O babaca do amigo do meu irmão 2ª temporada escrita por Lailla


Capítulo 4
As recordações descobertas


Notas iniciais do capítulo

Amados da minha vidinha, mais um para a alegria de vocês s2s2s2s2s2s2



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Alguns dias se passaram. Micael e eu não estávamos juntos de fato, porém ele estava mais carinhoso comigo e me fazia vários mimos. Du e Ellie achavam graça. Eu estava desconfiando de algo entre eles, mas não tinha provas concretas. Micael ia lá pra casa quase todos os dias, porém um dia ele chegou com malas nas mãos e uma grande em volta do corpo. Eu saía do corredor e parei ao vê-lo.

– O que é isso? – Apontei para as malas.

– Vou morar aqui. – Ele sorriu.

– Que? – Franzi a testa.

Du saiu da sala e olhou Micael.

– Ué? Voltaram? – Ele apontou pra nós dois.

– Não. – Disse rápido.

Micael fez cara e tédio pela minha rapidez em responder.

– Não é por livre e espontânea vontade. Meu pai me expulsou.

– Como é que é? – Du e eu dissemos em coro, só que Du começou a rir. Fiz cara de tédio.

– Contei a eles que você ficou grávida de mim e... Meu pai disse que era pra eu morar com você pra cuidar dos dois.

Fiquei boquiaberta.

– Pensei que seus pais fossem legais. Por que ele fez isso? – Perguntei.

– Também não é assim! Ele não disse “Ah, vai embora seu filho da puta!”, foi como uma junção do útil ao agradável. Ele já queria que eu me mudasse.

Du dava gargalhadas. Idiota!

– Agora... – Micael disse voltando a andar – Vou me instalar, mamãe. – Ele disse beijando minha testa.

Dei um tapa nele. Du me pegou pelos ombros e me levou para o quarto. Me empurrou pra dentro e fechou a porta com um sorriso largo no rosto. Quis bater nele, mas ele fechou a porta rápido. Micael olhou para a direção do barulho.

– Vai me ajudar? – Ele riu.

– Você não vai dormir aqui. – Cruzei os braços.

– E vai me botar aonde?

– Com o Du. – Dei de ombros.

– Fala sério. – Ele tombou a cabeça.

– Na sala.

– É ruim hein. – Ele exclamou – Não se preocupe, eu não ronco. – Ele riu.

– Eu sei... – Murmurei.

Ele sorriu abrindo o zíper da mala e em seguida a porta do meu armário. Revirei os olhos e deitei na cama. Comecei a pensar no que ele disse na entrada.

– Hein! – Exclamei confusa – Mas por que mesmo que você ainda morava com seus pais?

– Não queria gastar dinheiro com um apartamento. E eu rachava as contas com meu pai. Além de ter alguém cozinhando pra mim, mesmo que minha mãe me obrigasse a lavar minhas roupas. – Ele riu – Meu pai até gostou de eu ter engravidado você. Foi a chance que ele teve pra voltar a morar sozinho com minha mãe.

Deixei escapar a risada. Os pais de Micael eram engraçados. Ele riu também, mas parou de repente. Se abaixou e pegou algo, analisando. Arregalei os olhos quando vi. Corri até ele.

– Isso é meu. – Disse indo pegar, mas ele já havia aberto.

Era uma pequena caixa de madeira, como um baúzinho. Ele estava surpreso, levantando um colar e vendo uma carta que havia dentro. Fora outras coisas que tinha. Ele sorriu.

– Você guardou? – Ele disse me olhando.

Abaixei a cabeça com vergonha. A carta foi a primeira que ele fez pra mim. Na época que começamos a namorar. Ele se declarava, foi quando me decidi que queria ficar com ele. Ela estava um pouco amarelada nas pontas já que faziam sete anos desde que ele a escreveu. O colar foi o presente que ele me deu no nosso primeiro aniversário de namoro. Era dourado, tinha um pingente em forma de coração. Era transparente como uma joia e tinha a letra “M” em dourado. Fora outras coisas bobas, como um talo de uma flor. Eu a guardei depois que ele me deu, ela era linda, mas foi se desfazendo com o tempo. Tickets de cinema. Pequenos pedaços de papéis com datas e nomes de lugares. Datas de jantares românticos que ele me levou ou de noites incríveis que tivemos juntos na cama. Ou qualquer outra noite que eu achasse ter sido especial. Cada pedacinho daqueles dois anos guardados no meu pequeno baú.

Micael me encarava, admirado enquanto esperava minha resposta.

– Hein? Por que guardou tudo isso?

– Porque... Você foi parte da minha vida.

Ele olhou nos meus olhos e pegou em minha bochecha indo me beijar, mas eu virei o rosto. Ia para a cama, queria sair de perto dele, ir pra qualquer ligar, mas ele me puxou pelo braço e me pôs contra o armário. Segurou meu rosto e me beijou. Apertei sua blusa e o empurrei, saindo de perto dele.

– Não faça isso! – Exclamei.

– Por quê? – Ele perguntou sem entender.

– Eu... Eu não quero tudo isso de novo. – Disse querendo chorar – Já basta a gente ter um bebê juntos!

– “Tudo isso” o que? – Ele disse franzindo a testa.

– Nós!

– “Nós”? Qual o problema da gente juntos? Tem medo por acaso? A gente vai ter um bebê! Isso já nos aproxima né.

Bufei querendo rir.

– Isso já nos aproxima, mas daqui a dois anos vamos começar a brigar. Vai acontecer tudo de novo! E vai ter uma criança envolvida, o que vai ser muito pior!

– Não vai acontecer de novo. – Ele disse ainda sem entender o porquê daquela discussão.

– Vai sim. A gente não consegue ficar dez minutos sem discutir ou brigar. E eu não quero passar por tudo aquilo de novo e ter que guardar tudo num baú depois!

Você terminou tudo! – Ele exclamou irritado.

– Mas você não veio atrás de mim! – Quase gritei. Comecei a chorar.

– E eu leio mentes por acaso?! Você diz que está cansada das brigas, sai andando e eu que tenho que ir atrás?!

Foram tantas brigas idiotas que eu nem me lembrava de um motivo bom pra jogar na cara dele.

– Eu não queria que a gente terminasse. – Ele disse sério – Mas você decidiu isso por nós dois.

O olhei com os olhos marejados. As lágrimas caíram. Fui para o banheiro e tranquei a porta. Sentei no chão, escorando na banheira e deixei as lágrimas caírem. Micael batia na porta.

– Abri isso!

Eu não respondia.

– Felícia, abre a porra da porta! – Ele bateu com força – Pára de fugir! Você sempre fazia isso! E ainda faz! Pára de ser covarde e enfrenta as coisas, merda! – Ele gritou com raiva.

Chorei mais. O ouvi bufar de raiva e sair do quarto em seguida, batendo a porta. Quando saí do banheiro, Micael não estava nem em casa. Ellie disse que ele saiu bufando quando ela chegou do trabalho. Quando fui dormir ele ainda não tinha chegado.

Já eram 23h30min, ouvi alguém entrar. Logo depois minha porta abriu e Micael entrou, fechando-a em seguida. Tirou a blusa e a jogou na poltrona que tinha no meu quarto. Sentei, preocupada.

– Onde você estava?

– Na casa dos meus pais. – Ele disse sério sem nem me olhar.

Entrou no banheiro e foi tomar banho. Fiquei sentada na cama, com as pernas cobertas e os joelhos dobrados, quase os abraçando. Esperava olhando na direção do banheiro. O barulho da água caindo me deixava tensa. O silêncio veio e ele saiu do banheiro logo depois apenas vestido com uma cueca Box. Percebi o quanto ele ficara forte. Seus músculos eram levemente definidos, o que eu amava!

Ele deitou ao meu lado e se cobriu, virando para o outro lado. Eu o olhava querendo dizer algo. Toquei suas costas debaixo das cobertas. Normalmente ele era quente. Ele estava gelado, era bom.

– Que é? – Ele resmungou – Quer mais espaço?

– Não. – Disse tirando a mão dele. Minha cama era de casal e espaçosa, não precisava de mais espaço!

– O que você quer então?

– Olha pra mim. – Pedi suavemente.

Ele bufou, mas o fez. Se virou e me olhou ainda deitado. Estava sério.

– Desculpe. – Disse meiga.

– Você é meio bipolar né. Maluca!

Abaixei o olhar.

– Tsc. – Ele estalou a língua, irritado me puxando.

Me fez deitar ao seu lado, pondo o braço em volta da minha cintura. Eu escorava em seu ombro, olhei pra cima. Ele parecia pensar. Respirou fundo.

– Queria saber qual o seu problema. – Ele disse.

Deitei em seu ombro e me aconcheguei. Não sabia como dizer, mas o problema... Era que ele nunca disse que me amava. Falar “Eu gosto de você pra caralho” não conta né. Né? Se bem que eu também não disse isso a ele, pelo menos não em voz alta. Acho que esse foi o nosso erro, fora todas as brigas idiotas. E eu queria dizer muito que o amava, mas só estávamos ali na cama simplesmente porque eu estava grávida dele.

Adormeci em seus braços.

...

Na manhã seguinte, acordei com Micael abraçado comigo. Me senti aconchegada, porém um pouco triste pela noite anterior. Eu suspirei e de repente me deu vontade de vomitar. Levantei bruscamente e corri para o banheiro. Micael acordou com meu pulo.

Não sei de onde saiu tanta coisa pra eu vomitar de manhã! Quando acabou, sentei escorada na banheira me perguntando se ia aguentar aquilo mesmo. Implorei a Deus que os enjoos terminassem logo.

– Que houve? – Micael perguntou aparecendo no banheiro.

– Enjoo. – Gemi passando a mão na testa.

Ele riu. O fuzilei.

– Super engraçado.

– Desculpe. – Ele soltou mais uma risada e me ajudou a levantar.

Íamos sair do banheiro, mas eu parei pondo a mão na boca.

– Que foi?

– Não acabou. – Eu disse enjoada voltando correndo para o vaso.

Ele riu esfregando os olhos. Ficou comigo, esfregando minhas costas. Ai, que ódio daquilo! Eu nem tinha comido ainda! Depois daquilo, escovei os dentes umas duas vezes pra tirar aquele gosto horrível da boca. Fomos para a cozinha.

– Bom dia. – Ellie cantarolou.

Sentei à mesa com a expressão horrível! Queria dormir e só acordar quando o bebê tivesse nascido. Ela olhou pra mim.

– Não é um bom dia? – Perguntou a Micael.

– Enjoo matinal. – Ele disse torcendo a expressão enquanto sentava do meu lado.

Peguei uma banana e comecei a comê-la. Era a única coisa que não me enjoava naquele momento. Levantei e joguei a casca fora. Micael ficou me analisando. Franzi a testa quando percebi.

– Está olhando o que?

Ele abriu um meio sorriso.

– Nada.

– Fala.

– É que... A barriga já está começando a aparecer.

Olhei para Ellie, envergonhada. Era meio embaraçoso ele reparar isso em mim. Se bem que dava mesmo pra ver, minha roupa era justa. Du chegou de repente e bagunçou meu cabelo. Dei um tapa nele.

– Que houve? – Ele perguntou.

– A barriga dela já está aparecendo. – Ellie disse sorrindo.

Ele começou a contar nos dedos. Enchi um copo de água e o olhei curiosa enquanto a bebia.

– Mas você já está com dois meses. É pra aparecer mesmo.

– Não precisava contar nos dedos. – Eu ri – Eu sei disso.

– Né? – Du cantarolou – Quando vai contar pro papai? – Ele deu um sorriso malicioso.

– Hum... – Pensava – Nunca.

Meu pai ainda era o grosseiro, frio e inacessível, além de ainda não saber como lidar com uma filha mulher. Eu fiquei mais velha e nada melhorou entre nós. Minha mãe poderia até ficar feliz com a gravidez, principalmente por Micael ser o pai. Mas ele?! Run! Mesmo gostando de Micael e o considerando um filho, ele ia falar poucas e boas pra mim. Um homem como meu pai não toleraria nunca que a filha fosse mãe solteira. Solteira mesmo! Porque mesmo com Micael me ajudando com tudo, eu não era casada com ele e para meu pai isso era a mesma coisa que ser mãe solteira!

– Que?! – Du exclamou – Você acha mesmo que ele não vai suspeitar ao ver você de barrigão?

– Ele não vai me ver.

Du riu de nervoso.

– Fala sério! Deixa de ser medrosa!

Não sei por que, mas quando ele disse aquilo olhei na hora para Micael, que deu um sorriso debochado.

– O Natal está chegando. – Du disse – Conta pra eles quando a gente for pra lá. Olha que presentão!

– Você está de sacanagem né? – Disse indignada – Eu já vou estar com 3 meses. Não vai dar pra esconder o “ovinho” na barriga.

– Veste uma blusa larga até contar. – Ele deu de ombros.

– Eu não visto roupa larga. E as que eu tenho pra dormir são pra dormir! E além do mais, eu não vou contar pra ele. Pra que? Ele vai me xingar e me chamar de vadia!

– Não exagera. – Du insistia – O máximo que ele vai falar foi que você foi irresponsável.

– Isso ele falaria pra você! – Deixei escapar uma risada nervosa.

– Quem sabe o bebê não o amolece?

Bufei pondo as mãos na cabeça. Fiquei pensando a manhã sobre o que faria. Não que eu tivesse medo do meu pai. Fala sério! A verdade é que... Não! Eu morro de medo dele mesmo! O que ele diria pra mim?!

Depois do almoço fui me deitar e pensei mais! Não conseguiria ter coragem pra dizer que estava grávida na cara dele! Micael entrou no quarto e voltou a desfazer as malas que foram interrompidas no dia anterior. Eu olhava para o teto e o via de costas pra mim, pondo as roupas no armário.

– O que você acha? – Perguntei.

– De...? – Ele disse sentado no chão, agora mexendo nas gavetas.

– Do meu pai.

– Ah, ele deve ter sido bonito quando jovem. – Ele deu de ombros.

– Pára com isso! – Joguei um travesseiro nele querendo rir.

Ele riu, pondo as roupas na gaveta. Se virou pra mim, ainda sentado no chão.

– O que você quer que eu diga?

– Sobre o que você acha de eu contar.

– Hum... – Ele pensava – Tome coragem, sua covarde! – Ele exclamou rindo em seguida.

Apertei os olhos em sua direção. Estava gostando daquele momento. Quase dez minutos e nada de brigas. Era uma vitória!

– Fala logo.

– É só contar. Mas sem os detalhes daquela noite. Você é maluca! – Ele disse. Sua expressão foi cômica.

– Eu não ia dizer. – Dei um sorriso malicioso.

Ele apertou os olhos em minha direção. Levantou e se deitou do meu lado praticamente me empurrando. Que abusado!

– Sinceramente, seu pai é um pouco difícil.

– “Um pouco”? – Quis rir.

– Você entendeu. – Ele riu – Mas de repente o bebê vai fazê-lo amolecer mesmo. Seu pai não é de pedra, ele se apaixonou pela sua mãe, né?

Dei de ombros, concordando.

– E tem mais outra coisa. – Ele disse sorrindo.

– O que?

Ele se virou apoiando o braço na cama e me olhando de cima. Encostou a testa na minha, me fazendo rir. Desencostou-a e mexeu no meu cabelo, pondo depois a mão na minha barriga pra fazer carinho e em seguida na minha cintura. Sorri pela expressão gentil dele.

– Estamos conversando há quinze minutos e não brigamos.

Comecei a rir.

– Êhhh! – Estiquei os braços pra cima.

Ele também comemorou. Fazer isso era um pouco idiota, mas engraçado. Rimos juntos, parando. Ele me olhava ainda parando de rir. O olhei diferente, ele mexia mesmo comigo. Levantei o braço e mexi em seu cabelo escuro. Ele também me olhou diferente. Pus a mão em sua nuca e o puxei levemente fazendo-o me beijar.

Tocar aqueles lábios de novo me deixava extasiada. Nossos lábios dançavam até que ele cessou o beijo. Respirou ofegante.

– A briga de ontem foi à toa?

– Não sei... – Eu disse.

Nem sabia o que pensava naquele momento. Eu só o queria!

– Você é mesmo maluca. – Ele sorriu.

Sorri. Eu realmente não sabia o que queria. Mas naquele momento a única coisa que eu queria era ele. Levantei a blusa devagar e a tirei, ficando apenas de sutiã. Ele me olhava apreensivo. Fitei os olhos dele, fazendo nossos olhares se encontrarem.

– Faz amor comigo. – Eu disse.

– Que? – Ele disse parecendo querer ter certeza de que era aquilo mesmo que eu pedi.

– Faz amor comigo.

Ele abriu levemente um sorriso. Me beijou pondo a mão gentilmente na minha cintura. Fizemos amor àquela tarde de uma forma tão especial que aquele momento pra mim substituiu a noite que dormimos juntos quando começamos a namorar. Eu pensava que aquela noite tinha sido a melhor, mas não. Foi aquela tarde indecisa. Micael, seu idiota! Eu te amo mesmo!

Eu estava de costas pra ele enquanto ele me abraçava. Estávamos ainda um pouco ofegantes.

– Isso não faz mal pro bebê, né? – Ele perguntou.

– Não. – Sorri – Ele só vai ver um pirulito.

Ele riu.

– Idiota.

Micael correu a mão pela minha cintura, até minha barriga. Ele fez carinho nela com o dedo. Sorri.

– Hein? – Disse.

– Hum?

Suspirei. Não queria pensar duas vezes, se não, nunca diria.

– Que bom que você é o pai. Eu não ia querer que nenhum outro fosse.

Ele sorriu e beijou a parte de trás do meu ombro. Sua respiração me fez cócegas.

– E eu não ia querer engravidar nenhuma outra. – Ele riu.

Eu ri.

– Idiota mesmo.


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Notas finais do capítulo

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