Ouija escrita por Brenda


Capítulo 1
Capítulo I - Decisão




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/623741/chapter/1

A sala de aula quase vazia estava calma naquela manhã. A chuva caia fraca do lado de fora, mesmo assim, muitos dos alunos haviam resolvido ficar em casa.

As poucas pessoas que ali estavam entretinham-se com bobagens e conversas aleatórias. Pequenos grupos e algumas duplas se espalhavam pela sala, a maioria mantinha-se pelos cantos.

As três garotas no canto norte da sala distraiam-se com seus celulares, prestando pouca atenção ao redor.

Ao lado, alguns de seus colegas conversavam animadamente sobre um novo jogo que estava fazendo sucesso na internet.

— Vocês viram aquele vídeo onde uma menina tentava fazer contato com o espírito e quando finalmente conseguia, a imagem ficava toda desfocada e tinha uns ruídos tenebrosos ao fundo? — Indagou Diego.

— Eu vi. Mas, cara, nada a ver — Guilherme desdenhou. — Não acredito em nada disso. É só adicionar uns efeitos toscos e jogar nas redes sociais que todos acreditam! — Caçoou.

— É. Porém, eu não disse que acreditava. Apenas perguntei se alguém tinha visto — Revirou os olhos.

— Eu só assisti um — Comentou Cássia. — Não tive coragem de ver mais nada sobre isso depois! — Confessou relembrando assustada o vídeo que vira poucos dias atrás.

Ao lado, a conversa era escutada com certo interesse por duas garotas. Camila e Jéssica interessavam-se pelo assunto comentado pelos colegas.

— Você acredita? — Indagou Camila aos cochichos.

— Sim... — Respondeu após alguns instantes pensando. — Acho que acredito.

— Ainda não tenho uma opinião formada sobre isso — Deu de ombros. Por mais que não tivesse certeza sobre acreditar ou não, pensar que havia espíritos entre eles a deixava com medo. — E você? — Virou-se para falar com Fernanda, que sentava na sua frente. A garota olhou-a confusa. — Em fantasmas, você acredita?

— Com certeza! — Virou-se instantaneamente para Camila e Jéssica. — Já tive provas que eles existem! — Contou.

— Sério? — Jéssica riu animada. — O que aconteceu?

— Tipo, anos atrás, quando eu era pequena, morava em uma casa que era assombrada pelo espírito do antigo dono — Fernanda parecia nervosa ao relembrar os acontecimentos daquela época.

— Que coisas aconteciam? — Camila encorajou-a a continuar.

— Assim, morávamos eu e mais sete pessoas lá — Começou. — Sempre dividi o quarto com meus pais e mais duas irmãs. No outro quarto, ficavam as outras duas garotas. Sempre que íamos dormir, ouvíamos barulhos pela casa, que eram, sem dúvida alguma, passos. Sério, não havia como ser outra coisa.

— E o que mais? Vocês viam alguém? Algum vulto? — Jéssica indagou curiosa. Ela e Camila estavam totalmente presas a aquela história, queriam saber tudo.

— Não. Nós nunca vimos nada. — Fernanda negou. — Mas uma vez, uma das minhas tias foi dormir lá e nesse dia, tivemos certeza de que havia sim um espírito naquela casa. — Fez sinal para que as duas amigas ficassem quietas, sabia que elas queriam logo o resto dos fatos. — Na hora de dormir, cada um foi para seu quarto e minha tia insistiu para dormir no sofá da sala. Avisamos á ela sobre os barulhos estranhos que ouvíamos durante a noite. Ela não ligou e disse que ficaria bem. Então, no meio da madrugada, minha tia conta que acordou sentindo calor. Empurrou o cobertor para baixo, deixando apenas seus pés cobertos. Ela fechou os olhos e tentou dormir novamente. Quando já estava quase dormindo, sentiu algo lhe cobrindo o corpo. Só que sua consciência não lhe permitiu entender o que era. Poucos minutos depois, ela acordou novamente e percebeu que o cobertor cobria-lhe o corpo até o queixo. Minha tia achou estranho, né, mesmo assim, só empurrou o cobertor pra baixo de novo. Quando fechou os olhos, sentiu o cobertor ser puxado pra cima mais uma vez. E ela diz que havia alguém na sala.

— O que ela fez? — Indagou Camila de olhos arregalados.

— Correu pro quarto dos meus pais — Fernanda riu fracamente. — Ela estava em pânico.

— E depois disso? — Jéssica indagou com uma curiosidade latente. — O que vocês fizeram?

— No outro dia, meu pai chamou o pastor da igreja que frequentávamos — Fernanda continuou. — Ele fez algumas coisas que não lembro, então, disse pro meu pai que o espírito era do antigo dono, que não queria sair dali, então, ele fez tipo um ritual para permanecer na casa até depois da sua morte. O pastor explicou tudo que meu pai deveria fazer para se livrar daquilo. E ele fez.

— E o que ele fez? — Jéssica indagou, pedindo por mais informações.

— O antigo dono havia enterrado um caixa no terreno, bem perto da porta da casa; Meu pai desenterrou essa caixa e lá dentro, havia várias frutas e alguns animais mortos. Entretanto, o mais estranho, até mesmo assustador, era que aquilo tudo não parecia estar há anos ali dentro. Era como se tivesse sido colocado á pouco tempo. Meu pai, seguindo as ordens do pastor, jogou o conteúdo da caixa em um rio de água corrente. Depois disso, não ouvimos mais nada em casa.

Porra! — Camila exclamou antes de começar a roer a unha do polegar, sem saber o que mais dizer ou pensar.

— Cara, o máximo que aconteceu comigo foi á televisão ligar sozinha de madrugada — Jéssica murmurou pensativa.

— Isso já é demais pra mim — Camila estreitou os olhos. — Pô, nem sei se eu aguentaria sequer imaginar que tem algo na minha casa. Tenho medo demais.

— Tem uma coisa que eu vi uns dias atrás na internet, não prestei muita atenção, mas já ouvi falar que funciona — Jéssica lembrou.

— O que é? — Fernanda indagou.

— O Tabuleiro Ouija ­— Disse lentamente, testando pela primeira vez aquelas palavras em voz alta. — Agora estou bem curiosa pra saber se realmente funciona.

— Sei qual é — Camila inclinou-se para mais perto das amigas. — Mas sei lá, acham que um espírito viria se comunicar através de um pedaço de madeira?

— Eu acredito! — Informou Fernanda. — Essas coisas são muito perigosas porque funcionam.

— Eu tenho muitas dúvidas sobre acreditar ou não nisso — Camila revirou os olhos para si mesmo. — Isso me deixa meio que em pânico.

— Eu não tenho medo — Jéssica deu de ombros. — Pra falar a verdade, eu quero ver se esse Tabuleiro Ouija funciona.

— Jéssica... — Fernanda chamou-a com seriedade. — Você não vai fazer uma coisa dessas, né? Mexer com isso não é certo! — Alertou.

— Por que não? — Riu. — Caralho, não tem nada de mais. Eu só ia fazer umas perguntas.

— Também estou curiosa pra saber se funciona — Camila confessou. — Mas de maneira nenhuma eu faria isso.

— Eu vou fazer! — Jéssica comunicou sua decisão. — Só preciso de um tabuleiro. — Sorriu com a ideia de conseguir contato com algum espírito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários (contendo elogios e/ou críticas construtivas) são sempre bem vindos. Até o próximo capítulo, beijos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ouija" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.