"12 de Setembro de 1877

Querido Diário,

A vida é engraçada certo? Ela gosta de brincar conosco, de nos ver a agoniar. Pensei que fosse sádica, venenosa, mas venho percebido que afinal ela é apenas uma criança. Uma pequena doce e arrogante criança, faz de nós o que quer sem conseguir ver as consequências.

Amanhã é o meu casamento.

Eu sei, devia estar feliz, já devia ter aprendido a lidar com a situação. Mas explica-me; como é que se lida com o fim da felicidade? Como posso aceitar a minha propria infelicidade com um sorriso na cara?

Já está tudo pronto, o salão está ricamente decorado, a catedral está reservada e o vestido está finalizado. A única coisa que não está pronta é o meu coração. Não que ele me tenha dito, ele aliás, é o que mais está a sofrer com tudo isto. Lembro-me de ele me perguntar como podia eu oferece-lo assim, a uma pessoa que nunca vira na vida, quando ele chamava loucamente por outra. Eu respondia sempre que a escolha não é minha e ele calava-se. Hoje deixou de falar.

Diz-me, e se eu o der? Se eu o oferecer, mesmo sabendo que não poderei receber nada em troca? Só para ele ser feliz?! Sinto-me mal Diário, o coração está a maguar-me. Mesmo ser bater ele está a contorcer-se. Doi tanto que a água que bebi à pouco está a sair-me pelos olhos. Não posso. Não posso da-lo assim. Se o der sem rereber nada em troca vou ficar sozinha! E estar sozinha deve doer ainda mais!

Sinto-me egoísta, mesquinha, mas o que posso fazer? Todos somos assim...

Querido Diario,

Vai ser melhor da próxima vez..?"