A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 20
Antes de Tudo Acontecer - Tris


Notas iniciais do capítulo

Oeeeeeee!!! Voltei! Sim! Desculpa pelo atraso.
Pelo que vcs podem ver no título... Hehehe... Personagem novo...
Agradeço pelos que estão acompanhando!
Esse é o primeiro capítulo da Fase Dois da Saga A Reunião dos Heróis.
Espero que gostem!
AVISO: Esse capítulo possui SPOILERS da Saga Divergente.



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P.O.V. Beatrice Prior

Eu estou morta.

É como se eu tivesse dormido por um século e finalmente estou acordando. Sinto-me fraca, sem nem mesmo conseguir abrir os olhos ou mexer algum membro. Meus sentidos não funcionam muito bem, só consigo ouvir um leve zumbido e sinto frio por todo o meu corpo. Não dá para eu saber em que posição eu me encontro. Posso estar em pé, deitada, de cabeça para baixo ou flutuando no espaço.

Eu estou morta?

O zumbido fica mais alto. Minhas costas entram em contato com o chão frio e o ar gelado e úmido entra por minhas narinas. Um arrepio percorre pela minha pele e estremeço. O frio chega ao meu rosto e abro os olhos.

Que lugar é esse?

A névoa branca invade meu campo de visão. Além dela, não enxergo mais nada. Meu corpo parece grudado ao piso frio, pois não consigo me mexer. Com bastante esforço, ergo a parte superior do meu corpo e, logo depois, fico de pé. Minha cabeça gira. Meus olhos não conseguem se focar direito, então caio ajoelhada no chão.

O que está acontecendo?

As lembranças invadem minha cabeça subitamente. O Departamento, o soro da morte, Davis, Caleb, Quatro, o soro da memória, Chicago, Christina, Cara, Marcus. O turbilhão de memórias se ordena em minha mente, até que tudo fique claro.

Eu devia estar morta.

Lembro-me de minha mãe me guiando para o fim. Será que é esse o lugar? Aqui seria o Céu, o Além ou qualquer que seja o nome do lugar no qual as pessoas vão quando elas morrem?

Ou isso pode ser uma simulação.

Esse simples pensamento me dá forças para me erguer novamente. A tontura volta mais levemente. Consigo ficar de pé sem cair. Dou um passo para frente. Mais outro. Olho em volta. Só enxergo a névoa branca.

Isso não parece muito uma simulação.

– Isso realmente não é uma simulação.

Viro-me, pronta para combater qualquer ameaça, mas não consigo ver nada. A voz pareceu vir de todos os lugares.

– Estou aqui. – É a voz de um homem. Isso posso afirmar. Dessa vez ela parece vir de um ponto mais específico à minha direita.

A névoa se dissipa um pouco ao meu lado. Isso me permite ver um homem extremamente magro, com os cabelos negros e oleados penteados pra trás. Ele veste roupas básicas da Franqueza: Uma calça preta e uma camisa social branca. Ele também tem um relógio prateado bem folgado em seu pulso esquelético.

Tenho certeza de que nunca o vi em Chicago.

– Quem é você? – Minha voz sai fraca. Parece que passei anos sem beber água.

– Quem eu sou não importa. – A voz do homem é potente. – Mas você é algo bem interessante, Tris. Uma Divergente.

– O que você quer? Onde estou?

– Corajosa, altruísta e inteligente. Mas você não tem muita aptidão para a Franqueza ou Amizade, não é? Eu não sou seu inimigo, Tris. Estou aqui para te ajudar.

– Porque eu confiaria em alguém que não quer dizer seu nome? – pergunto. Eu não confio nem um pouco nesse cara.

– Me chame de Vinnie. Não precisa me dizer o seu. Olhe, você acha que está morta. Você acha que David a matou, porém isso é meia verdade. Vou te dar duas escolhas. A primeira opção é desconsiderar minha ajuda, aí você morre. A segunda opção é ouvir o que eu tenho a falar, aí você poderá ver todos os seus amigos novamente, vivos, você também.

– Isso é uma ameaça?

– Não, querida. Você está praticamente morta. Se você não aceitar minha ajuda, não vou poder fazer nada.

A melhor opção é ouvir o que o cara tem a dizer. Depois eu escolho se é preferível morrer a receber ajuda dele. Cruzo os braços em frente ao peito. Ele continua:

– É o seguinte. Sabe o soro da morte? Aquele que devia ter te matado, mas não matou por você ser Divergente? Eu consegui fazer umas mudanças na composição da substância. Coloquei algo um pouco mais... Ah... Mágico. Foi esse acréscimo na substância que te permitiu vir para cá. Você está aqui parcialmente. A outra parte de você está quase morta. Por sorte, o tempo nesse lugar funciona de um jeito diferente do seu Mundo. Agradeça-me por outra coisa: você deveria ter se esquecido de tudo o que aconteceu nesse dia, mas consegui recuperar suas memórias...

“Voltando ao que interessa: o lugar no qual nos encontramos é chamado de Limbo. Ele é um portal que liga todos os Mundos e os leva até um só. O que realmente te interessa, é o fato de que eu posso levar você e todos os seus amigos até esse Mundo. Você estará viva, e todo mundo sai ganhando. O que acha?”

Eu não entendi metade do que ele me falou, mas compreendi que ele sabe um lugar onde eu possa viver. Não posso confiar nele ainda. As informações foram um pouco vagas, sem detalhes.

– Com, exatamente, você vai fazer isso? Esse “Mundo” fica longe?

– Em seus últimos segundos de vida, você conseguiu impedir que toda a população de Chicago tivessem suas memórias apagadas. Uma atitude bem radical, levando em conta que você conseguiu apagar a memória do pessoal do Departamento e a parte em que você morre. Assim como no seu soro da morte, acrescentei minha substância especial em um soro que se encontra no centro de Chicago. Se esse soro for ativado, ele se espalhará por toda Chicago e um pouco mais. Todos estarão com a substância circulando no sangue. Todos, incluindo você, poderão ir para esse outro Mundo.

Vinnie esta os dedos magros. Do chão, surge um suporte de mármore com um recipiente branco em cima, parecida com os que haviam na cerimônia de escolha.

A escolha que mudou completamente a minha vida.

Vinnie continua:

– Infelizmente, para ativar o soro, precisarei de uma gota de sangue de um Divergente. Isso vai depender de você, agora.

O homem estala os dedos de novo e outro pedestal de mármore surge ao lado do outro com o recipiente. Esse contém uma faca.

– Qual é o soro que está em Chicago? É o da morte?

– Não precisa se preocupar com o soro. Eu anulei todos os antigos efeitos que ele possuía, agora ele só pode mandar você e seus amigos para um lugar seguro.

O homem parece dizer a verdade, porém eu insisti:

– Qual é o soro?

Estou deixando-o impaciente.

– Eu não me preocupei em descobrir isso. Pode ser qualquer um dos soros, mas a função antiga foi anulada, pode ter certeza.

Ele tem certeza, mas eu não.

E se for um soro da morte? E se os efeitos não tivessem sido anulados completamente? E se esse homem estiver mentindo e todos eles morram?

– Olhe, se você está em dúvida, vou lhe mostrar uma coisa.

Vinnie estala os dedos novamente e um vídeo em holograma surge ao seu lado. A imagem mostra Tobias, Christina e Caleb estão enfileirados, com as mãos amarradas atrás das costas. Um homem vestindo roupas da Audácia e carregando uma arma passa caminhando na frente dos prisioneiros. Depois que ele some do campo de visão, aparece uma mulher. Ela veste roupas azuis da Erudição, seus cabelos loiros são impossíveis de não reconhecer.

O que ela está fazendo aí?

Meu coração bate mais forte ao ver Quatro tentando se libertar das amarras, sem sucesso.

– Eu não fui o único a vir para esse Mundo – explica Vinnie – Um homem com poderes malignos veio antes de mim. Ele conseguiu reviver Jeanine. Ela planeja matar todos os seus amigos em poucos minutos, a menos que eu libere o soro antes. – A expressão em seu rosto é de extrema preocupação. – Isso depende de você.

Que escolha eu tenho? Se eu não fizer isso, Quatro, Christina e Caleb morrerão pelas mãos de Jeanine. Não posso deixar isso acontecer. Além disso, que mal eu faria dando um pouco do meu sangue para esse cara?

Pego a faca do pedestal e faço um corte fino na palma da minha mão. Estranhamente, eu não sinto nada, porém, um fio de sangue escorre pela minha palma. Eu deixo derramar no recipiente branco.

Vinnie dá outro estalo com os dedos. O sangue no recipiente desaparece e reaparece dentro de um frasco na mão de Vinnie.

Como ele faz isso?

Olho para o holograma, não acontece nenhuma mudança.

– Quando é que começa? –pergunto. Sinto o suor escorrer pela minha testa.

– Logo, logo, Beatrice.

O holograma desaparece, permitindo que eu veja quem está parada em pé, atrás dele: Jeanine em pessoa. A mulher loira está sorrindo maleficamente para mim. Ela não tem mais aquele inspirador ar inteligente. Ela passa por trás dos pedestais e para ao lado de Vinnie.

– Como...? – Minha mente está a mil. O que está acontecendo? – Por que...

– Está surpresa por me ver novamente, Tris? – Ela está mais afirmando do que perguntando. – Sabe a imagem no holograma? Ela era falsa. Khaemuaset, ou Vinnie, tanto faz, conseguiu me reviver, mas ele não pôde me colocar de novo no Mundo. Agora, graças a você, vou poder viver novamente!

Eu não devia ter confiado nele. “Vinnie” provavelmente esteve mentindo esse tempo todo.

Khaemuaset me olha como se tivesse lido meus pensamentos – e se divertido com eles.

– É até irônico eu vestir essas roupas. – O homem pega a manga de sua camisa branca. – Nisso nós não somos muito diferentes. Eu definitivamente não entraria para a Franqueza ou para a Amizade. Você devia me agradecer. Você e seus amigos realmente vão ir para esse outro Mundo. Contra a minha vontade, mas não posso fazer nada para impedir. Um problema de cada vez.

– O que você vai ganhar com isso?

Preciso sair daqui, mas não há para onde fugir, tem névoa por todo lado.

– O Mundo para o qual estamos indo não está acostumado com magia, ele está mais para... Tecnologia. Infelizmente, eu faço as coisas em base na magia. Por sorte, o Mundo em que estou agora é repleto de tecnologias mais avançadas do que no outro Mundo. Isso vai facilitar bastante as coisas por lá para mim.

– Por que precisa do meu sangue? Não é só para liberar o soro, é?

– Você faz perguntas demais – diz Jeanine. Ela olha para o homem ao seu lado. – Quando é que vamos para lá?

– O portal já está se abrindo – responde Khaemuaset.

A névoa se agita e o chão treme. Preciso saber mais coisas.

– Porque você precisa ir para o outro mundo? – O tremor me desequilibra, mas consigo permanecer firme de pé.

– Para eliminar a concorrência – responde calmamente – Acho que você vai gostar de saber uma coisa: quando você for para esse outro Mundo, terá se esquecido de tudo o que aconteceu aqui, nesse mesmo dia, por isso, não adianta ficar me irritando com essas perguntas.

A névoa branca fica mais agitada. Sinto como se estivesse sendo sugada para trás. A névoa tenta me arrastar com ela.

– E a propósito, eu prefiro que as pessoas me chamem de Setne. Khaemuaset já está muito ultrapassado.

Não consigo mais me manter firme. Meus joelhos cedem e eu bato a cabeça no chão. Desmaio.

Foi tudo culpa minha.

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Narrador em 3° Pessoa

Setne está sorrindo ao lado de Jeanine. Ambos admiram o frasco contendo o sangue Divergente de Tris Prior. Eles quase não são afetados pelo tornado de névoa.

– Para que, exatamente, você vai precisar do sangue? – pergunta Jeanine.

Ao invés de responder, Setne pega um tubo de vidro do bolso da calça. O tubo está fechado com uma rolha e contém um líquido esverdeado. Os olhos do egípcio brilham como fogo.

– Com ele - e mais alguns ingredientes - vou ter poder o suficiente para controlar tudo.

Setne gira o tubo até aparecer o número “39” escrito com caneta hidrocor azul em sua lateral.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
O que vai acontecer com a Tris?
O que Setne e Jeanine estão planejando?
Aguardem...