Sob um olhar mais Severo escrita por Céu Costa


Capítulo 6
Bom, as primeiras impressões são as que ficam, certo?


Notas iniciais do capítulo

Bom, tenho recebido muitos comentários das minhas lindas leitoras. Sei particularmente que a Lyra Black e a Mel de Abelha podem querem me matar por esse capítulo, então já conjuro Protego desde já. Enfim, Accio Capitulum!



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Pov Sophie

A primeira coisa que eu vi esta manhã quando acordei foi o vulto negro de um enorme dementador passar pela janela do dormitório. Eu dei um grito tão alto que acordei a Belle. E o resto das garotas do dormitório.

– O que foi? Onde está? - Belle segurou sua varinha ameaçadoramente, pronta para estuporar quem se metesse à besta - Eu juro que mato!

– Tá tudo bem, gente! - eu disse, sentando na cama - A culpa é minha! Eu me assustei com o dementador.

– Ah, tudo bem, Sophie! - Emilia me apoiou - Se não fosse você, eu mesma teria dado um berro! Esses dementadores! Saudades da época que tinha um escudo protetor em Hogwarts.

– É, e se chamava Dumbledore. - Belle se sentou na cama.

– Bom, pois eu acho que Hogwarts está bem melhor sem ele. - Primm retrucou de sua cama - Os dementadores assustam, mas a escola está melhor sem os sangues-ruins.

– O que você tem contra os mestiços? - Emilia ficou nervosa.

– Meninas, meninas... - eu me meti no meio das duas - Não vamos começar discussões a essa hora da manhã. Agora que o diretor é outro, eu nem entendo os horários...

– Verdade, acho que estamos atrasadas para a primeira aula. - Belle me apoiou. - É Transfiguração ou Herbologia?

– Nenhum dos dois! É Estudo dos Trouxas. - Primm torceu o nariz arrebitado.

– Sendo assim, não vamos nos atrasar. - eu encerrei o assunto.

Nós colocamos as vestes e fomos para a primeira aula, Estudo dos Trouxas. Eu particularmente achei estranho, ano passado essa disciplina era opcional, mas este ano é obrigatória no currículo. Ano passado eu não fiz, troquei por horários vagos para assistir o time de quadribol da Sonserina treinar, será que vai me prejudicar não ter tido essas aulas?

A sala era muito parecida com a que ensinavam sobre O Trato das Criaturas Mágicas ano passado, quando falavam de salamandras e pequenos seres que não exigiam uma aula de campo. Era grande, sombria, e sinistra. Belle dividiu uma carteira comigo. Draco estava na da frente, com Vincent Crabbe, e na fileira do lado esquerdo, Neville dividia a carteira com o Finnigan. Assim que me viram, ambos deram sorrisos e acenaram discretamente para mim. Mas alguma coisa no olhar do Draco os fez parar. Foi assustador.

Mas Neville não se deixou intimidar. Ele enviou uma pequena borboleta de papel, que voou baixinho, direto sobre meu livro didático. Era um encantamento muito bonito de se ver. A borboleta se abriu, revelando ser um pequeno bilhetinho para mim.

"Muito legal o que você fez pelo Simas."

Eu sorri. Peguei minha pena e escrevi uma resposta.

"Me deve um sapo de chocolate, pé de valsa."

E devolvi para ele. Quando Neville abriu o bilhete, vi o amigo dele empurrá-lo de leve, rindo, e ele corou. Depois, a borboleta voou novamente para minha carteira.

"Combinado."

Aquilo fez meu rosto queimar. Neville dançou comigo no Baile de Inverno, no Torneio Tri-Bruxo, como já comentei antes, e agora me lembro porque eu aceitei ir ao baile com ele. Ele é muito fofo.

Belle olhou para mim, nervosa, e escondeu meu bilhete bem rápido. Eu teria reclamado, mas logo entendi o motivo. O professor tinha acabado de entrar na sala. Ou pior, professora.

– Quero deixar uma coisa muito clara para todos vocês! - ela disse, enquanto caminhava até chegar ao quadro negro, na frente - Eu não gosto de vocês e nem pretendo gostar. Não estou aqui para ser amiguinha de ninguém. Então, se estavam esperando uma tiazinha fofa e idiota, que tricota enquanto deveria estar ensinando a verdade para vocês, podem começar a se acostumar com a dura realidade. Eu não gosto de nenhum de vocês. Lágrimas e desculpas não me convencem.

Todos olhavam para ela, atônitos. Eu a reconheço um pouco, era a mesma mulher que estava no portão barrando alunos quando chegamos em Hogwarts.

– É a Carrow, a mulher que me mandou voltar pro... - Belle cochichou para mim.

– Se tem algo a dizer, fale para todos, Scolfh. - a mulher disse, e eu vi Belle tremer, o que foi sinistro.

– A senhora é a mulher que barrou os alunos quando chegamos em Hogwarts. - Belle disse, um pouco mais alto. A mulher riu, debochada.

– Não, menina, eu estava limpando essa escola. - ela retrucou. - E a propósito, eu tenho nome, sou a Professora Aleto Carrow. E não permito que me chame de outra coisa, que não meu nome, fui clara?

Neville levantou a mão, e eu temi por ele.

– Diga, Longbottom. - assustador o fato de ela saber o nome de todo mundo.

– Professora Carrow, a senhora mencionou estar limpando a escola. - ele disse, falhando um pouco - Poderia nos dizer do quê?

– De trouxas, é claro. - ela afirmou. Vi Neville lançar um olhar pensarivo para o Finnigan, que correspondeu - O Ministério nos deu ordens bem claras de limpar a nossa pacífica sociedade bruxa dessas... aberrações da natureza.

A partir daí, o discurso dela foi se tornando cada vez mais revoltante:

"A disciplina que eu vou lecionar se chama Estudo dos Trouxas. Eu quero que todos abram seus livros na página 12. Vamos começar com 'O Renascentismo Trouxa', ou eu deveria chamar de Era das Trevas Bruxa. Anotem isso. Os bruxos existem desde o início dos tempos, sendo sempre considerados figuras de destaque entre as sociedades. Na Grécia Antiga, por exemplo, os chamados Oráculos eram sempre consultados por reis e heróis. No Egito, os faraós tinham muitos bruxos ao seu dispôr, pois os bruxos eram considerados seres detentores da boa sorte e da prosperidade.

Então, essas sociedades caíram, e os bruxos começaram a formar pequenas vilas e cidades como uma forma de preservar a cultura. Mas com o crescimento da população bruxa, viu-se a necessidade de encontrar locais para se estabelecerem. Os bruxos começaram a viver nas florestas, bem próximos das vilas dos trouxas, para compreenderem seus costumes e ensinar os seus para eles, uma forma pacífica de colonização bruxa.

Mas os trouxas, ah, que raça miserável, eles eram tão burros e primitivos, que tiveram medo dos bruxos, e passaram a persegui-los, queimando-os em fogueiras e cometendo muitas atrocidades. Muitos bruxos morreram naquela era sombria. Mas os trouxas não se contentaram com queimar alguns magos. Eles queimavam as mulheres, as crianças...! Animais odiosos! Todos eles! Por essa causa que em 1689 foi assinado o Estatuto Internacional de Sigilo à Magia, que continua vigorando até hoje, para nos proteger de pragas como essa."

– O Ministério da Magia ordenou que nenhum nascido trouxa pudesse entrar em Hogwarts este ano. Porque a crueldade, a ignorância e a maldade fazem parte da natureza trouxa, e quem tem o sangue contaminado não tem sequer o direito de fazer parte dessa sociedade. Eles querem trazer devolta a pureza e a tradição do sangue bruxo. - Professora Aleto disse, com orgulho.

Ouvir aquilo me enojava. Os trouxas foram sim até bastante cruéis com os bruxos, mas se tem uma coisa que eu sei é que a sociedade trouxa está sempre sofrendo mutações em seus pensamentos. Eles estão tão evoluídos que talvez alguns nem precisem de magia. E as engenhocas que os trouxas fazem...

– Professora Carrow, - eu levantei minha mão - não nego tudo aquilo que os bruxos sofreram, mas a sociedade trouxa mudou muito nesses últimos 4 séculos...

– Mudou, Sullen, para pior! - ela retrucou - Os trouxas são como um vírus, destruindo a natureza! Matam os animais trouxas, as criaturas fantásticas, destroem as florestas com todas as suas riquezas para as poções... Eles são porcos! Nada além de porcos que destroem aquilo que veem pela frente, sem se importar com nada além de sua barriga! São lixo! Isso sim! E devem ser tratados como tal!

Vi o Neville se revoltar grandemente com aquelas palavras, mas o seu amigo o segurava, tentando acalmá-lo, o que não deu muito certo.

– Professora Carrow! - Neville chamou.

– O que, Longbottom? - ela se virou, olhando-o.

– Qual a porcentagem de sangue trouxa que a senhora e seu irmão tem? - ele perguntou, e eu vi um sorriso maldoso se formar discretamente em seu rosto.

A mulher ficou furiosa. Tirou sua varinha do bolso e a apontou para o Neville.

Diffindo!– ela gritou.

Neville gemeu e virou o rosto, sentindo o golpe forte do feitiço. Ele olhou para mim. De sua sombracelha começou a escorrer um fino fio vermelho.

– Ele está sangrando! - eu gritei, apavorada, ansiosa por ajudá-lo.

– Ele mereceu. - Professora Aleto sorriu, vitoriosa. - Esta é a segunda novidade este ano. Os Carrows são os responsáveis pela disciplina e ordem. E nós vamos mantê-la, custe o que custar. Mais alguma pergunta? Não? Ótimo.

Quando a aula acabou, eu e Belle caminhamos pelos corredores do castelo até a próxima aula.

– Que mulher idiota! Ridícula! - Belle esbravejou - Como pode falar mal dos trouxas assim? Eles podem ter sido cruéis no passado, mas hoje não!

– E o jeito como ela disse que os trouxas deveriam ser tratados... - eu suspirei. - Lixo...

– Olha, ela pode até achar que os trouxas são lixo. Mas eu não acho. - Belle disse, orgulhosa.

– É, principalmente o dinheiro deles, né riquinha! - eu debochei.

– Não posso reclamar... - Belle suspirou, me fazendo rir. - O dinheiro deles não é tão sujo quanto ela fez parecer.

– Bom, o seu é. - eu retruquei - Ou vai me dizer que ser dono de cassinos é um trabalho honesto?

– Honesto não, mas é divertido! - Belle jogou os cabelos pro lado, cheia de pose.

Os alunos da aula passaram por nós. E depois deles, Simas.... e o Neville.

– Hey! - eu corri - Espera!

Simas parou quando me ouviu, e fez o Neville parar. Eu me aproximei deles, e Belle veio comigo, mas bem quieta.

– Oi, Sophie! - Neville sorriu, virando-se para mim.

– Enfrentar a Carrow não foi nem um pouco inteligente... - eu cruzei os braços.

– Ah, isso. - ele abaixou a cabeça, corado - Olha, eu....

– Nem precisa dizer. Quer dizer, eu estava quase fazendo o mesmo. - eu falei, e ele olhou para mim.

– É?

– Claro! Ela não tinha o direito de dizer aquelas coisas horríveis, e aposto que nem ao menos conhece a cultura trouxa. - eu respondi - Olha, dá pra saber muito mais ouvindo essa bruxinha aqui - abracei a Belle - do que com as coisas que pelo visto, a Carrow vai ensinar.

– O pai do Simas é trouxa, se você não sabia... - Neville puxou o amigo, que tentou se esquivar - Aposto que a Carrowcuda jamais vai saber as maravilhosas utilidades de um patinho de borracha!

Eu comecei a rir, juro que nem sei por quê. Mas algumas coisa nele me fazia rir.

– Bom, Sophie, acho melhor irmos andando, - Belle me puxou - afinal, nerd do jeito que você é, odiaria chegar atrasada.

– Ah, verdade! - eu concordei - E Neville, precisa passar uma Fecha-Corte nesse corte, você não ia gostar se infeccionasse.

– Eh, vou passar sim. - ele concordou - Te vejo depois, Sophie.

– Tchau! - eu sorri, enquanto Belle me puxava para voltar a caminhar.

Depois de um bom tempo caminhando, eu notei que Belle estava me encarando.

– O que foi?

– Bilhetinhos de borboletas... conversinhas idiotas... risos... - Belle me olhou, me julgando.

– Só continua andando, sua bruxa. - eu retruquei, muito corada. Enquanto Belle ria da minha cara.


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Notas finais do capítulo

Carrowcuda, asso que vou adotar essa pra mim...



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