Não conte a ninguém. escrita por clareFray


Capítulo 10
Capitulo 10.




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Capitulo 10.

Audácia.

Sakura havia esperado até que todos saíssem da sala para pegar o diário da mãe. Quando os colegas se retiraram ela pegou o envelope com o diário da mãe e tirou de dentro um pedaço de papel dobrado ao meio. Nele estava escrito seu próximo destino e foi com ele em mãos que Sakura seguiu, por precaução, até o ponto de ônibus mais distante da escola.

Trinta minutos mais tarde Sakura desembarcou na cidade de Moriguchi. Seguindo por mais quinze minutos o mapa que havia desenhado Sakura chegou a um bairro de casas de classe média.

—Nossa! –Disse Sakura. Os dedos polegares apertaram ainda mais a folha quando Sakura encontrou o terreno queimado onde antes vivia sua família. – Achei. – Ela se aproximou e deu a volta no que sobrou da casa. – Pelo visto os jornais não exageraram quando disseram que foi um grande incêndio. – Pensou.

De onde estava Sakura podia ver algumas das pilastras que sustentavam as paredes debilitadas. Pedras e ferro retorcido amontoavam-se junto ao alvoroço de cascalho, madeira apodrecida e de perigosas cápsulas de cocaína.

— O que está fazendo? – a voz veio de trás de Sakura que bruscamente se virou. A mulher estava do outro lado da calçada. Usava um avental frente ao corpo magro e os cabelos muito negros estavam presos em um coque firme. – você não pode ficar ai. É perigoso!

— está tudo bem. – Sakura gritou de volta e ficou observando quando a mulher entrou na casa ao lado. Depois de alguns minutos analisando a casa Sakura decidiu bater a porta da vizinha.  Após dois toques na porta a mesma senhora atendeu. A expressão confusa dela logo se dispersou quando Sakura se apresentou.

—Sakura-chan? –ela a abraçou forte e logo deu espaço para que Sakura entrasse. Foi quando Sakura se acomodou no sofá da sala que ela continuou: – Não acredito que é você mesma.  Como você cresceu. Está tão parecida com a sua mãe.

 - Hunm. Todos dizem isso. –Sakura não sabia por onde começar então decidiu ser direta e ir direto ao ponto. – posso te fazer algumas perguntas senhora...?

— Mikoto. – Ela se ajeitou no lugar ao lado de Sakura. Sem o avental Sakura pode o emblema de seu clã bordado em vermelho no canto do vestido preto. – Uchiha Mikoto. Mas você pode me chamar só de Mikoto mesmo. E então o que quer saber querida?

— Você era amiga da minha mãe? – Ela suspirou amaldiçoando-se por não ter pensado no que dizer antes de vir. – Quero dizer, além de vizinhas vocês se conheciam bem?

—Ah! Sim, sim. –Mikoto se levantou e correu até um armário de frente para o sofá. –Nós duas éramos melhores amigas desde a infância, bom, quero dizer, até ela... –ela parou de falar e Sakura pode completar mentalmente e com completo desagrado o que Mikoto ia dizer. – Isso é passado, isso, passado.

— Sim, é passado. –Ela encarou Mikoto que havia voltado a sentar-se no sofá. No colo ela levava alguns cadernos de capa escurecida. – Mas eu gostaria de saber mais. Por favor, tudo o que você souber e puder me contar já vai ser de grande ajuda. Não importa se você achar que é sem importância.

— Você se parece mais com a sua mãe do que pensa. – Mikoto alisou a capa do primeiro caderno e depois repousou a mão sobre o joelho de Sakura. – Ela também tinha esse gênio nervoso, mais acho que posso dizer que você a ultrapassou no quesito confiança. Agora me diga criança, o que você realmente quer saber? E por favor, não diga que é só por curiosidade. 

— Eu quero saber tudo o que sabe sobre antes do incêndio. –Sakura hesitou por um instante parando para pensar por alguns segundos em como prosseguir. -bom, ela agiu de alguma forma estranha antes do que aconteceu? 

— Não. – Mikoto pôs a mão no queixo. - ela me pareceu normal, estava um pouco agitada sim, mais não a culpo, você tinha pegado um resfriado forte naquela semana e ela ficou em casa com você a semana inteira até que melhorasse. No dia do incêndio lembro que Mei veio aqui naquela manhã, ela veio me visitar e acabou comentando que você estava melhor de saúde mais que ainda não poderia sair de casa por ainda estar se recuperando. Sasuke ficou arrasado.

— Sasuke? – questionou Sakura. – quem é Sasuke?

— Meu filho mais novo. – Ela lhe mostrou a foto dos filhos que estava anexada ao colar. – veja, esse da direita é Itachi meu mais velho e o outro é Sasuke meu mais novo. Vocês dois eram muito amigos quando tinham uns três anos. Quando você foi embora ele ficou muito triste. Ficou perguntando por você durante quase um mês.

Sakura procurou se lembrar da criança da foto. Em algum lugar de sua mente talvez ela ainda lembra-se do sorriso sincero do menino. Nada lhe veio à mente. - Desculpe, eu não me lembro.

— Eu não esperava que você lembra-se, - Ela guardou o colar novamente dentro da blusa não sem antes dar uma ultima olhada na foto dos filhos. - de qualquer forma vocês dois eram muito pequenos para lembrar muita coisa agora.

— E quanto a essa Mei, você confiava muito nela? – Sakura olhou as horas na tela do celular, era tarde e ela tinha consciência de que a avó sabia o horário que ela saia do colégio. Sakura mentiria, é claro. Já havia pensado no que dizer caso fosse chegar muito tarde a casa.  

— Claro que sim. –Mikoto levantou a voz um tom e quase melancólica colocou a mão sobre o peito. – nós três crescemos juntas afinal! Mei era dois anos e meio mais nova que nós e era um doce de pessoa. Uma mulher adorável e muito responsável.

— A senhora acha que foi coincidência ela ser a única a morrer no incêndio? Sendo um pouco mais direta, acredita no que os jornais disseram quanto a ela ter sido assassinada por minha mãe?

— Não! Não acredito nisso. Mebuki nunca teria tido coragem de levantar um dedo contra Mei. Elas eram irmãs, se amavam muito e por isso eram muito unidas.

Nesse momento a porta foi aberta e um rapaz de cabelos muito negros entrou. Ele usava um cachecol azul claro de tricô e trajava o uniforme de algum colégio que Sakura não conhecia. Ele estava fechando o guarda-chuva quando a mãe o chamou. 

— Sasuke! –Mikoto se levantou e foi abraçar o filho mais novo. Ela segurou o rosto vermelho do rapaz e deu-lhe um beijo em cada bochecha. - Finalmente você chegou. Venha, quero que conheça alguém. – Eles foram até a sala e Sakura se apresentou. – vocês brincaram muito juntos aqui em casa. Deixavam Itachi doido atrás de vocês. – Quando Mikoto o convidou a se juntar a elas Sakura soube naquele momento que a conversa de antes estava terminada.

— Oi. – Sasuke disse desanimado. – Mãe, eu preciso mesmo subir, tenho muito dever de casa. – Sakura conhecia aquela desculpa, já a havia usado tantas vezes com a própria mãe que nem se lembrava mais onde aprendera. Não havia dever de casa algum, era uma mentira usada pelos adolescentes para se livrar dos pais. Sakura riu. Sempre funcionava. – Prazer é... Sakura não é?

— sim. Haruno Sakura. O prazer foi meu Sasuke. – ele olhou para mãe que o assentiu de subir. – até outra hora.

— Olha que cabeça a minha. – Mikoto fugiu para a cozinha. – Aceita alguma coisa para comer? – Sakura aceitou um chá. Pelo menos assim havia ganhado mais alguns minutos antes de ser mandada embora.  – Sakura-chan, dê uma olhada nesses cadernos que estão em cima do sofá. São álbuns de fotos.

Sakura se apresou e pegou o primeiro álbuns. Nele havia fotos de Sasuke e possivelmente Itachi quando bebê e algumas viagens da família Uchiha. Ela pulou para o segundo. Nele havia fotos de uma viagem para Disney, Sasuke nos braços do Mickey sorria de orelha a orelha, o irmão estava ao lado de um homem, possivelmente o pai e não sorria. Definitivamente aquela família viajava muito. Pegou o terceiro e sorriu. Variadas pessoas posavam para a foto, podia-se destacar perfeitamente a senhora Mikoto que segurava um bebê de quatro meses, ela estava visivelmente mais nova e sorria ao lado de Mebuki que também segurava um bebê. As duas obviamente foram pegas desprevenidas.

— conseguiu achar as fotos da sua mãe? – Mikoto perguntou e lhe entregou o chá. – você tinha acabado de nascer, nós estávamos vendo as flores de cerejeiras. Nesse dia elas estavam tão lindas.

— essa é a Mei? – Sakura não apontou ou se moveu, apenas soltou a frase no ar na esperança que ela entende-se.

— é sim, essa é a Mei. Ela era linda não é? – Sakura concordou com a cabeça e tentou memorizar os rostos ali. – Para mim, esse dia foi o mais especial. – Sakura a encarou. – foi o primeiro dia depois de muito tempo que nós todos nos reunimos. – Mikoto começou a chorar. - Eu não podia acreditar que a Mebuki tenha matado a Mei. Simplesmente não acreditaria mesmo que me provassem. Nós três éramos como irmãs e sempre protegíamos umas as outras. O que aconteceu não foi culpa de ninguém, foi um acidente. Mebuki nunca machucaria Mei.   

Sakura acreditou. Mesmo não a conhecendo por muito tempo ela acreditou verdadeiramente nas palavras, e nas lágrimas, da Sra. Uchiha.


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