Diário de Autoajuda escrita por Miss B


Capítulo 9
Marcas


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao final queridos, doces. Infelizmente um capítulo a menos que o previsto. Estou muito feliz de ter concluído essa fanfic. O assunto desse capítulo é polêmico então quero que ao lerem se lembre da liberdade de expressão. Nos vemos nas notas finais.



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28/06, domingo.

Estava fitando meus pulsos. Estão limpos, sem cicatrizes.

Eu já senti várias coisas durante a minha vida. Já enfrentei muitos problemas, e muitas vezes já me senti totalmente esgotada, sem sentido, um lixo que não serviu nem de motivo para que os pais continuassem juntos. Totalmente sem importância. Nada disso, me fez querer trocar a dor emocional pela física.

Automutilação, um ato totalmente descriminado. “Só querem chamar atenção.”, “Se querem morrer, façam o serviço direito.” A sociedade só critica mas, nunca ajuda.

Eu nunca vi a automutilação como algo para chamar atenção, nem como demência. Eu vejo como um caminho obscuro para quem cansou de lutar, uma troca mal pensada, uma tortura.

A troca mal pensada ocorre quando a pessoa que começa a mutilação em si mesmo decide ficar com as duas dores ao invés de uma, ou até mesmo nenhuma. De que adianta maltratar a si mesmo para parar de sentir-se um fracassado apenas enquanto o sangue escorre? Quando parrar de escorrer pelo corpo, todo sofrimento mental vai voltar. Isso não é uma troca justa, certo? Corrija-me se estiver errada.

Em um mundo que apresenta tantas válvulas de escape, tantas pessoas para continuar lutando, tantas coisas bonitas para vê, por que substituir temporariamente uma dor? Por que deixar o Bicho-papão esperando na porta entreaberta? Eu continuo sem entender o motivo desse sofrimento dobrado, talvez chegue a nunca entender.

Sei que as dores são grandes e muitas vezes insuportáveis. Em meio aos aniversários terríveis, a solidão, a não aceitação, a separação dos pais, a morte do avô, as decepções, sempre continuei lutando, sempre procurei o caminho com maior recompensa, a felicidade. Não seria mais satisfatório lutar por momentos felizes do que perecer perante a lâmina?

Li em um lugar que a lâmina é a melhor amiga de um suicida. Eu discordo. A lâmina é a queda do guerreiro.

Se as pessoas seguissem o mandamento ‘Ame ao próximo como a ti mesmo’, muitas pessoas largariam o caminho negro da mutilação. Amor é o que o mundo precisa. As pessoas precisam sentir-se amadas, importantes.

Se você é um guerreiro da lâmina e está lendo isso, erga a cabeça, meu amigo. Lute. Lute por você, sinta-se importante, mostre-se um vitorioso. Procure um jeito de sentir-se melhor, por dentro e por fora. Escolhas as armas que afetaram seu inimigo, não seu corpo.

Se você saiu da mutilação, se ganhou sua batalha, pegue um diário e escreva como foi sua batalha e como foi sua vitória, depois compartilhe para que outras pessoas sintam-se encorajadas para seguir em frente. Ajude. Vamos trancar de uma vez por todas as portas entreabertas.

Há uma luz no túnel dos desesperados, há um cais no porto pra quem precisa chegar. [...] É uma noite longa ‘pra’ uma vida curta mas, já não importa basta poder te ajudar. E são tantas marcas que já fazem parte do que eu sou agora mas, ainda sei me virar.”

–Lanterna Dos Afogados, Maria Gadú.


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Notas finais do capítulo

Eu agradeço a todos que leram até aqui.
Essa não será a ultima fic, provavelmente neste sábado (04/07) estarei postando uma nova, espero que queiram lê-la também.
É isso, aqui me despeço do Diário de Autoajuda.
Um beijo tão doce quanto Nutella.



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