A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 5
Trevas


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa! Dessa vez demorei dois dias para postar o cap. Agradeço ao PercyPlays pelos comentários. Também agradeço aos "leitores fantasmas" que chegaram até aqui, por, pelo menos, mostrar algum interesse no enredo.
Acho que os caps vão ficar mais ou menos desse jeito...
Espero que gostem!!



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P.O.V Ted

Eu estava novamente na praia. À minha esquerda só havia areia, à minha direita, uma imensidão infinita de mar. A praia estava completamente vazia: sem barracas, torre de salva-vidas ou qualquer forma de vida. Olhei para cima. Céu azul e sem nuvens. Estava claro, mas eu não via o sol.

Eu estava confuso, e com um pouco de medo. Não sabia o que estava acontecendo. Apurei meus ouvidos. Não ouvia o som das ondas ou do vento, mas ouvia um pequeno ruído de engrenagem, não era possível ter certeza de onde viera. O ruído cessou. Ouvi algo mais suave, atrás de mim. Era um portal. Uma passagem em arco, essa passagem era coberta por um véu negro, como uma cortina, que balançava suavemente. Caminhei para além do portal.

O mundo tinha mudado. A areia sob meus pés tinha ganhado uma coloração dourada, enquanto o mar tinha ficado vermelho. As ondas eram como mãos gigantes que puxavam tudo o que encontravam para o fundo do oceano. Pequenas luzes amarelas piscavam, flutuando no ar. Parecia vagalumes, ou mini-fogos de artifício.

O cenário mudou novamente. Dessa vez eu estava encoberto em sombras. Conseguia ver o contorno negro de prédios no horizonte. Ao meu redor, flashes brancos passavam apressadamente. Alguns desses flashes tinham formas de pessoas e de carros. Tentei dar um passo. O cenário mudou novamente.

Dessa vez, eu me encontrava em uma sala branca e quadriculada. Não estava mobiliada, porém havia um enorme “40” pintado em uma das paredes. Aproximei-me da pintura, quando fiz isso. Senti uma picada no meu braço. Olhei para ele e vi um inseto voando para longe. A picada não doera, mas me fez sentir uma pequena tontura. Olhei ao redor da sala. Havia um gás branco saindo pelas paredes, me cercando. Estava tudo muito confuso. Cambaleei até poder me apoiar em uma parede, a estranha névoa envolvia minhas pernas e subia para o resto do meu corpo.

Uma voz me chamou. Estava alguns passos à minha frente. A voz pediu que eu a seguisse. Segui na direção do som. A sala não era mais quadricular, era um corredor. Caminhei e caminhei, até que dei de cara com uma porta. A voz falou:

– Este é o caminho para um novo mundo. Abra a porta e descubra o que o futuro lhe reserva.

Fiz o que a voz mandou, abri a porta. Uma luz me cegou e dei um passo para fora daquele corredor. Tudo começou a ficar mais claro, meus movimentos mais lentos, e a voz era quase um sussurro, mas ainda ouvi algo:

– Fim da Mensagem Três.

Acordei.

–--------------------------------+-+--------------------------------

Fiquei nessa posição por um minuto. Deitado de olhos abertos, encarando o ventilador de teto.

Aquilo foi um sonho. Como eu não percebera? Agora parecia tão óbvio! Mas, no momento, parecia bastante real.

O despertador de 5:50 da manhã tocou. Finalmente mudei de posição para desligar aquele barulho irritante. Meu despertador era uma galinha cacarejando. Levantei-me ainda sonolento e confuso pelo sonho estranho que tivera. Peguei minha toalha verde e fui ao banheiro. Tranquei a porta, tirei o pijama e entrei no chuveiro. A água gelada ajudou a distrair meus pensamentos, mas logo que saí do banho e enrolei-me na toalha, pensei em Percy.

Será que ele também havia sido um sonho? Será que nada do que fizemos ontem foi real? Só para conferir, fui até o quarto de hóspedes, onde Percy deveria estar dormindo. Fiquei aliviado ao perceber que ele ainda estava lá, dormindo (N/Ted: Vou acrescentar que ele estava babando no colchão). Deixei-o aproveitar o sono e fui me vestir.

Coloquei o uniforme Diário para o Colégio: uma calça cáqui, camisa cáqui de meia-manga, sapato preto, mais ou menos engraxado; o cinto, a plaqueta com meu nome de guerra e, por último, a boina.

Antes disso, tomei meu café da manhã com Zeke. Minha mãe tinha feito vitamina de mamão e banana de novo. No momento, ela está colocando a roupa de enfermeira. Ela parecia ter esquecido que Percy estava em casa, pois foi embora trabalhar sem nem dar uma palavra sobre ele.

Escovei os dentes, penteei o cabelo e passei desodorante. Peguei meu celular e o coloquei no bolso da calça, coloquei minha mochila nas costas. Às 6:35 eu fiquei pronto. Fui chamar o elevador enquanto esperava Zeke para irmos juntos. Nesse tempo Percy acordou, ele estava com o cabelo todo desarrumado e tinha cara de que foi acordado pelo barulho do liquidificador.

– Bom dia – cumprimentou Percy – vocês vão pra escola?

– Hoje é segunda – justifiquei - o mundo pode acabar amanhã, mas hoje ainda tem aula.

Nesse momento, Zeke apareceu. Pronto para o Colégio.

– Percy, a chave da casa está em cima da mesa da sala. O nosso colégio fica aqui perto, é só olhar pela janela. Se tiver problema, sabe onde estamos – Zeke pensou no que mais dizer – tem comida na cozinha, não destrua a nossa casa e... Não faça besteira.

Percy concordou com a cabeça.

O elevador já estava no nosso andar, nós entramos e apertei no botão do térreo.

– Acha que ele vai ficar bem? – perguntou Zeke.

Olhei para ele.

– Estamos mais vulneráveis que ele – respondi – se nos metermos em problema, ele é quem tem mais chance de sobreviver.

Fora do prédio encontramos nosso amigo Heitor, ele estava na praia conosco. Ele também estava usando as roupas do Colégio, tinha cabelo castanho bem escuro e olhos da mesma cor, só que claros. O garoto era do 8º ano, dois anos mais novo que eu. Era um pouco quieto, mas falava muito quando o assunto era interessante. Ele estava nos esperando em frente à trilha que levava direto ao Colégio.

– E aí, Heitor – eu o cumprimentei. Ele me cumprimentou a mim e a Zeke de volta.

– Vocês conseguiram salvar o garoto na praia? – ele perguntou curioso, enquanto atravessávamos o caminho de pedras. Eu olhei para meu irmão.

– Conseguimos – respondeu Zeke – ele está bem... Não precisa se preocupar.

Heitor pareceu suspirou aliviado. Quando ele fez isso, um fiapo de fumaça saiu de sua boca. Só agora percebi que estava muito frio.

– Agora me arrependo de não ter trazido o casaco – comentei. Zeke e Heitor concordaram com a cabeça.

– Estou quase congelando – disse Heitor – e parece que vai chover de novo.

Olhei para o céu. Ele tinha razão. O céu estava nublado, ameaçando cair uma chuva tão forte quanto a anterior.

Chegamos ao final da trilha. Aqui tinha uma estrada de asfalto, no final da estrada tinha uma curva que dava direto no Colégio. Fomos andando, conversando sobre o estranho clima e outras coisas.

Estávamos quase chegando ao estacionamento que vinha antes do nosso destino, quando ouvimos um grito. O grito foi seguido um ruído agudo muito alto vindo do céu. Eu olhei para cima. Inicialmente só vi uma grande nuvem negra no céu, mas depois, enxerguei cinco criaturas encapuzadas de preto voando através da nuvem e seguindo na nossa direção. Essas criaturas tinham quase três metros de altura e eu só conseguia ver suas mãos e um pouco do rosto, pele cinza e deteriorada.

Dementadores – sussurrou Heitor ao meu lado.

Eu ouço outro grito. Os dementadores se aproximam cada vez mais. Começo a recuar e o medo toma conta de mim. No fundo, vejo algumas pessoas se aproximando, uma mulher começa a filmar a cena. Eu queria gritar para que aquelas pessoas fugissem dali, mas minha voz não sai. Então, agarro o braço de Zeke e saio correndo.

Os cinco dementadores estavam nos seguindo, eles ignoraram as outras pessoas. Eu corri o máximo que eu pude. Pelo menos, minhas idas aos treinos de atletismo valeram a pena, tive que deixar minha mochila para trás, pois estava muito pesada. Mesmo assim, os dementadores eram bem mais rápidos e começaram a chegavam cada vez mais perto.

Ouvi um grito de agonia. Heitor não correra rápido o suficiente.

E nem eu.

O dementador mais perto me puxou pela gola da camisa e me jogou contra o asfalto. Pelo canto do olho eu vi Zeke sendo perseguido por outros dois dementadores. Eu comecei a me arrastar para longe, mas duas da criatura circulavam em volta de mim. Um deles era bem maior e mais rápido que os outros, ele flutuava acima de mim, sugando minha felicidade. De repente, uma voz gritou:

–Ted, fuja!

Então, do nada, surgiu um galho de árvore acertou a cabeça do dementador maior, que recuou um pouco. Os outros dementadores também pararam confusos (se é que dementadores podem ficar confusos). Isso me deu uma oportunidade para fugir. Levantei-me e corri na direção de Zeke. Do lado dele estava Percy, que jogava água em um par de criaturas encapuzadas para distraí-los. Eu estava quase alcançando eles quando os dois dementadores desistiram de Percy e Zeke e flutuaram na minha direção.

Parei de correr. Um segundo depois, um dementador vindo por trás me empurra contra o chão Eu caio virado para o céu e vejo o maior das criaturas sobre mim, sugando minha alma.

Minha cabeça dói. Pontos pretos invadem minha visão. Ouço um uivo ao longe, alguma coisa queimando e outro grito. Começo a perder a consciência. Não tinha mais esperança. Era meu fim. Pior que a morte, eu ia receber um beijo de Dementador.

Até que eu ouço uma voz:

Expectro Patronum!

Então, surge uma luz prateada. Consigo ouvir os dementadores fazendo ruídos estranhos e se distanciando. Eu não sinto mais medo e o frio passa, mas minha cabeça girava e estava muito fraco.

Eu só consegui ver duas pessoas correndo na minha direção, não era Zeke, nem Percy.

Perdi a consciência.

–----------------------------------+-+----------------------------------

Dessa vez eu sabia que era um sonho, um pesadelo, na verdade. Isso não era tão real quanto o que eu tive antes de ir para a escola, mas eu não tinha controle das minhas ações.

Roberto. Esse era o nome do meu pai adotivo. Ele também era militar, professor de História. Não me recordo muito do dia em que ele morreu, somente alguns flashes de memória. Eu tinha quatro anos, e Zeke seis.

Eu me lembro de estar no meu quarto, dormindo. Uns barulhos estranhos na sala da nossa casa me acordaram, mas continuei deitado. Quando reabri os olhos, meu quarto estava completamente em chamas. Alguém batia furiosamente na porta do meu quarto, numa tentativa desesperada de entrar. Escondi-me embaixo do cobertor e chorei.

Ou vi um “Crack!” quando a porta se abriu. Espiei por um buraco do cobertor. Era meu pai, ele estava com a cara suja de fuligem e estava mancando por entre as chamas. Lembro-me de seus gritos de dor, dele me abraçando e me protegendo das chamas. Eu chorei junto.

Acordei no dia seguinte, em uma cama de hospital. Mais tarde, me disseram que não haviam encontrado o corpo do meu pai e que nada havia sobrado naquela casa, além de mim. Eu tinha recebido algumas queimaduras no braço, mas os médicos me disseram que não tinha sido o fogo, mas sim, cera derretida que entrou em contato com minha pele.

Não sobrou nenhuma marca física no meu corpo, as queimaduras sumiram. Somente houve marcas psicológicas. Desde aquele dia tenho tido pesadelos como esse. E, onze anos depois, ainda não superei.


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Notas finais do capítulo

Acho que o cap ficou bom... O que vocês acham que foi aquele sonho estranho no inicio do cap?
E os Dementadores, o que eles faziam lá?
Quem fez o feitiço para afastar os Dementadores?
Fiquei com um pouco de pena do Ted. Passou por muita coisa...
Espero que tenham gostado!! O próximo sai em dois ou três dias.