Eles estavam lá, um do lado do outro, depois de outra partida de Scrabbles. Izzie passeava os dedos pelas suas mãos, tocando suas veias, vendo quantas vezes Denny já havia sido perfurado por conta das coletas de sangue, soros e testes.

Denny, por sua vez, brincava nos fios louros, ora assanhados por conta do agito no trabalho, ora pacientes, ajeitados pelo seu toque sutil.

Os dois se entreolharam, e Izzie sorriu para ele. Era um sorriso cheio de vida, alegria e uma paz que até então Denny desconhecia, mas que havia sido o único motivo para aceitar ainda estar ali, quando tudo o que queria, depois de tantas falhas e decepções, era simplesmente desistir.

Ele sorriu de volta, e o que Izzie captou em seu sorriso foi aquela plenitude, aquela altivez de quem ainda poderia viver uma vida toda pela frente se lhe deixassem fazê-lo. E era por isso que ele merecia, mais do que qualquer um, um coração.

Na sua presença, Izzie se sentia bem, leve, diferente de como se sentia quando estava com Alex.

Com Denny ela sentia que poderia ser simplesmente ela, e não a garota modelo que havia pousado quase nua para pagar seus estudos. Ela não era apenas um rostinho bonitinho, que conseguia as coisas facilmente apenas por ter um corpo bonito. Não.

Denny a via como ela era realmente, distante de ser apenas uma pessoa bela – ela sabia que era –, uma mulher por trás de toda aquela faceta doce que demonstrava a todos. Por trás de todo o altruísmo e desespero de quem queria apenas salvá-lo para que pudessem ter uma vida prometida fora daquele hospital.

Seus olhares permaneceram sustentados, os sorrisos abertos. Talvez apenas poucos segundos tivessem se passado, mas naquele entrave no qual se encaravam, conseguiram compreender muito mais do que qualquer casal compreenderia trocando palavras.

A mão de Denny que passeava sobre seus cabelos, desenhou todo seu rosto, acariciando atrás da orelha, descendo pelas maçãs até lhe segurar o queixo suavemente. Izzie sabia o que viria depois disso, portanto fechou os olhos apenas para sentir a pressão dos lábios gélidos dele contra os seus por conta de sua circulação ruim. Já os dela, Denny sentia, eram quentes e macios, e tinham o gosto do cupcake que ela sempre comia no café da manhã antes de chegar ao hospital. As vezes de gloss de morango.

Quando se afastaram, ainda havia aquele olhar cúmplice entre os dois, o sorriso doce de Izzie e a plenitude de Denny. Foi assim, ao mesmo tempo que disseram. Sem medirem nada, sem pensarem em nada. Apenas dito e pronto.

- Eu te amo. – disseram juntos.

Parecia até ensaiado, porque se pegavam rindo, os dois, depois disso. Queriam dizer mais algo, mas o que quer que precisasse ser dito, se perdeu dentro daquelas palavras infinitas. Izzie tornou a se encostar ao lado dele na cama, a cabeça repousada sobre seu peito enquanto ouvia sua respiração ruidosa. Denny voltou a acariciar seus cabelos.

Aqueles pequenos momentos silenciosos era tudo o que precisavam. Como uma conversa curta resumida àquelas três palavras. Nada mais.