nossas conversas? – Will fez “sim” com a cabeça e fomos quietos. Chegamos na frente da minha casa e mau me despedi. – Te vejo hoje à noite. – Não vê não. – abri a porta e entrei. Subi ao meu quarto, tirei o uniforme e coloquei meu moletom. Peguei minha manta e desci para sala. Liguei a TV e fiquei assistindo a reprise de CSI. Logo minha vó apareceu. – Olá princesa. Nem te vi chegar. – sorri para ela. Ela se sentou ao meu lado e eu deitei no colo dela. – O que houve meu amor? – Nada vó. Só estou cansada. Ficamos por horas ali ao som da TV. Não era um cansaço normal. Era cansaço de tudo, dos dias, das coisas, das pessoas. Até os dias estão cansados e ninguém percebeu.