Sábado, 13/06/2015 (Dia seguinte ao Dia dos Namorados)

Félix... Precisei de quase vinte e quatro horas para me recuperar e me sentir capaz de responder o seu cartão... Como se deve. Sua surpresa linda me deixou sem palavras e em plena cascata de lágrimas que tornaram super difícil digitar qualquer coisa. Como se não bastassem as orquídeas lindas que mandou entregar no Gian ontem, você me surpreende com um texto tão sensível e romântico que realmente conseguiu me deixar sem saber o que dizer. Me desculpe, amor, por não ter conseguido lhe retribuir à altura, em um dia tão especial como ontem. Eu só espero que ainda esteja em tempo de eu lhe dizer (ou pelo menos tentar) tudo que você significa para mim.

E para isso, eu também vou contar uma historinha. Ela tem a ver com príncipes encantados também. Me lembro quando você, uma vez, me disse irritado que só eu pra acreditar que príncipe encantado existe. Você estava certo. Eu nunca parei de acreditar. Mas... infelizmente precisei cruzar primeiro com um sapo (ou seria lacraia? Ops!) disfarçado de príncipe que só veio a me ensinar do que NÃO era feito um príncipe encantado. Foi triste descobrir isso. “Você vive de sonhos”, me disseram. Vivo mesmo, porque não sei ser de outra maneira. Por isso mesmo, continuei esperando pelo meu, pois sempre confiei que ele viria.

Ainda bem que ele não demorou muito pra chegar. O engraçado é que a primeira vez que o vi, muito embora o tenha achado muito bonito, elegante e simpático... não o reconheci logo, pois nessa época ainda estava “iludido” pelo outro príncipe, o impostor. E logo quem fez o favor de nos apresentar?

As coisas foram acontecendo, minha vida dando voltas e reviravoltas... Eu o reencontrei algumas vezes, mas ainda sem conseguir percebê-lo, devido a mal-entendidos, e à névoa que o destino ainda não permitira que se dissipasse para que eu pudesse de fato enxergá-lo. Certamente porque ainda não era a hora certa. Como uma obra prima que precisa ficar coberta até o momento certo de descobri-la e revelar toda a verdade.

Meu príncipe não chegou a cavalo e usando uma armadura... Ele apareceu vestido em um terno de griffe, com uma conta de hospital na mão. Essa foi a espada em seu punho que lhe permitiu (ainda que ele também não soubesse disso) fazer um corte bem no meio da minha existência. Foi uma linha no chão, que determinou o antes e o depois da minha verdadeira felicidade.

Mas foi na mesa de um café, com dois lindos cafés gourmet entre nós, que nossos destinos começaram de fato a se entremear. Minha mão tocou a dele, nossos olhos se encontraram, trocamos sorrisos... E eu juro que uma vozinha lá dentro de mim sussurrou “será que é ele?” Eu ainda estava tão magoado e abatido com tudo que vinha sofrendo com o falso príncipe que até ignorei essa voz. O que o sofrimento não faz com a gente, não é? Mas ela ainda insistiu muitas outras vezes. E a cada vez eu a ouvia mais alto dentro da minha cabeça. Um belo dia, ela disse bem claramente, sem admitir negativa: “É ele sim.” E a partir daí, eu não podia mais enganar a mim mesmo.

Uma vez identificado meu verdadeiro príncipe encantado, era hora de batalhar por ele. Porque esse príncipe usava muitas armaduras, uma por cima da outra. Esse príncipe sabia lutar muito bem com as palavras que saíam de seus lábios, e o humor ácido era seu escudo para não permitir que ninguém chegasse mais perto de seu coração. Várias vezes tive que me desviar dos espinhos afiados que ele disparava para me manter bem longe. Tenho que confessar que não foi fácil. Tive que usar muitos truques, e até reaprender mais alguns. Mas eu jamais desistiria, pois um príncipe encantado (um verdadeiro) não é algo de que você possa desistir sem antes tentar tudo que puder. E foi o que eu fiz. E não me arrependo, porque valeu toda a pena.

Uma bela noite, depois de muitas indas e vindas, encontros e desencontros e quando já não era mais possível fingir que éramos somente amigos... Finalmente aconteceu. Dessa vez, quando abri a porta da minha casa, o alto, lindo e galante príncipe de cabelos e olhos negros que aguardava do outro lado não estava armado de uma conta caríssima de hospital, e sim de lindas flores que de tão chiques mais pareciam mato. As armaduras protetoras? Foram todas despidas. Os espinhos? Foram transformados em palavras doces e que falavam de sentimentos vindos do fundo do coração... Aquele mesmo coração que ele tanto lutou para deixar guardado, intocável, seguro. Mas ainda assim, um coração valente e plenamente capaz de se entregar ao amor.

Se armando de toda a coragem que somente os verdadeiros príncipes possuem, esse coração foi estendido a mim sem mais reservas, e eu o segurei como quem segura um tesouro delicado e precioso, porque é exatamente o que ele é para mim. Ele é tudo que eu sempre sonhei, esse meu lindo príncipe.

E depois de tê-lo reconhecido, de ter batalhado por ele e conquistado seu coração, ele foi merecidamente promovido a herói da minha vida.

Eu não preciso mais sonhar ou esperar por um príncipe encantado. Muito mais do que viver um contos de fadas, eu vivo diariamente algo infinitamente melhor do que qualquer fábula encantada: Um conto real de uma vida plena e feliz, com meu verdadeiro príncipe encantado e nossos filhos Jayme e Fabrício... minha família completa.

Nossa família completa.

Eu sempre soube que sonhos podem se tornar realidade, basta você persistir e buscá-los, mesmo que tenha que se desviar de alguns espinhos afiados no caminho.

Eu sempre soube que príncipes encantados existiam, e continuei esperando pelo meu mesmo quando tudo me gritava o contrário. Porque existem certas coisas que você só sabe, lá dentro de você, e essas coisas não precisam de explicações ou razão de ser. Apenas existem.

Félix Khoury. Meu príncipe, herói, amor, marido, companheiro e parte de minha alma. Só você poderia confirmar para mim o que eu sempre soube.

Feliz Dia dos Namorados atrasado... E Feliz Para Todo o Sempre para nós dois.

Eu amo você.

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