Helena-- Eles cantaram, nós comemos e rimos das histórias contadas pelo senhor Campos, que ainda nos convidou para voltar nas férias do meio do ano que vem.

Sr. Campos- O que acham dessa ideia?

Alícia- Eu acho ótima! Todos voltando pra cá, passando as férias e se divertindo...

Carmem- Não é, professora? Vai ser muito legal voltarmos juntos pra ficar mais tempo!

Helena- Sim, meu amor! Mas estarei meio ocupada com outras coisas... --acaricio a barriga.-- Meu anjinho vai chegar exatamente no mês de julho.

Jaime- Não quero nem pensar na pos...possi...

Daniel- Possibilidade!

Jaime- Isso aí mesmo! Da gorda ter que vir com a gente.

(Risos)

Helena- Está tudo muito bom, mas eu vou me deitar meus amores, estou cansada. Até amanhã!

–Até, professora!!

Helena-- Sigo para meu quarto, voltando a refletir nos mesmos medos que passaram pela minha cabeça a um tempo... Tudo isso pelo que tinha dito as crianças.--

Vou ter que deixar meus alunos um pouco de lado, né? --murmuro, ainda me acostumando com as curvas de minha barriga.-- (Sorrio) Mas eu sempre vou amá-los muito! --me assusto com alguém ponto as mãos em meus braços.

Valéria- Professora, te assustei?

Helena- (Risos) Um pouco! O que foi? --me abaixo levemente pra olhá-la nos olhos.

Valéria- Você vai deixar a gente?

Helena- Não, de forma alguma... Eu só vou precisar cuidar do bebê por uns meses, depois volto.

Valéria- Por que sua mãe não cuida e você vem pra escola?

Helena-- Sorri. Ela é tão audaciosa!-- Porque, Dona Valéria Ferreira, as crianças recém-nascidas precisam da mãe pra amamentar e dar carinho, entende? --digo algo do qual até eu estou descrente.

Valéria- Entendi! (Beijo) Boa noite!

Helena-- Essa menina! (Risos) Vou dormir, ou pelos menos tento, já que um turbilhão de preocupações e incertezas passa pela minha cabeça.

Levanto-me, enjoada, mal conheço o lugar onde estou, é estranho! Saio tropeçando em tudo e esbarro em alguém com certa força, caindo em seus braços quentes e acolhedores.

Afonso- Ei, vá com calma! (Sorri) Está tudo bem? --digo com ela em meus braços tendo uma sensação estranha e ao mesmo tempo muito boa.

Helena- Não muito! Onde fica o banheiro?

Afonso- Vem comigo. --ajeito seu corpo e ela põe uma das mãos em meu ombro, ainda está escuro. Acendo a luz do banheiro e posso ver seu rosto pálido. Ela sorri e entra, trancando a porta... Pude ouvir seus enjôos durante a noite, do meu quarto. Por que tive aquela sensação?

Helena-- Esta criança não deve estar bem. Analiso friamente enquanto minhas cólicas fazem eu me contorcer na cama. Deixo que um gemido escape e logo depois ouço alguém batendo na porta.

Mal consigo me levantar! Isso me deixa completamente aflita. Mesmo assim, esforço-me para abrir a porta e encontro Sr. Campos junto com seu ajudante.

Sr. Campos- Desculpe! Ouvi um barulho estranho e vim ver se você está bem. --observo sua mão fechada em cima da barriga.

Helena- Estou passando um pouco mal. Desculpe ter acordado vocês!!

Afonso- Imagina!! Por favor, quer que façamos algo?

Helena- Não, não precisa.

Sr. Campos- Professora, quer ir ao hospital?

Helena- Já vai passar, sim? --digo quase empurrando os dois pra fora. Quero apenas me deitar.

Afago meu ventre, dolorido, pulsando compassadamente. Sei que cólicas são comuns, mas será que não tem algo de errado com ele?

Vejo amanhecer e a dor se ameniza um pouco, meu coração fica apertado só de pensar no dia que terei pela frente.

11:20a.m.

Daniel- Seu Campos! E a professora Helena?

Sr. Campos- Está na cama. Ela teve uma noite difícil, deixe-a descansar!

Cirilo- Que será que ela tem?

Alícia- Não sei, eu não ouvi nada durante a noite.

Valéria- Vamos lá ver?

Sr. Campos- Não, não! Ela precisa de sossego... E o Afonso ficou lá com ela. Vamos fazer a trilha?