A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 28
Há Mais de Um Século


Notas iniciais do capítulo

Oeeeeeee genteeee! Vocês já devem estar acostumados com minhas demoras, mas... né... a vida é assim. Cheia de coisas. Agora vou contar um dos motivos que levaram à minha demora (além da escola e tals):
Recentemente, descobri um site incrível chamado Trello. Ele me permitiu organizar os acontecimentos e fatores diversos da fanfic. Com ele consegui organizar meus pensamentos e idéias, concentrando tudo no Trello.
Também decidi fazer uma "ficha de personagem" para Ted e Zeke, colocando todas as informações possíveis sobre os dois, dando uma história anterior para eles, traumas, relacionamentos, Hobbies e outras coisas. Assim poderei explorar melhor os dois personagens Originais.
Bem... Esperem por grandes revelações durante os próximos caps.
Espero que gostem!
:):):)



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P.O.V. Ted

Com minha mochila nas costas e a de Remo em mãos, segui Poseidon até a parte onde ficavam os navios e cruzeiros. Era cada navio... Um maior que o outro. Famílias e casais de diversas nacionalidades e com enormes bagagens andavam por ali. Misturamo-nos a essas pessoas e entramos em um edifício baixo. Lá dentro havia uma enorme fila que levava a diversos balcões com atendentes. Entramos na fila.

— Como vamos entrar no navio? — Percy pergunta.

— Eu e Reyna já temos reserva. Por sorte, Tot pensou na possibilidade de personagens serem encontrados no meio do caminho. — o deus pega alguns cartões em branco e os entrega a mim e a Percy.

Pego o cartão e olho frente e verso. Não há nada.

— Qual a utilida...?

Meus dedos começam a formigar em contato com o cartão. Sinto o formigamento subir pelo meu braço... Aí para. O cartão agora está preenchido com diversas informações minhas: nome, CPF, data de nascimento, etc. Como se fosse meu cartão de identidade, mas com um número de RG diferente. Vejo que algo parecido aconteceu com o cartão de Percy.

— Tot reservou algumas cabines para pessoas inexistentes. Vocês acabaram de ocupar essas cabines.

—Wow! Amuleto teletransportador, rastreador de personagens, cartões adaptáveis... — conto — Tot deve ter passado bastante tempo planejando essas coisas.

— Sem contar com essa marca que temos nas costas — Reyna acrescenta.

— É... — Poseidon concorda — Tem sido um longo dia.

Nem me diga.

A fila até que ando rápido. Quando me dei conta, já estávamos no balcão. A atendente pediu nossas identidades e alguns documentos que Poseidon lhe entregara. A mulher checou tudo na tela de seu computador e depois nos entregou cartões, um para cada um.

Esses são os cartões de seus quartos — diz a mulher em inglês — Have a nice trip!

Seguimos por uma longa plataforma de vidro. Subimos cada vez mais para chegar à altura da entrada no cruzeiro. Pelo vidro dá pra ver que ele é enorme. Finalmente chegamos à entrada, onde estão dois funcionários prontos para receber os tripulantes.

Bem-vindos a bordo — falam.

— Wow...

A entrada era impressionante. Fontes de água colorida espiravam para cima no centro. O teto era enorme, cobria três andares inteiros do navio. Com lojas e restaurantes espalhados por todo o perímetro. Pessoas circulam por ali, tirando foto, comprando presentes ou comendo pizza.

Por favor, todos os tripulantes das cabines da Área L, dirigir-se para a Sala de Instruções, no sexto andar — anuncia uma voz em alto falante.

— Nossas cabines são de qual Área? —Percy pergunta.

Olho o cartão do quarto.

Cabine: 615. Sexto andar. Área: L.

— Somos nós. Área L. — respondo. — Temos que subir até o sexto andar.

— Temos que descer até o sexto andar — Reyna me corrige. — Estamos no sétimo.

— Tanto faz. Temos que pegar o elevador.

Andamos até o canto esquerdo do lugar, onde tem um elevador panorâmico. Entramos e descemos ao sexto andar.

Enquanto o sétimo andar possui um clima agitado e barulhento, o sexto andar transmite calmaria e conforto. É um dos andares das cabines. O último, todos os andares que estão abaixo também são para os quartos dos tripulantes.

Estamos no meio do andar. Uma placa aponta a direção das Áreas. Para a direita, área L, para a esquerda, área K.

No meio fica a Sala de Instruções. Outras pessoas aparecem, vindas dos corredores da área L, e entram na sala. Eu, Reyna, Percy e Poseidon entramos lá. A sala parecia mais um daqueles lugares onde são feitos shows de Stand Up, com um pequeno palco no meio e as cadeiras dispostas como num teatro grego. Sentamos num lugar mais afastado, pois a sala já estava cheia.

Alguns funcionários apareceram e subiram no palco. Eles falaram sobre o funcionamento do navio e todos os procedimentos que devem ser feitos no caso de algum problema. Falaram sobre todos os cuidados que nós, como tripulantes, devemos tomar.

Eles disseram o funcionamento dos horários. As camareiras vão passando pelas cabines das nove às onze da manhã. Sendo que é possível utilizar a opção de “não perturbe”.

Os funcionários explicaram o objetivo de cada andar. O primeiro andar é para os funcionários. Do segundo ao sexto é para os tripulantes.

O sétimo é o andar luxuoso, onde ficam lojas, restaurantes mais “chiques”, um Cassino na ala leste e a Sala do Jantar na oeste. A Sala do Jantar é incluso nas reservas e funciona todas as noites, mas não é obrigatório. Se os tripulantes preferirem pagar por uma pizza, a escolha é deles. Só é permitida a entrada de maiores de dezesseis anos no Cassino.

O oitavo andar é como o anterior, porém mais simples. Possui um parque gramado, restaurantes para café da manhã e almoço, lojas, lanchonetes e uma área para patinação no gelo.

O nono é o andar do entretenimento. Mais especificamente: teatro, música e festa. Existem dois grandes espaços de teatro. Um na ala leste (Teatro Principal) e outro na ala oeste (Teatro Especial). O acesso é gratuito, mas é bom chegar cedo para não perder lugar. Há um espaço para música além do Teatro Principal, onde toca Jazz, Blues e outros, e um espaço para shows de Stand-Up. Existem também duas grandes boates: uma para adolescentes de 14 a 18 anos e outra para adultos, de 18 para cima.

O décimo andar é mais aberto. É onde ficam as piscinas, os simuladores de surf, banheiras de hidromassagem, uma parede de escalada e um salão de jogos. Nesse andar podemos pegar toalhas e picolé à vontade.

Se já não é suficiente, existe ainda um décimo-primeiro andar acima do salão de jogos. Lá fica o principal espaço para o café da manhã.

Se Zeke soubesse da minha situação, ficaria com inveja.

Nós nunca estivemos fora do país antes e muito menos à bordo de um navio como esse. Até mesmo os hotéis que geralmente ficamos em viagens das férias são muito mais simples.

É tanta informação que me preocupo mais em lembrar-me das partes mais importantes. Escuto até que falaram a informação que eu preciso: o navio fará paradas na Jamaica, no México e, finalmente, em Miami, nos Estados Unidos.

Só espero que o cruzeiro não afunde no meio do caminho.

Os avisos terminam com instruções sobre o que fazer em caso de uma emergência.

— Tenham uma boa viagem — anunciam e somos dispensados.

— Onde está Tot? — Reyna pergunta a Poseidon.

— Deve estar no quarto. — Ele examina o cartão de seu quarto — Parece que nossos quartos estão bem próximos. O dele também deve ser ali por perto.

Avançamos pelo estreito corredor atentando para o número das portas do lado esquerdo e direito. Poseidon para em frente à porta 613.

— Vão para seus quartos, guardem suas coisas e se arrumem. Voltem para cá daqui a exatamente quarenta minutos. Descobrirei o quarto de Tot e conversaremos. — Ele introduz o cartão do quarto em uma pequena abertura acima da maçaneta da porta e a abre. — Até mais.

O quarto de Percy – o 614 – está bem ao lado do de Poseidon, mas eu e Reyna precisamos andar mais alguns poucos metros para chegar aos nossos quartos. Eu faço como Poseidon: coloco o cartão na abertura, escuto um tinido de dentro da porta e a abro.

— Ted — Reyna me chama antes que eu entre. Ela me olha com a mesma expressão de desconfiada. — Você e aquele outro garoto, Zeke, são mesmo irmãos?

Respiro fundo. É sempre assim: quando as pessoas descobrem que eu e Zeke somos irmãos elas ficam surpresas, sem acreditar, e nós temos que explicar que fomos adotados. As notáveis diferenças em nossa aparência causava grande estranhamento. Lembro-me da época em que entrei pro Colégio Militar, no sexto ano. Zeke já estava no oitavo e poucas pessoas sabiam que ele tinha um irmão até então. E mesmo depois que eu entrei no Colégio, mesmo que as pessoas nos vissem conversando de vez em quando e voltando para casa a pé juntos, ninguém descobrira que éramos irmãos.

Somente no final do semestre, na semana de provas, uma garota da minha turma veio até mim com um sorriso simpático e perguntou:

— Oi Ted. Sei que não conversamos muito, mas... Queria te perguntar uma coisa: quem é aquele garoto mais velho que volta com você pra Vila? Você é amigo dele?

— Ah... O Zeke? Ele é meu irmão.

— Claro! — ela revira os olhos, ironicamente. —Sério cara...

Então ela percebe que estou falando sério. O sorriso desaparece e ela franze a testa com desdém, me analisando com outro olhar.

— Você não se parece nem um pouco com ele. Tem certeza que vocês são mesmo irmãos? Ele é muito mais bonito.

Viro-me para Reyna, segurando a maçaneta com força, e respondo:

— É. Ele é meu irmão — Encaro Reyna com o mesmo olhar desconfiado que ela usa. — Por que não seria?

Antes que ela pudesse responder, entro no meu quarto e fecho a porta, talvez com força demais. Jogo minha mochila e a de Remo de uma cama de casal e ando para lá e para cá no quarto. Coço meu cabelo raivosamente e me dirijo em passo apressado ao banheiro. Ligo a torneira e jogo água fria em meu rosto. Apoio-me na pia com as mãos tremendo.

Acalme-se, Ted. Respiro fundo. Miro meu reflexo no espelho. Encaro meus olhos cor de âmbar e tenho vontade de dar um soco em meu rosto avermelhado.

Preciso de um banho.

Volto para o quarto e abro a mochila. Algo está diferente. Não vejo minhas roupas dentro, e sim um monte de objetos estranhos espalhados. Claro. É a mochila de Remo...

Observo o interior por um tempo, tentando decidir se pego alguma coisa ou não. Uma caixa de madeira me chama atenção e eu a tiro da mochila. Um pouco maior que uma caixinha de joias, me pergunto que tipo de coisa um bruxo guardaria aí dentro.

Abro com calma e encontro um único frasco com líquido azul claro. É uma poção da invisibilidade! Pelo visto, ainda restou uma. Acho melhor deixar guardado, talvez eu ainda precise usar no futuro.

Dou mais uma olhada dentro da mochila. Vejo uma caixinha parecida com a que acabei de pegar e a coloco em cima da cama. Essa caixa é muito parecida com a anterior, mas essa possui a inscrição “PS” entalhada na madeira e, infelizmente, está trancada.

Depois eu procuro por alguma chave.

Encontro minha mochila caída no chão e tiro de lá algumas peças de roupa. Pego uma toalha branca dobrada em cima da cama arrumada, um pacote de sabonete e um vidro de xampu. Entro no banheiro novamente, encaro-me no espelho. Meu rosto voltara a sua coloração normal.

A que ponto chegamos? Pergunto a mim mesmo.

O outro Ted não responde.

Entro no chuveiro.

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O frio da noite me obriga a vestir uma calça jeans e uma camisa de flanela azul e preta por cima de uma normal branca. Calço meu tênis, penteio o cabelo do jeito que consigo e saio do quarto.

Estão todos me esperando no corredor. O banho de Percy deve tê-lo reenchido com a energia que lhe faltava, pois ele não conseguia deixar as mãos e os pés parados. O semideus está vestido com um moletom verde escrito “NY” e uma calça azul.

Poseidon tenta ajeitar os cabelos bagunçados de Percy, enquanto o filho afasta o com as mãos. O deus veste um suéter xadrez azul-escuro e calça preta.

Reyna também está lá, mas evito olhá-la diretamente. Vejo de relance que ela está usando uma jaqueta de um vermelho escuro, os cabelos amarrados em uma simples trança e os olhos negros me encarando com desconfiança.

— Cheguei! — anuncio meio nervoso pelo olhar persistente de Reyno. Tento ignorá-la. — Então, onde está Tot?

— Sigam-me — Podeidon pede.

O seguimos pelo corredor, voltando por onde viemos. Passamos pela porta 612 e paramos na cabine 611. Podeidon bate na porta. Escuto o som de passos dentro do quarto e alguém destranca a porta, abrindo-a inteiramente.

Eu sinceramente não sei o que esperar de Tot, mas provavelmente não era o que encontrei dentro do quarto: um idoso baixinho e careca, com um rosto enrugado e sério, a coluna inclinada e um nariz estranhamente longo. Assim que nos viu, o velho abriu um sorriso que contrastou com o semblante sério que ele exibia agora há pouco.

— Finalmente vocês chegaram! Entrem, entrem!

Percy olha para mim com uma sobrancelha erguida. Dou de ombros e entro no quarto atrás de Poseidon. O velho Tot nos convida a acomodarmos em sua cama. Sentamos na beirada, enquanto ele puxa uma cadeira que havia a li e senta-se de frente para nós.

— Sinto muito por não ter esperado por você, suas amigas e os irmãos Cahill, Reyna. Não posso perder esse Cruzeiro de jeito nenhum! Mas onde está o resto...?

—Nós não os encontramos, Tot. Sua magia nos levou para o caminho errado— a garota diz, indignada.

— Ah... — Tot parece um pouco arrependido — Mas quem são esses? — ele sussurra para a garota. Eu e Percy escutamos com clareza.

— A esfera mágica levou as garotas até a Guiana Francesa, onde encontraram um grupo de personagens — Poseidon responde.

— Ted e Percy são esses aqui. Zeke, Tris e Ian foram junto com o resto das garotas para encontrarem Amy e Dan — Reyna informa.

— Interessante... — Tot analisa a mim e a Percy — de que mundo vocês são?

— Percy é meu filho — diz Poseidon.

— Wow! Que coincidência! E você meu filho? — ele se dirige a mim.

— Sou daqui mesmo, só tive a sorte ou o azar de parar no meio dessa confusão toda.

— Acontece, né?

— Tot! — exclama Reyna. Todos se voltam para ela — você ainda não se explicou! Por que Plutão você veio pra cá? Como um único personagem pode ser mais importante que dois?! E nem venha com essa de que você achava que chegaríamos a tempo.

Tot olha para o teto e respira fundo.

— Ok, ok... Vou, antes, contar uma história. Há muito tempo, lá no início do século XX, existia uma jovem maga extremamente poderosa chamada Beatriz. Seguidora de Maát, Beatriz era uma das mais poderosas magas do vigésimo terceiro Nomo, no Brasil. Ela possuía a capacidade de criar portais para outros cantos do mundo sem precisar de um artefato egípcio. Ela também era ótima em criar amuletos, ela sempre usava um que tinha o símbolo do infinito dentro de uma ampulheta. Certo dia, ela fez uma descoberta incrível, nunca soube que descoberta era essa, mas sei que, para comprovar essa descoberta, ela precisou fazer um portal diferente e complicado. A garota atravessou o portal e nunca mais foi vista. O último sinal que tivemos de sua existência foi um bilhete escrito: “Fiz uma descoberta incrível, daqui a pouco volto para contar”.

— Você acha que ela foi parar nesse mundo? Ela provavelmente está morta — digo.

— Tenho certeza de que ela veio para cá e é bem possível que ela esteja morta. Mas você não vê? Isso tudo não começou somente quatro ou três dias atrás. Há um século já existia alguém capaz de viajar entre mundos! Isso muda toda a nossa maneira de analisar a situação!

Ele tem razão. Se realmente existiu alguém nesse mundo dotada de poderes egípcios, no que essa pessoa pode ter influenciado na história dos últimos cem anos? Alguma coisa não estava encaixando bem...

— Bem, continuando: muitos anos se passaram e muita coisa aconteceu. Acabei me esquecendo de Beatriz. Mas uma coisa nos meus últimos dias no meu mundo veio despertando lembranças antigas... Apareceu um garoto que, apesar de não seguir Maát e ter poderes diferentes, ele adquiriu a habilidade de conjurar portais em qualquer lugar. O nome do garoto era Félix.

— Félix? — O nome me parecia familiar... — É aquele garoto que gosta de pinguins e faz coisas de gelo?

— Esse mesmo. Estávamos prestes a fazer uma descoberta, mas aí eu não me lembro do resto.

— Que decepcionante... — diz Percy.

— Bem... Algumas horas atrás, eu estava ali no porto observando as pessoas até que vi algo que me chamou bastante atenção. Uma mulher de mais ou menos 45 anos, cercada por guarda-costas que carregavam suas muitas bagagens. Senti uma energia diferente vindo dela e, quando vi melhor, ela usava um colar bem peculiar com o símbolo do infinito... Dentro de uma ampulheta. E de duas coisas eu tenho certeza: essa mulher não é nem do meu mundo... — Tot olha profundamente em meus olhos — Nem do seu.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Encontraram algum erro? Alguma dúvida?
O que acham das novas informações? E das novas perguntas sem respostas (ainda)?
Alguma hipótese? Teoria?
Vejo vcs no próximo capítulo...
:):):)