Ao chegar à porta da sala, Angel a abriu, abaixou a cabeça e entrou.

“Desculpe-me pelo atraso professor, eu...”, disse. Ao olhar para o professor, arregalou os olhos azuis vibrantes e ficou catatônica. “Sa-Sammy?”, gaguejou.

“Angie? É você?”, ele também se espantou e seu semblante era igual ao de Angel. O que mudava era a cor dos olhos, que os dele eram verdes.

Todos os alunos ali presentes olharam para Angel. A híbrida não prestava nem atenção, pois estava em choque. Não pensava que iria encontrar alguém conhecido por lá, ainda mais sendo Sam Winchester, um dos melhores caçadores da história da Terra.

Eles haviam se conhecido no ano de 2012, quando Angel tinha apenas seis anos de idade. Como seu pai era muito chegado a ele e seu irmão, Dean Winchester, e os três quase nunca se separavam, Sam se aproximou dela e de Brenda, só que se aproximou mais da mais nova, porque se identificou com a mesma. Desse modo, ele a ensinou tudo o que sabia.

Enquanto estava catatônica olhando para Sam, Angel teve um flashback do tempo em que morou na casa de Bobby com os irmãos.

***

“Sammy! Sammy! Sammy!”, gritou Angel indo para a cozinha, onde Sam se encontrava voltado ao computador.

“O que foi Angie?”, questionou preocupado.

“Pode me ensinar a hackear?”, falou com os olhos brilhando e um sorriso que ia de uma orelha a outra.

O Winchester suspirou de alívio por não ser nada grave.

“Não acha que está muito nova para isso, mocinha?”, foi mais uma afirmação do que pergunta.

“Porfa, porfa!”, pediu imitando o Gato de Botas do filme do Shrek.

Ele hesitou.

“Ok, Rebeldezinha.”, disse bagunçando o cabelo dela.

***

Ficaram uns cinco minutos trocando olhares, até que se deram conta do que faziam e voltaram a realidade. Ao perceber que era o centro das atenções, Angel ficou com vergonha, mas não demonstrou.

“Pode se sentar, Senhorita Masters”, Sam salvou a sua pele, pois mostraria seu verdadeiro lado se ficasse mais alguns segundos naquela situação e se descobrissem que lado era esse (ser parte demônio), os alunos a matariam por isso.

“Sim, senhor.”, falou.

Sendo assim, dirigiu-se a única cadeira vazia no meio da sala e Sam continuou o que fazia antes da chegada de Angel.

{...}

O primeiro tempo passou e o outro professor entrou. Passou o olho na lista de alunos e um lhe chamou a atenção: Angel N. Masters. Ele pareceu confuso por um instante, mas depois sua confusão acabou.

“Quem aqui é Angel Masters?”, perguntou a todos.

A híbrida levantou a mão.

“Eu.”, respondeu.

“É-É você mesmo?!”, arregalou os olhos de espanto.

“Sou eu sim, Dean.”, confirmou.

“Quanto tempo...”, começou, mas se interrompeu, pois tinha que começar aula, não podia perder tempo com aquilo. Ajeitou sua postura e continuou: “Bem, como vocês devem ter ouvido a colega falar, me chamo Dean, Dean Winchester.”

Um aluno levantou a mão.

“Você e o Sam são irmãos?”, indagou.

“Sim, nós somos irmãos, irmãos de sangue.”, replicou.

“Wow! Não são nada parecidos.”, comentou outro.

“Já nos confundiram como namorados inúmeras vezes, para falar a verdade. E uma dessas vezes, representamos o papel.”, contou Dean.

Todos riram. Fitou os ali presentes e ao passar o olho em Angel, uma lembrança lhe veio a cabeça.

***

“Angie! Brê! Venham aqui!”, o Winchester chamou as meninas.

Elas chegaram poucos segundos depois.

“O que foi Dean-o?”, quis saber Brenda.

“Querem aprender a caçar?”, perguntou com entusiasmo.

“Sim, sim, sim!”, responderam Angel e Brenda em uníssono, com um sorriso enorme.

Após alguns segundos a mais nova pôs a mão no queixo de forma pensativa.

“Mas...”, começou. “Papai não vai gostar de nada disso.”

“E daí? Vocês fazem tudo o que Cas manda?”, Dean questionou.

“Não, faço o contrário.”, disse Angel.

Brenda concordou com a irmã fazendo um “sim” com a cabeça.

“Então, vamos.”, falou Dean.

O Winchester pegou uma bolsa cheia de armas e seguiu para a porta.

“Vocês vão vir?”, indagou ao chegar a mesma.

As duas correram para a sua direção.

***

“Professor, tudo bem?”, perguntou um aluno, percebendo-o catatônico.

“Sim, está tudo bem.”, disse caindo em si. “Continuando... Serei o professor de vocês de IT1, Instrumentos de Trabalho 1, e Exorcismo 1. E para quem fizer o quarto ano, darei Exorcismo 4 e Interrogatório 4. Mas, por agora, não precisam se preocupar com o último ano.”

Dean passou o resto da aula explicando como ele cobraria os deveres de casa, notas e tudo o mais. E avisou também, que, no meio do ano, haveria, para quem se interessasse, algumas matérias extracurriculares.

{...}

O tempo passou e chegou a hora do recreio. Angel voltou para o seu dormitório, pois como era parte anjo e parte demônio, não comia. Ao entrar no quarto, tacou longe a sua mochila.

“Por quê?”, gritou de raiva, cerrando os dentes.

A híbrida jogou-se na cama, enfiando a cara no travesseiro. Começou a gritar. Continuou a fazer aquilo até ouvir um barulho de chave na porta, alguém tentava abri-la, mas não tinha sucesso. Seguiu para a mesma alerta. “Quem pode ser?”, perguntou-se.

Viu pelo Olho Mágico que era uma menina de sua sala e ela estava cheia de tralha na mão. Destrancou a porta e abriu apenas o suficiente para a colega perceber que estava ali.

“Oi.”, disse a garota.

“Olá.”, retribuiu. “O que deseja?”

“É... Bem... como pode ver, vou ser a sua companheira de quarto.”, respondeu. “Você poderia me ajudar com as minhas coisas?”

Angel ficou paralisada por um instante. “Co-Como assim?!”, pensou chocada. “Quando eu vim fazer a minha matrícula, não disse claramente que queria ficar sozinha?!”

“Você poderia me ajudar com as minhas coisas?”, perguntou novamente.

“Ah! Ah! Claro!”, caiu em si.

Angel terminou de abrir o resto da porta e a garota entrou com o que tinha nas mãos, uma bolsa de alça, casaco e um livro. A híbrida saiu e foi pegar o resto, uma bolsa cheia de livros e a mala.

“Aliás, meu nome é Klara.”, começou. “E o seu?”

“Acho melhor não nos envolvermos, pois não quero criar raízes por aqui.”, respondeu rudemente.

“Mas, para convivermos no mesmo quarto, por, no mínimo, dois anos, devemos nos conhecer.”, avisou.

“Angel, me chamo Angel.”, falou sem emoção alguma.

E o resto recreio foi assim: Angel vendo Klara arrumando suas coisas.