Não conte a ninguém. escrita por clareFray


Capítulo 13
Capitulo 13.




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Capitulo 13.

Problemas Parte 3 de 3.

Às cinco e meia da manhã Sakura havia desistido de dormir.

É inútil. — pensou Sakura tombando a cabeça de volta no travesseiro. Ela não havia pregado os olhos à noite e tinha plena consciência de que seus pensamentos preocupados não a deixariam relaxar. – O que eu estou fazendo de errado? Não estou conseguindo chegar a lugar nenhum.

Pensou novamente no dia anterior: Na Sra. Uchiha e sua amizade de infância com sua mãe e com Mei, sua madrinha. Nada fazia sentido. Sua avó mentira para ela sobre as antigas amizades da mãe.

Provavelmente não estaria contando que Sakura tivesse em posse do diário da mãe. Entretanto, mesmo sem o diário não seria difícil arrumar alguma informação que levasse a Mikoto. Uma rápida pesquisa na internet seria mais do que o suficiente para ter o que quer que precise.

Então por quê?

Sakura sentiu um frio na espinha.

A resposta era obvia.

Anko não fazia a menor idéia do que estava acontecendo. Estava dormindo quando recebeu a ligação histérica de Shizune lhe informando que Kakashi havia levado um tiro e estava internado em estado grave.

 Desde então lá estava ela: sentada em uma saleta de espera aguardando por alguma, ou qualquer, novidade dos médicos.    

Shizune andava de um lado para o outro pelo corredor. Estava de roupão e um par de chinelos que não combinavam entre si. Nervosa, ela roia excessivamente as unhas das duas mãos. Depois de alguns minutos parou e sentou-se ao lado de Anko no banco.

— O que está acontecendo? – Perguntou ela nervosa.

— Não sei. – Foi sincera. Anko encarou o teto e continuou: - Talvez eu tenha metido nós dois em uma tremenda roubada.

— Como assim? –Sua voz tremeu e seus olhos encheram-se d’água. Ela se ajeitou no banco e encostou o tronco na parede, parecia exausta. – Anko, por que ele me pediu para descobrir detalhes da morte do Jiraya-san? Isso tem alguma coisa haver com o caso que vocês dois estão trabalhando?

— Droga! Aquele cretino deve ter pensado em alguma coisa. – Anko sorriu para Shizune que pareceu surpresa com o comentário da outra. – Ele é um nojento por não compartilhar as coisas comigo.

Depois de mais alguma troca de palavras o médico finalmente veio para contar as boas novas. De acordo com ele Kakashi estava fora de perigo mais precisaria ficar em observação aquela noite por precaução. “Vão para casa e voltem amanhã caso desejem” foi o que o médico lhes indicou antes de se retirar.

O conselho foi bem aceito por Anko que se retirou dali minutos depois do recado do médico. Ela estava cansada e sentia que precisaria de toda sua energia para o dia que viria com o raiar do sol.

Sakura chegou ao seu destino às 10h45min. No momento, sua mente era de agitação caótica. Ela não havia planejado o que pretendia dizer, entretanto não tinha opção não ser arriscar-se com aquilo.

Com longas passadas ela foi até a casa dos Uchiha, bateu a porta mais foi um desconhecido que lhe atendeu, ele se identificou como Shisui e pediu que Sakura esperasse na sala de estar.

— Desculpe-me mais Sasuke não está. – Disse Shisui sorridente. Ele era um homem bonito de paletó de seda parado no meio da sala. Entre ele e Sakura só havia uma mesa de centro e algumas revistas velhas. – Ele logo voltará. – Ele a observou atentamente. – Você cresceu bastante, da última vez que te vi você tinha uns três anos e estava reclamando de dor de garganta.

— Você... – Sakura parou. Sasuke havia aberto a porta e a estava encarando estranho. Sakura ignorou a queimação nas bochechas e foi em frente. – Oi...

— Oi. – Sasuke respondeu sem muito ânimo e já estava tomando o caminho das escadas quando disse: – Minha mãe não está você vai ter que voltar mais tarde se quiser ter outra daquelas conversas longas com ela.

— Creio que está enganado Sasuke, a mocinha veio falar com você e não com sua mãe.

Sasuke meneou a cabeça para o lado em dúvida.

— Vou deixar vocês dois a sós para que possam conversar mais a vontade. – Dito isto Shisui se retirou para a cozinha. Ainda no corredor os dois podiam ouvi-lo cantarolar uma canção qualquer.     

Apesar de ter olhado para todos os cantos desde que shisui saiu de cena Sakura não conseguia deixar de pensar que Sasuke a observava. Constrangida ela resolveu encará-lo. Abriu a boca uma ou duas vezes, mas, por alguns instantes a voz lhe faltou. Ela estava constrangida pelo o que ia pedir.

— Você não deveria está na escola há essa hora? – Perguntou Sasuke. Ele havia se sentado na cadeira próxima a janela e colocado as duas pernas sobre a mesa. – Não vai dizer o que veio fazer aqui?

— Vim pedir um favor. – Ela disse por fim. Sua voz saiu mais firme do que imaginou e ela sorriu por isso. – Eu não conheço muito da cidade e preciso de alguém para me levar a certo lugar.

— E você achou que eu poderia ter levar, não é? – Ele suspirou. Sakura ficou parada olhando para as próprias mãos. – Não, eu não vou servir de chofer para você enquanto passeia pela cidade.

— Não é um passeio seu idiota. – Sussurrou Sakura. – Se não puder fazer como um favor então faça como um trabalho. Eu te pago e você me leva onde eu tenho que ir.

Os dois ficaram em silêncio por um instante. Sakura, apesar do olhar firme tremia por dentro. Definitivamente ela não saberia chegar sem ajuda. Sasuke virou-se incrédulo no assento, abaixou as pernas e entrelaçou as mãos encima das coxas.  

— Interessante. – Disse ele. Sasuke havia se levantado e estava caminhando pela sala. – E eu só tenho que te levar até esse tal lugar?

— Levar e trazer de volta. –Replicou de imediato. Ele esperou um momento antes de responder que faria o trabalho. Sakura relaxou os ombros e lhe entregou o papel com o endereço. – Ai está anotado o endereço completo. Infelizmente não conseguiu nenhum ponto de referência.

— Isso não é importante. – Sasuke respirou fundo. Não estava acreditando que realmente estava pensando em ajudá-la. – Mais o lugar é longe. Tem certeza que quer ir para lá? Eu conheço o bairro e com certeza não é um lugar para alguém vestido com um uniforme fofinho de marinheiro querer passear.

Sakura sentiu as bochechas esquentarem novamente. Ela havia saído de casa como quem estivesse indo para o colégio para não levantar suspeitas desnecessárias. A àquela hora da manhã sua avó ou o próprio pai – Uma vez que ela tinha decidido chamá-lo assim. – pensavam que ela estaria na aula de educação física.

— Sim, tenho certeza.

Ao chegar a casa Anko optou por um banho quente. Ela estava na cama quando ouviu o telefone tocar. Resmungou baixinho ao checou a tela. Número desconhecido. Colocou o telefone de volta e se jogou na cama. Dormiu por mais de cinco horas antes do toque do celular a despertar. 

— O que houve agora? – Anko disse impaciente ao celular. Ela estava sentada preguiçosamente na cama e com um travesseiro entre as pernas. –Shizune? Você não poderia ter esperado mais uma hora ou duas para ligar? Que droga... Eu estava dormindo... Entendi. Já estou indo para ai.

Parada em frente a um grande muro de tijolos vermelhos Sakura agarrava constantemente a alça da bolsa enquanto esperava impacientemente Sasuke estacionar sua motoca em algum canto qualquer.

Sakura observava atentamente seu alvo, a casa do outro lado da rua pertencia ao velho sargento Hiruzen Sarutobi, um dos responsáveis pelo caso do incêndio na casa dos Haruno.

A residência era uma típica casa japonesa. A ação do tempo se fazia sentir. Não havia mais parte da calha da frente. Somente a porção extra que enchia de maneira insuficiente o telhado. Acoplado a parte da frente havia uma pequena loja de antiguidades cuja placa “ROSE PALACE” faltavam o S e o último E.

Sakura esperou mais alguns minutos por Sasuke e depois entrou na loja. Um adolescente de feições tranqüilas e sonolentas estava no balcão, ele lia desinteressadamente uma revista em quadrinhos quando a moça se aproximou.  

— Com licença. –Sakura o chamou. O som de sua voz pareceu desperta-lo. – Estou procurando pelo Sr. Sarutobi. – O rapaz pareceu avaliá-la com os olhos. Ele correu os olhos de cima a baixo como quem procurasse por uma arma. – Ele está aqui ou não? Por favor, é importante.

— Ah! Tudo bem. – O Jovem boceja e aponta uma porta nos fundos. – Espere aqui um momento moça. Eu vou chamar alguém para levá-la até ele. – Ele puxa o ar bem fundo. – Chouji! - Gritou ele. Sakura tapou os ouvidos imediatamente. - Tem alguém aqui que quer ver o velho Hiruzen.

Do vão da porta outro adolescente surgiu, este era pesado e trajava um avental puído por cima de uma camiseta vermelha sem mangas. Ele foi até o balcão e como o outro, fez sua própria avaliação da visitante.   

— Venha comigo por um instante.

Ela o seguiu por um contingente de corredores apertados até o segundo andar da casa ao lado da loja. Os olhos verdes da jovem percorriam com atenção os cômodos, assimilando assim a quantidade de quartos, a cor desbotada dos corredores cinzentos e até mesmo o teto abobadado.

—Não diga nada que o deixe nervoso ou impressionado demais. – Chouji disse por fim. O rapaz parou subitamente em frente a uma porta de carvalho envelhecida. Sakura semicerrou os olhos em duvida quando ele destrancou um cadeado enferrujado de aspecto duvidoso. – Entre.

Diferente do que pensou Sakura o local lhe era agradável aos olhos. Havia brinquedos espalhados pelo cômodo fechado de teto rebaixado. Os dois visitantes atrasavam o passo até o senhor sentado sobre uma cama de grade. Pincéis banhados em tinta laranja estavam à disposição do senhor que sob uma larga capa pintava sobre uma folha de papel.

— Velho Hiruzen? – Chamou. O senhor virou o rosto imediatamente. – Olha, tem uma moça bonita aqui querendo ver você.

— Oi. – Disse Sakura, seu tom aparentava nervosismo. O senhor desceu da cama e lhe estendeu a mão suja de tinta. Ele sorriu abertamente quando a mais nova lhe retribuiu o aperto. – Meu nome é Sakura.

— Eu sou Sarutobi Hiruzen. – Disse o mais velho, ele apontava para si mesmo com a mão livre e seu tom de voz expressava orgulho. Meio segundo depois ele puxa a própria mão de maneira brusca. – você veio me visitar? Trouxe algum doce para mim? Já faz algum tempo que eu não como doce!

— Infelizmente eu não sabia disso, - Ele emburrou a cara e sentou-se novamente na cama. Quando Sakura decidiu continuar e puxar assunto Hiruzen já tinha se apossado de outra folha de papel. – Mais prometo que na próxima vez que eu vier trarei quantos doces o senhor puder comer.

— Promete que vai voltar? – Sakura desviou o olhar para Chouji que tamborilava impacientemente os dedos em um armário próximo a janela. Ela simplesmente assentiu com a cabeça. Ele voltou-se novamente para a folha. 

 - Sarutobi-san, eu queria perguntar... – Suspirou cansada, obviamente desistindo do que iria dizer. Não havia duvidas que o senhor a sua frente não lhe seria útil para esclarecer suas dúvidas. - Bom, de qualquer forma não tem mais importância agora. – Ela levantou e caminhou alguns passos em direção a porta. Em seu rosto a decepção era visível.  

Já do lado de fora do quarto Sakura e Chouji seguiram a volta por um caminho alternativo, cada um perdido nos próprios pensamentos. Foi Sakura quem interrompeu a caminhada ao pronunciar:

— Acho que entendi o porquê de vocês terem me deixado entrar para falar com ele assim, tão deliberadamente, sendo eu uma completa estranha. – Respirou fundo, sua respiração estava entrecortada desde que saíram do quarto. – Há quanto tempo ele não vê alguém além de vocês dois?

O outro não ousou olhá-la nos olhos, ele pareceu - de alguma forma - constrangido.

— há algum tempo. – Respondeu simplesmente. –No começo o filho dele aparecia sempre para vê-lo, mais agora... - Sua voz era ríspida e estava um tom de voz mais alto do que deveria. – bom, digamos que o desgraçado não está lidando muito bem com a situação atual do velho.

Vários minutos de silencio se passaram desde então e Sakura teria respondido algo se não fosse à intromissão de um terceiro individuo. O garoto do balcão estava diante dos dois. Ele segurava uma bandeja com algumas frutas e um prato de sopa de legumes que esfumaçava de tão quente.    

— Foi uma visita bem rápida hein. – Disse ele sem ânimo algum na voz e complementou: - A propósito, tem um cara lá fora que estava perguntando por você. – Após uma risada forçada ele disse: - E a cara dele não era das melhores.

A cabeça branca de Kakashi estava curvada sobre um balde e Shizune o ajudava como podia, ou seja, dava leves tapinhas em suas costas e esperava que ele se senti-se melhor com aquilo. Anko via a cena calada em um quanto do quarto.

—Esse com certeza não esta sendo um dos meus melhores dias. –Disse Kakashi para ninguém especifico e então seus olhos cruzaram com os de Anko. Por meio segundo ela teve pena do companheiro. – Nem quero saber a sua opinião sobre o meu estado lamentável de saúde Anko.

— Graças a Deus por isso!

Ele fez sinal para que ela se aproximasse.

— E então? O que me traz aqui? 

— Precisamos conversar. – Disse simplesmente e indo direto ao ponto completou: - Preciso saber exatamente como você conseguiu esse caso.

— Você sabe que foi o velho Jiraya...

 Kakashi a interrompeu. Seu rosto estava duro e pálido, os músculos do pescoço pareciam tracionados. Quando abriu a boca seu timbre aparentou uma decepção retraída.

— Eu sei que você roubou esse caso dos arquivos.

Sakura não conseguiu pensar no que dizer ao encontrar com Sasuke na loja e imaginou que um “Desculpe por ter te deixado para trás.” não seria bom o suficiente para desfazer a cara de azedo que ele lhe direcionava.

— Hã... Desculpe? – Ela arriscou. Sasuke lhe deu as costas e saiu da loja sem dizer nada. Sakura agradeceu rapidamente a Chouji pela hospitalidade e correu atrás do Uchiha que não estava a muitos passos a sua frente. 

Sasuke estava com as mãos no bolso e enquanto andavam Sakura não deixou de reparar na fisionomia do rapaz pelo canto do olho. Bonito e misterioso foi como Sakura o descreveu. Seu rosto a fazia lembrar-se dos anjos esculpidos nas catedrais da igreja barroca na Romantische Strasse na Alemanha. Entretanto, foram seus olhos que lhe chamaram a atenção, muito pretos e de certa maneira a fizeram pensar que contêm algum tipo de segredo obscuro.

Ela desviou o olhar dele; sentia seu rosto queimar com o pensamento que o estava encarando a mais tempo do que deveria. Decidiu-se então por encarar a rua, não havia ali muito que ver.

Exceto por uma vã branca que vinha, perigosamente, direto na direção dos dois.


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Notas finais do capítulo

Demorei mais cheguei kkk



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