Paixões gregas - Destinos Cruzados (Degustação) escrita por moni


Capítulo 9
Capitulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oiiiieeeee
Tomara que gostem. O Primeiro livro já está á venda na Amazon. Conto com vocês.
Um dia os Stefanos estão em pinta e papel na estante de vocês. Esse é meu sonho.



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Pov – Heitor

Liv mal consegue caminhar até o carro, eu a apoio, depois seguimos o percurso todo no mais completo silencio, suas lagrimas escorrendo sem parar, não sei o que fazer.

Minha menininha naquela cama, estava tão feliz, dançou feito um anjo, graciosa e delicada, sempre viva e inteligente, como pode ser isso? Como lido com isso? Com a dor de Liv, esse amor de mãe que transcende as coisas da terra, ela sabia, sentiu, não gerou minha filha, não deu a ela seu próprio leite, Lizzie não carrega sua genética e nada disso importa, tudo isso é superficial, porque o amor que sente é maior.

Mesmo no meio da dor de estar sem Lizzie acho espaço para sentir vergonha de ter duvidado.

Ela é minha mãe. Fico me lembrando de Lizzie chorando magoada ainda ontem porque eu não conseguia enxergar isso. Me sinto culpado, como se o universo querendo me punir e mostrar a verdade tivesse colocado Lizzie naquela cama, apenas para que eu pudesse finalmente ver com clareza o que elas me mostraram desde o primeiro encontro.

Estaciono e ela desce ainda em silencio, é como se não estivesse ali, é como se ninguém estivesse. Quero arrancar sua dor, pegar para mim e carregar sozinho o fardo, mas não posso.

Abro a porta do apartamento e ela entra, as lágrimas que tinham diminuído se espalham por seu rosto mais uma vez.

─Desculpe Heitor. Não sou boa o bastante para cuidar dela, quando fiquei sozinha com ela eu devia ter procurado você. Você é famoso em toda Londres, teria sido fácil te achar, mesmo se acreditasse que não queria Lizzie e eu não acreditava, eu devia ter feito um escândalo, exigido que olhasse por sua filha, não fiz, no fundo eu me agarrei a ela, porque quando Patrícia morreu só me restou Lizzie.

─Liv. – Ela chora encarando o chão, não posso levar em conta nada do que está dizendo.

─Se tivesse ficado com ela, então Lizzie estaria na melhor escola do país, com gente realmente capaz de cuidar dela, não acho que crianças caiam de escorregadores em escolas como essas.

─Foi um acidente.

─Foi falta de monitoramento e sabe disso! – Ela soluça. – Meu Deus e eu? O que eu fiz? Nada, nem podia coordenar meus passos, sem você eu ainda estaria plantada nessa sala sem reação. Você cuidou de tudo.

─A equipe médica cuidou de tudo, nunca passou por isso, é natural que ficasse como ficou. Nesse ponto somos apenas diferentes, sou pragmático, você é passional.

─Sou fraca, é isso que sou, não sirvo para proteger Lizzie, porque simplesmente sabia que ela não devia ir, mas não a obriguei a ficar, está certo sobre tudo, não sou a mãe dela, uma mãe teria tido autoridade e dito não. Faça o que tem que fazer, assino o que for preciso.

Fico paralisado na sala, assistindo enquanto caminha para o quarto de Lizzie. Só confirma o quanto ama Lizzie, a ponto de abrir mão dela para o seu bem, ou que ela acha que é seu bem.

Lizzie está na cama, lutando para viver, Liv morre aos poucos, quero as duas, quero a família que elas são para mim agora, quero de volta a noite de ontem com riso e paixão. Familia. Minha família, eles vão me ajudar.

Caço o celular no bolso. Disco apressado, Leon, eles vêm e juntos consigo lidar com isso.

─Heitor! – Leon atende, escuto conversa por traz de sua voz. – Já estamos todos aqui a sua espera. Quando chegam?

─Leon... Minha filha. – A voz embarga, a dor parece finalmente me dominar quando escuto a voz familiar.

─Heitor o que aconteceu? – Ele se alarma. A conversa atrás de si cessa.

─Lizzie caiu, traumatismo craniano, está no hospital, em coma induzido.

─Estamos indo, que hospital? Onde você está?

─Vim até meu apartamento, volto para lá daqui a pouco, só podemos esperar e não sei como se faz isso. Ela está no KHC.

─Certo, então aguenta. Estamos a caminho. E Olivia?

─É tanta dor que a consome, não sei como fazê-la suportar, não consigo tirar dela.

─Cuida dela, Liv precisa de você. Qualquer mãe... Estamos a caminho, só espera.

─Obrigado! – Desligo, caminho em busca de Liv, só vou ignorar tudo que disse tomada pela dor. Eu a encontro deitada na cama de Lizzie, agarrada a Aquiles e chorando de olhos fechados.

Me deito com ela, envolvo Liv e deixo que chore. O que mais posso fazer?

─Aquiles tem o cheirinho dela. Quero meu bebê.

─Vai ter Lizzie de volta, ela vai ficar bem, só precisa esperar.

─Cuida de mim. – Ela me pede no meio de seu desespero. Sim é só o que quero fazer.

─Estou cuidando, vamos trazer nosso solzinho de volta para casa. Prometo.

Ela afirma encolhida em meus braços, ficamos ali em silencio, abraçados esperando o tempo passar.

─Está com febre Liv. – A pele está quente como fogo.

─Eu sei, tenho esse tipo de febre emocional, fiquei assim quando minha mãe morreu, e depois quando meu pai morreu, e quando Patrícia foi embora e me deixou sozinha com Lizzie.

─Está alta, então agora você vai tomar um banho para baixar isso, vou fazer um chá e pegar uns comprimidos, precisa ficar forte para cuidar dela.

Liv não se move, está apática, eu a ajudo, nunca me senti tão próximo de alguém, ninguém sabe a dor que dividimos. Deixo ela na sala, tomando o chá depois de engolir o comprimido, sigo para tomar um banho e me vestir.

─Podemos ir agora? – Ela me pede quando volto para perto dela.

─Sim, e só vamos voltar quando Lizzie estiver conosco, não voltamos a esse lugar sem ela.

Ela afirma e voltamos, mais uma vez o percurso é feito em silencio. Demora quase uma hora para o médico nos receber, ele repetia os exames em Lizzie e só podemos aguardar abraçados.

─Liv o médico. – Ela fica de pé a meu lado, aperta minha mão com força, encaramos o médico, fico tentando encontrar em suas expressões um sinal do que tem a nos dizer. Quero me preparar para o diagnóstico, mas ele parece impassível em seu jaleco branco.

─Acho que já é bom dia. – Era madrugada. Quem se importa? – Os exames foram muito bons, o inchaço praticamente desapareceu nesse período, crianças são fortes. Retiramos o medicamento, e vamos ver como evolui, quando Lizzie acordar refazemos os exames e se tudo estiver bem como acho que vai estar ela estará liberada.

─Quanto tempo até ela acordar? – Liv pergunta.

─Depende unicamente dela. Estamos por conta de Lizzie agora. Vão poder ficar com ela, Elizabeth foi transferida para um quarto e os aparelhos foram desligados.

─Obrigado doutor! – Aperto sua mãe e nunca vou agradecer o bastante.

─A enfermeira vai leva-los até ela.

O ambiente era menos pesado quando entramos no quarto, lizzie estava mais corada e dormia com um soro no braço. Liv consegue sorrir ao beijar Lizzie, coloca Aquiles a seu lado. Também beijo Lizzie e ficamos os dois sentados ao lado da cama a espera do milagre que é Lizzie abrir os lindos olhos escuros.

─Ela vai ficar bem, meu solzinho vai ficar bem, ela vai para casa. – Liv chora, agora é um choro de alivio.

─Sim, ela vai ficar bem e logo vai estar tagarelando sobre tudo. Eu vou mandar uma mensagem para meus irmãos, eles estão a caminho e vão gostar de saber que está tudo melhor.

Lizzie se mexe na cama meia hora depois, corremos para seu lado, ansiosos por vê-la acordar, com medo também, e se tiver algo errado? Uma sequela do acidente?

─Mamãe! – Sua voz doce resmunga e apesar de sonhar em ouvir papai eu fico feliz em chamar por Liv, depois do que passou ela merece isso. Liv segura sua mão com os olhos marejados.

─Abre os olhos meu solzinho, para o meu dia brilhar. – Liv pede e o grande milagre acontece, os olhos se abrem confusos, ela os fixa na mãe chorando. – Oi meu amor, tudo bem?

Seus olhinhos me encontram, tão lindos e assustados, ela me estica os braços finos.

─Papai eu caí. – Papai, ela disse, me chamou de pai, porque é isso que sou seu pai, é como Luka ou Alana, quando caem, não importa quantos tios os cerquem, eles querem o pai, porque são os pais que sabem cuidar de joelhos ralados, me dobro para abraça-la, ela me envolve manhosa.

─Já vai passar princesa. – Sinto seu cheiro de Lizzie, quando me afasto Liv chorava.

─Não chora mamãe.

─Não estou triste solzinho, estou feliz. Acordou, adoro quando acorda.

─Onde está doendo? – Pergunto preocupado. Ela afasta os lençóis, mostra dois arranhões na perna, pela careta parecem fraturas expostas.

─Minha perna, e minha cabeça. – O médico entra no quarto.

─Como vai senhorita. Como se sente?

─Vou tomar injeção?

─Não, mas duvido que tivesse medo de uma injeção. – Ele diz examinando Lizzie, pede que olhe uma lanterna, ela acompanha a luz, ele testa mais seus reflexos. – Como é seu nome?

─Elizabeth, mas eu gosto de Lizzie.

─Quantos anos tem, Lizzie?

─Seis anos.

─Uma moça, Lizzie se lembra como foi seu aniversário de seis anos?

─Sim, minha mãe fez bolo de chocolate, todo mundo foi lá em casa cantar parabéns.

─Legal, ganhou presentes?

─Uma boneca bem bonita da minha mãe, e um urso que meu pai mandou da viagem dele. – Olho para Liv, ela sorri. Beijos sua mão entrelaçada a minha.

─Ótimo, bons reflexos e memória ótima, agora vai comer, brincar, ficar tranquila aqui até o fim da tarde, então vamos repetir os exames e se tudo estiver bem vai para casa.

─E para Grécia?

─Temos uma viagem, mas podemos adiar. – Explico ao médico.

─Não acho que seja necessário, se ela não tiver tonturas e nem enjoos tudo vai ficar bem e podem viajar com tranquilidade. Observem a sopa não demora.

O médico se despede e ficamos com Lizzie sentada na cama abraçada a Aquiles, corada e sorridente como se nada tivesse acontecido,

Toco a testa de Liv, a febre simplesmente tinha sumido como chegou.

─Não quer ir comer alguma coisa? – Liv pergunta preocupada.

─Mais tarde nos revezamos, agora quero aproveitar um pouquinho.

─Papai você que buscou o Aquiles?

─Foi ideia da Liv. – Ela sorri. Papai, de novo papai, isso me enche de tanto amor que pareço explodir.

─Papai era hoje que a gente ia para a Grecia?

─Era, mas vai ficar boa e vamos amanhã! – Ela sorri.

─Mamãe esse negócio de soro no braço é chato, lembra que tomei uma vez quando comi aquele monte de doces na festa da senhora Adele?

─Sim, e ficou boa, agora é a mesma coisa.

Então a porta se abre e os três Stefanos restantes entram todos ao mesmo tempo com presentes nas mãos animados e sorridentes.

─Chegamos! – Ulisses diz se aproximando de Lizzie, no caminho aperta minha mão. – Você é a garotinha voadora? – Lizzie sorri afirmando. Ele entrega um ursinho de pelúcia. – Sou seu tio preferido Ulisses.

─Oi tio Ulisses.

─E eu sei tio Leon. – Ele entrega uma boneca de pano delicada. – Como se sente pequena?

─Legal! Obrigada! – Ela tem os olhos brilhantes.

─Esse é seu tio Nick. – Leon comunica. Nick não se apresentaria nunca.

─Tudo bem Lizzie? Sua tia Lissa te mandou esse jogo. – Ele entrega uma caixa.

─Obrigada tio Nick. Quanto tio que eu tenho!

─Mas eu sou o preferido, não esquece, tio Ulisses. – Ela acha graça, ri para ele.

─E você deve ser Olívia a mãe de Lizzie. – Leon diz gentil estendendo a mão para Liv que o cumprimenta com um sorrio tranquilo. Depois aperta a mão dos outros, sempre sorrindo. – É muito bom conhecer vocês. Estávamos ansiosos.

─Irmão se uma gata dessas me desse um tapa eu também a beijaria. Mulher bonita em? – Ulisses diz em grego.

─Não pode beijar minha mãe, porque ela é do meu pai! – Lizzie responde num grego fluente e inacreditável. Ficamos todos mudos e boquiabertos, Liv sorria tranquila.

─Você fala grego? – Pergunto chocado.

─Eu falo, você que não fala nada de grego papai.

─Achei que não sabia princesa, eu nunca imaginei... Liv? – Quero saber como é isso.

─Ensinei ela desde sempre, ela se alfabetizou e se educou nas duas línguas, achei que era importante para quando um dia se reunisse a família como agora.

─Eu nem sei o que dizer. – Fico perplexo, feliz, agradecido.

─Obrigado é um bom começo! – Leon brinca.

─É, e meu rosto está a sua disposição Liv. – Ulisses, sempre ele. Olho para ele firme, advertindo, ele me ignora. – Só para constar gente.

─Como ela está? – Leon resolve mudar o rumo da conversa. Ulisses se junta a Lizzie para ver os brinquedos. Nick se afasta um pouco retraído com aquele momento família.

─Bem, ela está ótima, talvez saia ainda hoje e viajamos amanhã.

─Que bom, sabe que Lissa queria vir, mas as crianças não ficam sem ela e trazer dois bebês é uma operação que precisa de planejamento.

─Tudo bem, sei que viria se pudesse.

─Nossa! Lembrei! – Ulisses diz contente. – Te vi dançando vestida de borboleta.

─Era anjo tio Ulisses, como que viu?

─Anjo? Vi as asas e achei que era uma borboleta, estava linda, eu fui o tio que mais gostou.

─É? Então vou dançar para você.

─Cinquenta vezes filha, ele vai adorar, tem que dançar e dançar até ele decorar a música e a coreografia. – Ulisses me faz careta.

─Tem certeza que aquilo era um anjo? Você tem mais cara de borboleta. De qualquer modo da próxima vez que quiser voar fala com o tio aqui, pulamos de paraquedas.

─Posso mamãe?

─Claro querida, pode ser seu presente de aniversário de cinquenta anos.

─Não se acha uma mulher com espirito aventureiro nesse mundo, todas medrosas, Liv eu posso te ensinar a saltar, acho que vai adorar, seja corajosa.

─Ulisses! – Advirto muito pouco contente, ele não tem uma gota de vergonha na cara.

─Toma gatinha, chocolates suíços, não deixa por aí, seu tio Nick e sua tia Lissa roubam chocolate de criancinhas.

─Que absurdo Ulisses! – Nick resmunga quando Lizzie abraça a caixa olhando para ele preocupada. – Não roubo não Lizzie, mas sua tia Lissa rouba, ela rouba dos próprios filhos!

─Mas se contar a ela que dissemos isso vamos desmentir.

A sopa chega, a enfermeira enruga a testa com tamanha movimentação no quarto.

─Vamos deixar a Lizzie descansar, nos vemos amanhã na ilha. – Todos eles beijam Lizzie, depois apertam a mão de Liv, menos Ulisses, ele nunca se contentaria com apertos de mão, abraça Liv e beija seu rosto carinhoso e abusado.

─Vou conversar um pouco com ele enquanto ela come. – Aviso Liv que sorria, não cabia em si de alegria e adoro ver seus olhos brilhantes.

─Pode ir e come qualquer coisa, toma um suco, quando voltar eu vou.

Meus irmãos me olham cheios de piadas prontas e os arrasto para fora do quarto. Nos sentamos na lanchonete, peço suco e um sanduiche enquanto eles pedem um café.

─Que sorte estar tudo bem. – Leon diz sorrindo com uma mão em meu ombro.

─Foram as piores horas da minha vida.

─Agora ela está bem, as duas estão. – Ulisses completa.

─Liv parece ser uma mãe muito dedicada. – Nick me pergunta daquele jeito advogado que tem de descobrir o que quer.

─Ela é muito cuidadosa, sabe cuidar de Lizzie como ninguém, está a anos luz a minha frente.

─Tem a vida toda. – Leon me tranquiliza.

─Que história é essa de que o papai é da mamãe? – Ulisses pergunta rindo.

─Primeiro de tudo você é um babaca!

─Como eu ia saber que elas falam grego? E ela é gata mesmo.

─Fica longe, não jogue charme para ela.

─Não posso evitar, é minha marca registrada!

─Eu não estou brincando. Não me tira do sério.

─Ele é ciumento! – Os três riem com gosto. – Não sabia disso.

─Eu também não, mas não gosto disso e pronto, não consigo evitar.

─Estão namorando? – Leon pergunta.

─Não, não demos um nome a nada, estamos só... Não sei muito como me sinto, o quanto Lizzie tem a ver com isso.

─Nada pelo visto, está todo ciumento e possessivo. – Nick comenta sério. – Se está com a garota devia assumir, não pode brincar com ela, com os sentimentos de uma mãe.

─Muito nobre Nick! – Eu resmungo.

─Elas são lindas juntas, conectadas, Liv pareceu morrer um pouco essas últimas horas, sofreu absurdamente, mais que isso, sentiu que algo iria acontecer, nem tínhamos saído da cama e ele me disse que não queria que Lizzie fosse a escola.

─Dormindo juntos! – Ulisses cantarola.

─Quantos anos tem Ulisses? Estou sendo cauteloso, acho que o que sinto é definitivo, mas se não for, não quero oficializar uma coisa e depois... Ao mesmo tempo eu não acho que possa ficar longe dela. Não sei, os Stefanos não se casam e isso sempre pareceu tão mais seguro.

─É mais o Leon já estragou tudo mesmo, então casa com ela e vão criar filhos.

─Filho, no singular Ulisses, parem de povoar o mundo, que coisa! – Nick resmunga. – Vamos ao que afinal é da nossa conta! – Nick toma um gole de café.

─O que? – Pergunto atento.

─O pedido para o DNA saiu, ela vai fazer ainda hoje aqui mesmo, falei aqui e ali e consegui isso, assim aproveitam que estão aqui e ela nem vai perceber o que está fazendo. – Nick abre uma pasta e retira alguns papéis. – Com o exame pronto vai poder reconhecer Lizzie e ela ganhará seu sobrenome, o teste é praxe, apenas para não haver mais tarde nenhuma contestação sobre isso. – Ele é profissional, ficamos todos em silencio o ouvindo. ─Com isso ela passa a ser sua filha e assume a responsabilidade legal sobre ela.

─Olívia disse que assinaria qualquer coisa, mas eu não quero tira-la dela, as coisas são claras para mim agora, uma depende da outra.

─Heitor, Olívia não tem nada para assinar ou permitir. – Ficamos todos surpresos. – Lizzie foi registrada como filha de Patrícia, sua única tutora legal, quando ela morreu e não tendo um pai, Lizzie ficou órfã, Olivia tinha que ter entrado com um pedido de adoção, ela não fez isso, eu verifiquei. Se as autoridades não fizeram nada é apenas porque esse tempo todo não tomaram conhecimento. Olivia ficou cuidando da pequena, mas nunca teve um problema sério, uma viagem, ou mesmo hoje, quando forem sair daqui vão ter que assinar papéis e simplesmente Lizzie não tem um responsável legal.

─Não podemos tira-la daqui?

─Podem, providenciei isso. – Ele me estende um papel. – Tive ajuda da sua equipe jurídica enquanto voava para cá. Consegui para você, assim pode assumir Lizzie até os papeis de reconhecimento oficial ficarem prontos já é o tutor.

─Olivia não tem nada? – Aquilo mais me entristece que qualquer outra coisa.

─Não, mas claro que ela pode contestar, sempre pode provar que criou Lizzie e que era ausente e conseguir a guarda ou mesmo direitos de visitas e toda essa coisa. Mas ai é ela quem tem que entrar com uma ação contra você.

─Isso não vai acontecer, não vou separa-las, de jeito nenhum, eu nem vou contar isso a ela agora, ela passou maus momentos e são só formalidades.

─Ótimo, acho que pensar no bem estar de Lizzie é o que importa. – Ele mantem o tom profissional, fecha a pasta e guardo o papel no bolso. – Procure a administração do hospital, mostre esses papeis para tirar Lizzie daqui e fazer o exame, uma equipe preparada está a caminho.

─Acho que tudo está bem e resolvido, então esperamos vocês amanhã na ilha.

─Espero que sim. – Digo a Leon quando ficamos todos de pé.

─Vou me despedir delas. – Ulisses diz e seguro seu braço.

─Não precisa, vai vê-las amanhã.

─Está dificultando meu trabalho de tio preferido.

─Vamos, Lissa está agoniada querendo notícias. – Leon pede olhando o celular.

─E ele dá tudo que Lissa quer.

─Como se eu fosse o único.

Volto para o quarto, Liv estava sozinha, Lizzie tinha ido repetir os exames, ficamos abraçados, é bom envolve-la em meus braços assim relaxada. Ela se encosta em mim.

─Seus irmãos são ótimos, alegres, diferentes do que imaginei.

─Eu sei, todo mundo acha que somos de outro mundo, é como eu disse, somos só família. Como todas as outras a nossa volta.

─Voltei! – A maca entra com Lizzie sentada nela muito animada. – Andei de maca e entrei numa maquina bem grande sem chorar.

─Que bom, está bem?

─Sim. Comi toda a sopa, papai.

─Que bom.

─O doutor vai avaliar os exames e vem mais tarde. – A enfermeira se retira.

─Agora solzinho, sabe me contar como foi que caiu? – Liv pergunta.

─Sei. – Ela faz manhã. – Foi tudo culpa do Mark. – Não sei quem é Mark, mas podia mata-lo.

─Seja quem for eu vou...

─Mark é um garotinho Heitor. – Liv me acalma. – O que o Mark fez Lizzie?

─Estávamos lá no alto do escorrega, então ele disse que o pai dele vai te convidar para sair porque é a mãe mais bonita de Londres.

─Que bobagem Lizzie, nem conheço o pai dele. – Olivia se explica, que cara mais abusado. Meu sangue ferve de raiva.

─Mas ele te conhece, ele chega mais cedo só para te esperar chegar, todo dia, disse que quer namorar você, então eu fiquei brava e disse que você é do meu pai, que mães namoram com os pais, que você namora meu pai, ele disse que eu estava mentindo, então eu fiquei brava com ele e nervosa e fui contar para a professora, mas meu pé ficou preso porque eu tentei correr e então eu cai. Você vai aceitar sair com ele? – Os olhos de Lizzie estão repletos de lágrimas.

─É claro que não Lizzie, Olivia nem mesmo vai mais te levar ou buscar na escola, eu faço isso, e quero que me mostre quem é esse pai do Mark.

Fico tão irritado que nem consigo chama-la de Liv, que conversa é essa, que homem é esse que fala coisas assim para um garotinho?

─Eu não vou aceitar o convite, Lizzie, porque eu não quero sair com o pai do Mark, porque eu não o conheço, e eu não estou interessada em conhecer. – Aquilo foi um recado bem claro, mas que se dane, vou cuidar do que é meu, ou vai ser um dia quando parar de ser idiota. – E você não vai voltar àquela escola.

─Não? – Eu e Lizzie perguntamos juntos.

─Não, vai estudar na melhor escola de Londres, onde eu estudei quando tinha sua idade, porque merece, seu pai pode é sei ser bem razoável quando quero.

─Você sempre dá um jeito de brigar comigo. – Reclamo, me sinto meio como Lizzie, ela sorri, achei que estava brava, mas ela apenas sorri tranquila. – Não fiz nada.

─É mamãe, o papai não fez nada.

Deixamos o hospital no começo da noite, indo para casa com Lizzie, leves e felizes, mais do que nunca merecemos esses dias com ela num lugar como Kirus, e vai ser bom para entendermos nossos sentimentos, e lá vou contar a Liv sobre o DNA e todo o resto.

─Amanhã a essa hora vamos estar em Kirus princesa e vai estar brincando com seus primos.

Ela sorri abraçada ao coelho rosa, olho para Liv, ela também sorria tranquila, trago sua mão para meus lábios e beijo. Do inferno ao paraíso, tudo em vinte e quatro horas.


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Notas finais do capítulo

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