Imaginary Love escrita por Woodsday


Capítulo 15
Capítulo 14.


Notas iniciais do capítulo

Ai meu Deus! Como vocês são lindas!



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Felicity.

– Felicity! - Sara praticamente rugiu atravessando a porta do quarto em passadas irritadas. - Porque você está demorando tanto?

– Não sei o que vestir! - Choraminguei, olhando com lamento para as diversas peças jogadas em cima da minha cama.

Sara soltou um suspiro, parecendo finalmente entender.

– Fel, ele é seu melhor amigo. - Ela se aproximou, colocando as mãos em meus ombros e então franziu as sobrancelhas. - E pelo que você me dizia quando era criança, ele até te viu peladinha.

Eu gemi, sentindo minhas bochechas esquentarem. - Droga, Sara! Argh!

Sara se afastou, sem conseguir segurar o riso que escapou de seus lábios, observei irritada, a loira praticamente se entortar de rir. Provavelmente muito mais da minha expressão chocada do que de seu comentário desnecessário.

– Fel... - Ela tentou outra vez, segurando o riso. - Não liga pra isso ok? - E então, foi em direção a cama, voltando com um vestido preto e soltinho. - Esse homem já te viu babar dormindo, já te viu de tpm, de maquiagem borrada e outras coisas que só Deus e ele sabem.

– Que animador, Sara! - Resmunguei puxando o vestido de suas mãos com certa brutalidade. Acho completamente desnecessário ela me lembrar que Oliver me viu crescer. Quero dizer, não preciso de um lembrete para isso. Estou apaixonada pelo meu melhor amigo e anjo da guarda - já é pressão o suficiente.

Sara riu mais uma vez. - Mas é verdade, Fel! Pare de se preocupar com a sua roupa, ele não está nem aí para ela. - Ela fez um gesto de descaso com as mãos. - O que não significa que você tenha que parecer uma mendiga... Então, aquele seu pijama de ursinhos cor-de-rosa, por favor, Fel. Jogue ele fora.

– O que?! - Eu me apressei, com metade do vestido no corpo e outra metade fora. - Não mesmo! - Corri em direção ao pijama surrado, arrancando-o das mãos de Sara. - O que pensa que está fazendo? É o meu pijama, não pode simplesmente jogá-lo fora desse modo. Ele tem um valor muito sentimental e tudo bem que não é tão sexy assim... Mas, é o meu pijama! - Eu finalizei erguendo o queixo e encarando-a orgulhosa.

– Amiga, sinceramente. - Ela levou as mãos a cintura, encarando com uma expressão medonha. - Você precisa de uma lingerie sexy! Para enlaçar esse cara de vez.

Eu corei até a raiz do cabelo com a menção de lingerie. - Claro que não, Sara! - Me afastei de seu olhar avaliativo, voltando a ajeitar o vestido dentro do corpo.

– Você está com medo?

– Eu não quero apressá-lo. - Corrigi suavemente.

– Você está com medo! - Afirmou categoricamente. - Com medo de transar! Ai meu Deus, Felicity! Você está com medo de transar?!

– Claro que não. - Neguei rapidamente, enquanto pegava a escova e passava pelos meus fios, deixando-os mais lisos do que gostaria. Mas era quase um tique, a escova passando pelos meus cabelos sempre me trazia alguma calma. - Eu só não quero apressar Oliver, isso é estranho para ele, entende?

– Felicity. - Sara balançou a cabeça, pegando-me na mentira. Então, com a paciência de uma médica, ela me puxou em direção a cama, sentando-se de frente para mim como se eu fosse uma criança assustada. Eu me recompus rapidamente, tentando não parecer com uma, de fato. - Você está com medo. - Afirmou gentilmente.

– Talvez. - Eu balbuciei entre um suspiro entrecortado.

Sara afagou minhas mãos de forma gentil. - Entendo. Mas olhe, foi diferente com Ray, certo? - Eu assenti, apesar de saber que a pergunta era retórica. - E será muito melhor com Oliver, porque vocês se amam, afinal.

– Ah Sara...

– É verdade. Você diz que não sempre que entramos nesse campo perigoso. Mas Connor a traumatizou, Fel. Você levou quase seis meses para ir para a cama com Ray. E não é porque você é puritana, Felicity. - Ela arqueou uma sobrancelha questionadora. - Foi horrível, eu sei.

– Sara... - Eu tentei outra vez fazer com que ela parasse de falar.

Eu realmente não precisava de outra sessão de conselhos sobre "supere o passado". Era meio constrangedor, afinal de contas. E eu não gostava de fazer disso uma grande coisa, fisicamente, eu havia superado perfeitamente. E emocionalmente também, em grande parte. Por mais absurdo que possa parecer, sempre que me lembro daquela noite, não penso nas mãos de Connor forçando-me para si, claro que não. Eu me lembro da partida de Oliver. De alguma forma, a junção dos dois acontecimentos desencadeou uma reação extrema a relações intimas dentro de mim. Não totalmente medo, claro... Só um receio, um cuidado. Eu não era uma daquelas garotas que não suportavam ser tocadas e afins, eu só... bem, gostava de ter certeza sobre o tipo de pessoa que iria me tocar. E eu não passara muito tempo com alguém na faculdade para isso acontecer de fato. O que me leva a Ray e então, a mais ninguém. Sara era diferente, eu me sentia quase envergonhada em pedir conselhos a ela - sua experiência no campo sexual era vasta e bizarra. O que me leva novamente, ao fato de não gostar de fazer disso algo grande.

Era uma escolha pessoal, afinal.

– Está tudo bem. - Eu disse firme e segurei sua mão entre as minhas, atraindo sua atenção para mim. - Eu estou com medo, claro. - Balancei a cabeça. - Sonho com esse momento desde os meus quinze anos... Eu sempre amei, Oliver... Entende? É assustador. Uma pressão sobre ser boa para ele, sobre ser sua experiência de uma forma boa. Mas, também é Oliver. Isso não é mentira completa. - Sara assentiu, parecendo entender. - É tudo muito novo para ele, sabe? Isso é completamente contra o que ele deveria fazer, Sara. E só trocamos alguns beijos. Eu não quero que aconteça e então, na manhã seguinte a gente acorde arrependidos por ter feito com tanta pressa. - Suspirei, quase sonhadora. - Eu quero mesmo que seja especial.

Sara fez um som de engasgo e então outro som engraçado, de repente, eu estava presa entre seus braços.

– Isso é tão romântico! Ai que orgulho, Fel!

Eu ri, dando um tapinhas em suas costas e ela se afastou, exageradamente limpando os olhos, como se estivesse chorando de emoção. O irônico, é que nós duas tínhamos a mesma idade. Mas, enquanto os vinte e seis de Sara significavam vinte e seis, os meus eram mais como vinte e dois.

Seria constrangedor, se Sara não respeitasse minhas vontades e escolhas. Eu a amava tanto por isso! Sempre fora dessa forma, afinal. Pensei, enquanto Sara puxava sua caixa de maquiagem para cuidar de mim. Ela sempre esteve do meu lado, até mesmo quando eu decidira hackear o sistema da Casa Branca e ficamos as duas morrendo de medo de algo extremamente grave acontecer - tipo o FBI ir até minha casa. Mas, eu sempre fora a nerd - a garota que gostava de super heróis, vídeo-games e eletrônicos. Enquanto Sara fora a líder de torcida, a líder do comitê de boas-vindas da faculdade, a embaixadora das festas regadas a cerveja e pegação.

Ao invés de nos separar, isso nos aproximara ainda mais.

Eramos uma mistura uma da outra. Eu aprendera a me divertir com ela e ela, a estudar comigo.

– Você está linda! - Ela finalizou com um sorriso gigantesco, afastando-se como que para avaliar a própria obra prima. - Olhe. - Indicou o espelho do meu quarto e eu fiquei satisfeita com o resultado.

Estava sexy e doce. Uma combinação que somente Sara conseguia.

Vesti as sapatilhas nude que usara na tarde de ontem e peguei a pequena bolsa, colocando lá dentro as coisas essenciais para mim. Sara já estava pronta - e absurdamente linda -, o vestido era vermelho sangue e parecia destacar ainda mais sua pele bronzeada, os cachos dourados caiam com perfeição em seus ombros e eu soube que ela passara horas modelando-os. Sara usava saltos altíssimos pretos - lindos Louboutins.

– Você tá arrasando, Sara! - Eu joguei em sua direção um casaco, porque Sara tinha a habilidade de terminar a noite congelando e amanhecer o dia seguindo gripada. - Agora vamos!

– Uhul! - Sara deu um gritinho super engraçado. - A noite é uma criança. - E então uma requebrada. E eu não pude evitar rir.

Eu sempre me lamentara por ser filha única, mas era impressionante a forma como a gente sempre tinha o que precisava.


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