Paixões gregas - Destinos Cruzados (Degustação) escrita por moni


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii
Primeiro de tudo! Jussara Rogers Te adoro!!! OBRIGADA! Linda a recomendação, mas no fundo eu sabia que receberia uma de você, porque é uma amiga querida, especial e nunca falha comigo. Amei as palavras e o carinho, todo mundo sabe como recomendação me deixa felz. Então Muito obrigada você é incrível! BEIJOSSSSSSSS
LARI sua linda que eu amo, obrigada por ter recomendado Um amor como vingança, como já acabou lá te agradeço aqui, adoro você, amei suas palavras carinhosas, e MEGA obrigada!!! Sua linda!



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Pov – Olívia

Fecho a porta e respiro fundo, me viro e Lizzie me sorria, linda como a princesa que é, nem sonha com o turbilhão de sentimentos confusos que tenho dentro de mim.

Não sabe como me dói sentir que a empurro para longe de mim a cada movimento que faço para aproxima-la do pai, não sei como lidar com nada disso, penso em meu pai, em como ele sempre foi um homem bom e justo, em todas as coisas que me ensinou sobre o amor. Quando Patrícia chegou, um pouco mais velha que eu, linda e espontânea eu tive medo, não queria dividir meu pai, ele era tudo que eu tinha, mas então ele me fez entender que amor só é verdadeiro quando se pode dividir, ampliar.

Descobri que ele podia me amar mais do que tudo no mundo e amar Patrícia também, aprendi eu mesma a amar minha irmã, não pude sentir o mesmo por Chloe, hoje sei que isso foi muito mais por conta da distância dela do que minha.

Lizzie pode amar o pai e ainda me amar, a questão não é os sentimentos dela e sim o quanto ele está disposto a dividir. Ela pertence a ele, ao mundo glamoroso dos Stefanos, cheio de dinheiro, mansões, luxo, helicópteros e viagem pelo mundo.

Dinheiro não é tudo, eu tive muito dinheiro, depois fiquei sem nenhum e sei que não faz diferença, mas ajuda, dá a Lizzie um mundo de oportunidades, ela é tão inteligente, não posso tirar dela a chance de estudar na melhor escola de Londres, de viajar e conhecer o mundo, outras culturas, ensinei minha menina a falar grego e francês, mas de que serve se ela não puder caminhar pelas ruas de Paris ou Atenas?

O que dói é perder Lizzie, seu dia a dia, não estar a seu lado quando acorda assustada, não dar bom dia pela manhã e um beijo antes da aula, corrigir seu dever de casa e convence-la a tirar a roupa de bailarina e colocar um pijama.

Nenhum juiz vai levar em conta o amor que dividimos, ela tem o sangue deles, é o pai biológico e vai ser fácil provar que não sabia de sua existência, mesmo assim eu não vou simplesmente abrir mão do meu solzinho.

─Está triste mamãe? – volto a realidade e encaro Lizzie, forço um sorriso para acalma-la.

─Claro que não, vamos tomar um banho e dormir?

─Mamãe, ele vai me trazer para casa não é?

─Claro meu amor, seu pai ama você, entende isso? Assim como eu, ele nunca vai te fazer mal.

─Achei ele bem bonito, achou ele bonito?

Vou caminhando com ela para o banheiro, ajudo a tirar a roupa e soltar o coque.

─Achou mamãe?

─Sim Lizzie, ele é muito bonito.

─E ele é legal, mas você disse que ele fala grego e ele não fala nada.

─Fala sim solzinho, mas estamos na Inglaterra, então ele fala grego, mas quando conhecer o resto da família vai falar grego com eles.

─Entendi, e francês, eles falam francês?

─Não sei querida, mas um dia vai a França e usa seu francês.

─E o italiano, só bem pouquinho.

─Por que começamos agora, mas quando for mocinha vai falar bem direitinho.

─Como você?

─Sim, como eu.

Desligo o chuveiro a ajudo a se secar, e espero enquanto escova os dentes.

─O que vai fazer amanhã sem mim? – Meu coração se aperta com a ideia, sem mim me pareceu mais definitivo do que realmente é. – Em mamãe? – Ela nunca desiste de uma resposta.

─Caio chegou hoje de Oxford, então vou estudar um pouco inglês com ele, dar uma olhada nos trabalhos dele e esperar você e seu pai chegarem do passeio.

─E eu não vou ver o Caio?

─Ele vai ficar com a senhora Adele até o fim de semana, depois você o vê.

─Eu tenho seis anos e falo grego e inglês direitinho, o Caio tem dezessete e não sabe ainda direito.

Escovo seus cabelos, ela vai falando e fazendo careta, me arranca sorrisos, quer cabelos longos, mas choraminga a cada pequeno nó.

─Caio é um menino inteligente, a senhora Adele tem muito orgulho do neto, ele tem só dezessete anos e ganhou bolsa de estudos para Oxford. Ela me ensinou a falar grego e ajudou muito quando você era bebê, ainda ajuda. Temos que ser muito gratas e por isso eu ajudo o Caio quando ele vem.

─Ele é legal. Era mais legal antes, quando não era todo metido que está na faculdade. – Rio da careta que faz, paro de pentear seus cabelos para beijar sua bochecha.

─O Caio está se esforçando tanto, ele quase não fala inglês, se eu não o ajudasse ele não estaria conseguindo acompanhar o curso, ele não está metido, só que não tem mais tempo para nada, só para os estudos, eu espero que seja tão esforçada quanto ele. O Caio é um exemplo de menino.

─Toda vez você fala isso! – Ela reclama e parte para cama. – Cadê o Aquiles.

Entrego o coelho para ela, beijo sua testa e a cubro direito, então pego o livro, ela fecha os olhos, começo a história de onde parei, nem sei o quanto ela entende daquilo tudo, são tantos Deuses, guerreiros, heróis, mas ela ama demais Aquiles para não prestar atenção.

Quando adormece sigo para a sala, me sento diante do comutador com uma xicara de café quente na mão, será uma longa noite e começo meu trabalho, algumas palavras técnicas são difíceis de traduzir, acabo sempre me perdendo em pesquisas, estava quase amanhecendo quando envio o trabalho por e-mail e consigo ir para cama, Lizzie dormia na mesma posição abraçada a Aquiles.

Tenho duas horas de sono antes de ficar de pé, não me permito pensar em nada e quando o despertador toca parece que acabei de fechar os olhos, olho para Lizzie na cama ao lado apertando os olhos para fingir que ainda dormia, sorri e vou até ela.

─Abra os olhos meu solzinho, para meu dia brilhar. – Ela abre os olhos e junto vem um sorriso e pronto, já recarreguei minhas energias e me sinto cheia de coragem e força. – Bom dia!

─Bom dia.

Ela pula da cama, corre para o banheiro, cantarola e brinca como se fosse três da tarde.

Depois de muito esforço consigo que coma uma fatia de bolo e tome o leite.

─Todo dia você briga comigo no café da manhã mamãe.

─Todo dia foge do café da manhã, não pode.

─É a refeição mais importante do dia, eu sei! – Ela corre para a mochila.

─Vamos?

Fecho o apartamento, o dia está gelado, andamos de mãos dadas, ela vai saltitante e sorridente, na porta beijo seu rosto. Desejo boa aula e depois espero que suma pelos portões, então dou meia volta e caminho para casa.

A aula com Caio é fácil, ele é sempre um menino atento e inteligente, corrijo alguns erros de pronuncia, uns erros na gramatica e depois quando está perto de buscar Lizzie e seguir para o ballet me despeço de Caio e da avó.

─Diga a esse pai da Lizzei que estamos de olho nele. – A senhora Adele me abraça. – Conta com a gente, se precisar vamos todos falar com o juiz e dizer como é a melhor mãe do mundo.

─Obrigada!

Lizzie sorria segurando a mão da professora, corre para mim quando me vê, aceno e a levo para o ballet três quadras da escola.

─Mamãe acho que não quero mais que o senhor Heitor me busque.

─Ele vai ser legal, vão se divertir bastante, conversar e vou estar te esperando com o jantar pronto.

─Acha que ele é bonzinho?

─Muito!

─Está certo então, eu vou com ele.

Caminho para casa sem me preocupar com as lágrimas, nunca ninguém buscou ou levou Lizzie a lugar algum, sempre fomos apenas nós duas contra tudo, uma vez ou outra ela fica uns minutos com Flinn ou Adele em dias de neve ou chuva, apenas para que eu posso ir ao banco ou mercado, nada além disso.

Entro em casa e só consigo chorar, é minha menininha, é mais que isso, é minha vida, não tenho mais nada, mais nenhum interesse, ela chegou para mim e me tomou todo espaço, minha vida é garantir a dela, e agora se ela me deixar não vai restar mais nada.

Depois de me deixar chorar tudo que venho guardando todos esses dias lavo o rosto, não quero que Lizzie me veja assim. Arrumo o apartamento, termino o jantar com um olho sempre atento no relógio, no fundo eu tenho medo, não foi fácil confiar em Heitor, ele pode simplesmente pegar a filha e nunca mais voltar.

Quando me dou conta que estão atrasados, meu coração acelera, ele disse que compraria a sobremesa então ainda não é oficialmente um atraso.

Pov – Heitor

─Ela é linda Lissa, inteligente, adora mitologia grega, me convidou para vê-la dançar.

─Então o encontro foi bom? – Lissa pergunta.

─Perfeito, acabei de chegar, jantei com elas, e amanhã vou busca-la na aula de ballet.

─Ela sabe que é o pai? O que disse para explicar sua ausência? – Agora é a hora em que Lissa vai se apaixonar por Liv.

─Liv, é assim que todos a chamam. Ela sempre disse a Lizzie que eu estava viajando e acebei de voltar, Lizzie não tem qualquer sentimento ruim por mim, não acha que a abandonei.

─Gosto de Olivia.

─Ela tem sido generosa. Eu fui muito injusto com ela.

─Se desculpou?

─Sim, ela não pareceu muito interessada em meu pedido de desculpas, mas acho que passamos por cima daquilo. Lissa eu não consigo mais ficar longe da minha filha.

─Não precisa, só precisa ir com calma, acho que deu um grande passo, vocês dois conversaram sobre como as coisas vão ser?

─É difícil ter alguma privacidade, o apartamento é pequeno, quem sabe hoje, mas acontece que eu não tenho ideia de como as coisas vão ser.

─Vai convida-las para vir?

─Sim, em duas semanas Lizzie fica de férias e vou convida-las, quem sabe aí com toda a família reunida Liv compreenda que Lizzie tem que ficar comigo e me dê minha garotinha. Posso deixa-la com Lizzie alguns fins de semana, ou quando tiver que viajar.

─Heitor eu ainda não sou a favor disso. E aquela história do beijo?

─Eu... Lissa a gente tem que falar disso?

─Não você pode falar disso com o Ulisses.

─Penso muito nisso, mais do que deveria, mais do que é prudente e sensato.

─Entendi, vai dormir e amanhã me liga para saber como foi o segundo encontro.

─acho que só vou poder dormir de novo quando ela estiver aqui, morando comigo.

Mau prego os olhos, trabalho de novo ansioso, saio ainda mais cedo que o dia anterior, não quero me atrasar um minuto para pegar minha filha no ballet, nem passa pela minha cabeça deixa-la insegura.

Quando sai da aula está sorrindo, segura um par de botas na mão e veste roupa de ballet e um casaco rosa pesado.

─Boa noite princesa, está ainda mais bonita hoje.

─Boa noite senhor Heitor. – Ela me estende as botas.

─Quer que leve para você?

─Não. – Ela ri. – Tem me calçar, não posso ir de sapatilha, se não estragam e minha mãe não tem dinheiro para ficar comprando uma nova toda hora.

─Ah! Claro, desculpe. – Me abaixo e a ajudo a tirar as sapatilhas e colocar as botas, preciso convencer Liv a me deixar pagar as contas de Lizzie, mas acho que vou falar sobre isso por telefone e evitar um novo tapa, ou quem sabe um novo tapa leve a um novo beijo e isso faria valer a pena. – Pronto? – Ela sorri, pego sua mão até o carro, prendo seu cinto de segurança, arrumo sua mochila ao lado e caminho para o volante.

─Está bem bonita a minha dança. Vou usar um vestido branco de anjo, e um coque e luvas e asas.

─Linda! Vai ficar perfeita. Vamos comprar a sobremesa?

─E depois vamos para casa não é? Eu tenho muita saudade da minha mãe.

─Vamos. – Será que um dia vai sentir saudades de mim?

─O que é um executivo?

─Eu dirijo a empresa, cuido para que tudo funcione bem, administro.

─É legal isso?

─Eu gosto. Vou te levar no meu trabalho quando estiver de férias.

─Minha vai junto, não posso ir sem ela em lugar nenhum, só hoje porque ela deixou.

─Liv pode ir junto sim. Gosta de doces?

─Muito! – Paro em uma doceria e descemos os dois, ela olha os doces muito atenta e indecisa. – Acho que quero torta de chocolate.

─Sua tia Lissa não teria dúvidas e ficaria com a torta de chocolate.

─Então pode ser, quero um sorvete senhor Heitor, pode me comprar um?

─Claro, do que quer?

─Morango com cobertura de chocolate. Bastante cobertura. – A atendente sorri e serve o sorve, Lizzie começa a comer enquanto eu pago, depois me sento com ela para esperar que termine. – Pode não contar para minha mãe sobre isso, ela vai brigar porque não jantei.

─Tudo bem, não contamos nada para ela.

─Obrigada senhor Heitor, você é bem bonzinho, e bonito. Minha mãe também acha.

─Acha? Como sabe? – Não devia estar interessado nisso, mas fico, e muito.

─Eu perguntei, ela acha. – Espero que termine o sorvete, depois limpo suas mãos e a boca, não é como se nunca tivesse cuidado de uma criança, sou bom nisso, o único Stefanos que é permitido ficar sozinho com os sobrinhos sem Lissa e Leon terem medo de um tsunami, mas dessa vez é minha filha, são as mãos dela que ajudo a limpar com guardanapos.

Fico ansioso para ver Liv, me lembro do beijo e se não fosse o medo que tenho do que Lizzie pode contar a ela eu a encheria de perguntas.

─Sua tia tem namorado? – Pergunto quando a arrumo no carro mais uma vez.

─Que tia? – Ela me pergunta confusa.

─Liv.

─Claro que não. – Ela até se ofende e desisto do assunto, quando subimos as escadas, com Lizzie falando sem parar sobre a aula e os colegas enquanto eu carrego a torta suas coisas e sei lá quanto mais de bagunça uma garotinha pode precisar em um dia comum, penso em conversar com Liv e quem sabe conseguir o direito de fazer isso todos os dias.

Quando abre a porta a primeira coisa que noto é que chorou e sinto culpa, odeio essa confusão que nos metemos, como se a felicidade de um dependesse exclusivamente da tristeza do outro.

─Mamãe que saudade! – Elas se abraçam apertado, Liv de joelhos envolvendo a sobrinha, fecho a porta atrás de mim.

─Tudo bem? Se divertiu? – Liv olha para ela dos pés a cabeça como que querendo ter certeza que tudo está bem.

─Sim.

─Boa noite Heitor. – Ela ergue o olhar e me sorri.

─Boa noite, trouxemos torta de chocolate, ela disse que é a que mais gosta.

─Ela, adora todo tipo de doce, principalmente o sorvete de morango com calda de chocolate que ela acabou de tomar e o fez prometer não me contar porque ainda não jantou. – Eu e Lizzie trocamos um olhar assombrado, como ela sabe?

─Mamãe como descobriu?

─Elementar meu caro Watson, sorvete de morango e calda de chocolate na bota. – Liv aponta os sapatos, olhamos os dois, depois trocamos mais um olhar.

─Ela sempre descobre tudo senhor Heitor eu me esqueci de dizer isso.

─Espertinha, está ensinando o papai a mentir? – Mais isso, não acredito que fiz isso. – Sabe que não pode nunca mentir para a mamãe Lizzie, pode me contar qualquer coisa, não tem problema tomar um sorvete de vez em quando antes do jantar, mas mentir é muito feio.

Isso nem me passou pela cabeça, não é só manter a garotinha limpa e alimentada, é preciso ensinar valores a ela, dar noções de certo e errado, não fiz isso, cai feito um idiota em seu plano e não levei em conta nada disso. Tenho muito a aprender, Liv está anos luz na minha frente e nem sei se um dia vou estar pronto.

─Desculpe mãe, não faço mais.

─Agora você vai mostrar o banheiro ao seu pai, lavem as mãos e vamos jantar. Tem dever de casa.

─Vem senhor Heitor! – Passo por ela e só falto me desculpar como Lizzie, sinto seu perfume, que inferno, para que ficar tão cheirosa?

Jantamos mais uma vez na pequena cozinha, tão aconchegante, que parece de bonecas, sempre penso nisso, troco olhares com Liv, não devia, mas meus olhos estão sempre procurando os dela e quando encontram sempre parecem ficar presos ali.

Depois seguimos para sala, me sento no chão para ajudar Lizzie com o dever enquanto ela vai arrumar a cozinha, é um ambiente tão familiar. Depois da lição ela me mostra os cadernos, seus desenhos, algumas bonecas, Liv se senta um pouco mais distante, fica nos olhando sem interferir, sei que não é fácil para ela me dar tanto espaço e ainda quero mais. Quero tudo, ao mesmo tempo que não quero tirar nada dela.

─Lizzie, agora é tarde, precisa tomar um banho e colocar o pijama, seu pai pode te colocar na cama.

─E me contar uma história?

─Se ele quiser.

─Claro que quero, acho que consigo contar uma história. Gosta de piratas? – Me lembro da infância na ilha de brincar na praia de pirata com Leon, bons tempos aqueles.

─Vou correr, sou bem rápida! – Lizzie nos deixa, saio do chão e me sento no sofá.

─Obrigado Liv, por me permitir tudo isso, eu sei que não é fácil para você, mas não é fácil para mim também, tenho que me despedir e ir para casa e isso...- Me calo, ela afirma. – Acha que seria muito ruim se eu fizesse isso todos os dias?

─Não, é bom para ela, vejo como ela fica feliz quando está aqui. Você pode pega-la na escola e ficar até coloca-la na cama.

─Obrigado, tem mais uma coisa, é sobre... ─Estamos longe o bastante, ela vai ter que levantar e caminhar até mim se quiser me bater então é bom falar agora. ─Pode aceitar um cartão de credito para as despesas de Lizzie?

─Não. – Ela se irrita um pouco.

─Eu tenho sido bem razoável, meu desejo era enche-la de presentes, por mim chegava aqui com uma loja de brinquedos para ela, mas resisti, quero que Lizzie me ame porque sou seu pai e não o cara que a enche de presentes.

─Isso é bom, mas eu a eduquei o bastante para não encher os olhos com coisas que não importam.

─Já vi isso e só posso agradecer apesar de saber que não fez por mim. – Ela sorri quando me apresso a esclarecer. – Mas é minha filha, tudo que tenho pertence a ela, não sabe como é bom saber que todo trabalho que tive, que alguém vai herdar tudo, que não é apenas dinheiro se acumulando.

─Lizzie ainda é pequena demais para a responsabilidade de herdar seus milhões, não coloque tudo isso em suas costas.

─Não vou, um dia vai conhecer minha família e ver que somos só pessoas, como todas as outras e que vivemos de modo bem simples se quer saber. Acontece que o ponto é que eu quero prover minha filha, porque posso, porque é meu direito e porque é minha obrigação, quero fazer parte disso.

─Aceito o cartão se isso resolve a questão, mas não vou usar, Lizzie tem regras sobre presentes e gastos e não tem nada a ver com falta de dinheiro.

─Sei o quanto isso é importante, meus sobrinhos também têm, meu irmão quer que eles deem valor as coisas que tem. Respeitamos isso. Quer dizer, menos o Ulisses, ele enche as crianças de tudo que é doce e brinquedo novo que lançam, deseduca o tempo todo, ensina os garotos a dizer bobagens e ignora todo tipo de reclamação. Vai fazer o mesmo com Lizzie.

Ela sorri, os olhos brilham, no fundo todo mundo quer alguém assim por perto, um tio legal e brincalhão, será bom para Lizzie.

─Aceito o cartão Heitor, não vamos brigar por isso. – Sorrio em gratidão.

─queria sair com ela no fim de semana. – Decido não falar ainda sobre a ilha. – Vocês têm planos?

─Eu pretendia leva-la ao cinema, mas fazemos isso toda semana, então pode ficar para depois e vocês podem...

─Nós. – Eu a interrompo. – Quero que venha junto, ela vai ficar mais confiante.

─Tudo por Lizzie, está certo.

─Amanhã trago o cartão e um celular, se importa?

─Sim eu me importo, não quero um celular e Lizzie não tem idade para ter um e não vou ficar nas suas mãos, não importa o quanto isso seja confuso tem coisas das quais não vou abrir mão.

─Você é muito briguenta! – Reclamo ficando de pé, ela faz o mesmo.

─Para que quer que eu tenha um celular? Acha que não posso pagar por um? É isso? Não tenho por que não quero, não preciso, tenho o telefone fixo, trabalho em casa. Não preciso.

─Só pensei que agora que estamos tentando nos dividir nos cuidados com ela pode ser que a gente tenha que se falar as vezes, posso me atrasar com ela, ou você estar eu sei lá, presa no transito enquanto eu e ela estamos na sua porta, eu sou um homem pratico apenas isso, e você fica arrumando um jeito de brigar comigo.

─Pobre homem indefeso.

─É muito irritante sabia? – Estamos frente a frente. Nos encarando e adoro como ela é determinada, como não parece ter medo de nada. Me instiga, faz a vida pulsar. – Toda... Toda.... Dona da razão, nem um pouco razoável.

─Ok, é importante assim que eu tenha um celular eu vou ter um, mas eu compro um, não quero nada seu.

─Eu não tenho culpa de ser rico está bem?

─Tem sim, trabalhou duro para isso e não é vergonha nenhuma, só não me acene com seu dinheiro como se o seu dinheiro fosse sua melhor qualidade porque não é!

Me perdi, ela está me ofendendo ou me elogiando? Fico confuso e me calo, ela também e ficamos ali um diante do outro nos olhando fixamente, a raiva que cintila em seus olhos vai se dissipando, a expressão suaviza e ela fica perfeita. Meus olhos desviam dos seus para fixarem em seus lábios e quero beija-la de novo e não acho que vá fugir.

─Estou pronta senhor Heitor. – Salvos pelo gongo, nos afastamos antes que fosse tarde demais.

Vou para o quarto com Lizzie, todo arrumado com bonecas e coisas coloridas, duas camas, cubro Lizzie.

─Sempre é minha mãe que faz isso, sabe como faz?

─Me ensina? – Ela sorri abraçando o coelho.

─Me dá um beijo, diz boa noite e depois lê alguma coisa ou conta uma história daí eu durmo e amanhã... Não precisa aprender isso, não vai estar aqui quando eu acordar.

Não, eu não vou estar, as queria, queria mais do que qualquer coisa. Beijo Lizzie, arrumo suas cobertas.

─Boa noite princesa. Dorme bem. Amanhã te pego no ballet de novo.

Ela afirma sem abrir os olhos, começo a contar qualquer coisa sobre piratas e o mar do caribe e então ela adormece, demoro uns minutos para juntar coragem e deixar o quarto, Liv mexia em papéis sentada na frente do computador.

─Melhor eu ir, posso trazer o jantar amanhã.

─Não, vai comer o que eu cozinhar, como todos os dias.

─Olha eu não tenho nada contra sua comida, como comida congelada todos os dias, então até agradeço, só estava querendo ser gentil, desculpe por isso.

─Desculpe. – Ela fica de pé e para de novo na minha frente. – Sinto muito se não estou sendo razoável. Amo minha filha, somos nós duas desde sempre e agora... Obrigada pela oferta.

─Até amanhã e sem sorvete antes do jantar Sherlock. – Seu sorriso é absurdamente atraente, isso está errado, tem que estar, me apresso para deixar a casa, antes que não resista.


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Notas finais do capítulo

Beijos!!! Ando com problema de parar de escrever essa história hahahahahhahaa
Fico ansiosa querendo contar tudo de uma vez.
Comentem.