The Daughter of the Tiger escrita por GiullieneChan


Capítulo 3
Parte 3: Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Betado por Dhessy



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Primeiras semanas:

Kian começava seus primeiros passos básicos no treinamento para ser a sucessora de Escorpião. Eram treinamentos físicos intensos e exaustivos. Milo dizia que primeiro deveria fortalecer o corpo e o cosmos logo em seguida.

Ambos corriam por uma trilha cheia de pedras. Para ele era um trajeto relativamente fácil e sem obstáculos. Para a menina era um desafio além da capacidade de seu pequeno corpo, mas era teimosa demais para admitir isso. O rapaz sorriu, tentando não desestimular a menina.

Ela sente a respiração mais difícil e retira a máscara do rosto, mas foi logo reprendida pelo mestre.

—Coloca de volta.

—Mas você já viu meu rosto. -fazendo bico.

—Sim, mas há outros na ilha. Inclusive cavaleiros. -parando, colocando as mãos na cintura e fitando-a severamente. -Não falei? Coloca a máscara, Peste.

Sentindo a presença de outros cosmos, Milo estreita o olhar na direção oposta a deles e vê Shura aproximar-se com um grupo de garotos. Kian coloca a máscara depressa no rosto. Milo sorri e acena para o amigo.

—E aí? Como está o outro lado da ilha?-perguntou o escorpiano.

—Quente e cheio de seus parentes. -respondeu Shura, devolvendo o sorriso e então nota a presença da menina. -É essa sua aprendiz? A filha de Dohko?

—Sim, ela mesma. -Milo faz um gesto e Kian se aproxima cautelosa, fitando-o Shura por detrás da máscara.-Kian, esse é o cavaleiro de ouro de Capricórnio, Shura.

A menina o observa alguns segundos e ergue a mão timidamente, depois vira o rosto para seu mestre e em seguida para Shura.

—Ele é mais bonito que você. -disse a menina ao mestre.

—Que mais bonito que eu?-Milo indignado. -Você tá precisando de óculos!

Shura sorri, notando claramente que a garota apenas dizia isso para causar irritação ao mestre. Depois faz um gesto pedindo aos alunos que continuem. Um menino de cabelos negros e lisos, até pouco acima dos ombros para e acena para a Kian com um sorriso antes de continuar a corrida. A menina retribui o gesto com um sorriso, mas depois lembrou-se que ele não veria por usar uma máscara que considerava idiota.

—É ele?-Milo perguntou a Shura, sério e este responde com um aceno de cabeça. -Quem olha não diz que é ele.

—Sim. Mas ele tem potencial.

—E se aparecerem atrás dele aqui?

—Espero contar com você para uma boa briga. -sorrindo.

—No mesmo instante. Sabe que não corro de uma boa briga!-rindo, em seguida o provocava. -Que problemão você arrumou, hein?

—Acho que você arrumou um maior. -apontando com o olhar a garota que acompanhava a conversa dos adultos com interesse. -Depois conversamos mais. Até depois.

Shura continuou a corrida, para alcançar os alunos e Kian ficou observando ele se afastar, depois para o mestre, ainda confusa pelo o que os adultos estavam falando.

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Primeiro ano:

O treino físico era mais intenso e ela estava aprendendo bem rápido as técnicas em artes marciais. Era algo que ela sentia grande afinidade. Kian era proibida de ir ao outro lado da ilha sozinha. Não deveria intrometer-se no treinamento que Shura impunha aos seus alunos, e Milo achava que isso só os atrapalharia também.

O local era mais habitado, próximo a uma vila e a menina invejava quem estava do outro lado e podia ver e conversar com mais pessoas.

Por isso, quando iam visitar a vila naquele ponto da ilha para comprar mantimentos ela sempre o fazia com entusiasmo. Naquela manhã, mestre e discípula buscavam além de alimentos, remédios e ervas que pudessem precisar.

Ela estava esperando no jipe que usavam para transporte, enquanto o cavaleiro de Escorpião conversava em um bar local com um amigo que não via há anos. Não tinha visto o sujeito, mas assim que soube que estava na vila a deixou sozinha e saiu.

E a garota estava entediada.

—Oi, magrela.

—Você não deveria estar sendo treinada por uma amazona?

—Deveria estar na academia santa. Lugar de garotas. -um a empurrou, provocando.

Ela virou-se e viu os alunos de Shura, com sorrisos nada amigáveis no rosto. Atrás deles estava aquele menino de cabelos e olhos negros, com uma expressão de que não estava gostando da brincadeira.

—Não faz isso. -ela disse.

—Darius. Deixa ela. -pediu o menino,

—Ou o que, Sephir? Vai contar tudo pro mestre Shura como sempre faz?-o menino chamado Darius se vira contra Sephir.-Estamos cansados de você ser o favorito do mestre!

—Estão sendo infantis. –dizia Sephir, tentando controlar a situação. -Mestre Shura está no bar conversando com o senhor Milo e um amigo que veio do Santuário. Ele ficará zangado.

—Eu faço o que eu quero. -Darius se vira e volta a empurrar Kian com força.

—Falei para não fazer isso. -ela avisou.

—Ou o qu..?-antes que ele terminasse a pergunta, Kian quebrava se nariz com um soco certeiro, fazendo-o encolher tentando conter a hemorragia. -Aaaahhhhh, beu dariz!!!!

A confusão atrai a atenção dos moradores e de um trio de cavaleiros. Os meninos olham constrangidos para os mestres, que os fitam severamente, e o terceiro dá um sorriso discreto.

—Agora, sabem como me senti com Hyoga e Isaak.

—Quantos narizes quebrados teve que socorrer Camus?-perguntou Shura, observando Darius.

—Confesso que nenhum. -sorriu.

—Ela apenas se defendeu, senhor. -disse Sephir a Milo.

—Depois veremos isso. O que interessa é que não deveria brigar assim.-falou o cavaleiro ao garoto.

—Não briguei. -defendeu-se a menina. -Eu quebrei o nariz dele antes da briga começar.

Camus deu uma risada. Shura ordenou que os garotos fossem embora e Kian deveria ficar parada ao lado do veículo quieta e esperando por Milo. Quando voltassem sabia que teria que fazer algum exercício físico mais severo como castigo. De longe, Sephir virou-se e acenou para a menina se despedindo, e ela retribuiu.

—Seu aluno está muito saliente com a minha. -dizia Milo a Shura.

—Não fique colocando minhocas em sua cabeça. São crianças!-Shura ignorou as reclamações do escorpiano. -Camus, querem que retornemos ao Santuário?

—Não será necessário. -respondeu o cavaleiro de Aquário. -Houveram batalhas difíceis, mas o inimigo parece que foi vencido. Atena quer que continuem aqui treinando seus discípulos. Se for preciso, algum mensageiro os comunicará.

—Mas, e se o inimigo aparecer. -Milo parecia incomodado. -Você falou de um jeito que não tem certeza de que foi derrotado.

—Ninguém, nem mesmo Atena, sente seu cosmo pelo planeta. Sim, ele deve ter sido derrotado. -Camus ponderou. -A única coisa positiva disso tudo é Dohko ter se decidido finalmente e assumido o manto de Grande Mestre. Mas quando voltarem ao Santuário para alguma visita terão notado mudanças.

—É?-o escorpião estranhou.

—Eu não serei mais o cavaleiro de Aquário. -os dois pareciam surpresos. -Hyoga está mais do que preparado para essa missão. Aliás, os antigos cavaleiros de bronze que venceram tantas batalhas estão próximos a serem sagrados cavaleiros dourados. Shiryu já está em Libra, assim como Seiya em Sagitário. Sabe que Shaka elegeu Shun como seu sucessor há anos.

—E Leão? Até Aiolia vai parar? Não imagino aquele bichano vira lata parando. Soube que está deixando a barba crescer para não ficar parecido com o Aiolos. -Milo fez careta. -Melhor que pintar o cabelo de ruivo de novo!

—Não, Aiolia não vai parar. Ikki simplesmente recusou. Disse que não precisava de uma armadura de ouro e foi embora.

—Típico dele. -Shura riu.

—Mas a barba é verdade. -acrescentou sorrindo e notou o semblante tenso do amigo. -O que foi, Milo?

—E o que fará?-Milo parecia não acreditar. -Sério...estamos ficando velhos e nos aposentando?

—Já morremos e voltamos mais vezes do que eu consigo me lembrar. -respondeu Shura. -Por que não? Embora, eu pretenda morrer lutando e não parado esperando o tempo passar.

—Eu não sei. Talvez treine o próximo cavaleiro de Cisne. -ele sorriu. -Não faça essa cara, Milo. Saiba que não deixarei de ser um cavaleiro por estar me aposentando. E quem disse que vamos morrer velhos?

Naquela tarde, depois de se despedir de Camus, Kian e Milo voltavam para casa. Durante o trajeto o cavaleiro de escorpião parecia pensativo. Não imaginava ver seu amigo sair do Santuário e deixar sua armadura a outro dessa maneira, não Camus. Talvez porque ele não se imaginasse fazendo o mesmo.

—Mestre.

—Diga.

—Estou com problemas?

—Está. -sorrindo. -Serão 20 voltas na trilha.

—Droga.

O cavaleiro observa a menina cruzar os braços, imaginando que por debaixo daquela máscara ela estaria emburrada. Com a expressão contrariada. Havia se afeiçoado demais a menina, quase um apego paternal. E se odiava por estar ajudando-a a trilhar um caminho que a levará para muita dor, morte e provavelmente uma morte prematura.

Mesmo tendo sido uma escolha dela, ainda assim se odiava.

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Em uma clareira, próximo ao Monte Profeta Elias.

Já haviam passado cinco anos, desde que a menina havia deixado seu antigo lar na China e chegado naquele pequeno pedaço do paraíso na Terra. Paraíso para os turistas, talvez. Mas para Kian, era um pequeno pedaço do inferno na Terra.

Milo mostrou-se ser um professor muito bom. Muito mais rígido que seu colega Shura, demonstrando certa intolerância quando seus alunos não conseguiam desempenhar alguma tarefa que ele considerava simples.

"-Como se fosse simples partir uma rocha ao meio com um dedo!"-refletia a menina de doze anos que olhava, por detrás da máscara, desanimada para a rocha pensando em como faria isso.

Não queria fracassar e ouvir mais um longo e interminável discurso sobre o Cosmo, o fato dela não ter manifestado ele ainda após cinco anos, e que era uma prova de que uma mulher não poderia usar uma armadura de ouro.

Estreitou o olhar. Seus olhos avermelharam-se pela raiva e socou a rocha. Nada conseguiu a não ser uma dor lancinante começar nos dedos feridos por seu ato impensado e terminar por toda a extensão de seu braço.

—Que droga!-encolhendo-se no chão, massageando a mão dolorida. -N-não posso desistir assim...

A uma certa distância, Milo observava os progressos de sua aluna com o ar nada satisfeito.

—Não acha que exige demais dela?- Shura o surpreendeu, chegando por detrás dele.

—KYAAAI!- Milo gritou assustado, e escondeu-se entre as vegetações esperando que Kian não os tivesse visto, arrastando Shura com ele. - Se fizer isso de novo, eu te mato!

Shura nem sequer mudou a expressão em seu rosto, como se esperasse resposta a sua pergunta. Milo demorou um pouco antes de responder.

—Ela quer ser a melhor! Por isso pego pesado.

—Ainda acho que está exagerando!- Shura ponderou. - Cinco anos e ainda não manifestou o Cosmo. Está certo de que ela não tem a capacidade de se tornar uma "Amazona de Ouro".

—...

— Talvez de bronze. - concluiu.

—Aí que você se engana. Ela tem potencial sim.- Milo sentou ao chão, cruzando os braços.- Ela tem mais potencial que aquele moleque que você escolheu como sucessor. Se ele parasse de paquerar as alunas dos outros, quem sabe ele se torne cavaleiro.

—Sephir? Ele tem o talento nato para ser cavaleiro!- Shura fechou a cara diante da acusação do colega. - Que alunas? A única garota na ilha que está em treinamento é a sua discípula.

—Exatamente! -cerrou os olhos. - Ela não tem tempo a perder com estas coisas! E é uma criança ainda! Mando jogar ele no cabo Sunion por pedofilia!

—Milo...ela tem doze anos, e Sephir quatorze. Onde está a pedofilia?- Shura com cara de quem não acreditava no que ouvia. Você não a superestima não? Só por ser filha do Grande Mestre?

—Pft! Não!-Milo dá os ombros. - Ela lembra a mim mesmo, nesta idade. Ávido por querer ser o melhor, e ninguém acreditando nisso.

—Olha só para você. - Shura balançou a cabeça rindo. - Cinco anos atrás estava louco para mandar ela de volta para Rozan, mesmo que fosse pelo correio! A garota vivia te desobedecendo, sumindo, brigando com os meus alunos como se fosse moleque... Quantos narizes quebrados eu tive que cuidar por causa dela!

—E eu tive que cuidar de enormes olhos roxos que eles deixaram nela. - Milo riu. - Ela é uma peste!

—Você se afeiçoou mesmo a ela.

—Mas você não veio até aqui para dizer sua opinião a respeito do modo que treino ou convivo com a Kian. O que foi que houve?

—Estou partindo depois de amanhã com Sephir. A segunda parte do treinamento dele vai começar. -explicou Shura.- Fiquei aqui estes anos todos porque selecionávamos os aspirantes, determinando aonde deveriam ir e com quem. Bem, já passamos esta etapa, e agora é hora de cada mestre com seu discípulo prepará-los para aprender novas técnicas.

—É, eu sei. Vai para onde?

—Montes Pirineus. Onde eu treinei minha técnica. O lugar é apropriado para ensinar Sephir a desenvolver a Excalibur. -sorrindo, satisfeito com os resultando de seus esforços.

—Isso é bom. -Milo levantava-se, tirando a poeira das roupas. -Vou sentir falta das noites em claro bebendo com você. Mas...

—Estamos ficando velhos para continuarmos a ser cavaleiros, Milo. - disse Shura. - Hora de passar o manto para a próxima geração. Por isso sugiro que mande Kian de volta para o pai e escolha algum garoto com potencial.

—Aí que você se engana. Duas vezes! Eu não estou ficando velho e ela ainda vai surpreender você!

Com as mãos nos bolsos, Milo saiu de seu esconderijo e caminhou até Kian que ainda estava absorta em seus pensamentos, imaginando como faria para destruir a rocha diante dela.

—Qual o problema, Peste?-ele se referiu ao apelido pelo qual sempre a chamara, desde que ali chegaram há cinco anos. - É só uma pedrinha!

—É impossível, mestre!-disse a garota, inconformada. - Não tenho força para destruir isso!

—E quem disse que precisa de força? Estou treinando uma futura amazona, não um tanque de guerra!-a resposta a surpreendeu. - Não tem nada a ver com força bruta.

Milo caminhou até ficar diante de outra rocha, bem maior que aquela que Kian tentava em vão destruir.

—Eu já te falei sobre o Cosmo, não falei?

—Sim... -ela chuta uma pedra, desanimada.- Falou algo sobre isso sim.

— O Cosmo está presente em tudo. É a energia que rege o universo desde a sua criação, durante o Big Bang. - ele começava a explicar. - Credo...pareço o Kamus falando assim...Bem, Tudo tem cosmo. Tudo, até mesmo os objetos, como esta rocha... -Tocando nela, nem olhando para saber se sua pupila prestava atenção. -... Ou até mesmo a grama sob nossos pés, possuem Cosmo. Até mesmo nosso corpo, Kian, é feito de milhares de átomos, a totalidade forma um "pequeno universo", ou "pequeno cosmo".

—O senhor me disse isso muitas vezes. Até meu pai me dizia isso.

—É. Sabe o que acontece quando o Cosmo que você cria dentro de seu corpo, este pequeno universo, se choca com o da rocha?

O corpo de Milo de repente brilha com uma intensa luz dourada e ele toca a rocha com o dedo indicador. Em seguida na rocha surge uma pequena fissura e ela espatifa em pequenos pedaços. A força desta explosão levanta poeira, balando os cabelos longos de Milo e fazendo Kian cair sentada, perdendo o equilíbrio.

Milo olha para sua discípula, se pudesse ver a expressão no rosto dela, oculto pela máscara, teria certeza de que ela estava de boca e olhos bem abertos.

—Você pode realizar milagres. - disse o Cavaleiro de Escorpião por fim.- Faça seu Cosmo explodir, e eu te ensinarei a técnica que é passada somente para aqueles que irão usar a armadura de ouro de Escorpião. Eu te ensinarei a Antares. Só volte para casa quando conseguir isso, senão, pode voltar para a China sem ter se tornado nada.

E saiu de lá caminhando normalmente, de volta para a casa que ocupavam, deixando-a exatamente onde estava. Nos céus nuvens carregadas começaram a se formar. Logo a chuva cairia.

E a chuva que começou serena tornou-se aos poucos uma tempestade. E Milo aguardava. Havia feito o jantar, e Kian não retornara. Jantou, esperou, a madrugada veio. A chuva havia dado um tempo, mas recomeçara novamente a ficar forte. Ele se preocupou.

—"Ela não deve ter conseguido e agora se envergonha de voltar. Não deveria ter dito que ela voltaria para China!"

Milo resolveu sair em meio à tempestade. Voltou a aquela mesma clareira e se deparando com Kian, em pé diante da rocha, se posicionando como se fosse atacar. Resolveu ficar onde estava e não atrapalhar o treinamento da menina. Ela estava encharcada, e parecia estremecer de frio, mas mesmo assim sentia algo diferente nela.

Em um gesto nervoso, ela retirou a máscara e jogou de lado, a ouviu emitir um som impaciente, como se procurasse respirar mais livremente.

—Eu não vou voltar para casa sem minha armadura!-ela dizia baixinho, socando a rocha. Uma... Duas... Três... Várias vezes, e proferindo esta frase a cada golpe, com a voz cada vez mais elevada, não se importando com as manchas de sangue que suas mãos feridas deixavam na rocha. -Eu vou me tornar a primeira amazona de ouro! EU SOU FILHA DE DOHKO DE LIBRA E NÃO VOU SAIR DAQUI ENVERGONHANDO MEU PAI!

Milo apenas observava em silêncio. Em seu íntimo torcendo por ela. Foi quando percebeu que pequenas fagulhas de cosmos pareciam emergir do corpo de Kian, pareciam aumentar a cada golpe que a menina desferia. Então, acontece... Kian dá um grito, seu punho direito atinge a rocha e ela se parte em pedaços bem maiores do que a rocha destruída por Milo, mas mesmo assim um feito que deixou o mestre ao mesmo tempo espantado e aliviado.

—Ah, ela conseguiu!-comemorou baixinho, temendo que ela o ouvisse. Em seguida, escondeu-se para que ela não o visse, ainda mais ela estando sem a máscara. Ao fazer isso quase trombara em Shura, logo atrás dele. - Ah, parece assombração!

—Ela conseguiu despertar seu cosmo!- Shura espantou-se e foi puxado por Milo para se esconder. -OW!

—Cala a boca! Não quero que ela saiba que estou vigiando-a e. o que está fazendo aqui?

—Estou procurando meu aluno fujão!-respondeu Shura.

—Aqui?

Kian ficou parada ainda, olhando para o que fizera.

—Eu... Consegui... Aiiii... -Kian parecia notar agora que os dedos estavam muito feridos e que provavelmente haveria algum quebrado. Olhou ao redor tentando achar sua máscara, mas não à via.

—Foi fantástico!-uma voz de garoto logo atrás dela chamou-lhe a atenção e uma mão estendia sua máscara. - Parabéns, Kian!

Ela pegou a máscara e sorriu para o garoto de cabelos negros, molhados e presos em uma faixa, na altura dos ombros, nos olhos negros refletidos a sincera admiração.

—Obrigada, Sephir!

Perto dali.

—O que aquele moleque pensa que está... -Milo ia saindo do esconderijo, mas logo foi puxado por Shura. -OW!

—Eles vão nos ver!

—Aquele Don Juan de Jardim de Infância tá assediando minha aluna!

—Não exagere!

—Ela está sem a máscara!

—Ela está sorrindo e ainda não o matou... Então... - Shura riu.

—Não complete esta frase, maldito!

Perto da rocha destruída.

—Soube que vai para a Espanha com seu mestre. Ouvi um dos pirralhos que treinava com você dizendo. - Ela comentou. - Parabéns, você merece!

—É... Mestre Shura disse que iremos depois de amanhã. Estou ansioso!

—Isso significa que ele quer que você se torne cavaleiro de ouro.

—Isso! Machucou a mão!-Sephir pegou a faixa e envolveu a mão da menina, que ficou corada.

Perto deles.

—ELE ESTÁ PEGANDO NA MÃO DELA! VOU MATÁ-LO!-a unha de Milo cresce e fica escarlate.

—Cara, se fosse sua filha você não teria tanto ciúmes. - suspirou Shura e arrasta Milo para ficar mais escondido. - Eles estão vindo.

Os jovens passaram pelos cavaleiros, conversando sob a chuva forte e nem sequer notaram a presença de seus mestres.

—Vamos ficar algum tempo sem nos ver. - dizia Kian, massageando a mão enfaixada.

—Sem problemas! Em dois anos meu mestre disse que eu estaria no Santuário como cavaleiro, se eu provasse meu valor. -respondeu o rapaz. - Em dois anos nos vemos no Salão do Grande Mestre!

—Tem razão!-ela concordou por fim, sorrindo.

—"Em dois anos nos vemos no Salão do Grande Mestre!"-Milo o imitava fazendo uma vozinha irritante. - Não se eu o pegar antes!

—Ow!-chamou Shura de braços cruzados.

—Não vem defender aquele pivete!

—Ela vai chegar na cabana antes de você, assim. -falou com calma, pegando o caminho de volta para a cabana dele.

—Filho da...

Milo então sai correndo, o mais rápido que podia, para chegar antes de Kian em casa. E assim que entrou, correu para o quarto e tirou as roupas molhadas e vestiu outras, agindo como se nada houvesse ocorrido. Kian chegou em casa, agora com a sua máscara no rosto e ficou parada na porta olhando para o seu mestre.

—Entre! Está deixando a chuva entrar e molhar o tapete!-ordenou Milo agindo naturalmente. - Vá colocar uma roupa seca e comer algo. E ah... Parabéns por cumprir sua missão. Amanhã de manhã começaremos seu treinamento de verdade!

—Como sabe que eu quebrei a rocha?

—Eu... Sei... Por que... -nervoso procurava uma resposta. - Senti. Senti seu cosmo explodindo! Sou um cavaleiro e nós cavaleiros fazemos isso! Sentimos os cosmos um dos outros. Como acha que sabemos quando aparece alguém do nada por aqui, ou no santuário tentando entrar sem ser convidado? Sentimos!

—Eu consegui Mestre Milo!-ela sorria por detrás da máscara e Milo pode sentir a energia dela.

—Ótimo! Agora vá se trocar. - ordenou.

Kian correu para os aposentos e estava demorando para voltar. Milo bateu a porta estranhando e como ela não respondeu a abriu. Kian estava com as roupas secas, sem a máscara, deitada na cama dormindo profundamente, abraçada ao travesseiro e os cabelos úmidos molhando parte dele.

Milo balançou a cabeça e aproximou-se da cama cobrindo-a com a coberta velha, saindo logo em seguida.

—Durma bem, Peste. Amanhã começa o verdadeiro desafio.

Na manhã seguinte, Milo batia insistentemente na porta do quarto da sua aluna.

—Kian, acorda!

—Tá... -murmurou a garota do outro lado. -Que dor...

Milo sorriu, balançando a cabeça, certamente ela deveria estar com o corpo todo dolorido pelo treinamento.

—MESTRE! MESTRE!

A jovem gritava em desespero, fazendo Milo irromper pelo quarto imaginando que algo errado estivesse acontecendo, pronto para enfrentar algum inimigo quando deparou-se com o rosto em branco da menina, com o rosto molhado pelas lágrimas.

—ESTOU MORRENDO!-ela gritava. Milo ergueu a sobrancelha não entendendo. -ESTOU TENDO UMA HEMORRAGIA!

De repente o cavaleiro percebeu o que estava acontecendo e ele quem fica branco.

—Se cobre!!!-ele pediu e sai do quarto correndo. Depois volta correndo, fazendo um gesto para que ela se acalme. -Você não está morrendo! Já volto... Calma ae!

Milo correu para a vila mais próxima, batendo na porta da casa de uma senhora. Conhecedora de quem era o cavaleiro de Atena o recebeu com um sorriso, e ele expos a senhora o que acontecia. Ela sorriu serena e lhe disse o que fazer.

Naquela manhã não houve treinamento. Milo esteve ocupado comprando na farmácia mais próxima o primeiro absorvente de Kian, depois explicou ~ muito constrangido ~ sobre a mudança em seu corpo.

Kian passou a manhã toda deitada com suas primeiras cólicas. E Milo ponderando como era difícil ser o “pai” de uma pré-adolescente, e que Camus teve sorte de não ter passado por isso.

Fim da Parte 3.


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