A força sete escrita por Titãhighlander


Capítulo 1
O louco imortal - Highlander




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São Paulo. 7 horas

Felipe está atrasado novamente, mais um dia de aula em um lugar onde ele não gosta de ninguém e ninguém gosta dele. Mais um atraso e expulsão. Rosa, sua tia e responsável pelo estorvo quebraria cada osso dele duas vezes se ele fosse expulso. Sabendo disso, poe-se um inicio no dia mais estranho da vida de Felipe.

Magro, branco, não muito alto e com um sorriso gigante sempre estampado no rosto. Eis o nosso garoto, estranho, não? Não parece tanta coisa; e não é. Na escola ele não tinha amigos e era conhecido como "louco", "estranho"... coisas dessas que adolescentes adoram dizer a outros um pouco diferentes. Ralf, o grandalhão do time de futebol amava bater no pequeno, porem, a graça se foi na medida em que ele reparava que quanto mais batia, mais Felipe gargalhava no chão. Por incrível que pareça, o garoto não sofria danos e sim, sentia cócegas e por isso o apelido de "louco"... Naquele dia, uma briga havia sido arranjada Ralf e Felipe na hora da saída.

– Ta fodido hoje em Felipe! Hahahahaha

Todos diziam a mesma coisa, mas Felipe era o único que não sabia que essa briga estava programada. Meio dia, movimentação estranha, formou-se uma roda.

– Hoje eu te arrebento, Felipe, não vai ter nem dentes pra mostrar!

– Poxa Ralf! Isso de novo? Você sabe que bate igual minha tia Rosa, nem chega a me machucar HAHAHAHAHAHA

– Hoje é diferente!

Ralf então tira de seu bolço um soco inglês.

– Pra variar... por que não subir um nível...?

– *boceja* ... Você acha que um pedaço de lata envolta da mão vai me machucar... Vamos! Tenta! Me acerta! (com um sorriso e um olhar estranhamente exagerados)

Felipe chega bem perto de Ralf, como sempre sorrindo como se fosse explodir a escola cheia de pessoas e coelhinhos fofos sem o menor remorso. Ralf o acerta com um soco de lado e parte a mandíbula do adversário que vira a cabeça para o lado e começa rir...

– Haha... ha... hahaha... AHAHAHHAHAHAHHAAH (começa uma risada insana)

– Você ta de sacanagem! Eu quebrei uns 7 dentes e sua mandíbula e você ainda ta rindo! VOCÊ LOUCO CARA! UM COMPLETO PSICO---

Felipe o agarra pelo pescoço, sua boca está completamente normal... ele ri... e diz:

– Eu juro que se eu não tivesse um compromisso eu deixaria você me bater com esse abridor de latas o dia todo! Mas... *solta* Vou indo nessa! Tchau gente! Vão para o inferno!

Ele sempre se despedia assim, jeito estranho, mas era o que queriam dizer a ele também... ninguém entendeu nada, ficaram ali por uns 5 minutos... estasiados... parados... Mas não só eles, como o próprio Felipe que tentava entender o que tinha acontecido, em um momento sangue e no outro *poof* esta curado. E aquela força? O que está acontecendo? Bom. Ai começa a parte estranha do dia. Ninguém sabia, mas o louco tinha sim um amigo... Não muito amigável mas tinha. Todos os dias Felipe levava comida e bebida, pra um porão de baixo de um posto de gasolina abandonado. Quando ele estava para chegar, a poucos passos, um carro desgovernado avança em meio ao transito e atropela Felipe. "Esta morto!". "Ih! Esse já foi". Pessoas comentam ,mas não, ele se levanta e reclama.

– Quem é o retardado que ta dirigindo assim? Poderia matar alguém cara! Derrubei toda minha comida! Ta de sacanagem mesmo.

Quando ele olha pra dentro do carro, não a ninguém, ele se cala e continua seu caminho. Entra no porão e já vai dizendo:

– Resmugão?! Ow! Ta ae?!

"Resmungão" era um cara de mesma idade, mas nunca se viu estudando como um adolescente normal, afinal, ele só resmungava. A unica coisa que ele tinha era um isqueiro dourado com algumas palavras gravadas. Nada o tirava de perto disso.

– Ai está você Resmungão! Como tá ai irmão? Tudo bem? Eu to estranho, sei lá, acordei me sentindo como se... eu estivesse morto... haha não de preguiça mas... sem respirar mesmo. Sem contar que hoje quando me bateram na escola me machucaram seriamente mas não surtiu efeito e eu fui atropelado agora pouco e olha só... nenhum arranhão...

– *Resmungo*

– Se eu to bem!? Cara, eu to ótimo, sinto que poderia levantar um carro e correr mais que um animal, sei lá! HAHAHA

Quando Resmungão ouviu isso ele levantou e sua cabeça quase batia no teto, ele olhou atentamente e quando Felipe achou que ia sair uma palavra... ele o atinge com um soco! Que destrói metade da sala.

– EEEE OW OW OW WOW! FICOU MALUCO RESMUNGÃO?! HAHAHAHA DA ONDE TIROU ESSA IDEIA AGORA?! - Que força... - Ele pensou.

Resmungão então avança com velocidade, prepara um outro soco e quando seu punho chega bem perto ao rosto de Felipe ele estende a mão. Mostrando o seu isqueiro... e as iniciais "S.O" do pai de Felipe. E no verso, "Ponto seguro". Os olhos de Felipe se encheram com um brilho que parecia dar sentimento a ele. Ele já sabia onde ir e o que fazer.

– RESMUNGÃO! VEM!

Resmungão sai de baixo de sua manta, revelando um homem, nem parece ter 17 anos. Bem vestido e com uma postura impecável. Oque está fazendo ali? Bom, isso é coisa pra perguntar depois. Felipe sai com lágrimas nos olho e seu sorriso, claro.

Ele ia para o "Ponto seguro" lugar onde seu pai sempre o levava. Um lugar escondido no porão, estava sujo, escuro e empoeirado até o teto. Uma pequena casinha, como se fosse uma daquelas de "faz de conta", brincavam de espião sempre ali, um pouco antes de Felipe tomar seu remédio. Uma injeção que seu pai dava sempre que Felipe começava a tossir. No dia em que Sidnei sumiu ele deu todos os que sobraram de uma vez, Felipe dormiu durante 5 dias e quando acordou já não tinha mais pai. Ele sentia que agora, naquele momento, tudo isso seria explicado. Quando ele pisou dentro da casa a porta se fechou trancando Resmungão pra fora, que depois disso foi embora, trancado lá Felipe perguntou:

– Pai? ... - Sério, pela primeira vez em muito tempo.

De repente a lampada falha e amarela mal colocada na parte de cima da casinha se acendeu e um monitor surgiu no lugar de uma janela a direita.

– O- oi?! Olá filhote... se estiver vendo isso é por que VOCÊ já morreu. Calma, vou explicar. Eu queria ter tempo aqui para poder expressar todos os meus sentimentos... mas ele já está aqui em cima... Bom. Você nasceu com uma deficiência raríssima no coração, meu filho, e todos disseram que você morreria em 3 meses após o seu nascimento. Todos... menos sua mãe. Ela queria e acreditava que o filho dela seria muito forte, rápido e saudável como qualquer outra criança. Ela morreu assim que você nasceu, ela não pode aguentar os procedimentos... era muito frágil. E quando eu reparei, me desculpe, que você iria SIM morrer em pouco tempo, todo entubado e mal respirando. Eu quase enlouqueci procurando uma cura... um remédio milagroso pra te fazer viver... e fracassei, porém, a solução veio do céu... uma nave alienígena pousou calmamente no nosso quintal e um ser estranho desceu dela bateu na porta 3 vezes e quando eu desci para atende-lo fiz um barulho de resmungo para limpar a garganta... ele imitou. E desmaiou. Ficou inconsciente por quase 5 meses, pensei que já estava morto. Mas no primeiro desses 5 meses eu descobri o quão incrível era aquela criatura. Ela não se machucava e toda vez que eu arrancava um pedaço pra fazer algum teste, em poucos minutos lá estava ele novamente, novo em folha. Eu pensei... "Se ele pode se curar... pode curar o meu filho!". Assim comecei as pesquisas focando nisso. E em 3 dias sem dormir, comer ou pensar em outra coisa eu havia tirado dele um fluido liquido capaz de recuperar qualquer parte do corpo a partir de sua vontade. Testei em uma rato, quando o rabo dele se recuperou eu corri pra te buscar no hospital, briguei... apanhei... corri. Tudo pra chegar em casa, te deitar no seu berço e te dar a primeira dose, a policia já estava chegando e quando eu desci pra pegar o remédio, o rato estava morto. O corpo dele não tinha aguentado. A adrenalina imposta ao cérebro para a aceleração do sistema de recuperação só pode ser aguentada por alguém anormal... mentalmente dizendo. Decisão difícil... não? Dar ao seu filho algo que acabou de matar sua cobaia. Pois bem. Fiz a aposta. E o resultado foi lindo! Meu filho! Você se uniu... se modificou... você dominou aquilo e naquele momento você abriu os olhos e começou a rir. A melhor e mais gostosa risada que eu já ouvi! (nesse momento ele estava com lágrimas nos olhos e se ouvia passos cada vez mais perto do local) Estou cada vez mais sem tempo... Você e ele deviam ser irmão! Só pode! Haha... E quando o monstro acordou ele se levantou... olhou em volta e resmungou pra mim, eu o cumprimentei normalmente e ele resmungou novamente, acho que agradeceu. E dei um dicionario a ele, parecia ser tão inteligente... ele leu todo e continuou só resmungando, porém, agora ele entendia o que eu falava. E eu levei ele até o seu quarto... apontei pra você e disse: - Irmão. Ele balançou a cabeça que sim e tocou sua testa. Ele foi até o fundo da nossa casa, ver como estava a nave e bem, depois se der eu falo isso, tenho visita. Você cresceu e era mais forte e rápido que o normal, como sua mãe queria. Mas... não saudável. Todo final de dia eu aplicava uma nova dose, pois depois de 24 horas seu corpo voltava a ficar defeituoso, isso depois mudou para 20 horas... 18... 12... e eu pensei que a unica forma de eu tornar isso permanente era aplicando tudo que nós tínhamos. Quase te tornando um deles... Outra decisão difícil... mas essa eu preferi adiar. Não sei se seu corpo iria aguentar dessa vez. E foi ai que ele te descobriu o nome dele é: - (a gravação falha)- e ele quer te pegar por que ele descobriu o que eu fiz. Descobriu o que eu vi e o que eu sei. (ouve-se batidas raivosas na porta) Acho que acabou meu tempo. Pra resumir. Quando ele me achou. Eu te dei tudo o que eu tinha, não sobrou nada. E depois eu fugi com você, não poderia deixar ele achar aquilo tudo... Você começou a soar, começou a chorar e a vomitar, começou se morder e quebrou o meu braço em dois lugares aquele dia. Pois a sua força tinha triplicado e você me apertava e chorava, pensei que ia te matar aquele dia. E seu irmão nem estava presente. E ao contrário disso. Fiz você viver... o choro sessou. E eu correndo com você no colo me descuidei e deixei você rolar um lance de escada do prédio, parece sacanagem, mas é verdade, quando te virei chorando e desesperado por ter matado meu filho. Você se virou, seu braço quebrado se arrumou e você sorriu e disse - Eu também não sei como. Mas eu to tão bem que comeria purê de batata até minha barriga estourar. - Ué. Queria o que? Uma frase heroica? Hahahahaha... (abre-se uma parte da porta ao lado dele) bom... pra finalizar. Eu já previ tudo isso, e fiz testes com mais 5 humanos... para torna-los extraordinários como você. Eles devem ter a mesma idade que você tem hoje, por favor, procure eles e proteja eles. E quanto ao seu irmão... acho que ele já te achou para você estar vendo isso. (a gravação desliga).

– ... (Felipe esta sem reação)

Um clarão e mais um pedaço de gravação.

– Ah! Três detalhes! Seu pai está esquecido, hahaha. Primeiro: Eu vou morrer aqui, filho. Segundo: Seus poderes, só vão te dominar completamente quando você morrer, ou seja, você morreu hoje. Terceiro: A nave do seu irmão fica em um posto de gasolina, não sei o porque de ele levar ela pra lá. Bom, acho que é só. Esse casebre abandonado onde nós moramos por tanto tempo vai explodir em dez segundos, tipo naquele filmes de espião que nós tanto adoramos hahahhahaha(a gravação é cortada)

Felipe está se reação na frente do monitor ajoelhado... 10...9... e sorri e volta a ficar sem reação 5...4...

– Tenho que testar... né? Pai?

2...1... E a casa vai pelos ares, inteira, a sorte é que vizinhos ali são coisas raras. Depois de toda a fumaça abaixar e todo o fogo apagar... lá estava ele... ainda parado ajoelhado. E foi quando ele teve sua prova, não era brincadeira, ele olhou para o seu corpo e viu, seu braço decepado se formando do nada, seu rosto queimado e deformado voltando ao normal e todo o seu lado direito que havia sumido com a explosão voltando. Ele gargalha de forma insana e diz bem baixo:

– A ultima coisa que deixa pra mim é uma missão perigosa e uma explosão... Obrigado pai, eu sempre quis ter uma vida assim... "Missão dada, é missão cumprida", como dizíamos antigamente. Cinco pessoa hã... espero que elas sejam legais. Vou começar dando um jeito na minha vida. Ou melhor, morte.

Felipe então caminha calmamente até a estação de metro mais próxima, cantarolando e sorridente, como sempre, e quando o trem se aproximava. Ele se jogou. Simples assim. Estava ele lá, sem perna... braço... rosto... o trem faz realmente um estrago. E foi assim, que Felipe morreu, esperava o que? Uma reviravolta heroica?

No seu velório ele pode rir de todos que se arrependeram do que fizeram com ele. Sua tia: "Eu mal cuidava dele, poderia ter dado mais atenção" e ele rio. O Ralf: "Eu jurava que ele levava "as zoeiras" na boa... não pensei que ia matar ele." E ele quase morreu de rir depois disso. Espera, ele já está morto. E quando ele foi ser enterrado ele quebrou o caixão na parte de baixo, para poder adiar e ficar mais uma noite deitado, e naquela mesma noite, ele quebrou o caixão se curou e saiu correndo tudo isso foi testemunhado por um velhinho, que foi internado por achar que um morto saiu correndo, loucura. Não?

Se escondendo, ele pensativo, em cima de um prédio na capital disse a si mesmo.

– Felipe infelizmente faleceu, senhoras e senhores, quem está por aqui hoje é... O Highlander... E a primeira coisa que eu, Highlander, vou fazer é: Achar o meu irmão de outro planeta.

E em outra gargalhada macabra Highlander pula do prédio como se fosse um pequeno muro e como prova de seu poder agora, cai no chão, quebra todos os ossos da perna e tem traumas cerebrais que levaram qualquer um a morte. Simplesmente levanta enquanto se cura e anda normalmente pela rua a noite, com um terno de defunto.


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